Eu ainda te amo



Eu ainda te amo


Em um bairro simples, porém bruxo, da Holanda morava um homem ruivo, muitas vezes chamado de desengonçado pelos outros homens da vizinhança, que o achavam alto demais. No entanto, as mulheres continuavam a achá-lo atraente, apesar do jeito rude, o que para muitas ainda aumentava o seu charme. Ele era o mais novo jogador a ingressar no time de quadribol do país. Havia sido contratado há pouco tempo, mas seu talento era inquestionável.

Ronald Weasley foi aclamado pela comunidade bruxa por seus serviços prestados durante a guerra, juntamente com toda sua família e, obviamente, os amigos Harry Potter e Hermione Granger. Mas depois de tudo o que passaram juntos naquela batalha, cada um seguiu seu caminho, cada um procurou o seu destino. E agora ele era o goleiro da seleção da Holanda e parecia muito feliz com isso, apesar de saber que ainda faltava algo em sua vida.

Harry, seu melhor amigo, se casou com sua irmã. Moravam na antiga casa dos Potter, que eles reconstruíram com algum sacrifício, em Godric’s Hollow e eram aurores. Hermione não se casou, preferindo se dedicar à carreira, e se tornou a maior medibruxa de todos os tempos. Foi ela quem descobriu e desenvolveu pesquisas sobre feitiços irreversíveis, o que lhe deu status na comunidade e até um pouco mais de fama que, particularmente, não apreciava muito.

Ron estava pensando justamente nela, não que ele não fizesse isso o tempo todo, mas naquele dia havia sonhado com a jovem de cabelos fartos e castanhos mais uma vez. Sentia saudades, apesar de tudo, tanto tempo que não a via...

Esse era o preço que ele precisava pagar por ser famoso. Não via seus amigos há quase um ano devido à agenda, treinos, lançamentos, festas. Às vezes não se sentia satisfeito com aquela vida, tantos eram momentos que ele precisava abrir mão. Mas depois relevava e afirmava para si mesmo que por um sonho a gente faz qualquer coisa.

Estava realizando seu ritual de todas as tardes: sentar no sofá em frente à lareira e ler as cartas de seus amigos e familiares, escrevendo as respostas em seguida. No entanto, naquele dia em especial, havia uma que ele já tinha lido pelo menos umas dez vezes.

Ron,

Estou escrevendo para te lembrar que depois de amanhã é meu aniversário. Sei que você é um “cabeça de vento”
- ele sorriu com o comentário e continuou a leitura e que iria esquecer se eu não te lembrasse, depois ia ficar bravo consigo mesmo por isso, e claro, iria descontar em mim. Sim, eu te conheço! E não adianta fazer essa cara!

Ron imediatamente se olhou no espelho da estante da sala e viu que sua cara não era muito boa. Sorriu para seu reflexo, pensando no quanto aquela mulher o conhecia tão bem.

Mas não é só para isso que escrevo. Queria muito você aqui com a gente. Seria tão bom nós quatro estarmos juntos de novo. Eu ficaria tão feliz em ter meu aniversário com os meus três melhores amigos. Pense nisso, eu sei que é difícil para você, mas pelo menos tente. Nós já passamos por tantas coisas juntos e eu sinto muita saudade desse tempo. Espero ter te convencido.

Com carinho,
Mione


Apesar de ter recebido a carta no dia anterior, ela já parecia velha de tanto ser lida e relida, tocada, observada. Ron relia com a esperança de tirar algo a mais da carta, ou até a própria Mione, como ele fizera na primeira vez que a leu, revirando e sacudindo o envelope de cabeça para baixo, fazendo uma cara de insatisfação. Deixou a carta dobrada ao seu lado no sofá e pegou uma foto dos três, Harry, Hermione e ele. Essa era a foto deles que mais gostava, pois era em Hogwarts, o lugar onde tudo começou. Uma foto do último ano deles, que apesar de ter sido uma época conturbada, foi uma época feliz e cheia de esperança.

O ruivo não sabia na época, mas a partir dali tudo começaria a mudar. Harry virou auror junto com Gina e se casaram logo depois, ele passou um tempo participando de testes para as seleções de quadribol por toda parte, até que conseguiu entrar. Hermione, depois de terminar Hogwarts, foi estudar Feitiços e Poções em nível extremamente avançado na França, para a tristeza de Ron, mas havia voltado há cerca de um ano para trabalhar como coordenadora do Centro de Pesquisas do St. Mungus.

A última vez que encontrou os amigos foi numa noite de natal que ele nunca conseguiu esquecer. O que aconteceu aquela noite ficou em sua mente e habitou os seus sonhos mesmo quando ele estava acordado. Ele ainda segurava a foto e olhava diretamente para ela, ela que havia feito tudo ficar diferente em sua vida, e acariciava com as pontas dos dedos o rosto da morena, que ele sentia tanta falta.

Ron sabia que de nada adiantava tudo aquilo em sua cabeça. Depois da última noite de Natal decidira ficar em seu canto, viver sua vida, mesmo que isso incluísse a ausência dela. De repente ele sacudiu a cabeça, numa tentativa de fazer com que todos os seus pensamentos saíssem de sua mente e ele pudesse se concentrar no seu próximo passo: a nova temporada de jogos, o jogos classificatórios para a Copa Mundial de Quadribol, era nisso que ele deveria pensar e não em Hermione. Levantou-se, pegou a carta e a colocou no bolso da calça, esse era um novo ritual que adotara desde ontem, quando a carta chegou, e em seguida se dirigiu para o quarto, a fim de terminar de fazer o malão.

Pouco depois, escutou um barulho na porta da casa e foi verificar quem era. Justamente quem ele pensara ser, seu amigo James, um conterrâneo que trabalhava junto com ele na seleção, jogando como batedor.

- Fala, cara! – Ron o cumprimentou com um aperto de mão e abriu a porta, dando passagem ao amigo. Mas logo percebeu que seu o colega não tinha uma expressão muito boa. O que não era algo normal em James, que sempre era alegre e cuidava de anima-lo quando se sentia para baixo.

- Oi, cara! Já está pronto? – o moreno, que tinha o mesmo porte atlético de Ron e chamava a atenção das bruxas com seus olhos cor de mel e seus cabelos bem arrumados, realmente não estava tão animado.

- Estou sim, espera só um instante. Vou pegar meu malão. – respondeu o ruivo voltando para o quarto enquanto o amigo o aguardava no sofá. Instantes depois, ele retornou com o malão muito bem levitado e chamou - Pronto, cara. Vamos?

- Bom, eu tenho que te contar uma coisa... Parece que pegamos bem o horário de inspeção do ministério daqui. Vamos ter que ir a moda trouxa.

- Você quer dizer, de carro? – Ron perguntou de imediato.

- Sim, é isso mesmo. – James respondeu um tanto desanimado.

- Mas então chegaremos lá só amanhã?! – Ron parecia incrédulo.

- Pois é, então é melhor nos apressarmos.

- Tá ok. – concordou o goleiro abrindo a porta e deu de cara com o carro de James. Vivia se esquecendo que o amigo, assim como Hermione, tinha nascido trouxa. Pensou imediatamente em seu pai e no quanto ele iria gostar dessa aventura que o filho estava prestes a vivenciar.

Os dois entraram no carro e começaram a viagem. James estava na direção e, apesar de concentrado na viagem, pôde reparar que o amigo também estava mais calado. Ele compreendia que era uma nova temporada de jogos e Ron podia estar nervoso ou até inseguro, afinal era novo no time. Mas seu semblante era chegava a parecer triste, pensativo, melancólico. De um jeito que não combinava em nada com a personalidade alegre do “goleiro Weasley”. Pensando num modo de animá-lo, falou:

- Cinqüenta galeões pelo seu pensamento! –

Ron acordou de seus devaneios e sorriu, ainda estranho, para o amigo.

- Que cara é essa, Ron? Você está viajando, e não é ao carro que eu me refiro! Onde que você está, cara? – perguntou com um ar brincalhão, se divertindo com o embaraço do amigo.

- Estou em Londres, cara! Em Londres...

- Hum... E quem é essa? Não é aquela loira, é? Aquela fã que invadiu sua casa... – perguntou James, irônico.

Ron negou com a cabeça. Ninguém, fã nenhuma, chegaria aos pés dela e conseguiria dominar seus pensamentos assim.

- Quem é ela, Ron?! – insistiu James.

- É uma longa história...

- Acho que tempo eu tenho de sobra... Não pretendo sair desse carro antes de chegarmos em Londres. – respondeu com um riso sincero, seguido pelo amigo que parecia enfim se animar.

O ruivo sabia que o amigo era curioso e insistiria até ele ceder. Então resolveu contar-lhe de uma vez. Pelo menos assim a viagem passaria mais depressa.

- Bom, tudo começou há nove anos quando eu estava no King’s Cross para pegar o trem para Hogwarts...




Nta: Primeiro cap da fic...acho que dá pra ter uma noção. Ela foi inspirada num episódio de um seriado que vi esta semana, achei interessante a idéia e resolvi fazer uma fic Ron/ Mione. Essa fic contém flashbacks para a compreensão dos fatos, ao poucos vão começar a entender. Espero que gostem, comentem e votem tb!! Um beijo...
E pra quem quiser , Minhas outras fics:

Em nenhum outro lugar
Um dia de sábado
LiLi









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