Eterno Amor



Capítulo 19
Eterno Amor

'Amor é uma palavra; o que importa é a conexão que esta palavra implica'

Luna acordou na manhã seguinte, com um aperto no coração. Ela viu as pastas de Harry ainda no chão, e suspirou longamente. Aquela fora provavelmente a maior estupidez que fizera na vida. Por que tinha que ter o beijado? Por que? Eles eram amigos, e ela estava feliz com aquilo. Mesmo que não parecesse mais bom o bastante, já era maravilhoso tê-lo todo o dia a seu lado, conversando com ele.

Mas, e agora? Ele provavelmente apenas iria fugir dela. E eles se tornariam distantes, como dois estranhos que jamais haviam se visto antes. Nada mais de conversar no meio da noite, brincadeiras, risadas, tristesas compartilhadas, ou ao menos a companhia dele. Agora seu mundo se tornaria triste novamente. Ela simplesmente jogara tudo para o alto por um único beijo. Luna tocou os lábios, fechando os olhos. Trocara toda sua felicidade pelo melhor momento de sua vida. Talvez tivesse valido apena. Tentou pensar em sua vida, dali para frente, sem Harry. Era estranho, ela parecia tão solitária.

Ouviu passos subindo as escadas correndo, e avistou pela fresta da porta alguém de cabelo ruivo passar rapidamente por sua porta. Gina. E ela corria para o quarto de Harry. Luna se levantou. Sabia que era errado espiar, mas de alguma forma precisava saber o que era aquela correria toda. Será que Gina havia descoberto que Harry era o real amor de sua vida? Será que ela, Luna, estava enganada? Se enrolando em seu roupão de flanela, com estampa de gatinhos, Luna subiu silenciosamente as escadas. Envergonhada pelo que estava prestes a fazer, se aproximou da porta escutando a conversa.

-Você sabe que não precisa bater na minha porta para entrar.- a voz de Harry soou, e Luna sentiu seu coração disparar ainda mais.

-Harry, precisamos convesar.- Gina falou.

-Oh, não gostei nada desse tom de voz.

-Harry, a gente tem sido amigo à algum tempo.

-Acho que fomos um pouco além de amigos.- ele a interrompeu, e Luna sentiu seu coração se apertar. Ele ainda gostava de Gina. Sentindo lágrimas em seus olhos, voltou para seu quarto.

Estava tão distraída que pulou por cima de uma Hermione desmaiada nas escadas, e nem notou. Harry e Gina, sempre fora assim, e era assim que deveria ser. O que Luna tinha a oferecer para Harry? Não era bonita, sabia disso. Não era engraçada, a não ser quando as pessoas riam porque a achavam esquisitas. Mas, essa fora uma das razões porque começara a gostar de Harry, ele não a achava esquisita. Ele conversava com ela, era gentil. E ele era feliz com Gina, por que então iria arruinar a felicidade dele com sua melhor amiga? Não seria justo, com nenhum dos três.

Luna se vestiu, tentando secar suas lágrimas. E se ignorasse o que havia acontecido na noite anterior? Talvez Harry também esquecesse, e eles poderiam voltar a ficar amigos! E se ela começasse a namorar alguém? Mas, quem? Então, tocou os lábios novamente. Não, não poderia beijar mais ninguém, não depois que beijara Harry.

Ela saiu do quarto, Rony e Hermione conversavam nas escadas e não a notaram. Ela então desceu os degraus em silencio, e quando chegou a cozinha encontrou a Sra. Weasley servindo o almoço.

-O que houve hoje?- e gorda senhora perguntou assim que viu Luna.

-O quê?- Luna perguntou fracamente, sem entender.

-Primeiro é a Gina, um dia chorando parecendo desesperada, no outro correndo de felicidade. Depois o Rony e a Hermione, de repente tudo se transformou em um mar de rosas para eles. E agora você? Chorando? O que houve Luna?- a Sra. Weasley falou rapidamente, parecendo confusa.

-Parece que perdi parte do meu coração.- Luna respondeu, novas lágrimas enchendo seus olhos.

-O quê...?- a Sra. Weasley gaguejou mais preocupada, mas foi interrompida por passos.

Sem querer encontrar ninguém Luna saiu correndo para o jardim. Foi por isso que não viu Harry se aproximar da Sra. Weasley:

-Sra. Weasley, a senhora viu a Luna?- ele perguntou timidamente.

-Ela saiu agora mesmo.- a mulher respondeu, encarando preocupada a porta por onde a menina saíra.- Ela estava tão estranha. Quero dizer, mais estranha que o normal. Chorando e tudo...

-Chorando?- Harry perguntou, uma nota de angústia em sua voz. E sem esperar mais, saiu pela porta em direção ao jardim, a procura de Luna.

-Tudo bem.- a Sra. Weasley falou para si mesma, como se ainda conversasse com Harry.- Não se preocupe comigo. Eu estou bem, sem ter a menor idéia do que está acontecendo. Mas, para que eu saberia, não é mesmo? Eu só sirvo para cozinhar e cuidar da casa.

E aborrecida voltou a colocar a mesa, os pratos saindo dos armários, e caindo na mesa com mais força que o necessário.

Luna se sentou atrás de uma árvore, tentando não chorar muito. Viu Harry se aproximar, mas se escondeu envergonhada. Não queria vê-lo aquela hora, não quando sabia que deveria sair da vida dele pare sempre. Talvez fosse mesmo melhor deixar a Toca, alugar uma casa para si mesma, deixar tudo aquilo para trás. A família Weasley, que parecia agora como sua própria família, e Harry... por quem não devia sentir nada.

Seria mesmo o melhor. Poder vê-lo todo dia, saber que ele estava na mesma casa que ela. Vê-lo sorrir e conversar com todos os outros, menos com ela, seria doloroso demais.

E ela estava tão triste, chorando, que não percebeu quando o mundo escureceu a sua volta.

XXX

Assim que Luna foi depositada na cama, na tenda do Rei, Harry mandou que todos se retirassem imediatamente. Era óbvio que os homens consideraram o pedido estranho, mas como Rei ele nunca era contestado. Assim que a sombra do último homem desapareceu, Harry se aproximou de Luna desesperado, retirando o elmo e a armadura dela.

-O que aconteceu?- ele perguntou aflito ao ver o rosto e o corpo machucado da menina, e com um pano úmido começou a lavar o sangue que escorrera da boca dela.

-Eu não podia te deixar sozinho.- Luna murmurou, ainda respirando com dificuldade mesmo depois da armadura ter sido retirada.

-Você não devia ter vindo! - Harry exclamou fora de si, passando a mão pelo cabelo desesperado.- Imagine o que teria acontecido com você, se eu não estivesse passando por ali!

E como se o próprio pensamento o apavorase, ele sem aviso a beijou na testa e delicadamente nos lábios machucados, a abraçando com força.

-O que seria de mim se algo te acontecesse, Luna?- ele murmurou.

-Você ainda teria a Gina.- ela respondeu tristemente, o soltando.

-Eu poderia ter qualquer outra mulher e não me faria diferença. Eu não conseguiria viver sem você, Luna.

-Não fale isso.- ela pediu, passando as mãos nos cabelos dele.

-Como não, se é você quem tem meu coração?

-Eu sou apenas uma dama de companhia.

-Você é a rainha que eu sempre quis coroar.- ele sorriu.

-Não fale de coisas que não podem acontecer, não vale a pena viver sonhando. A vida possui tantas coisas maravilhosas, como ter você ao meu lado agora. O tempo que passamos sonhando nos distrai, e deixamos de perceber todas essas coisas maravilhosas que acontecem a nossa volta.

-Ainda bem que percebi você.- ele murmurou, ela sorriu parecendo que toda a dor que sentia havia sumido.- Mas, você tem que voltar para o castelo.- ele disse urgente.- A salvo, como todas as outras mulheres estão, mesmo com os maridos aqui.

-Sorte minha, então, você não ser meu marido Harry.

-Luna...

-Eu não vou voltar.- ela respondeu firme.- Eu sei qual foi a decisão delas, mas eu sempre achei errado. Eu não vou me separar de você agora, não vou te deixar sozinho. Eu vou me cuidar e cuidar de você, a gente vai enfrentar isso juntos. Porque é isso que ser um casal significa, enfrentar os problemas juntos por mais perigoso que seja.

E ele a abraçou novamente, sentindo a pele suave dela contra a dele, e tentou não chorar. Mas, era impossível, as lágrimas simplesmente escorriam, por tudo o que acontecera, por tudo o que iria acontecer, e principalmente por tudo o que puderia ter acontecido com ela, se não tivesse chegado a tempo.

-Está tudo bem.- ela o consolou, desesperada para ajuda-lo, vê-lo daquele jeito era a pior coisa para ela. - Está tudo bem.

Ele a abraçou com mais força, como se sua vida dependesse disso. E era como se dependesse. Luna era quem lhe dava força, o fazia mais confiante e mais calmo.

-Eu sei.- ele respondeu.- Você está do meu lado agora.

De repente gritos foram ouvidos. Harry e Luna se separaram olhando para as sombras da tenda. Dali podiam ver homens a cavalo, carregando suas espadas, invadindo o acampamento. Os homens do rei corriam de um lado para o outro, tentando alcançar suas armaduras e armas.

-Marvolo...- Harry deixou escapar. Sem a preparação necessária, e dispondo de menos homens que o inimigo, um ataque surpresa poderia ser o suficiente para derrota-los. - Luna, fique aqui! Não saia por nada! Se alguma coisa der errado...

-Harry...

-Me escute com ateção. Se alguma coisa der errado, tente se esconder e depois corra, corra como nunca correu antes. E não volte, não importa o que escutar ou vir. Entendeu?

-Harry, eu... - ela gaguejou com lágrimas escorrendo por seu rosto.

-Eu vou voltar, prometo.- ele tentou sorrir, a beijando. Então, correu para pegar seu escudo e sua espada.- Eu te amo, Luna. Nunca se esqueça disso!

Ela viu a sombra dele desaparecer, paralisada na tenda, ainda chorando. Ele falara para ela não sair, pedira para ela se esconder. Mas, como ela poderia quando ele estava se arriscando? Sabia que ficaria preocupado com ela. Droga, não era para ele tê-la visto. Se algo acontecesse, podia ser culpa dela, por tê-lo distraído. Imaginou Harry ferido, ou morto por Marvolo. Algo pareceu surgir dentro dela, uma força que não conhecia. Não, ela não ficaria parada ali, esperando para virar as costas para quem amava e fugir. Ela iria fazer o que fosse necessário, para protege-lo.

E com nova coragem, correu para sua armadura jogada no chão, a colocando de volta e apanhando sua espada. E sem olhar para trás, saiu da tenda. A cena do lado de fora, por um momento, a deixou paralisada. Homens em cavalos, vestidos com armaduras pretas, haviam invadido o acampamento. Por toda a parte haviam cadáveres ou pessoas agonizantes, pequenos rios de sangue se formavam no chão, tudo em volta era um confuso borrão de gritos e dor. Ela nunca vira nada mais apavorante em toda sua vida. Não conseguia imaginar como o exército de Harry, tão pequeno, poderia acabar com o exército de Marvolo.

Então, ouviu um cavalo se aproximar, e alguém jogar algo em sua direção. Rapidamente Luna se jogou no chão, e quando olhou para trás, viu a tenda de Harry em chamas. Harry, ele deveria estar bem no meio de toda aquela confusão, tentando juntar e liderar seus homens. E com um pulo, ela estava de pé, correndo em direção da confusa multidão.

Luna não sabia como, mas conseguiu desviar do golpe de seu primeiro oponente. Tudo que ela sabia é que em um segundo a espada vinha em direção de sua cabeça, e no outro ela girava, sentindo sua espada afundar em algo mole. Era uma sensação estranha, um líquido escuro escorrendo por sua mão, e para seu horror viu na luz das tentas em chamas que era sangue. Ela havia, por sorte, enfiado a espada justo na parte debaixo da armadura do peito do cavalheiro, que caiu do cavalo, estendido no chão. Trêmula e horrorizada, ela percebeu que matara um homem.

Mas, não teve muito tempo para pensar no que fizera, logo veio outro e mais outro. E ela ia, matando um a um, em uma luta confusa onde o tempo parecia não contar. Não sabia se fazia minutos ou horas que estava ali, só sabia que continuava sempre. Algumas vezes era atingida, chegando a sangrar, mas nada grave que a impedisse de continuar lutando. Mesmo assim, com horror, ela percebia que o exército de Harry estava diminuindo cada vez mais.

Os homens de Marvolo pareciam maiores e mais assustadores, em seus cavalos, e todos a sua volta pareciam crer no mesmo, garantindo a vitória do inimigo. Se algo não acontecesse, um milagre ou algo assim, ela não podia ver como conseguiriam vencer. Pensou em Gina, ela iria perder o marido e sua amiga. E provavelmente, a própria vida mais tarde. Se o Rei perdesse aquela luta, tudo estava acabado.

Sentiu uma dor aguda na altura do abdomem, quando a flecha de uma homem atravessou sua armadura. Com um grito de dor, arrancou a flecha, e se virou para o homem, matando-o com apenas dois golpes de espada. Então, uma corneta foi ouvida por todo o acampamento, e quando todos se viraram momentaneamente, viram mais uma tropa de cavalheiros com armaduras negras se aproximando. O coração de Luna, junto com todo o exército do rei, pareceu parar. A esperança havia acabado, não tinha como derrotarem todos aqueles novos homens, que vinham como uma onda em sua direção. O exército de Marvolo parecia pensar o mesmo, e comemorava a garantida vitória com gritos de alegria.

Foi quando tudo, surpreendentemente, mudou. A onda, que era o novo exército chegando, passou pelos homens do Rei sem machuca-los, e derrubou todos os homens atônitos de Marvolo. O elemento surpresa, inicialmente utilisado por Marvolo, havia se virado contra ele. O que pareceu dar nova vida e energia para o exército do Rei, que voltou a batalha com renovada esperança e força. De alguma maneira, ninguém sabia qual, o novo exército parecia estar do lado do Rei. Mas, Luna entendeu assim que viu quem liderava a nova tropa, o Duque Malfoy.

Luna lutou, vendo vários homens caírem feridos ou mortos a seu lado, dos dois lados da batalha. Algumas vezes, ela mesma acreditava que a próxima seria sua vez. Mas, incrivelmente ela conseguia continuar lutando, sempre. O número de homens foi reduzindo, conforme a noite se transformava em dia. Os raios do sol, nascendo em uma nova manhã, chamaram sua atenção, e feliz ela se virou um instante para ver o sol nascer, retirando o elmo. A vitória era quase certa, os homens de Marvolo caíam um a um, de forma contínua e rápida.

Subtamente, sentiu alguém segura-la, colocando uma faca contra seu pescoço. Sentiu dedos gelados tocando-a, enquanto alguém sussurrava, parecendo muito feliz, ao ouvido dela:

-O que temos aqui? Uma garota?- então a voz gritou para outra pessoa, logo na frente de Luna. Ela não podia levantar o rosto para ver quem era, mas descobriu assim que ouviu as palavras de seu atacante.- Não imaginava que era um rei tão fraco, a ponto de colocar mulheres em seu exército.

-Solte ela, Marvolo. Isso é entre mim e você!- a voz de Harry soou forte. Luna nunca o ouvira falar com tanto ódio.

-Ora, ela não faz parte de seu exército também? Então, porque não mata-la?- ele passou a faca delicadamente no pescoço de Luna, que sentiu seu sangue escorrer do pequeno corte que ele lhe fizera.

Ao ver aquilo, Harry sem exitar pegou uma pequena adaga em seu cinto e a atirou. Luna fechou os olhos, vendo a arma se aproximando. Sentiu então o barulho do impacto, e sangue espirrar, quando a adaga atingiu Marvolo na altura do coração. Ele caiu para trás, um corpo sem vida.

-Luna!- Harry correu até ela, a abraçando.- Você está bem? Eu mandei você ficar na tenda; o que faz aqui?

-Harry, você venceu.- ela falou subtamente cansada, com um sorriso.- Você acabou de matar Marvolo, para me salvar!

-Eu teria acabado com ele, mesmo se não precisasse te salvar.- ele respondeu, parecendo mais preocupado com ela do que com o fato de que vencera a guerra.

Luna sorriu mais, relaxando. Foi quando sentiu uma dor aguda no abdômem, e seus joelhos falharam por causa da dor, Harry precisando segura-la.

-O que foi?

-Acho que me machuquei mais do que pensei.- ela falou com um sorriso fraco, desmaiando nos braços dele.

Quando abriu novamente os olhos, estava em uma tenda, em uma cama improvisada. Já não vestia sua armadura, cobertores a cobriam confortavelmente. Não estava se sentindo muito bem, estava tonta e fraca, como nunca se sentira na vida. Ouviu alguém chama-la, e quando olhou para o lado, viu Harry segurando sua mão e acariciando seus cabelos. Os olhos dele estavam vermelhos, e grossas e tristes lágrimas escorriam pelo seu rosto pálido. Ela podia senti-lo tremer, enquanto chorava desesperadamente sem tirar os olhos dela.

-Eu vou morrer não vou?- ela perguntou fracamente, em um sussurro rouco.

-Vocé forte, Luna.- Harry murmurou, caindo num choro desesperado.- Vai conseguir se curar.

Luna conseguia ver a grande macha de sangue no cobertor, estava perdendo muito sangue. Começou a sentir como um formigamento se espalhando pelo seu corpo, a partir do ponto onde a flecha entrara. Parecia que a dor estava desaparecendo, e ela estava se sentindo meio sonolenta. Virou-se para Harry passando carinhosamente as mãos pelo cabelo dele:

-Não dói mais. - ela sorriu, e ele começou a tremer com mais força.

-Não, não por favor... Não me deixe, Luna...

-A gente vai se ver de novo, não se preocupe. Aqueles que amamos não nos deixam nunca.- e com um último suspiro, ela sentiu como se seu corpo mergulhasse em um piscina, e fechou os olhos.

Luna sabia que havia morrido, ela podia ver a si mesma como se estivesse fora de seu corpo, sua cabeça pendeu para o lado, e ela viu sua mão soltar a de Harry. Mas, ele não a soltou. Continuou segurando-a como se ainda tivesse alguma esperança, mas aos poucos a realidade foi enchendo-o, até que ele gritou para tentar aliviar um pouco da dor que sentia, mas não adiantou. Desesperado, ele abraçou-a com força chorando como ela nunca vira ninguém chorar antes. Ela queria poder dizer a ele que tudo estava bem, que ele não se preocupasse, que em pouco tempo iriam reviver e se reencontrar. Mas, ela não podia.

-Luna... Luna!- ele chamou, apertando-a contra seu peito, beijando a testa ainda quente dela.- Se você ainda estiver me ouvindo, preste atenção! Eu vou te amar para sempre? Está me ouvindo? Eu vou te amar para sempre!

-Eu sei.- ela murmurou, lembrando-se de quando ele a beijara na noite anterior.

E com isso a imagem foi desaparecendo lentamente, até que ela viu uma sucessão de outras vidas, todas contendo Harry e ela. E desejou apenas que ele pudesse ver o mesmo, para que não se sentisse mais tão triste.

XXX

Luna abriu os olhos lentamente, alguma coisa parecia apoiada sobre ela, alguma coisa fora de foco. Quando seus grandes olhos cinzentos se acostumaram com a claridade, ela pode ver que a coisa era Harry debruçado sobre ela, a olhando com um sorriso no rosto. Imediatamente o peso em seu coração pareceu desaparecer um pouco, que disparou em seu peito.

-Você está bem?- Harry perguntou soando preocupado.

-Acho que sim.- ela murmurou ainda tonta, enquanto ele a ajudava a se sentar nas raízes da árvore. Estavam no jardim da Toca, embaixo da maior árvore, que fazia sombra sobre eles. Harry estava sentado, de frente para Luna, que abaixou a cabeça sem conseguir encara-lo.

-Foi um daqueles desmaios por causa do produto do Fred e do Jorge?- Harry perguntou.

-Sim.- ela respondeu, abraçando as pernas ainda encarando o chão.

-E o que você viu?- ele perguntou em uma voz um pouco séria.

-Eu estava lutando em uma batalha.- ela murmurou, sem acrescentar o porquê de estar lá. Se Harry queria rir dela por tê-lo beijado, não iria facilitar as coisas.

-E eu pelo menos estava lá?- ele perguntou, esperançoso e ela ergueu os olhos confusa.- Eu não sei se você sabe, eu e a Gina terminamos hoje. Aliás, ela terminou comigo.- Harry riu.- O que foi uma sorte, na realidade. Por que senão jamais teria percebido que...

-Que?- Luna insistiu, o coração batendo mais rápido, por causa de toda esperança que sentia. Ela não queria se sentir daquele jeito, se se decepcionasse, achava que não sobreviveria. Mas, não conseguia deixar de pensar que se ele estava contando aquilo a ela, ali, talvez houvesse uma chance. Parecia tudo estranho e surreal, mas ei, nada do que experimentara na última semana fora normal.

-Olha, Luna o que quero dizer é que...- ele gaguejou, corando, sem ter coragem de olha-la nos olhos.- Eu sei que não te conheço direito apesar de tudo, apesar de todos esses anos de amizade. Eu nunca conheci direito seu pai, eu não sei o seu nome do meio, eu não faço idéia de qual é sua cor favorita. Mas, algumas coisas eu conheço desde de sempre. O brilho dos seus olhos, o seu sorriso quando sabe que tem amigos a seu lado, sua mania de colocar a varinha atrás da orelha porque fica mais fácil de alcançá-la. E eu acho que são essas pequenas coisas que importam, quando gostamos de alguém. Significam que prestamos atenção na pessoa, conhecemos suas manias. Porque as outras, as grandes coisas, nós descobrimos ao longo dos anos que convivemos com a pessoa. Eu só queria saber se você me daria uma chance de... compartilhar minhas pequenas e grandes coisas com você. E você compartilhar as suas comigo. O que acha?

E ele a olhou no olhos, um brilho de esperança e medo neles.

-Eu acho que a gente já compartilha nossa vida à muito tempo. - Luna gaguejou, sentindo-se tão feliz como jamais se sentira. Mal acreditando que aquilo realmente estava acontecendo - Lembra-se de uma noite, logo depois de quando lutamos no Ministério da Magia? Você me perguntou sobre minha mãe, e eu disse que sentia falta dela.

-Eu me lembro muito bem dessa noite.- ele sorriu, aquela fora a primeira vez que reparara realmente em Luna.

-Eu nunca havia contado aquilo a ninguém, e eu falei a você porque sabia que entenderia.

-E eu falei sobre o Sirius com você, quando fugia do assunto até quando estava com o Rony e a Hermione.

-A gente começou ali, e nunca paramos. - ela sorriu.- Mesmo sem reparar, nós sempre cuidamos um ao outro. Seja você me convidando para a festa do Prof. Slughorn e segurando minha mão para que eu não me perdesse, seja eu acordando no meio da noite para lutar a seu lado contra os Comensais da Morte. Sempre estivemos ali, um para outro. Na verdade, - ela corou encarando timidamente os próprios pés.- eu sempre soube que gostava de você.

-Então, por que nunca me disse antes? Eu não sabia, não fazia idéia!

-Achei que você ainda amasse a Gina.

-Não.- ele confessou.- Faz algum tempo que acabou, acho que apenas me acostumei a tê-la a meu lado. A verdade é que ainda não sei como não percebi antes que quem eu gosto, de verdade, é você!

-Então, por que você fugiu, ontem à noite?- ela perguntou chateada.

-Acho que não estava preparado para sentir tanta coisa ao mesmo tempo, como senti quando você me beijou. Foi algo... eu não sei como explicar. Foi forte, intenso e maravilhoso ao mesmo tempo. Era como se pele primeira vez eu me sentisse...

-Completo?- ela perguntou, erguendo os olhos para ele.

-É. Você também se sentiu assim?

Luna assentiu que sim com a cabeça, e murmurou:

- Um beijo é um encontro de almas? Deve ser por isso que fechamos os olhos quando beijamos, para esquecer o mundo a nossa volta, o mundo material. Aí apenas o que sentimos passa a existir, a naquele momento só existe você e eu. A gente só pode sentir um ao outro, não pelo material, mas pelo sentimento que comparilhamos. Porque, qual é a serventia de um beijo além de uma forma de encontro? E foi isso que aconteceu conosco. Naquele momento nós nos reencontramos, e eu fui sua assim como você foi meu. Almas que se pertencem, sempre encontram um jeito de se reencontrarem.

-Sorte a nossa!- ele sorriu, a beijando.

E naquele momento, Luna ficou na dúvida. Não sobre Harry, ou sobre como se amavam. Mas sobre qual fora o momento mais feliz de sua vida. O da noite anterior, ou aquele?

N/A- Por incrível que pareça, a frase no começo é do filme 'Matrix Revolutions', que eu adoro. Eu não sei escrever ação! A batalha ficou uma droga! Desculpe fazer vocês terem que passar por aquilo, mas juro que tentei. Era para vocês terem ficado horrorizados com a batalhas, não com a descrição. Acho que vou continuar no gênero romance mesmo. É mais fácil.

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