Se eu não posso...



(You can, and you deserved it)

A chegada foi triunfal, como o de costume. Draco não precisou tirar os casacos das duas, porque não havia casacos a tirar. O loiro deixou Gina à deriva, a pedido de Harry, e foi andando pela festa com Hermione. A garota grudou o corpo ao do rapaz, sentindo as mãos quentes dele em sua cintura. Sorriu e pegou duas taças da bandeja de um garçom que passava ali por perto. Entregou uma a Draco e bebeu a sua de um gole. Não tinha noção do que era, mas era consideravelmente bom e definitivamente alcoólico.

— Começou cedo, hoje, hein? – ironizou o loiro, bebendo a sua taça inteira também.

— Eu sempre começo cedo, meu amor – replicou a garota, sorrindo abertamente. – Agora me solte um pouquinho, dê o ar de sua graça na festa, e eu vou vagar por aí.

Ele deu de ombros, pegando outra taça e andando entre as pessoas na festa. Hermione saiu para o outro lado, roubando taças das mãos de rapazes distraídos e beijando-os de leve. Quando pegou a que devia ser a décima segunda taça, a mão do rapaz que ela pretendia deixar a segurou.

— Nos encontramos novamente – disse a voz tão conhecida de Brian.

— Acho que você é o meu carma – riu-se a garota, retornando a taça a ele. – Como você está?

— Superando uma crise de abstinência – replicou o rapaz, displicente.

— Abstinência? – repetiu ela, interessada. – Do quê?

— De você – respondeu ele prontamente. – Você esteve sumida por cerca de um mês.

— Você sabe onde me encontrar. – Ela sorriu, maliciosamente. Estava levemente bêbada. Tinha que parar com os drinques.

— Você nunca está lá – retrucou Brian, puxando-a para junto de si. Ela riu. – Pode rir. Você terá motivos, logo, logo.

— Por quê? – Ela o fitou, séria e sarcástica ao mesmo tempo. – Você vai fazer algo comigo?

— Ah, pode ter certeza disso – assegurou-lhe o rapaz. – E, se você ficar quietinha, vai adorar.

— Brian! – exclamou ela, explodindo em risos depois. – Não agora, querido. – Ela beijou-o levemente na boca. – Talvez depois.

Ela se virou para sair, mas o rapaz segurou-a novamente.

— Uma dança, então – pediu ele.

— Quantas você quiser – respondeu ela, indo com ele.

Poucos metros distante de onde os dois dançavam, Gina estava com Nick. Havia um divã, encostado a uma parede, onde o rapaz se deitara, com a ruiva estendendo-se por cima, conversando amigavelmente, ela fitando-o com o queixo confortavelmente apoiado no peito do rapaz. Bebia as palavras de Nicholas com um prazer inexplicável, sentindo as mãos dele em suas costas, perfeitamente sensíveis sobre a roupa justíssima. A pressão das coxas do rapaz em seu quadril a mantinha segura no divã.

— Mesmo assim, não acho que você devesse dar tanta importância ao fato de Henri ser seu tio – disse a ruiva, quando ele terminou a frase.

— É verdade que ele e Donnie voltaram? – perguntou o rapaz, sério.

— Juro pelo meu guarda-roupa. – Eles riram. – Se não tivessem voltado, qual seria a desculpa para estarem ambos nus naquela gigantesca alcova de Don?

— Ele não muda... – Nicholas tocou a face da garota. – Como anda seu lance com Harry?

— Não anda – respondeu a ruiva, simplesmente, dando de ombros. – Estamos separados faz mais de um mês.

— Sério? – Ela confrmou com a cabeça. – Achei que você gostasse dele.

— Ah, eu o amo – disse a garota, displicente, mas sincera. – Só que estamos numa fase complicada. Brigamos por qualquer coisa, e fazemos isso com mais freqüência depois que dormimos juntos.

— Achei que você era inteligente o suficiente para saber que... – começou ele, mas foi interrompida pela ruiva.

— Que não se deve ir para a cama com um cara antes de se estar casada? – completou ela, com desprezo.

— Que não se pode ir para a cama com alguém e imaginar que tudo ficará igual ou melhor por causa disso – corrigiu-a ele. – Você sabia disso, não sabia? Ou você acredita naquele negócio de que o sexo prende um homem?

— Se ele ‘tá puto comigo, significa que foi ruim? – perguntou ela, com uma pontada de preocupação na voz, mas ainda com aquele ar esnobe de sempre.

— Significa que você fez alguma coisa para ele estar assim – explicou Nick. – Não tem nada a ver com o sexo, garota. Deixa de neura. – Ele ficou pensativo por um tempo. – Vocês estavam brigando na festa do começo do ano. Foi o piercing, não foi?

— Credo, Nick, você tem olhos atrás da cabeça e ouvidos biônicos? – Ela estava impressionada.

— Sou só um pouquinho perceptivo – justificou-se ele, sorrindo, mas logo ficou sério. – Eu sei com quem você fez esse negócio. Harry tinha razão em estar preocupado. Foi uma coisa arriscada.

Nicholas nunca mentia. Gina sentiu uma pontada de remorso. Tudo bem que não perdoava o fato de o moreno tê-la chamado de prostituta, mas ficou um pouquinho culpada.

— Ei. – Nick fitou-a. – Você não consegue ficar bêbada e eu não vou ser babá de gente curtindo fossa, okay? Se quiser ficar comigo, se anima e deixa o remorso pra quando for oportuno.

— Ai, Nicholas! – exclamou ela, rindo e deixando a culpa de lado. Pensaria nela depois. – O que você pretende que eu faça?

— Seja criativa. – Ele deu uma piscadela. – Estou à disposição.

— Eu tenho um estepe, Nick – disse ela, séria. Dois caras era o suficiente.

— Alguma coisa me diz que seu estepe ‘tá meio ocupado – replicou o rapaz, indicando o loiro com um aceno de cabeça. Era verdade, ele estava aos amassos com Susan, muitíssimo compenetrado.

— Assim sendo...

Gina pressionou os joelhos do rapaz contra os lados de seu quadril, vendo-o sorrir de lado. Ela soergueu o tronco e sorriu com os olhos.

— Você vai se arrepender? – perguntou o rapaz, quando ela soltou os cabelos, antes presos em um coque.

— Acredite, Nick – ela o beijou languidamente –, eu nunca me arrependo.

O beijo era doce, longo, voluptuoso. Nick passou as mãos pelas costas da ruiva, acariciando-a com ternura. Não estava apaixonado por ela; atraído, talvez, mas não apaixonado. Agia daquele jeito porque a amava como um amigo.

Tateou até encontrar um zíper. Moveu a mão, para evitar que ele se abrisse, e sentiu que Gina tocava suas mãos. Esperou que ela explicasse o que queria com aquilo, e ela deslizou a mão do rapaz até o começo do zíper.

— Você não vai pedir o que eu acho que você vai pedir, vai? – perguntou ele, num murmúrio quase inaudível.

— Querido, você não viu nada... – Ela apertou-lhe os dedos de leve. Quando ele segurou o zíper, ela puxou a mão de Nicholas para baixo e tornou a murmurar, com a boca colada à dele. – Você sabe muito bem o que fazer.

Ele sabia. Puxou o zíper até o final e, sem deixar que a boca de Gina o abandonasse, e começou a despir o tronco da garota aos poucos. Os beijos desviaram-se para o pescoço e colo da garota, beirando as alças do sutiã que ela usava. Era um canto relativamente escuro, esquecido, e ninguém os veria.

Gina sentiu-se ser arrancada de sobre Nicholas por um par de mãos conhecidas. Depois, foi vestida num repelão e arrastada com brutalidade para longe do divã. Só quando parou e foi virada para seu captor é que pôde identificá-lo. Harry.

— O que você pensa que está fazendo?! – gritou ela, se desvencilhando do rapaz.

— Eu nunca ia deixar você se deitar com Nicholas! – esbravejou ele, segurando-a novamente.

— Por quê?! – Ela deu-lhe um tapa com a mão livre. – O que você quer, hein?

— Uma noite com você, Gina – suplicou o moreno, quase se ajoelhando. – Só uma noite, e se você quiser, pode ir embora depois.

A ruiva não esperava por essa resposta. O remorso voltou. Ela começou a pesar as atitudes de Harry. Ele pedira desculpas. Pedira, de verdade, mas ela não o perdoara. Agora, ele estava suplicando que ela voltasse a ele. À guisa de resposta, a garota beijou-o com força. Ele a enlaçou e, juntos, saíram da festa. Ambos tinham certeza do que aconteceria.

Hermione viu os amigos saindo da festa, e sorriu. Eles se reconciliariam. Eram feitos um para o outro, e isso estava óbvio. Olhou para o divã onde Nick ainda jazia, esparramado, rindo de se acabar. Aproximou-se dele com um sorriso ébrio no rosto e sentou-se ao lado de sua cintura.

— Eles foram embora juntos, não foram? – perguntou o rapaz, sorrindo abertamente.

— Foram – confirmou Hermione. – Por que você faz isso, Nick? Você não é esse tipo de cara.

— Mas eu adoro a pequena Gina, e Harry a ama com todas as forças. – Ele segurou a mão da garota. – Eles serão felizes de qualquer jeito. Eu só dei uma mãozinha.

— Ele te pagou? – perguntou ela, cética.

— Só pediu – respondeu Nicholas, pegando uma taça ao lado do divã e bebendo o conteúdo quase todo. Entregou o restante da bebida a Hermione, que se serviu sem cerimônia. – Ele é um cafajeste, lá no fundo, mas Gina não é tão diferente assim.

— Pensei que eles fossem seus amigos – tornou ela, impassível.

— Eles são. Eu sou apenas sincero demais. – Ele arranjou no ar uma garrafa de soda, vermute e cassis. – Então? Gina não chegou a me ter. Quer tentar?

— E se você estiver de conluio com alguém para mim, também? – perguntou ela, desconfiada, enquanto ele servia uma taça da bebida para ela.

— Só vai descobrir se tentar – replicou ele, firme. – Vamos, eu te devo uma pelo lance da última festa... Sabe, a coisa sobre eu não ser gay, e tudo o mais.

— Se for assim... – Ela riu. – Vermute, cassis, soda e sexo. Grande combinação.

— Podemos ficar sem o sexo – disse o rapaz, sério. – Eu sei que você ainda é virgem.

— Você é a reencarnação de Merlin, é? – Ela estava estupefata. – Olhos e ouvidos em todos os lugares?

— Digamos que sim, Mi. – Ele a beijou. – Digamos que sim.
Hermione riu, enquanto assumia a posição que Gina antes assumira e sentia Nick a seduzindo. Estava já relativamente bêbada e, por mais incrível que pudesse parecer, feliz.

Draco deu um último beijo em Susan e deixou que a menina saísse. Estava cansada da festa, e tinha motivos para aquilo. Estava bem tarde.

— Até mais, Draco! – exclamou ela, passando pela porta. – Nos vemos de manhã!

— Com certeza, Suzie. – Ele sorriu e baixou a voz. – Com certeza.

Baixou os olhos e pegou mais uma dose da bebida que estivera tomando. Depois, voltou seu olhar, atrás de Hermione. Vira Gina indo embora, e a outra sumira. Encontrou-a se despedindo de Nicholas a um canto, beijando-o com ardor. Sorriu. Ray saíra com Clarisse momentos antes. O loiro, perceptivo como ele só, já sabia que Ray e Hermione haviam rompido e que a garota tirara o atraso com Nick naquela noite. Nicholas, no entanto, saiu, e Draco começou a andar rumo à amiga. Chegou perto dela e percebeu a garrafa vazia de vermute no divã. Sorriu novamente. Fora por isso que ela não quisera a poção.

— Draco! – Ela sorriu ao vê-lo. O rapaz estendeu os braços, e Hermione enlaçou-o com força. – Como você está?

— Relativamente bêbado – respondeu ele, beijando-lhe a boca. – E você?

— A garrafa vazia já te disse tudo, que eu sei – replicou a garota, rindo. – Está bêbado o suficiente para fazer uma besteira?

— Uma série interminável delas. – Ele riu também. – Por quê?

— A gente podia tentar, não podia? – Ela sorriu, insinuante. – Afinal de contas, algo me diz que seu contrato com Gina vai entrar em recesso por algum tempo.

— É, eu soube que eles vão voltar. – O rapaz a encarou, firme. – Se eu fosse você, preferiria um canto.

— Você é o mestre – disse ela, dando de ombros.

Draco era realmente o mestre dos “cantos”. Sabia os melhores lugares para qualquer coisa, de qualquer tipo, que qualquer pessoa quisesse fazer, desde esconder um suprimento de itens contrabandeados a se amassar com alguém já comprometido. Com Hermione a seu lado, andando como um casal de amigos, ele foi até uma das mesas de bebidas, virando a garota para si assim que chegou lá.

— No meio do álcool, Draco? – Ela riu. – É algum tipo de indireta?

— Ah, não, Mione. – Ele a beijou. – É uma direta bem direta.

Sem hesitação, ele puxou-a de encontro a seu corpo, beijando-lhe a boca com um ardor de amante de longa data. Sentiu a resposta do corpo dela, a vontade com a qual ela se apegava a ele. Uma das mãos que apoiavam as costas quase nuas escorregou, passando pela coxa da garota, erguendo a saia leve ao segurá-la e erguê-la até a altura do quadril do rapaz. Sentiu que ele fazia a mesma coisa com sua outra perna, de modo que ela ficou suspensa, agarrada a Draco pelas pernas, e pelos braços que jogara em torno do pescoço do loiro. Deixou a cabeça pender para trás quando ele sentou-a sobre a mesa e começou a descer os lábios, chegando até o colo. Hermione fechou os olhos e mordeu o lábio inferior. Sentiu um líquido gelado que cheirava fortemente a álcool escorrer por seu colo, percorrendo sua pele, queimando-a. O loiro bebia com a satisfação com a qual um fauno tomaria para si uma ninfa, apertando a garota contra si, beijando-a com paixão, percorrendo cada centímetro, livre ou não, de sua pele com os dedos experientes e bem treinados.

— Draco, por Merlin... – Ela gemeu.

— Eu não tô fazendo nada...

Os dois sabiam muito bem que aquilo era uma senhora de uma mentira, enquanto o loiro mordiscava seu pescoço e seduzia-a com uma languidez de profissional.

Hermione foi despertada daquele transe sensual pela súbita sensação de que alguém a observava. E observava com muito afinco, diga-se de passagem. Pensou em repelir o loiro, mas ele já se afastara um pouco e procurava quem os estivera observando. Draco era excelente em encontrar pessoas.

— Acho que estão perseguindo você – arriscou ele, vendo uma taça pousada em uma mesa e que definitivamente não estava lá antes.

— Por quê? – replicou ela. – Eu já sou grandinha o suficiente para me cuidar.

— Você está solteira, Mione – atalhou Draco. – Há muitos que dariam tudo para ter você. É melhor pararmos, e continuarmos depois, em outro lugar.

— Era mais fácil antes. – A garota suspirou.

— É verdade – admitiu o loiro. – Mas antes não tinha graça.

Ela riu com aquele comentário. Estava ficando tarde e frio, e no dia seguinte – que na realidade seria a noite daquela mesmíssima madrugada – ela teria que enfrentar uma detenção enorme, supervisionada pelo loiro e por Rony, e devia dormir se quisesse sobreviver a tudo isso.

— Você me leva até a torre? – perguntou ela, aconchegando-se contra Draco. Estava muito frio.

— Na realidade... – Ela fez uma cara de cachorrinho, e ele sorriu, cedendo. – Tudo bem, eu levo até um ponto, okay? Tenho que ir logo para a Sala Comunal.

— Obrigada – respondeu a garota, começando a ficar com dor de cabeça. O efeito de todo aquele álcool começou a se dissipar, e ela sabia que acordaria com uma senhora de uma enxaqueca de manhã.

Andaram por algum tempo, até que chegarem ao andar onde eles se separariam: ele desceria mais um pouco, ela seguiria até encontrar a Mulher Gorda. Despediram-se com um beijo tranqüilo e ela observou Draco descer as escadas, desaparecendo na escuridão dos corredores. Uma rajada de vento assaltou-a, lembrando-a de que estava sem roupas apropriadas para perambular pelos corredores. A garota virou-se para o lado e se deparou com Brian, esperando-a, aparentemente.

— Olá – disse ele, estendendo a mão a ela.

— Oi – respondeu a garota. – Estava na festa?

— Quase isso. – O sonserino sorriu. – Saí há pouco tempo, vi vocês por aqui e pensei em dar um “alô”. Você me abandonou completamente.

— Eu sei. – Ela sorriu. – Desculpa.

— Desculpada. – O rapaz pegou-a pela mão. – Vem, eu quero que você veja uma coisa.

Ele saiu andando com a garota, indo até a torre de Astronomia. Estava muito mais frio ali em cima, e o vento uivava com força, açoitando os cabelos de Hermione e gelando sua face. Brian levou-a até a janela e apontou para o céu. A lua brilhava, linda, e as estrelas cintilavam de uma maneira perfeita como a garota nunca antes vira.

— É lindo – disse ela, sorrindo, maravilhada.

— Assim como você.

Hermione era inteligente o suficiente para saber que Brian estava novamente tentando seduzi-la. Com um simples selinho, ela retribuiu o elogio e deu meia-volta. Estava cansada. Daria uma chance a Brian depois. Ainda pôde, antes de sair do campo de visão do rapaz, vê-lo abanando a cabeça em negação, resignado, sorrindo. Sorriu também, indo então até o retrato da Mulher Gorda, que estava adormecida. Hermione ficou com dó de acordar o quadro, mas não tinha opção. Quando se preparou para falar, uma mão se abateu sobre sua boca e nariz, impedindo-a de falar e respirar. Assustada, com o coração aceleradíssimo, ela ouviu uma voz muito rouca que não se lembrava de ter escutado vez sequer:

— Você vai ficar quietinha, e eu juro que vou te machucar bem pouquinho. – O homem amordaçou-a com perícia e vendou-lhe os olhos. – Ande.

Com mais medo que coragem, ela obedeceu, andando devagar, no compasso do homem que a agarrara. Subiram escadas, desceram outras, andaram por salas, corredores frios, estreitos e alguns até baixos, até que ele pareceu encontrar o local que procurava. Atirou a garota com violência para dentro e ela recuou até bater em um armário. Hermione ouviu o “clique” da porta se trancando e os passos rápidos dele em sua direção. Afastou-se do armário, tentando parecer calma, sem sucesso. Tremia, e o fez ainda mais quando a mão do homem tirou-lhe a mordaça e a venda. Com um movimento rápido de pescoço, ela tentou ver quem era o seu raptor, mas as sombras lhe cobriam completamente. A sala em que estavam não tinha nenhuma janela e, portanto, nenhuma luz, à exceção de um brilho quase inexistente e leitoso, visto por uma fresta minúscula embaixo da porta, que era da lua incidindo no corredor.

Como o homem estivesse silencioso, a garota estendeu as mãos à frente e começou a andar rápido, querendo encontrar a porta e arrombá-la como pudesse. Quando deu o primeiro passo, porém, ele a agarrou com força, machucando seus braços. Lançou o corpo de Hermione com tanta força na parede que a ela sentiu o choque de sua cabeça com a pedra fria. Os ombros começavam a ser lacerados pelo atrito com a rocha áspera, e quando Hermione tentou gritar, ele tapou-lhe a boca com força. Estava doendo, e muito. As mãos rápidas do homem estraçalharam a saia do vestido, buscando um meio de destravar o zíper que ainda prendia a parte de cima. A garota estava histérica, sentindo cada centímetro de sua pele congelar e lanhar, sentindo o sangue escorrendo dos ombros e manchando o vestido. Tentou empurrar o homem com todas as forças de que dispunha, mas logo percebeu que ele não a soltaria, e que começava a asfixiar com a mão dele tapando sua boca e dificultando sua respiração, que saía em arquejos rápidos e dolorosos. Ela tocou o braço esquerdo do homem, tentando a todo custo tirá-lo de sobre sua boca, mas mal conseguia envolver a gaze que enfaixava o pulso dele. A cabeça ameaçava explodir, e Hermione considerou seriamente a possibilidade de morrer ali mesmo, sem que ninguém soubesse, ninguém desconfiasse... Estava tudo ficando turvo, mesmo, e fechar os olhos para sempre não seria uma tarefa muito dolorosa... Ouviu um grito, outra voz, viu um lampejo de luz, alguém fugindo, mas se era realidade ou não, não sabia. Desmaiou logo depois.

Com cuidado, o rapaz pegou-a no colo, ajuntando os pedaços de tecido e envolvendo a garota neles. Viu os ombros lacerados e não soube se aquilo fazia parte... Não, não podia fazer. Havia sangue demais para ter sido acidental e era disperso demais para ter sido proposital. Com um suspiro, ele se encaminhou até a Sala Comunal, onde a deitou num sofá e, após um rápido e eficaz tratamento, deixou que ela descansasse. Se tivesse sorte... Meneou a cabeça. Era esperançoso, mas não burro. Ela acordaria sem saber. Ainda assim, por via das dúvidas, sentou-se no chão ao lado do sofá e ficou esperando que ela acordasse. Como aquilo demoraria, pensou que não seria mal tirar um cochilo, e o fez durante todo o restante da noite.

*♥ ~* ♥ * Ron/Hermione 4 Ever * ♥ *~ ♥ *

Gentem, desculpem a não-resposta aos comentários, mas já faz tanto tempo, né... xD

Perdi o arquivo, achei, tava sem um pedaço do capítulo, reescrevi, e, no meio tempo, arranjei um estágio e uma faculdade pra me atrapalhar a vida - okay, a faculdade já existia. Mas estou postando. E, se a Naty me lembrar na vida ao vivo e a cores, acho que posto mais de uma vez ao mês. talvez, uma a cada dez ou doze dias - tempo médio para escrever um bom capítulo.

Beijos, peeps!

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