Depois



—Capitulo oito
Depois.


Tudo havia acontecido muito rápido. O prédio, o avada kedrava, a voz de Seth e logo dois borrões caindo no chão, rolando.
Lauren demorou a entender o que acontecia. Ainda olhava para frente, onde aquele vulto estava, com a varinha apontada para ela e para a filha. Marie ainda chorava compulsivamente, agarrada ao tecido do seu robe.
Depois de sair do choque, Lauren olhou rapidamente para o lado. Foi aí que viu seu marido e o vulto, rolando entre os escombros, lutando.
—Seth!—Gritou Lauren, puxando o robe das mãos da filha, correndo até os dois, que ainda rolavam entre as pedras.
Pararam de rolar. Seth estava por cima, segurando a pessoa pela gola. Deu um tapa em sua mão, atirando a varinha longe.
—Quem é você?!—Bradou Seth, sacudindo-o pela gola.
O capuz escorregou, mostrando-lhe o rosto. Lauren parou, sentindo o coração bater em sua garganta. Aqueles cabelos negros, os olhos cinzentos. “Não poderia ser”. Sentiu o ar faltar, enquanto o mundo ao seu redor girava de modo violento.
—Ste...—Sussurrou Lauren, sem fôlego.
—Vamos! Diga! Quem é você?! Por que queria matar-las?!—Gritou novamente, ainda sacudindo-a pela gola das vestes. Os olhos azuis carregados de fúria.
—Largue-me se quiser continuar vivo.—Stephanie falou entre os dentes, estreitando o olhar.
—Quem pensa que...
—Seth!—Bradou Lauren, assim que o ar voltou a seus pulmões.—É a Ste!!
—Ahn?—Seth olhou para a esposa, o cenho franzido.
—É a Ste...—Lauren correu o olhar do marido à irmã, que virou o rosto, parecendo evitar seu olhar.
—Ste?—Perguntou Seth, olhando para a esposa. Voltou a olhar Stephanie, que visivelmente segurava o choro.—Não pode ser.
Lauren também não parecia acreditar. Não queria acreditar. Seus olhos encheram de água, já escorrendo algumas lágrimas pelo canto. Era sua irmã. Sua irmãzinha que estava procurando há tanto tempo.
—Lauren...—Murmurou Seth, afrouxando os dedos que seguravam a barra do capuz de Stephanie.—não pode ser...ela...ela tentou te matar.
—Ela...—Balbuciou Lauren, ainda olhando a irmã.—ela...
Seth soltou um grito de dor alto, interrompendo Lauren. Ele rolou para o lado, com a mão pressionando a lateral do corpo. O sangue escorria por entre seus dedos, manchando o chão. Stephanie levantou-se de um salto. Segurava uma faca em uma das mãos, a lamina manchada de vermelho.
—Ste!!—Bradou Lauren, surpresa com a atitude da irmã.
Stephanie virou-se lentamente. Seu olhar era estreito, frio. Encarou a irmã, falando num tom igualmente frio.
—Entenda, Ashford...—Enfatizou o sobrenome da irmã, falando com nojo.—a Stephanie que você conheceu, morreu há muito tempo.
Sem esperar nenhuma palavra de Lauren, desapareceu com uma lufada de vento. Lauren correu até onde a irmã estava, tentando segurar-la, mas tudo que pegou foi poeira. Ficou parada, olhando para cima, as lágrimas rolando pela lateral do rosto. O choro alto de Marie, chamando seu nome, despertou-lhe subitamente.

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Stephanie aparatou naquele pequeno e sujo quarto. Livrou-se rapidamente da roupa, colocando a mão sobre um pequeno ferimento no braço direito. Já começava a arroxear e ainda ardia.
“Maldito Ashford!!” Pensou, irritada, enquanto pegava um rolo de ataduras num velho guarda-roupa. “Se ele não tivesse se metido, eu...”.
Parou, surpresa com o próprio pensamento. Sentiu-se um monstro. Era sua sobrinha que havia tentado matar. Era a filha de rua irmã mais querida. “O que esta acontecendo comigo?”, era o que pensava. “Como pode pensar em matar-la?”.
Com raiva, socou o espelho na porta do armário, rachando-o. Fechou a porta do armário com raiva e voltou a vestir a roupa.
—Lord Voldemort deu-lhe uma missão.—Disse Tom, saindo das sombras.
—Eu sei disso...—Disse Stephanie, fria, prendendo um cinto com as facas e a varinha na cintura.—estava indo cumprir-la.
—Eu sei disso...—Disse Tom, parecendo divertir-se com aquilo.—milord não perdoa falhas facilmente.
—Cale-se e saia daqui!!—Stephanie virou-se rapidamente, atirando uma faca em sua direção.
Tom sorriu, desaparecendo numa nuvem de fumaça. A faca atravessou-a, fincando em meio a uma reportagem antiga, pregada na parede. Parecia o recorte do profeta diário. Havia uma foto onde um grupo de amigos, na formatura de Hogwarts, comemorava alegremente.
Ataduras, braços quebrados. Haviam juntado-se ao ministério e a tantas outras pessoas na invasão a Little Hangleton.
Stephanie aproximou-se, puxando a faca pelo cabo. Olhou a foto mais de perto. Uma das pessoas na foto estava circulada com tinta vermelha. Era um garoto de cabelo negros, longos. Uma faixa transversal cobria um de seus olhos castanhos.
—Eu vou te matar...—Disse, com raiva, passando a ponta da faca pela imagem do garoto, partindo-a ao meio.—Pedro Ravenclaw.

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Luke não havia conseguido pregar o olho à noite inteira. Havia passado o tempo inteiro acordado em seu escritório. O paletó jogado sobre o encosto da cadeira, os cabelos despenteados, os botões do punho de sua camisa abertos. Os cotovelos apoiados na mesa, os dedos entrelaçados em frente ao rosto, deixando apenas os olhos a vista.
Ao lado de seu cotovelo, um copo de absinto na metade, pedaços de gelo dispersos, flutuando no liquido verde. E, logo à sua frente, a urna dourada que Nilo havia entregue a ele. Era justamente sobre a caixa que seu olhar caia.
O que havia nela? Por que Nilo confiou-a a eles? O que tinha de especial dentro? Para Luke, apenas parecia uma caixa que valeria alguns milhões no mercado negro.
Mas, com certeza, Nilo não achava o mesmo. Devia haver algo naquela caixa que lhe desse importância. E o pergaminho que havia entregue a Teddy? Teria alguma relação? Aquelas perguntas bombeavam em sua cabeça, misturando ao absinto, fazendo-a zunir.
A branca luz do sol chamou-lhe a atenção. Já havia amanhecido? Soltando um prolongado suspiro, Luke pegou o copo de absinto, jogando o que restava na boca e levantou-se. Saiu do escritório, onde a movimentação dos mordomos e outros criados havia começado há muito tempo. Já arrumavam a casa, muito bem bagunçada por Ashley e Lilá.
Foi até a cozinha, esperando encontrar-la vazia. Mas já havia alguém lá.
—Luke...—Pedro ergueu uma caneca branca, saudando o Parker.—acordado tão cedo?
—Não preguei o olho...—Disse Luke, puxando uma cadeira e sentando-se. Apoiou os cotovelos na mesa, coçando os olhos.
—Ainda tem um pouco de café na garrafa...—Pedro puxou uma garrafa, colocando-a no meio da mesa.
—Acho que vou tomar mesmo.—Puxou a garrafa e tomou diretamente dela, sentindo o corpo todo estremecer.
Luke pousou fortemente a garrafa sobre a mesa, balançando a cabeça fortemente. Seu olhar caiu sobre o jornal do dia. Na primeira pagina havia uma grande foto dos entulhos de um prédio, ainda fumegando, vários bombeiros trouxas ao redor, controlando pequenos focos de incêndio.
—O ministério teve trabalho ontem...—Comentou Pedro, olhando de soslaio para o jornal, bebendo mais um gole do café.—tiveram que correr por toda a cidade modificando a mente dos trouxas mais uma vez. Sem contar que tiveram que contornar a imprensa.
—Acho que não é o ano do Weasley...—Comentou Luke, pegando o jornal e abrindo-o.
—Falando de mim?—Perguntou Chap, sonolento, entrando na cozinha.
—Não, não...de outro Weasley...o Percy...—Luke olhou para o ruivo por um tempo, antes de voltar ao jornal.
—Nem me fale...ele tá ferradinho...—Disse Chapolim, sentando ao lado de Luke, bocejando.
Chapolim puxou a garrafa e serviu-se de uma xícara de café. Ficaram em silencio, olhando para o tempo da mesa. Beberam goles do café, com o pensamento distante.
A campainha soou. Ouviram-se passos no hall e o rangido da porta abrindo. Ouviu-se uma conversa em tom baixo e logo os passos indo até a cozinha.
—Monsieur Parker...—Disse um dos mordomos de Luke, parando à porta da cozinha.—um cavalheiro da policia deseja fala com o senhor.
Luke franziu a testa e olhou para os outros dois. Olharam brevemente para ele, dando de ombros. Luke levantou-se e acompanhou o mordomo até a sala. Um homem alto, usando trajes oficiais, esperava-os. Olhava a luxuosa sala, passando a ponta do dedo indicador pela tampa de um piano.
—Pois não?—Perguntou Luke, fazendo um gesto para o mordomo ir.
—Ah!—Exclamo o policial, virando de um pulo.—Perdão, sinto incomodar-lo...
—O que quer?—Cortou Luke, seco.
—Meu nome é Matt Valence...—O policial assumiu uma postura completamente formal, tipicamente britânica.—sou da Scotland Yard. Queremos falar com o senhor.

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—É...mais algumas visitas e vocês ganharão uma estadia grátis.—Brincou o médio, olhando o pergaminho com as informações de Seth.—Muito bem...fique aqui por hoje e amanhã pode ir para casa.
Deu um tapa leve no ombro de Seth e saiu do quarto. Ashford estava deitado na cama, sem camisa, com ataduras ao redor do tronco. Lauren estava sentada numa cadeira, com Marie em seu colo. A filha do casal dormia, depois de muito nervosismo.
Lauren olhava o marido. Não se falavam desde que chegaram ao hospital. Lauren ainda estava aturdida. Havia reencontrado sua irmã. Tinha a impressão de ter-la visto em Azkaban. Mas agora era certeza. Sentia-se feliz, triste, atônica...Mas Seth...
Não sabia o que ele sentia. Não lhe olhava nos olhos. Não falava nada. Nada. Lauren já começava a ficar preocupada. Olhou para Marie em seu colo e novamente para Seth.
—Que bom que não foi tão grave...—Disse Lauren, forçando um sorriso.
Seth não respondeu. Apenas olhou o teto branco do quarto. Lauren mordeu o lábio inferior, ainda mirando o marido. Apertou mais Marie, sentindo-se triste.
—Eu...—Pigarreou ela, tentando disfarçar a voz embolada, pela vontade de chorar.—Eu vou tirar licença para ficar em casa e...cuidar de vocês. Vamos ficar em paz...não é?
Seth riu. Não era de felicidade. Era um sorriso irônico, carregado de tristeza. Lauren olhou novamente para ele, os olhos já brilhando de lagrimas.
—Paz...pensei que viveria em paz com você, depois de tudo...até a Violet aceitou...
Lauren abaixou o olhar. Tentava compreender o lado do marido. Fechou os olhos, deixando duas lágrimas rolarem pelo rosto. Seth puxou o lençol para sobre o rosto, prendendo o choro.

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Robert Liman, um dos melhores tradutores da Atari 200X, não se continha em si. Olhava ansioso para o mostrador do elevador, onde os números subiam. Balançava-se para frente e para trás, estalava os dedos, etc, etc...
Mal havia chegado ao escritório, lhe informaram que o presidente, Theodore Parker, queria falar com ele. Não parava de pensar numa promoção ou num bônus. Ou quem sabe um gordo aumento de salário. Liman olhou novamente para o mostrador e apertou insistentemente o botão do ultimo andar. Finalmente, o elevador parou, com um suave “tim”. As portas abriram. Liman viu a grandiosa sala de reunião, pela segunda vez na vida.
Olhou maravilhado com as grandes vidraças com vista para o jardim. Passou pela mesa, passando a ponta do indicador pela superfície perfeitamente lisa. Ergueu o olhar para as portas de correr, logo à frente, um pouco abertas. Eram feitas de mogno, com vidros opacos, dois puxadores de metal, pintados de dourado e o símbolo da Atari 200X, nos dois vidros.
Tremulo, Robert afastou uma das portas, entrando no escritório de Teddy. Era tão grande quanto à sala anterior. Tinha um carpete verde, tão brilhante quanto à grama. As paredes eram totalmente vidradas, com vista para quase todo terreno. Na parede oposta à porta, estava a mesa de carvalho, brilhante, cheia de documentos.
Teddy estava sentado em sua luxuosa poltrona, logo atrás da mesa. Observava atentamente uma ficha, que Liman desconfiava ser dele. Sem saber o que fazer, Liman fechou a porta, mais forte do que o necessário, fazendo muito barulho.
—Hum?—Teddy ergueu o olhar, parando em Liman, que sentia a bexiga pesar.—Você deve ser o sr. Liman.
—Sim...senhor...excelência...—Gaguejava Robert, suando bicas, mexendo as mãos nervosamente.
Teddy sorriu bondosamente. Levantou-se e foi até Liman, pondo uma mão em seu ombro.
—Não fique nervoso...e me chame de Teddy...—Deu um leve tapa em seu ombro e afastou-se, voltando até a mesa.
Liman tentou sorrir, mas os músculos de seu rosto não queriam obedecer. Parecendo um robô, andou até uma cadeira e sentou-se, rígido, as mãos sobre os joelhos trêmulos. Teddy estava lendo ainda sua ficha. Depois de um tempo em que Liman segurou-se para não fazer xixi nas calças, o presidente da Atari 200X falou.
—Liman...você é um dos melhores tradutores da nossa empresa...formado em Harvard, diplomas de reconhecimento em Oxford, Cambridge...formação em línguas mortas e algumas desconhecidas...—parou e respirou fundo, puxando um pergaminho selado, em cima da mesa.—quero sua ajuda....quero que traduza isso para mim...
—Mas...para que?—Liman pegou o pergaminho com as mãos tremula e suadas.
—Apenas traduza...—Disse Teddy, usando um tom autoritário, que não gostava de usar.
Liman engoliu seco e balançou a cabeça negativamente. Passou as mãos pelos cabelos castanhos, ralos, antes de abrir o pergaminho.
—Espero sinceramente que consiga, Sr. Liman...—Disse Teddy, levantando-se, estendendo a mão para Robert.—pode ser muito bem recompensado.
Animado, Liman sorriu, apertando a mão de Teddy. Levantou-se também, saindo da sala, rumo ao elevador, pensando na gorda quantia que poderia receber.

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Liv escutou o toque da campainha. Tentou ignorar. Puxou o lençol mais para cima, cobrindo todo o corpo. A campainha soou novamente. Liv pegou o travesseiro e colocou em cima da cabeça, pressionando-o contra os ouvidos. A campainha tocou com mais insistência e, finalmente, uma aborrecida Liv levantou-se, atirando lençol e travesseiros para cima.
—Se for um desses incompetentes do ministério, eu juro que esgano!—Disse a ruiva, perdendo a costumeira calma.
Calçou os chinelos, vestindo um robe de ceda, por cima da camisola do mesmo material. Saiu do quarto rapidamente. A campainha continuava a tocar.
—Já vai! Já vai!—Gritava, irritada, descendo as escadas.
Chegou à porta e abriu-a, com raiva. Pronta para berrar com o infeliz, Liv viu-se diante de uma mulher muito sorridente de cabelos e olhos castanhos. A ruiva franziu a testa, tentando lembrar onde já à vira antes.
—Liv!—Exclamou a mulher, deixando as malas que carregava de lado e abraçando-a.
Atônita, Liv retribuiu o abraço, insegura. Afastou-se e analisou novamente a mulher, sem conseguir lembrar onde já havia visto-a.
—Err...desculpe-me a indelicadeza...mas...
—Você não lembra de mim, não é?—Perguntou a mulher, sem perder o sorriso.—Natural...dez anos distantes...sou Sara Turner...lembra?
Liv ergueu as sobrancelhas, antes de abrir um sorriso. Abraçou-a novamente, com mais força dessa vez.
—Sara! Que saudade!—Disse Liv, abraçando-a com força.
—Sim, sim...nem me fale...—Disse Sara, ainda mais sorridente.
Afastaram-se. Liv ajudou Sara com uma das malas. Reparou que eram pequenas. Entraram na casa e foram até a pequena cozinha.
—Então...o que te traz até a Nova Zelândia?—Perguntou Liv, preparando um chá.—Suas malas não são grandes...não pode ter vindo fazer turismo...
—Realmente...—Disse Sara, parecendo mais triste dessa vez.—não vim faze turismo.
Liv pegou a chaleira, usando uma toalha para não queimar as mãos. Serviu uma xícara para Sara e outra para ela, sentando-se na mesa.
—Então...o que veio fazer?—Perguntou Liv, bebendo um gole de seu chá.
—Deve ter visto as ultimas noticias sobre Londres...tem?—Sara pegou sua xícara, mas não bebeu o chá.
—Sim, sim...—Liv bebeu mais um gole e pousou a xícara sobre a mesa.—vocês estão com muitos problemas...
—Pois é...—Sara soltou um suspiro triste e pousou sua xícara intocada na mesa.—arrisca um palpite sobre o autor dessa confusão.
—Não faço idéia...—Disse Liv, dando de ombros, inclinando-se mais sobre a mesa, olhando para Sara.
—Pois bem...vou te dar uma dica...—Sara respirou fundo e disse, sombria.—começa com V e termina com aldemort.

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Matt Valence levou Luke até a delegacia da Scotland Yard. Entraram. O local estava um pandemônio. Vários agentes passavam de um lado para o outro, carregando caixas, relatórios, etc, etc...
Luke olhou para os lados, ainda perguntando-se por que estava ali. Matt fez um sinal para seguir-lo e ambos foram para uma porta mais afastada. Era de metal, muito bem fechada por um sistema eletrônico. Matt digitou uma senha num teclado ao lado da porta e ela abriu-se com um rangido, deixando escapar uma nuvem branca e um ar frio.
—Por favor...—Disse Valence, indicando para Luke entrar.
—Eu sabia que devia ter vindo com roupa de frio...—Disse Luke, entrando, já se abraçando por causa do frio.
—Me desculpe...—Disse Matt, ajustando a temperatura do local.—o inspetor Hanningan está esperando-o no ultimo corredor, á direita. Quando terminarem, ele sairá com você daqui.
Matt saiu da sala e fechou a porta. Luke ainda olhou-a por um tempo, antes de virar-se, olhando para aquelas gavetas de onde saia uma corrente de ar fria.
—Eu sabia que era uma fria ter vindo...—Brincou, começando a andar até onde o tal Hanningan estaria.
A sala era alta, larga. Para todos os cantos que se olhasse veria-se aquelas gavetas metálicas, saindo aquela corrente de ar. O teto e o chão eram feitos de um piso branco e a sala toda era iluminada por luzes florescentes, brancas. Não haviam janelas ou saídas de ar.
Luke chegou até o ultimo corredor e dobrou. Um homem alto, vestindo um sobretudo marrom, de cabelos negros, crescendo por cima do ombro. Parecia ter uns 50 anos. Parou ao seu lado, fazendo um barulho para ser notado.
—Ah! Sr Parker...—Disse o inspetor, levantando-se e estendendo a mão para ele.—finalmente chegou.
—Inspetor...—Disse Luke, apertando a mão do policial. Olhou para o lado e viu que estavam ao lado de uma mesa, onde um corpo estava, coberto por um lençol.
—Creio que esteja se perguntando o que faz aqui...—O inspetor soltou a mão de Luke e voltou a sentar-se.—Creio que conheça esse senhor...
Puxou o lençol. Deitado na mesa metálica, com o corpo totalmente nu, pálido, com uma profunda ferida entre as costelas, estava Nilo Abdula. Luke levou a mão a boca, impressionado, com as sobrancelhas bem próximas.
—Quando...
—Ontem, no inicio da tarde, creio eu...—Disse o inspetor, apoiando-se na mesa, olhando o corpo.—encontramos um cartão seu com ele.
—Sim, sim...ele é meu...conhecido...
—Ele é um negociante, sr Parker...—Disse Hanningan, olhando profundamente para Luke.—sei que faziam negócios ilegais para usar alguns ingredientes em seus absintos.
Luke engoliu seco e encostou-se num daqueles armários. Sentiu a pele grudar na superfície gelada e afastou-se rapidamente.
—Mas isso não me importa agora...—Hanningan levantou-se e encarou Luke.—ele morreu com uma forte hemorragia pulmonar...não temos vestigios de bala, e só esse pequeno furo cilíndrico...sem marcas de faca...mas seu pulmão foi mutilado...—O inspetor olhou por um tempo para o cadáver e novamente para Luke.
Luke ficou em silencio, olhando para o corpo de Nilo, procurando evitar o olhar do inspetor. Engoliu seco. Onde ele queria chegar?
—Sr. Parker...sabe de algo que pode no ajudar?
—Creio que não..—Disse Luke, sério.—vocês não entenderiam nem um terço do que eu sei. Seria de...“arrepiar” até os ossos...

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