Caos



—Capitulo quinze
Caos.


Assim que entraram no hospital, alguns enfermeiros foram ao encontro deles. Envolveram Lilá num lençol e colocaram ela numa maca, rapidamente levando-a por um corredor. Uma mulher gorda, vestindo um uniforme verde chegou logo depois, segurando uma prancheta.
—Boa noite, bem-vindo ao St. Mungus. Alguém poderia preencher esses formulários? Só para controle de pacientes.—Disse ela, visivelmente abalada.
—Claro, claro...—Disse Luke, pegando a prancheta e a pena, sentando-se num banco de madeira no canto da recepção. Apoiou a prancheta nas pernas e começou a preencher.
Apesar de vazia, a recepção estava bastante movimentada. Vários enfermeiros corriam de um lado para o outro, entrando e saindo de salas. Não haviam filas, mas as lareiras estouravam constantemente, sempre trazendo pessoas ou apenas cabeças flutuantes com algum recado.
—Pronto...—Disse Luke, devolvendo a prancheta para a mulher.—escuta. Por que todo esse movimento? E por que aqui está tão vazio?
A mulher olhou para o pergaminho, mordendo o lábio inferior. Depois de um tempo, largou a prancheta de um lado e desabou sobre um banco, escondendo os olhos atrás das mãos.
—Mandamos as famílias se refugiarem em casa. Só os feridos podem ficar aqui e um amigo ou parente para acompanhar. O Reino Unido está em estado de alerta.—Dizia, prestes a chorar.—Ninguém pode ficar fora de casa. Meus filhos estão sozinhos em casa. E eu não posso sair daqui!
Todos olharam para a pobre mulher, com muita pena. Ashley sentou ao seu lado, tentando consolar-la. Amanda, Chapolim, Alana e Marina foram buscar mais informações no hospital, enquanto Luke e Teddy ficaram mais para trás, num canto da recepção, parecendo preocupados.
—Todos já sabem...—Disse Luke, apoiando o queixo na mão, olhando para o nada.
—Não acha que assim é melhor?—Perguntou Teddy, olhando para as poucas pessoas, exceto eles, que estavam no local.
—Depende do ponto de vista...—Luke observou a mulher, que debulhava-se em lagrimas, por um tempo, antes de olhar para Teddy.—se as pessoas souberem do perigo e tomarem precauções, sim. Vai ser algo bom. Mas se causar um pandemônio...não vai ser nada bom.
Teddy ficou em silêncio, olhando para o primo que já havia distraído-se com alguma outra coisa. Depois de um tempo resolveu juntar-se a Ashley, na tentativa de acalmar a mulher.
Marina havia separado-se dos outros, seguindo para um lado da recepção, quase vazio. Haviam varias cadeiras de madeira, encostadas na parede, e um balcão abandonado, onde amontoavam-se varias caixas e pergaminhos. Uma mulher estava sentada em uma das cadeiras. Parecia arrasada, sem forças. Escondia o rosto entre as mãos. Os cabelos grisalhos estavam totalmente despenteados. As vestes elegantes estavam amassadas e o xale verde pendia de seu pescoço, mal colocado. Era obvio que ela era uma mulher rica, elegante. Mas algo, naquele instante, fazia ela parecer apenas uma mulher mal vestida.
Lentamente, Marina aproximou-se. Sentou-se no banco ao seu lado e ficou observando-a. As mão velhas de dedos finos e longos escondiam o rosto. Algo em Marina lhe dizia que ela conhecia aquela mulher. Com extrema delicadeza, pousou sua mão em seu ombro, apertando de leve.
—Oi...desculpe a intromissão, mas...
—Marina...—Sussurrou a mulher, olhando-a por entre os dedos. Depois de alguns segundos, afastou as mãos do rosto, revelando traços marcados pelo tempo. Tinha um perfil altivo, típico das famílias nobres da Inglaterra e olhos muito verdes.
Marina assustou-se. Aquela mulher era Dora Veron. Sua futura sogra. O que estava acontecendo? Por que ela estava ali? Marina sentiu um forte aperto no peito, junto com uma repentina falta de ar. Após alguns segundos, a respiração normalizou.
—Sra. Veron...—Disse Marina, ainda um pouco aturdida.—o que...a senhora faz aqui?
Dora olhou por um tempo, mesclando a tristeza à piedade. Levou a ponta dos dedos finos até o rosto de Marina, acariciando-o de leve. Lagrimas rolavam por sua face, cada vez mais rápidas.
—Minha filha...eu sinto muito...—Disse Dora, a voz embargada pelo choro.
—Sente muito...por que?—Perguntou Marina, confusa.—O que está acontecendo?
—Estávamos em casa...um grupo de homens vestidos de negro invadiram ela...—A mulher soluçava cada letra, as lagrimas já descendo sem o menor controle por seu rosto. Suas mãos tremiam muito.—eles...eles pegaram o Gilbert...e...e...pegaram o Andrew! Eles o pegaram! Oh! Foi horrível!—Mais uma vez afundou os olhos nas mãos, soluçando alto.
Dora continuava falando. Mas Marina já não escutava. Seu cérebro havia entrado em pane. Sentiu seus músculos perderem lentamente a firmeza. Teve certeza de que, se não estivesse sentada, teria desmaiado. Não sentiu as primeiras lagrimas correrem pelo canto de seus olhos. Não sentia mais nada. Se o mundo podia acabar em alguns instantes para os outros, o dela havia acabado de ser destruído.

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A rua destruída permaneceu em silencio. A carcaça do EcoSport ainda queimava e estalava. Os postes haviam virado tochas com imensas labaredas no topo. O fogo projetava uma luz alaranjada sobre o local e sobre os combatentes.
—Eu luto ou você luta?—Perguntou Pedro, ainda encarando Edward que fazia carinho no focinho do dragão.
—Você já teve sua diversão com o Krum...—Disse Aline, tomando a frente. Estalou os dedos e soltou a capa com um movimento da mão.—agora é minha vez.
—Você manda...—Disse Pedro, dando alguns passos para trás, afastando-se de Aline.
—Vão me enfrentar de um por um?—Edward riu, balançando a cabeça negativamente.—Assim vai acabar sendo mais fácil.
—Quero ver continuar falando tanta besteira depois que eu encher tua boca de concreto...—Disse Aline, friamente, apontando o dedo indicador para ele.
—Pelo menos falar você sabe...—Michigan riu, dando alguns passos para frente, afastando-se do dragão.—quero ver se sabe lutar.
Aline não respondeu. Abaixou o dedo e ficou encarando Edward. Por alguns segundos, apenas se analisaram. Então, Edward pegou impulso e disparou contra a piromaga das trevas, com extrema velocidade.
—Desse jeito, não vai conseguir nem me arranhar...—Disse Aline, dando um passo para o lado e desviando de um soco dele. Virou rapidamente no próprio eixo e mirou um chute na lateral de seu corpo.
Porém, Edward sumiu. Aline esforçou-se para manter o equilíbrio, mas não evitou o chute de Michigan, direto em seu queixo. Bateu de frente contra a parede de um prédio, arremessando tijolos para todos os lados.
—Parece que é você que vai ficar com a boca cheia de concreto...—Disse Edward, de braços cruzados, olhando para onde Aline estava.
—Não pense que um golpe desses vai me derrotar...—Resmungou Aline, saindo do meio dos tijolos. Limpou um filete de sangue do canto da boca e olhou friamente para o cavaleiro de dragões.
Começou a correr na direção dele. Juntou as mãos, fazendo uma série de movimentos com elas. Parou derrapando à uns dois metros dele, inclinando-se para frente e encostando as mãos no chão.
—Serpentes do fogo das trevas!!
Varias serpentes de fogo negro irromperam do chão, enrolando-se nos braços, pernas e no tronco de Edward. Surpreso, o cavaleiro de dragões tentou livrar-se, mas parecia que cada movimento fazia as cobras lhe prenderem mais.
—Tome seu concreto!—Disse Aline, acertando uma série de furiosos socos em seu rosto e no tórax.
O ultimo soco atirou Michigan para trás, arrastando-se no chão. As cobras desapareceram no ar, como pequenas fagulhas negras. Aline caminhou até ele, pisando com força em seu peito, olhando-o com desprezo.
—Eu podia te matar agorinha, sabia?—Perguntou, pressionando mais seu pé sobre o peito dele.—De todas as formas possíveis.
—Mas não vai fazer...—Sorriu Edward. Seu rosto estava cheio de áreas arroxeadas e haviam ferimentos em seu lábio inferior e ao redor de seu olho.
—Deveria...—Resmungou a Black, ainda com o pé sobre seu peito.
Edward fechou os olhos e inclinou a cabeça um pouco mais para trás. Mordeu o lábio inferior com força e, depois de alguns segundos, soltou um assobio alto e agudo que ecoou por toda a rua. Voltou a cabeça para frente e olhou para Aline, com um sorriso triunfante.
—Minha missão já está cumprida...—Disse, fechando os olhos.—adeus, piromagos.
Ele pendeu a cabeça para trás. Ainda estava vivo. Aline afastou-se, olhando para ele por um tempo, com o cenho franzido.
—O que deu no Voldemort para mandar um cara tão fraco como esse?—Perguntou, andando até Pedro, em passos lentos.
—Não sei...talvez não fosse ele com quem devêssemos nos preocupar...talvez...
A fala do piromago foi interrompida por uma forte rajada de vento. As chamas sobre os postes apagaram, lançando tudo no escuro. Olharam para cima e viram o vulto do enorme dragão subir.
—Droga!—Resmungou Pedro, olhando para cima.—Aline! Tire todos daqui! Eu vou tentar retardar essa coisa!
Antes que a Black pudesse responder, Ravenclaw já havia tomado a forma de uma ave e subia na direção do dragão. Ela ainda olhou para ele por um tempo, antes de correr até a vitrine onde ficava a entrada secreta do hospital. Teria um grande trabalho para evacuar todo o local.

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O chicote encontrou-se com sua pele, rasgando-a. Stephanie mordeu o lábio inferior com força. Não iria gritar. Não iria dar a Voldemort esse prazer. Nunca! Ela era uma Lestrange. Tinha que ser forte. Ergueu um pouco o olhar, ainda jogada no chão, desafiando Voldemort.
—Seus olhos...eles são iguais aos da sua mãe...—Disse Voldemort, erguendo mais uma vez o chicote.—é uma pena que você seja tão idiota quanto ela.
—Eu não falaria dela assim, se fosse você...—Rosnou Stephanie, ainda olhando para ele desafiadoramente.
—E o que pretende fazer?—Riu Voldemort, descendo o chicote contra o rosto da Lestrange.—Presa. Fraca. Sem sua varinha ou suas facas. Você está acabada.
A força do golpe fez Stephanie virar o rosto. Sentiu um formigamento na bochecha. Logo, as primeiras gotas de sangue correrem por sua face e caíram no chão. Virou o rosto mais uma vez para Voldemort, ainda desafiadora.
—Essa é toda a sua força?—Sorriu, o brilho de desafio ainda crescente em seus olhos.—Parece que o velho lord das trevas já não é mais como antes.
Voldemort lançou-lhe um olhar furioso. Ergueu o chicote mais uma vez e acertou o ombro da Lestrange. O sangue espirrou na parede e Stephanie foi atirada novamente para o chão. Sem esperar que ela levantasse, começou a bater o chicote com força nas costas dela.
—Vai aprender a ficar com a boca fechada, Lestrange.—Disse Voldemort, cortando as costas de Stephanie com mais uma chicotada.—Coisa que sua mãe nã...
—Estupefaça!—Uma voz rouca e arrastada interrompeu o lorde.
O jorro de luz vermelha atingiu Voldemort, que não demonstrou dor. Virou o rosto na direção da voz e falou, friamente.
—Pensei que não tivesse mais forças para levantar, Bella...
Stephanie ergueu um pouco o olhar e fixou na figura magra e apática de Bellatrix Lestrange. Estava apoiada em uma parede, as vestes mais sujas do que nunca. Segurava a varinha de modo precário enquanto arriscava alguns passos.
—Não vou deixar que...que mate a minha...filha...—Falava Bella, ofegante. Ainda estava muito fraca.—pode até me matar...mas nunca ela.
—Que lindo. A mamãe ausente quer compensar suas falhas se sacrificando.—Disse Voldemort, irônico, fazendo o chicote desaparecer.—Isso é realmente tocante.
Caminhou lentamente até Bellatrix. Stephanie tentou levantar-se, mas as feridas abertas em suas costas ainda ardiam muito. Viu Voldemort parar de frente à sua mãe e olhar-la de cima a baixo.
—Você já foi a minha melhor comensal...—Disse Voldemort, passando o dedo pelo rosto da comensal.—Leal, destemida, pura de sangue. Era tudo o que eu precisava num comensal.—Desceu o dedo até o pescoço dela, logo fechando a mão ao redor.—Mas você tinha um grave defeito, Bella.—Apertou-o com força. Stephanie pode ver que lagrimas brotavam dos olhos de sua mãe.—Você amava suas filhas. Você não queria que elas se machucassem. Isso te tornou fraca.
—Não diga...besteiras...—Grasnou Bellatrix, tentando, sem sucesso, afastar as mãos do Lord.—você...nunca amou ninguém...não pode saber...como o amor dá...forças...
—Tola...—Disse Voldemort, frio, pressionando o dedo indicador sobre o abdômen dela. Um raio de luz vermelha atravessou-lhe o corpo, fazendo o sangue espirrar para os lados.—não fale do amor, como se soubesse seu verdadeiro sentido.
Soltou o pescoço de Bella, deixando seu corpo agonizante no chão.
—Nunca pensei que chegaria o dia em que eu teria que te matar, Bellatrix...—Disse Voldemort, abaixando-se ao lado dela.—mas a vida é cheia de surpresas. E essa é mais uma.
—Muito mais...do que você imagina...milord...—Bellatrix sorria fracamente. Um filete de sangue caia do canto de sua boca, manchando seu rosto pálido e magro.
—Adeus, minha querida Bella...—Disse Voldemort, apoiando o dedo indicador em sua testa.
—Flipendo!—Bradou uma voz, logo atrás de Voldemort.
Antes que o feitiço lhe atingisse, Voldemort sumiu. Apareceu logo atrás de Bellatrix, encarando os olhos frios de Stephanie Lestrange.
—Dá próxima vez que quiser me torturar...—Dizia Stephanie, a postura altiva, típica dos Lestrange, apesar dos graves ferimentos em seu corpo.—não esqueça de tirar minha varinha.
—Ainda tem alguma força?—Riu Voldemort, andando até ela.—Jurava que você estivesse acabada.
—Você é quem vai estar acabado, Valdoca...—Stephanie sorriu, apontando a varinha para Voldemort.
Com apenas um movimento da mão, Voldemort fez a varinha de Stephanie ser atirada longe. Com um novo movimento, jogou a própria Stephanie contra a parede. A Lestrange escorregou pela superfície gelada, até cair no chão. Uma grande mancha de sangue ficou marcada na parede.
—Mãe e filha...lutando uma pela outra...isso é verdadeiramente tocante...—Ironizou Voldemort, andando até Stephanie. Antes que chegasse, sentiu algo agarrar-lhe pela cintura.—Oras! Vamos, Bellatrix! Isto está começando a ficar chato!
—Stephanie...saia daqui...agora...—Dizia Bellatrix, com a voz fraca.
—Ma...mamãe...—Balbuciou Stephanie, olhando-a, surpresa.
—Parem com esse sentimentalismo de quinta categoria.—Disse Voldemort, segurando Bellatrix pelo pulso e atirando-a com força contra a parede.—Vou resolver o problema das duas. Irão morrer juntas. O que acham? Estou sendo mundo bondoso, hã?
—Fuja, Ste...por favor...—Disse Bellatrix, ao lado de Stephanie.
—Eu não vou te...deixar...mamãe...—Disse Stephanie, segurando a mão da mãe.
—Você tem que fugir...—Disse Bella, levantando-se novamente.—por favor...vá...
Antes que fizesse alguma coisa, sentiu as mãos de Voldemort em seu pescoço. Atirou-a com força, contra a parede oposta. Seu corpo voou velozmente até colidir com a parede, abrindo um buraco.
—Mudei de idéia...vou acabar com uma de cada vez...
Foi até o amontoado de pedras e retirou Bellatrix de dentro. Seguro-a pelo pescoço, erguendo-a acima da cabeça.
—Vamos te fazer sofrer um pouco, certo?—Disse Voldemort, um sorriso maníaco em seu rosto.—Primeiro, seu intestino.
Com força, cravou a mão de dedos finos no abdômen de Bellatrix. A Lestrange gemeu. Sentiu o sangue invadir sua boca e escorrer por seus lábios, tingindo-os de vermelho. Voldemort retirou a mão de dentro de seu corpo e lambeu o sangue nos dedos, demonstrando um imenso prazer naquilo.
—Mãe!—Gritou Stephanie, levantando-se.
—Nem pense nisso, mocinha...—Virou-se para Stephanie, apontando a mão aberta.
Algo prendeu-lhe pelos pulsos e pelas pernas. Por mais que tentasse se mover, seu corpo não obedecia. Voldemort voltou a atenção para sua mãe. Estava se divertindo.
—Está gostando Bella?—Enfiou o dedo indicador no meio da barriga dela.—E que tal isso?
Vários cortes abriram em seu corpo. O sangue mais uma vez jorrou, manchando as paredes. Bellatrix gemeu baixinho, já sem forças para gritar. Stephanie tentava desvencilhar-se de quem lhe prendia, sem sucesso.
—Mãe! Reage, mãe!—Gritava a Lestrange mais nova.
Mas Bellatrix não tinha mais forças. O sangue escorria por seu corpo, pingando no chão. Os olhos já estavam fora de foco e o queixo tingido de vermelho.
—Não adianta mais gritar por ela...—Voldemort sorria de modo diabólico, passando a ponta do dedo pelo corpo ensangüentado de Bella.—Já está quase morta.
—Não!—Bradou Stephanie, lutando para livrar-se do que lhe prendia.—Mãe! Reage! Sai daí! Mãe!
—Vamos ao golpe de misericórdia...—Apoiou a ponta dos dedos no meio do peito de Bellatrix.—meu ultimo adeus, Bella.
Afastou a mão e cravou com força em seu coração. Num ultimo assomo de dor, Bellatrix cuspiu uma bola de sangue no chão. Puxou a mão com força, trazendo entre os dedos, o coração da ex-comensal. Largou o corpo sem vida dela para o lado e foi até Stephanie.
—Está vendo isso?—Disse, colocando o coração de Bellatrix na frente de seu rosto.—É o coração da sua mamãe. Veja como ele é negro. Cheio de ódio, rancor. Bella, você era realmente perfeita.—Jogou o órgão de lado, fixando o olhar agora em Stephanie.—Exceto por vocês.
Stephanie não escutava nada do que ele dizia. Seu olhar estava fixo no corpo de sua mãe. Jogado de lado como um trapo velho, em meio a uma poça de sangue. Sentiu as lagrimas brotarem de seu olhos e correrem por seu rosto.
—Não precisa chorar, minha cara...—Disse Voldemort, secando uma das lagrimas que corria pelo rosto dela.—logo, logo você vai encontrar com sua mamãezinha no inferno.
Stephanie voltou a encarar-lo. Pouco importava-se agora com o que aconteceria. Sentiu o dedo frio de Voldemort pressionar-lhe o peito, apenas esperando o golpe final.
—Au revoir, Mademoiselle Lestrange.—Voldemort sorriu.
A Lestrange mais nova fechou os olhos com força. Esperava que fosse rápido e indolor. Então, escutou um grito e não mais sentiu a pressão sobre o peito. Abriu os olhos e viu Voldemort recuar, segurando o que parecia ser o toco de um braço. Olhou para o lado e viu o rosto daquela mulher que estava agachada ao seu lado. Aquele rosto branco, de olhos azuis. Os cabelos negros caindo por sobre os ombros.
—Oras...mas vocês só se metem em confusão?—Perguntou a mulher, erguendo-se e indo até Stephanie.
—Violet...

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Depois de meia hora, Josh já estava caído sobre o balcão, babando. John, porém, não havia passado do segundo copo. O gelo que havia em seu copo já não existia. O Parker apenas balançava o liquido lentamente. Não estava com vontade de beber. Não naquela casa. Não tinha boas lembranças da “poderosíssima mansão Parker”. Largou o copo de lado e foi até o irmão, apoiando-o no ombro.
—Eu quero um, com muito gelo e azeitona...—Murmurou Josh, encostando a cabeça no ombro do irmão, despejando uma grande quantidade de saliva ali.
—Cara...—Murmurou John, olhando com nojo para o irmão.—você baba mais do que a tia Felizberta quando teve o problema com anêmonas flamejantes.
Josh resmungou mais alguma coisa e voltou ao seu “coma”. John foi subindo as escadas, lentamente, tentando não derrubar o irmão(o que parecia muito tentador aos olhos do Parker mais velho). Chegou ao primeiro andar e abriu a porta de um quarto qualquer, largando Josh sobre a cama. Cobriu-o e fechou as cortinas.
—Um balde de água gelada para o Sr. Josh Parker, amanhã de manhã.—Resmungou John, saindo do quarto.
Fechou a porta e caminhou pelo corredor. Pouco havia mudado aquela grande mansão. Talvez um ou outro móvel comprado por Luke. Mas, pelo que John lembrava, tudo estava no mesmo lugar de antes. Os mesmos quadros, as mesmas janelas brancas, o mesmo assoalho de madeira. Até o som parecia ecoar do mesmo jeito. Isso traria ótimas lembranças aos outros. Mas para John, só fazia lembrar o quanto odiava todas as “regras Parkers”.
Parou diante de uma janela e abriu-a com um empurrão. Ficou olhando para as árvores, distraído. Foi quando viu uma sombra correr logo abaixo. Coçou os olhos. Não havia mais nada lá.
—É, John Parker...você também vai precisar de um balde de água...—Disse o Parker, ainda procurando algum vestígio da sombra.
Já estava afastando-se da janela, quando mais vultos correram entre as árvores. Não. Não estava tendo uma alucinação causada pelo álcool. Então, um grito vindo da cozinha lhe chamou a atenção. Puxou a varinha do bolso de trás da calça e correu de volta ao patamar inicial. As luzes da cozinha estavam apagadas. Vários flashes de luz verde voavam de um lado para o outro, acompanhados por mais gritos. John pulou os dois últimos degraus, correndo desenfreado até o local.
—Lumus!—Bradou, assim que chegou.
A
O movimento cessou. John iluminou cada pedaço do recinto, procurando algum sinal dos vultos. O corpo dos empregados estavam estirados no chão ou caídos por sobre os balcões. Vários pratos e copos estavam estilhaçados no chão e pedaços da lâmpada fluorescente estavam espalhados pela mesa. Mas nenhum sinal dos vultos.
Lentamente, John foi saindo da cozinha. Apagou a luz da ponta da varinha e foi até a escada, olhando para todos os lados. Não seria possível que tivessem simplesmente evaporado. Já dava os primeiros passos na escada, quando sentiu algo acertar-lhe fortemente as costas.
—Merda...—Resmungou, apoiando as mãos nos degraus. Virou-se rapidamente. Um grupo de seis ou sete pessoas, todas vestidas de negro, estavam paradas, a frente dele.
—Onde está Luke Parker?—Perguntou uma das pessoas. A voz era arrastada e fria.
—Ele não está...—Disse John, levantando.—Quem deseja falar com ele?
—Lord Voldemort quer falar com ele...—Disse a figura, andando até John.
O Parker sentiu um forte calafrio. Foi recuando lentamente, subindo as escadas. Virou-se e subiu a escada aos tropeços. Precisava acordar Josh. Quando chegava à porta do quarto, os comensais apareceram, numa nuvem de poeira.
—Onde está Luke Parker?—O comensal repetiu a pergunta, avançando sobre John.
—Cara! Eu já disse que não sei!—John recuou até sentir a parede atrás dele.—O que diabos quer falar com o Luke?!
—Não te interessa...—Sacou a varinha e apontou diretamente para o peito de John.
O Parker fechou os olhos e começou a rezar. Sentiu a varinha encostar em seu peito. Estaria acabado. E amaldiçoava Luke por isso. Quando já começava a dar “olá” a São Pedro, escutou a porta abrir e vários feitiços serem lançados.
—Puta que pariu, John!—Era Josh que aparecia, encostado no vão da porta, com uma mão na cabeça e a outra segurando a varinha.—Eu já te disse pra não trazer esses teus amiguinhos esquisitos para casa!
Aliviado, John levantou-se e correu até o irmão. Sacou a varinha e apontou para os comensais que levantavam, meio tontos.
—Quem são eles?—Perguntou Josh.
—Advinha...
—Valdetes do Voldão?—Josh ergueu as sobrancelhas, sem tirar os olhos dos comensais.
—Bingo...—John riu nervoso, olhando para os lados.—e a próxima pergunta. O que fazemos?

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Voando rapidamente, Pedro logo ultrapassou o dragão. Um pouco acima de sua cabeça, voltou a forma humana. Antes que seus pés tocassem a cabeça do dragão, foi atingido com força por algo, sendo atirado contra o teto de um dos prédios. Parou derrapando, levando a mão a barriga, tossindo muito.
—Mais quem diabos é agora?—Murmurou, levantando o rosto, procurando o oponente.
—Procurando por mim?—Disse uma voz, logo atrás dele.
Virou-se rapidamente. Logo atrás dele, um homem alto, de cabelos brancos, porém não velho, estava parado. Segurava uma espada totalmente negra em uma das mãos.
—Meu nome é Henkor, membro do quinteto da sombra.
—Quinteto da sombra?—Perguntou, franzindo a testa.—Aquele grupo de bruxos especiais que controlam as sombras? Pensei que fossem apenas um...
—Boato?—Completo Henkor, balançou a cabeça negativamente.—Como pode ver, não somos nenhum tipo de boato. Na verdade, somos muito verdadeiros.
—Percebi...—Disse Pedro, afastando a mão da barriga, levantando-se.
—Você é o famoso Pedro Ravenclaw, certo?—Perguntou Henkor, já em posição de ataque.—Ouvi muito sobre você. Parece ser dos fortes.
—Por que não tira suas próprias conclusões?—Ravenclaw colocou a mão sobre o cabo da espada, também em posição.
—É o que pretendo fazer...—Henkor sorriu, inclinando um pouco o corpo para frente.
Começou a correr na direção de Pedro. Ravenclaw, por sua vez, ficou parado, olhando para Henkor, com os olhos semi-cerrados. O membro do quinteto das sombras colocou a espada ao lado do corpo, pronto para um ataque.
Quando já estavam bem próximo, Pedro inclinou o corpo para frente e sacou a espada. Henkor cravou sua espada no chão e pegou impulso, saltando por cima do piromago. Mais do que rapidamente ambos viraram, desferindo novos golpes.
—Muito bom!—Henkor saltou para trás, sorrindo satisfeito.—Os boatos são verdadeiros!
Sem esperar respostas, partiu novamente para cima dele. Tentou uma série de ataques com a espada, mas Pedro defendia sem muita dificuldade. As espadas se encontraram. Os dois ficaram empurrando, vendo quem cederia primeiro.
—Você é muito bom mesmo.—Henkor sorriu.—Mas eu tenho que acabar logo com você.
Colocou a mão esquerda na barriga de Ravenclaw, formando uma bola de energia negra. Pedro foi atirado com força para trás, batendo com força numa parede, abrindo um buraco. Antes que caísse no chão, Henkor segurou-o pelo rosto e girou, atirando-o para o outro lado. Flutuou alguns centímetros antes de arrastar-se pelo chão, abrindo uma vala. Parou perigosamente perto da beirada do prédio.
—Foi uma pena...gostaria de lutar mais com você...—Sorriu Henkor, aproximando-se. Pisou no peito dele, empurrando seu corpo para a beirada.—mas teremos outra oportunidade, lá no outro mundo. Adeus, Pedro Ravenclaw.
Com um ultimo empurrão, jogou o corpo de Pedro para fora do prédio. Porém, no momento em que o piromago passou pela beirada, uma ponte de gelo formou-se logo abaixo dele. Seu corpo escorregou até os pés de Amanda, que ajudou-o a se levantar.
—Obrigado, Mandy...—Disse, levantando e batendo o pó da camisa.—você chegou na hora certa.
—Como sempre...—A aquamaga sorriu brevemente, voltando o olhar para Henkor.—Estamos com problemas no hospital. Vá ajudar-los. Eu tenho assuntos pendentes com ele.—Disse, apontando para Henkor, com a cabeça.
—Tudo bem...—Olhou para a amiga, dando um meio sorriso.—se cuida.
Amanda apenas concordou com um aceno de cabeça. Pedro saltou da ponte, tomando a forma de águia e dando um rasante até o hospital. Amanda continuou encarando Henkor, de modo frio.
—Não cansa de perder, garota?—Perguntou Henkor, sorrindo.
—Não foi o que aconteceu da ultima vez...—Murmurou Amanda, puxando da cintura uma espada de lamina vermelha.
Ficaram se encarando. O dragão havia esquecido o que devia fazer e ficou observando a luta. Apenas quando Henkor estalou os dedos, ele pareceu acordar e partiu na direção do centro londrino. Assim que o deslocamento de ar passou sobre eles, partiram um na direção do outro, fazendo as espadas se encontrarem.

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Uma equipe de reportagem da BBC sobrevoava os céus de Londres em um helicóptero. O centro da capital inglesa estava em chamas e diversas criaturas parecidas com morcegos gigantes voavam por sobre os prédios, lançando mais e mais jorros de fogo.
—É um caos!!—Gritava o repórter, tentando sobrepor-se ao som da hélice do helicóptero e aos ocasionais urros das criaturas.—A cidade de Londres parece o inferno na terra! Varias criaturas estranhas sobrevoam o centro da cidade que permanece em chamas! Ago...
Antes que terminasse de falar, houve uma grande explosão na periferia da cidade. Automaticamente, todas as luzes da cidade apagaram. Ouviram-se vários gritos vindos da cidade, todos carregados de pânico. O helicóptero começou a balançar ferozmente para os lados.
—O que está acontecendo?!—Perguntou o repórter ao piloto, jogando-se contra a cabine.
—Eu não sei! Não estou vendo nada!—Gritava o piloto, tentando manejar os controles do veiculo.
—Tente pousar em algum lugar seguro!—Gritou o repórter, voltando para sua cadeira. Fechou a porta e afivelou o cinto, olhando para o lado de fora.
Tudo o que podia ver era as grandes labaredas consumindo o centro de Londres. Vez ou outra, um prédio ruía, espalhando o barulho de trituração por toda a cidade em pânico. Rezando mentalmente, o repórter fechou os olhos, pedindo para continuar vivo
Suas preces não foram atendidas. No momento seguinte, o rosto maldoso de um imenso lagarto apareceu à sua frente. O helicóptero foi envolvido pelas chamas, antes de explodir no ar, em milhões de pedaços.

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