Admita






Para sua infelicidade, quando ela acordou, na manhã do dia seguinte, tudo continuava bastante real. Os rapazes continuavam feridos. Quase recuperados, mas, ainda assim, feridos. A frase ainda latejava em sua mente, e a certeza de que alguma coisa estava muito errada a atormentava. Ela revirou-se na cama, tentando entender o que era. Não conseguiu. Sabendo o tamanho do sacrifício, e a falta de consideração e respeito que o que ela estava prestes a fazer compreendia, a garota não foi para a aula. Em vez disso, a garota decidiu vasculhar o quarto dos amigos. Era uma invasão de privacidade, ela sabia, mas já tinha suas suspeitas, só precisava delas confirmadas.

E conseguiu. Após muito tempo procurando, encontrou alguns bilhetes, escritos pelos rapazes, em forma de conversa. O menor deles ocupava um rolo de pergaminho:

Ray [Ry]: Continuamos a procurar? Porque acho que eu descobri o paradeiro.

Rony [Rn]: Bem, você sabe tão bem quanto nós que não podemos escrever isso. Pode ser perigoso.

Draco [D]: Qual é a coisa?

Ry: Um livro do tamanho de uma enciclopédia, com o nome dela. Quase não dá para ver o nome.

Harry [H]: E você tem certeza de que é isso?

Ry: Quase absoluta. É por isso que eu preciso de vocês. Não sei com exatidão. Há outros livros similares lá, também.

D: Seja lá onde for “lá”, não será fácil pegar. Ele não deixaria a coisa muito exposta.

Rn: Garanto que não. Além do mais, ele sabe que estamos procurando.

H: Espero que consigamos encontrar e pegar isso antes que ele perceba.

D: Aposto um ano do meu futuro salário como ele já sabe. Ele só não tem certeza se vale a pena pegar ou não.

Ry: Pelo amor de Merlin, Draco, é uma vida! Ninguém joga fora uma vida!

H: Ele tem outras. Muitas outras.

Rn: Me compadeço de R.R. Ela não merecia ter algo tão importante usado para encerrar o mal. Digo, ele poderia ter escolhido outra coisa.

D: Ele não escolheu, Rony. Só fez. Sempre foi assim.

A garota não precisou terminar de ler para entender. Eles haviam voltado a procurar os horcruxes e, pelo visto, haviam achado o de Rowena Ravenclaw, e o destruído, sem sequer mencionar o fato a qualquer um. Levando em consideração os ferimentos, Hermione poderia jurar que acontecera uma batalha, da qual eles haviam tido sorte de sair vivos.

Estava guardando o que achara nas coisas de Rony quando viu, caído no chão, um pedaço de couro. Era o mesmo de seu sonho. A garota enfiou-o no bolso e virou-se para sair, mas estacou. À porta, olhando-a, muito sério, estava Rony.

— O que você está fazendo aqui? – questionou o ruivo, sem parecer bravo.

— Eu... Eu... – Ela não tinha uma desculpa, e sabia muito bem disso. – Nada.

— Você estava bisbilhotando. – Não era uma pergunta. – Nas minhas coisas. Seja lá o que for que você esteja atrás, é tão difícil perguntar a mim?

— Vocês estavam machucados, e mentindo, e eu... – Hermione suspirou. – Eu só estava preocupada.

— Eu não menti para você. – Aquele tom de voz calmo estava acabando com a garota, e ele sabia. – Você nem ao menos me perguntou.

— Eu sei, eu errei, mas...

— Não há “mas”, Hermione. – Ele suspirou e se aproximou dela. Novamente, a altura do rapaz a assustou. – Você me desapontou. E muito. – Ele enfiou a mão no bolso da garota e puxou o pedaço da capa do livro. – E isso é meu.

Rony beijou-a novamente, como um amante beijaria uma traidora, de um modo sofrido, longo, ferido. Depois, desestabilizada de vergonha e humilhação, Hermione saiu correndo, desceu as escadas do dormitório e nem reparou em Harry, que estacionara no batente da porta.

— Você não precisava tê-la machucado tanto – disse o moreno, sério.

— Eu gosto da minha privacidade – replicou Rony, estóico.

— Você gosta da Hermione – tornou Harry, pegando o livro que ele precisava para a outra aula. – Só porque você não pode tê-la, não significa que precisa feri-la.

— Você está errado – disse o ruivo, resoluto.

— E você está cego – concluiu o outro, saindo do dormitório.

Rony olhou para a porta fechada, mas logo voltou a atenção ao pedaço de horcrux que tinha nas mãos. “Não esqueça...” A frase tão habilmente escrita no verso da capa do livro de Rowena. Havia mais, e ele estava prestes a descobrir o que era. Em breve.

Trancou o naco de couro na gaveta e pegou o livro que fora buscar. Estava decepcionado com Hermione ou com ele próprio? E por que a beijara? Por que daquela vez?

Espero que o fim chegue logo, pensou o ruivo, saindo do dormitório. Antes que isso mate alguém. E ele não falava de um horcrux.


Hermione acabou aparecendo para as outras aulas, apesar de estar visivelmente deprimida. Nem Gina conseguiu arrancar algo da garota. Rony era o único que entendia totalmente. Ray estava preocupado com a namorada, mais que com ele próprio, apesar de o corte em sua têmpora ter aberto novamente e ele estar com um curativo enorme para conter o sangue. Não teve tempo, no entanto, para falar com a garota. Rony chegou antes e, com um “boa noite” polido a todos, foi para a ronda com a amiga.

Ficaram em silêncio por um bom tempo, passando pelos corredores desertos como dois fantasmas, sem sequer se olhar. Hermione pesara, durante o dia todo, as atitudes do ruivo, e não entendia o que ele queria com ela. A primeira vez que se haviam beijado fora um sonho – ela se convencera disso –, a segunda, idem – ela também se convencera disso – e a terceira, um lapso, uma vontade inexplicável de humilhá-la, ou algo do gênero. Eram sentimentos estranhos, e, mesmo assim, sua pele reagia a cada contato, por mais leve que fosse, das mãos do ruivo. E de um jeito como nunca havia reagido a Ray.

Acabaram parando para descansar no corredor da biblioteca. Não era realmente um descanso, apenas uma parada. Rony tirou a capa, a gravata e o suéter e atirou-os a um canto, sentando-se no chão em seguida, o olhar perdido. Era novamente aquele Rony ciumento e tolinho que Hermione conhecera.

— Senta aqui – pediu ele, sorrindo vagamente.

Hermione hesitou por um momento, mas acabou por atender ao pedido. Tirou também a capa e a gravata – estava sem suéter – e desamarrou a ècharpe da cintura, enrolando-a nos pulsos, como fazia com os cachecóis da mãe quando era pequena. Ficaram ali, em silêncio, ela brincando com o tecido fino, ele pensando no nada, por alguns momentos, até que a mão de Rony tocou, suavemente, o pulso da garota. Ela parou de mexer na ècharpe e desenrolou-a dos pulsos, vendo o tecido cair em dobras finas e brilhantes em seu colo. O ruivo dobrou a ècharpe e colocou-a de lado, deitando então a cabeça no colo da amiga. Hermione sentiu que seu estômago revirava, por algum motivo.

— Eu tenho sido um idiota com você, não tenho? – perguntou Rony, sem encará-la.

Ela não estava preparada para aquela pergunta. Tinha vontade de ser malcriada e responder algo como “só agora você percebeu?”, mas não podia. Aquele era o Rony que ela conhecia, o Rony que não mentia para ela...

— É, eu tenho sido um idiota com você. – Ele fitou-a e sorriu, se desculpando. – Perdão. Não sei o que está acontecendo.

— Nem eu – confessou a garota. – Você está agindo de uma maneira tão estranha...

— Você sabe que nós voltamos a procurar os horcruxes, não sabe? – perguntou o rapaz, com uma expressão quase... sofrida perpassando-lhe a face. – Nós já encontramos quase todos, falta apenas pegar. – Ele suspirou. – Sabe qual é a pior parte? – Hermione negou com a cabeça. – Saber que, a cada noite em que saímos atrás de uma dessas malditas peças, podemos não voltar.

Aquilo estava comovendo a garota. Alguma coisa dentro dela estava gritando para que ela parasse de fingir e admitisse que estava sentindo algo pelo ruivo, mas ela não podia. Não podia, havia Ray, e ela o amava, tinha certeza disso.

— Não pense nele, não enquanto estiver comigo – pediu Rony, como se lendo os pensamentos da amiga. – Dói muito mais que os ferimentos de verdade.

— Por quê? – perguntou a garota. – Você me apoiou, disse que eu deveria ficar com ele, lembra?

— Eu lembro – admitiu o ruivo –, mas não significa que eu não me arrependa.

— Por que se arrependeria? – Ela sorriu, com lágrimas turvando-lhe o olhar. – Eu estou tão feliz.

— Porque eu sou egoísta, Hermione. Sou humano, e não gosto de ter que dividir você com outro cara.

Ela não respondeu. Conhecia o lado ciumento do amigo, mas ele nunca o demonstrara daquela maneira. Com um sorriso ébrio, ela beijou-lhe a testa, compadecida. Conseguia quase esquecer o que ele lhe havia feito. Teve vontade de beijá-lo, de dizer que era dele tanto quanto de Ray, que ele sempre estivera a seu lado, e que ela nunca o deixaria...

O que diabos você pensa estar fazendo? , perguntou para si mesma. Você não pode pertencer a dois garotos ao mesmo tempo!

Aquela advertência a fez desabar. Rony sentiu a primeira lágrima quente cair em seu rosto, e se ergueu. Sem uma palavra, o rapaz limpou as lágrimas com os polegares, e afagou os cabelos da garota. Não gostava de vê-la chorando. Com cuidado, temendo uma rejeição, ele beijou-a, cálida e profundamente, sentindo as lágrimas voltarem a profusar enquanto a garota sucumbia, entre amor e remorso. Tomado por um sentimento forte demais para desistir, ele comprimiu-a contra si, querendo que aquele momento durasse para sempre, sabendo que mesmo “para sempre” seria pouco tempo.

— Você sabe, não sabe? – perguntou o ruivo, com os lábios junto aos dela, os olhos fechados, segurando-a com força. – Você sabe o quanto eu preciso de você, você entende...

— Eu sei... Oh, Rony, eu sei...

E era a mais pura realidade. Ela sabia, de alguma maneira, ela entendia que aquele Rony, o Rony que a tinha nos braços naquele momento, era o certo, o caminho certo. Ela sabia o que sentia por ele e que nunca admitiria por respeito a Ray. Sabia o que devia fazer e sabia que, naquele momento, estava fazendo o certo.

Apenas o certo.

— Rony... – murmurou ela, quando eles se separaram, aconchegada contra o corpo do rapaz e com sua capa cobrindo-a.

— O que foi? – perguntou o ruivo, afagando-lhe os cabelos e beijando-lhe com carinho.

— Aquele dia, na biblioteca... Quando nós estávamos estudando... ou não... – Ela o fitou. Sabia que ele não mentiria naquele momento. – O que aconteceu naquela noite? Eu não me lembro... Não tenho certeza...

Ele suspirou profundamente, como se aquela resposta doesse demais. Afastou-a um pouco, e a garota pensou, por uma vago momento, que ele iria embora, sem respondê-la. Rony, no entanto, tirou a camisa, e a garota retesou os músculos. Ele estava um bocado ferido ali, também. Havia um grande corte quase completamente cicatrizado em seu peito, e parecia dolorido. Mas não era aquilo que ele queria mostrar. O ruivo virou as costas a ela e Hermione pôde ver: bem delineadas na pele do rapaz, vermelhas, intumescidas, estavam marcas compridas e firmes. Arranhões, de unhas humanas. Suas unhas.

— Eu... – Ela tocou as marcas, compadecida e, de certa forma, surpresa. – Fui... Fui eu?

Rony confirmou com um aceno de cabeça e virou-se novamente. Tocou a face da garota com carinho e murmurou:

— Foi a melhor marca que já fizeram em mim. – Ele tocou-lhe os lábios. – Sabe por quê? – Ela negou com a cabeça. – Porque tem um significado. Significa que, de alguma forma, você gosta de mim. É toda a certeza de que eu preciso.

— Como... Como você consegue? – perguntou a garota, recostando a cabeça no peito nu do rapaz, tomando cuidado para não tocar no grande corte.

— Consigo o quê? – tornou ele, sorrindo levemente.

— Sentir isso... – Ela beijou a pele nua do rapaz. – Sem remorso, sem medo...

— É porque eu sei que é o certo – explicou ele, carinhoso. – Eu sei que não posso sufocar, então eu deixo que apareça. Eu posso até morrer, mas eu paro se você quiser.

A garota sobressaltou-se. Sentiu algo muito estranho e muito intenso tomar conta de si. Após algum tempo, ela entendeu. Estava com medo. Medo de permitir que Rony a deixasse. Medo de conceber essa possibilidade. Com o coração apertado, ela comprimiu a face contra o peito do ruivo, sentindo lágrimas lavarem-lhe o rosto. Rony enxugou-as com cuidado e, antes de se vestir, deu um último beijo na garota. Depois, serenos e unidos, eles seguiram para a Sala Comunal e, com um abraço apertado, se separaram e cada um subiu para seu domitório. Hermione dormiu sem sonhar pela primeira vez em semanas.

Passaram-se duas longas semanas antes que a sensação do corpo de Rony tão junto ao seu deixasse Hermione. Ray estivera fora na primeira semana, fazendo os testes para aurores, junto aos outros. O ruivo ficara então com o turno de Ray, junto a uma sonserina do sexto ano, Clarisse, de grandes olhos claros e cabelos louros e brilhantes, enquanto Hermione patrulhava os corredores junto a Susan, a parceira de ronda de Draco. Depois daquela noite no corredor, Hermione compreendia em partes o que se passava na cabeça de Rony, e sabia que a afeição dele por Susan era similar à que ele nutria pela irmã. Começou a conversar bastante com a garota, e descobriu que ela era muito inteligente e extrovertida. As rondas não eram nem um pouco maçantes.

Quando Ray voltou para Hogwarts, trazendo junto a promessa de que teria que comparecer ainda uma vez ao Ministério porque, a princípio, fora aprovado no teste, a experiência com Rony se tornara uma lembrança sufocada a duras penas na mente e no coração de Hermione. Ela sabia que sonharia com isso durante muito tempo, e que logo pararia de agüentar a situação, e teria que escolher de vez, mas não se sentia preparada. No entanto, o que ela sentia por Raymond ainda era forte o suficiente para lhe proporcionar momentos maravilhosos ao lado do namorado. As rondas voltaram ao normal e, com elas, o tempo que ela ficava com Rony voltou a ser extenso, mas ela não estava se importando. Não muito.

— Você vai fazer o teste em breve, não vai? – perguntou Ray, sentado com ela sob uma árvore, nos jardins, fitando o lago plácido.

— Vou – confirmou ela. – E estou com um medo esgazeante de não passar.

— Por quê? – Ele riu. – Você é boa, Hermione. Muito boa. Ninguém te reprovaria.

— Não sou corajosa – replicou a garota, dando de ombros.

— Heróis são corajosos e, normalmente, burros – criticou o rapaz, solene. – Às vezes é melhor ter medo do que ser impetuoso e acabar como enfeite na parede do castelo de algum maníaco.

— Ai, Ray, que nojo! – exclamou Hermione, rindo e dando um tapa no ombro do rapaz.

Ele riu também, e, juntos, voltaram para o castelo quando a noite caiu. Se despediram com um beijo rápido e seco; carinhoso, verdade, mas seco. Não era apenas Hermione quem guardava um segredo, e isso fazia com que Ray se remoesse por dentro. Precisava contar. Com urgência, antes que seu peito fosse devastado pela dor.

Hermione entrou na Sala Comunal saltitante como um passarinho. Rony estava ali, sentado, lendo alguma coisa, após um exaustivo treino de Quadribol. Harry e Gina já haviam se retirado. A garota sentou-se ao lado dele e tentou ler a capa do livro. Era o livro de magias ancestrais que Brian uma vez pegara para ela. Com o coração acelerando, ela se lembrou que tirara – felizmente – o bilhete do rapaz de dentro do livro. O ruivo não falou nada por bastante tempo, mas, quando acabou de ler o capítulo sobre a Conjuração de Morgana, estendeu à garota um bilhete dobrado. Hermione abriu-o, sem ter noção do que poderia ser, e quase desabou ao se deparar com o bilhete de Brian. Perplexa, ela fitou Rony, que baixou o livro e encarou-a.

— Dizer que você me deve uma explicação seria presunçoso demais? – perguntou ele, sério.

— Eu... Ele me ajudou a pegar o livro, e, se ele queria tanto essa primeira dança, pensei que não teria problema concedê-la a ele – respondeu ela, prontamente. Era a verdade!

— Você é cega assim? – replicou o ruivo. – Você não , quando mesmo Harry, que é tonto feito uma porta, percebe, que Brian está viciado em você, e que ele não vai descolar de você enquanto não te tiver?

— E o que você diz de você próprio? – retrucou ela, sentindo que algo não estava bem. Ah, não, não estava nadinha bem.

— O quê?! – Ele parecia realmente confuso. – Eu estou tentando proteger você e seu relacionamento com Ray!

— Como? – Não, não de novo, por favor... – Me agarrando no corredor, colocando meus sentimentos em xeque, tentando me fazer largá-lo?

Ele a fitou novamente como se ela estivesse louca. Hermione sentiu as lágrimas se armarem para um fluxo contínuo. Não, não aquela mesma história, não de novo...

— Hermione, olhe para mim. – Ele segurou-a com força e foi muito veemente. – Pare de pensar que eu te toquei. Pare de pensar que um dia eu vou te tocar. Você é a namorada de um amigo meu e eu nunca vou te tocar. Desencarne de mim. Esqueça-me.

— Você não vai fazer de novo! – berrou a garota, começando a chorar. – Eu não estou louca, então não me trate como tal! Eu sei o que você fez, e sei muito bem! Você pode ter conseguido mentir na primeira vez, mas não fará de novo!

— De novo o quê?! – O ruivo exasperou-se. – Hermione, pare de me alucinar, por favor, ou eu vou acabar pensando que foi verdade!

— Mas foi verdade! – Ela desvencilhou-se dele. – Você sabe que foi!

E, mais uma vez, ela subiu as escadas correndo e chorando, deixando Rony sozinho na Sala Comunal. O rapaz afundou-se na poltrona e se perguntou se aquilo um dia acabaria. Ele sabia como fazer para que aquilo acabasse, mas não podia interferir. A escolha era dela.

Hermione bateu a porta do banheiro com força. Sentou-se no chão e tirou a camisa molhada de lágrimas, atirando-a a um canto, com raiva. O que havia com ele? Ela sabia que Rony falara a verdade no corredor, então o que ele estava tentando fazer naquele momento? Suspirou. Cansaço. Cansaço por ter de discutir novamente com o ruivo, por sua ingenuidade, por pensar em remorsos e fidelidade quando o rapaz não estava sequer se importando com isso. Era desesperador.

Tomou um banho longo, colocou uma camisola e se enfiou debaixo dos cobertores aquecidos. Amanhã, pensou. Amanhã tudo voltará ao normal, e eu conversarei com Ray e me redimirei, e farei de tudo para que possamos ficar em paz. Se Merlin quiser.

Mas ela não tinha certeza de nada, nem do que falaria a Ray no dia seguinte. Só sabia que algo aconteceria e que sua vida dependia muito daquele evento.

Acordou de madrugada, os olhos tomados de lágrimas, e se ergueu. Um vulto a fitava da porta do dormitório. A garota pensou em gritar, mas não o fez. Não podia ver o rosto do rapaz, mas sabia quem era. Tinha certeza. Ele se aproximou, silencioso, as paredes parecendo se alargar para deixar que ele passasse. Beijou a garota com ardor. Ela sentiu a pressão lancinante e dolorosa em seu quadril. O rapaz pousou um objeto sobre suas pernas nuas. Era pequeno e gelado. Depois, com um sussurro ininteligível que parecia muito com o som da frase “bons sonhos, princesa”, ele se retirou, e o quarto voltou à passividade de antes.

Hermione pegou o pequeno objeto e acendeu o abajur para conseguir ver o que era. Era um pedaço de uma pedra que parecia cristal, apesar de ser espessa, e tinha filetes de ouro por toda a sua extensão. Em um dos lados, que poderia muito bem ser a parte de dentro de uma taça, a garota leu: “que, embora...” no outro, havia um “H” bem desenhado.

Abriu a gaveta para guardar o objeto na mesa de cabeceira, e encontrou o pedaço de couro. Sabia que deveria se impressionar, mas estava abalada demais para aquilo. Colocou o cristal ao lado do pedaço de horcrux. A luz cintilou nos dois objetos e formou um pedaço de frase. Sem querer mais pensar nisso, ela fechou a gaveta, deixando adormecidos os fragmentos dos horcruxes de Rowena Ravenclaw e Helga Hufflepuff. A frase incompleta, no entanto, perturbou seus sonhos enquanto pôde: “Não esqueça que, embora...”

E, quando adormeceu definitivamente, ela tinha certeza de que, em breve, receberia mais um pedaço de horcrux para fazer a frase obter sentido.

*♥ ~* ♥ * Ron/Hermione 4 Ever * ♥ *~ ♥ *

Gente, não me matem... Mas eu postei, eu postei! Não briguem comigo! Eu estou na comissão de formatura da minha sala e isso tá me acabando com os nervos. i.i

Agradecimentos:
Naty: Se eu nunca mais aparecer na sua casa, você já sabe que é porque você me tortura psicologicamente para escrever e postar. ¬¬ Anyway, aqui está. Como eu disse. ^^
Taiane: Seja bem vindaa! Desculpa por todo esse tempo esperando, eu vou me tornar mais freqüente aqui. Continue lendo!

Beijos, xuxuas!

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