Sob as mesmas Estrelas

Sob as mesmas Estrelas



Capítulo 18
Sob as mesmas Estrelas

"Não somos amados por sermos bons. Somos bons porque somos amados'
Desmond Tutu

Quando Gina saiu da lareira, sorridente e espanando a fuligem do corpo, ouviu imediatamente a voz preocupada de Hermione:

-Onde está o Rony?

-Ficou para trás, tinha que comprar algo.- Gina falou apressada. Tinha muito mais o que fazer sem ficar pensando no irmão. - Bom dia para você também, Hermione! Mamãe, você viu o Harry?

-Está no quarto dele.- a Sra. Weasley respondeu parecendo surpresa

-Obrigada, mamãe.- e Gina imediatamente saiu correndo da cozinha em direção às escadas, não tinha tempo a perder.

Passou pelo quarto de Luna, subiu as escadas e parou em frente a porta de Harry. O menino estava de costas para ela, sentado na escrivaninha escrevendo alguma coisa. Ela respirou fundo, era o hora de fazer o que vinha evitando até ali. Mas, não seria nada fácil, depois do que Harry tivera que passar para poder ficar com ela... Era triste como certas coisas acabavam, mas era o mais certo a fazer. Só esperava que ele encontrasse alguém fosse faz-lo tão feliz como ela iria ser. Bateu na porta três vezes e Harry se virou:

-Gina, que susto.- ele respirou fundo, então sorriu para ela- Você sabe que não precisa bater na minha porta para entrar.

-Harry, precisamos convesar.- ela falou naquele tom de voz conhecido de todos os que iam levar um fora, e se sentou na cama encarando o chão.

-Oh, não gostei nada desse tom de voz.- ele falou parecendo surpreso, qualquer traço de sorriso desaparecendo.- O que foi?

-Harry, a gente tem sido amigo à...

-Acho que fomos um pouco além de amigos.- ele a interrompeu.

-Não tem como falar isso de uma maneira mais fácil.- Gina suspirou, odiava deixa-lo triste.- Mas, Harry, acho que o que sentíamos um pelo outro acabou. Foi desaparecendo aos poucos, sem nem percebemos. Você sente o mesmo, não sente?- ela perguntou, quase implorando para ele sentir.

Não que fosse o melhor para ela, mas seria o melhor para ele. Harry, era a pessoa que mais merecia ser feliz e ter uma família, de todos que Gina conhecia. Infelizmente ela não era a pessoa certa para dar isso a ele. E esperava que ele entedesse isso também.

Harry ficou mudo um instante, encarando o chão pensativo, então riu uma risada triste:

-Engraçado, eu não estou tão mal quanto achava que estaria. Também não posso dizer que não estava esperando... ainda assim é estranho, ouvir que tudo acabou.

-Acabou para alguma coisa nova e melhor poder começar.- ela afirmou, segurando a mão dele.- Você é um ótimo amigo, Harry. Mas, para mim é tudo o que você pode ser. E você vai descobrir que é tudo o que eu posso ser para você também.

-Acho que já descobri isso.- ele sorriu levemente.- É que estou tão acostumado a ser o cunhado do Rony.

E com isso ela caiu na risada.

-É realmente uma grande perda.- ela falou.- Mas, você sempre vai ser um integrante da família Weasley, mesmo chamando Potter e tendo esses cabelos escuros indomáveis.

-Acho que também não tem como eu me livrar disso.- ele riu, e ela riu de novo. Então, um silêncio sério e constrangedor caiu sobre eles.

-Você viu outro, não foi? Nas suas visões?- ele perguntou.

-Eu vi.- Gina admitiu com um nó na garganta.

-E você o ama?

-Agora eu amo.

-Você realmente acredita que o que viu, é real?- ele perguntou com lágrimas nos olhos, olhando para ela pela primeira vez.

-Eu não só acredito, como sei que é real. É uma sensação estranha, é você em um mundo completamente novo, mas ao mesmo tempo familiar. Cada coisa que vivi lá, sabia que não era pela primeira vez. Parece que finalmente o Fred e o Jorge inventaram algo que funciona realmente.

-Então,- Harry falou respirando fundo.- vai atrás dele, pequena Weasley. Para ele poder ser feliz ao seu lado, como eu fui um dia.

-Obrigada, Harry.- ela sorriu, e o abraçou. Então se levantou, e correu para fora do quarto. Foi quando no meio das escadas ouviu um grito de felicidade, o que foi sorte porque quase trombou em uma Hermione muito feliz.

-Ei, quase não te vi aí, Hermione.- Gina falou, ainda descendo as escadas correndo.

-Aonde você vai, Gina?- Hermione perguntou.

-Eu vou ser feliz, Hermione! - Gina sorriu - Me deseje boa sorte!

-Boa sorte.

Gina não parou para agradecer, desviando de Rony na última hora, o ouvindo murmurar 'maluca'. Mas, ela não era maluca. Apenas tinha um Plano. Gina correu para dentro de seu quarto, procurando alguns galeões que vinha economizado à muito tempo. Encontrou dois, tinha que ser o suficiente. Estava quase saindo do quarto quando sentiu-se tonta, e se sentou na cama para não cair. 'Droga, bem agora.' ela pensou tristemente, antes de afundar na escuridão.

XXX

Faziam três dias que a comitiva do rei saíra para a guerra. A rainha não saíra do quarto todos esses dias, e todos acreditavam que era preocupação com o marido, mas estavam enganados. A rainha chorava por outro, a quem amara e que não a amara de volta. Trancada em seu quarto ela não recebia ninguém, e quase não comia ou bebia nada. Apenas olhava pela janela, como se esperasse alguma coisa ou alguém.

Gina respirou fundo, seus olhos perdidos no horizonte tentando não pensar em nada. Ou melhor tentando não pensar nele, Draco. A quem não via desde o dia em que ele a expulsara de seu quarto.

-Alteza.- uma voz a chamou, e quando se virou viu uma de suas criadas na porta. - Desculpe incomoda-la, mas o Duque Malfoy mandou uma mensagem urgente. Pede permissão para partir imediatamente.

-O quê?- Gina perguntou, sentindo seu coração disparar, à simples menção do nome Duque Malfoy.

-Ele está se preparando para partir.- a criada respondeu assustada, diante da movimentação de Gina.- E pede sua permissão.

-Onde ele está?- Gina perguntou se erguendo, seu coração disparado e suas mãos e pernas tremendo.

-Está nas estrebarias, senhora.- a criada responde cada vez mais surpresa.- Ele deseja apenas seu consentimento formal, não sua presença.

-Mas, eu preciso vê-lo.- Gina respondeu decidida, e erguendo as saias saiu do quarto em direção às estrebarias, dando uma última ordem à espantada criada.- Mandem fecharem o portão, ninguém sai até que eu diga o contrário.

E com passos rápidos, ela começou a atravessar o castelo. Gina não sabia o que estava fazendo, apenas sabia que precisava de uma explicação do Duque Malfoy, e se ele estava partindo aquela seria sua última chance. Não se importava que ele a tratasse mal, já estava preparada para algo assim, apenas precisava saber do por que dele ter brincado com os sentimentos dela, se colocando em risco caso o rei descobrisse. Ela parou na porta do castelo, respirando fundo e reunindo toda a sua coragem. Embora não quissesse admitir a si mesma, o que sentia por Malfoy era algo muito forte, que ela nunca sentira antes, e sabia que jamais poderia sentir novamente por outra pessoa.

A estrebaria era um pouco afastada do castelo, na parte leste junto aos muros. O caminho tinha apenas lama e sujeira, mas ela não se importava. Poderia comprar vestidos e sapatos novos. Naquele momento, Gina apenas precisava saber o que estava acontecendo. Ao se aproximar viu Malfoy, ele estava sozinho ao lado de seu cavalo negro. Ele acariciava lentamente o animal, seu olhar fixo no nada, seu peito subindo em um longo suspiro. De repente, os olhos dele se ergueram e encontraram os de Gina. A ruiva se assustou com o choque que pareceu passar por entre eles, e deu um passo para trás, enquanto Malfoy se virava de costas para ela.

-O que faz aqui?- ele perguntou friamente.

-Soube que vai partir.- ela respondeu o mais calma que conseguiu. Queria aparentar frieza e tranqüilidade, como toda rainha deveria se comportar.

-Assim o desejo, Alteza.- ele respondeu, e ela reparou que ele não falava mais seu título em um tom sarcático.

-E por que deseja partir?

-Eu preciso.- ele falou, ainda sem olha-la.

-Eu o deixarei partir.- ela falou fechando os olhos, por causa da dor que sentiu no peito ao imagina-lo ir para longe dela. Possivelmente para sempre.- Mas, antes precisa me dizer o que aconteceu.

-Eu não sei do que está falando, Alteza.

-Sabe sim!- Gina exclamou, sem conseguir se controlar, lágrimas enchendo seus olhos.- Um dia você diz que sente algo por mim, me pergunta se sinto o mesmo, e salva minha vida. Pouco depois, quando digo que sim, que sinto algo por você, me espulxa sem mais nem menos! Eu exijo saber porquê!

-Você exige?- ele se virou furiosamente para ela, e Gina se calou assustada.- Quem é você para exigir algo de mim?

-Eu sou a Rainha!- ela gritou furiosa.- E se quiser, posso mandar meus guardas prende-lo nas mamorras agora mesmo.

-Você não faria isso.- ele respondeu, levemente mais pálido do que o normal.

-Já disse que faria.- ela respondeu duramente.

-Será que não entende?- ele perguntou parecendo desesperado, segurando-a pelos braços.- Eu estou fazendo isso por você! Só por você, Ginevra!

E para a surpresa de Gina ele a abraçou com força.

-Eu te amo, Gina.- ele murmurou.- Será que não percebeu?

Gina ficou sem palavras, uma calma surpreendente tomando conta dela. Ela a amava! Ele acabara de dizer que a amava. Nada mais parecia importar, e ela fechou os olhos, correspondendo ao abraço sem se preocupar com os serventes, que poderiam estar os vendo naquele exato momento. Nada mais importava, a não ser Draco.

-Então, por que me expulsou daquele jeito?- ela perguntou, e ele a soltou voltando para perto de seu cavalo sem encara-la.- O que foi Draco? Por que foge de mim, se me ama?

-Eu fujo porque te amo. E porque... não posso te contar a verdade. Seria doloroso demais, você me odiaria.

-Como você pode saber se não tentou?- ela sorriu, se aproximando dele e tocando-o no ombro.

Draco se afastou com um pulo, encarando o chão.

-Você me odiaria, porque sou um traidor.

-Do que você está falando?

-Nunca se perguntou, por que me virei contra meu pai nessa guerra, a favor de seu marido?- ele perguntou com lágrimas nos olhos, a encarando com toda sua coragem.

-Eu não sei.- Gina respondeu surpresa, então sorriu.- Ou nunca me importei muito.

-Mas, deveria. Porque eu nunca me virei contra meu pai ou Marvolo. Pelo menos não até conhecer você. Eu vim para esse reino, com a missão de passar informações falsas ao Rei e de contar as decisões do Conselho a Marvolo.

-Você estava passando informações?- Gina perguntou sentindo-se subtamente tonta, se apoiando na parede para não cair.

-E isso não é tudo.- Draco continuou, encarando o chão.- Eu deveria fingir que me machucara e não partir com a comitiva do Rei, como eu fiz. Para poder tomar o reino a força para mim, tenho centenas de guerreiros do outro lado dessas muralhas apenas aguardando minhas ordens.

-Você me usou?- Gina perguntou subtamente furiosa.- Fingiu que salvou minha vida para ficar para trás? Para tomar o reino de mim?

-Não!- Draco exclamou apavorado com a reação dela, dando um passo para toca-la, mas Gina se afastou.

-Fique longe de mim!- ela exclamou apavorada.

Gina estava confusa, se ele havia ficado para tomar o reino, então ela corria perigo! Olhou em volta, eles estavam sozinhos. Draco apenas precisava alcançar a espada em seu cinto e mata-la. Lágrimas encheram seus olhos, então o que ele estava fazendo? Por que dissera que a amava? O que ele estava esperando para mata-la? A havia enganado, havia cumprido sua missão. E a culpa era dela. Harry perderia seu reino por causa dela e de sua incrível estupidez.

-Me escute até o fim.- Draco pediu, desesperado. E com um movimento tirou a espada da bainha.

Gina gritou, mas ele rapidamente correu tapando a boca dela. Gina se debateu, e Draco a prendeu contra a parede. Ela começou a se debater com mais força, apavorada.

-Confia em mim, por favor.- ele pediu, e Gina parou. Ela queria ainda estar brigando e se debatendo, mas algo no tom de voz dele a fez se calar. E para sua surpresa, Draco jogou a espada no chão e se afastou dela. - Aí está, minha espada. Eu não quero machuca-la. Mas, você precisa saber a história inteira, então poderá me odiar, mas me deixará partir para salva-la.

Gina, ao ver a espada dele no chão e a expressão de dor no rosto de Draco, relaxou levemente. Então respirou fundo e disse:

-Eu confio em você.

-Obrigado.- ele sorriu amargamente.- Embora não devesse, não sou digno de confiança. Mas, também sei que jamais poderia fazer algo para machuca-la. A segunda parte de minha missão, e a mais cruel era... mata-la. Sabíamos que o Rei não possuia herdeiros, portanto se ele morresse durante a guerra, seu poder todo seria tranferido para a Rainha. Ou seja, você. Mas, se não houvesse Rainha e não houvesse Rei, o reino iria para quem o conquistasse. E nesse caso seria eu, um dos supostos apoiadores do rei, que ficou para trás devido a um acidente. Assim não teria que lutar contra Marvolo, e estaria estrategiamente no lugar certo na hora certa. Eu devia observa-la, e meu... criado deveria mata-la no momento apropriado, logo antes da partida do rei, de forma que parecesse um acidente. E tudo ocorreu como o planejado.

-O lustre.- Gina murmurou fracamente, entendendo.- Era para ter me matado, mas você me salvou.

-Na hora não pude mata-la. Simplesmente não pude. Eu sabia o que estava em jogo, incluindo minha vida. Mas, eu não pensei, não estava pensando direito. O que foi minha sorte, se algo tivesse acontecido com você eu jamais me perdoaria! Meu servo partiu, eu soube, logo depois disso. Certamente para me dedurar a Marvolo. Pensei que morreria, mas você me salvou. Achei que você não gostasse de mim, disse que me odiava pouco antes do acidente. Quando vi que estava enganado, a expulsei por medo. Sabia que teria que partir, mas tinha medo que você descobrisse porque e me odiasse. Mas, agora você já sabe. Por isso peço, me deixe ir. Vou lutar com meu exército a favor do Rei, e contra Marvolo. É a única forma de mante-la a salvo! Se Marvolo não for derrotado, não vai parar até matar o Rei e depois mata-la.

-Você vai lutar por mim?- ela gaguejou ainda confusa. - Vai embora por mim?

-Eu só errei quando juntei minha alma a sua. O sol não pode viver perto da lua, nem nós podemos viver junto um do outro. Não queria que meu amor fosse correspondido, para não ter que vê-la sofrer. Queria ter coragem para falar a todos sobre este segredo, queria poder declarar ao mundo este amor. Não me falta vontade, não me falta desejo. Você é meu maior desejo, minha maior coragem. Queria gritar essa loucura saudável que é estar em teus braços, perdido pelos teus beijos. Você é a minha motivação. Queria falar dos sonhos, dizer meus secretos desejos que é largar tudo para viver com você. Mas, não posso. Isso apenas destruiria você. Destruiria o reino inteiro.

-Não me deixe sozinha.- Gina pediu sentindo seu coração se despedaçar. Era como se sua vida fosse terminar no momento em que ele partisse.

-Eu preciso. Meu exercito saberá como derrotar Marvolo e proteger o Rei. Seu marido, com quem você deve ficar.

-Eu devo ficar com você.- ela exclamou correndo e o abraçando.

-Não se preocupe.- ele tentou sorrir.- Lembre-se que o céu que nos cobre é um só, estaremos sempre juntos sob as mesmas estrelas.

-E se isso não for o bastante?

-Lembre-se de nós.- ele murmurou, beijando-a.

Gina sentiu como se o mundo tivesse parado de girar. O beijo dele era intenso, e maravilhoso. Ele nunca a beijara antes daquele jeito, sem culpa como se quissesse provar a ela que tudo o que dissera era verdade. As mãos dela correram rapidamente para os cabelos dele, puxando-o para mais perto. Ele encostou-a contra a parede, acariciando com a mão o rosto dela. Então, rapidamente ele se afastou, e sem olhar para trás, apanhou sua espada no chão, montou no cavalo e partiu a galope até os portões.

Gina sentiu então como se despertasse, seu coração estava desparado e doía em seu peito, levantando as saias correu até perto do portão fechado atrás dele. Ela olhou Draco, uma pequena figura esperando, e com um aperto no coração acenou para os guardas. Os portões se abriram, e ela viu Draco se virar uma última vez, para sair para sempre de sua vida. Então, subtamente se sentiu tonta e uma sucessão de memórias passou em frente a seus olhos, várias vidas que ela dividira com Draco, nenhuma das quais eles pareceram viver juntos.

XXX

Gina se sentou em sua cama, onde desmaiara. Aquela lembrança fora mais forte do que o normal. Ela vira várias vidas, e sempre presente, sempre ali para ela, estava Draco. Sorriu, não tinha jeito. Ele estava preso a ela, e ela a ele, e esse pensamento a fez sorrir ainda mais. 'Só que nunca ficamos juntos.' pensou tristemente. 'Cada vez é uma coisa que nos separa. Dessa vez somos nós mesmos', lamentou. Então se levantou decidida, era exatamente por isso que tinha um plano.

Desceu as escadas correndo e entrou na cozinha, onde sua mãe servia o almoço.

-Você não vai almoçar, Gina querida?

-Guarde alguma coisa para mim, mamãe. Preciso resolver uma coisa antes.- ela murmurou pegando um pouco de Pó-de-Flú.

-Uma coisa?- a Sra. Weasley perguntou confusa.

-Depois que resover tudo, eu te conto.- Gina falou beijando a mãe e entrando na lareira.

-Resolver tudo o quê?- a Sra. Wealey perguntou preocupada, mas Gina apenas acenou.

-Um dia você vai entender.- e jogou Pó-de-Flú na lareira falando.- Beco Diagonal.

Assim que chegou, Gina correu rapidamente até uma loja bem conhecida, a de seus irmãos. Ela entrou, sendo empurrada pela multidão até o fundo da loja. A sorte é que o fluxo a levava exatamente aonde ela queria. Com um sorriso, agarrou rapidamente o que precisava, antes que esgotasse diante da multidão enfurecida, e correu para a enorme fila para pagar. Olhando em volta, ela não sabia porque sua mãe implicara tanto com Fred e Jorge sobre abrirem uma loja. Era óbvio que os dois eram os filhos que mais ganhavam dinheiro, e ainda em uma profissão que gostavam. Ela pagou sorridente e já estava saindo apressada da loja, quando seu caminho foi interrompido.

-O que você vai fazer com isso?- Fred perguntou, ele e Jorge estavam parados diante dela, os braços cruzados parecendo meio desconfiados meio bravos.

-Terminar a bagunça que vocês começaram.- Gina explicou sorrindente.- E afinal, o que vocês fazem aqui? Pensei que não ficassem mais na loja.

-E não ficamos. Viemos apenas trazer mais um carregamento de 'Pares Perfeitos', que está esgotando.- Jorge respondeu, ainda a olhando desconfiado.- E o que você quis dizer com 'terminar a bagunça' que nós começamos?

-Você logo logo irão descobrir.- Gina sorriu abrindo caminho por entre eles.- Agora se me dão licença.

E saiu antes que qualquer um pudesse dizer qualquer outra coisa. Já estava na porta quando trombou com alguém.

-Me desculpe.- pediu pensando imediatamente em Draco. Mas, era só uma menina loira.

-Tudo bem, não tem problema.- ela sorriu, foi então que Gina reparou que ela tinha uma pinta na bochecha.

Imediatamente se lembrou da conversa que tivera com Fred e Jorge uma semana antes. Não fora uma menina loira com uma pinta na bochecha que Fred vira em sua vida passada? Gina se virou seguindo a menina com o olhar. Fred havia desaparecido e Jorge estava parado, sorrindo demais na opinião de Gina, para a menina loira que se aproximou dele.

-Desculpe, você trabalha aqui?- ela perguntou tímida.

-Pode-se dizer que sim.- Jorge respondeu, parecendo se esforçar para não cair na risada.

-Então poderia me ajudar, por favor? Eu queria alguma coisa para dar para meu sobrinho de oito anos, o que você recomenda?

-Nesse caso, eu acho que tem uma pessoa que poderia ajuda-la melhor que eu. Ele está logo ali.

E Jorge apontou por cima do ombro. Gina pode ver o rosto corado de Fred, antes que ele se escondesse novamente atrás do balcão. A menina loira obviamente o vira também, e se virou confusa para Jorge.

-Vai lá.- Jorge a insentivou.- E diga a ele que ele está me devendo uma.

Os olhos de Gina se encontraram com os de Jorge, que piscou para ela, e eles caíram na risada. Fred se levantou de trás do balcão parecendo subtamente trêmulo e inseguro ao começar a falar com a garota loira, quase tão tímido e desajeitado quanto a menina. Gina riu ainda mais e saiu da loja, Fred havia encontrado sua alma-gêmea, agora era a vez dela.

A ruiva se aproximou cuidadosamente da porta da Floreios e Borrões esperando pacientemente. Fora sorte que a fila da loja de Fred e Jorge tivesse demorado, esperar ali era muito pior. Já estava lá a algum tempo, quando a pessoa que esperava saiu, ele abriu a porta e imediatamente trombou com ela.

-Sua Weasley maluca! O que está fazendo?- Malfoy perguntou furioso, espirrando quando poeira entrou em seu nariz, devido a segunda trombada com ela, apenas naquele dia.

-Oh, não te vi aí.- Gina respondeu, então sorriu maldosamente.- Você ainda vai me agradecer por isso, Malfoy.

-O quê? Agradecer pelo quê? Por ter... ter me coberto de poeira?- ele perguntou sentindo o mundo rodar antes de cair desmaiado no chão.

Gina sacudiu a cabeça, ajeitando-o conforavelmente na calçada, antes de começar seu caminho de volta para casa. Já estava chegando na saída, quando viu uma lata de lixo. Se aproximou e jogou lá dentro o pacote vazio de 'Pares Perfeitos', que havia jogado inteiro em Draco. Quando ele se lembrasse dela, assim como ela se lembrara dele, poderiam finalmente ficar juntos. Ela sorriu, e cantarolou todo caminho até a lareira que a levaria para casa. Agora era só esperar o produto fazer efeito, e eles poderiam finalmente ficar juntos.

N/A- Confesso que parte da declaração do Draco eu roubei do meu querido Carlos Drummond de Andrade, do poema chamado 'Inconfesso Desejo'. Achei ficaria bom na fic. E aí gostaram do plano da Gina? Muito mais simples do que conquistar ele de novo. Hehehe.

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