Memórias - Parte I



—Capitulo doze
Memórias. Parte 1


***

Algo deteve a espada de Lucius antes que chegasse ao pescoço de Ravenclaw.
—O que?!—Lucius saltou para trás, evitando um golpe que, mesmo de raspão, queimou-lhe a pele.
Pedro levantava, o corpo tremendo. O braço direito, não quebrado, era circulado por uma redoma invisível. Um vácuo. O dragão escarlate. O golpe físico mais forte de Laguna Wintters, mestre piromago. Como era possível que ainda tivesse forças para criar esse vácuo?
—E...eu já disse... eu só vou morrer se...se você morre...morrer junto...—Disse Pedro, a fala e a respiração cada vez mais dificultadas pelos ferimentos.
—Seu...—Disse Lucius, impressionado e irritado.—maldito!!
Partiu para cima de Pedro, reunindo toda a umidade e água do local. Formava uma esfera. Maior, muito maior, que a primeira. Iria matar-lo dessa vez. E não haveria força no mundo que salvasse Pedro Ravenclaw.
O piromago permanecia parado, mantendo o vácuo em torno do pulso. Encarava Luciu com apenas o olho não perfurado. Sentia que cada célula de seu corpo pedia descanso. Sabia que se aquele golpe não funcionasse, tudo estaria acabado.
Próximo a Ravenclaw, Krum ergueu o braço, para atirar a bola.
—Agora!—Disse Pedro, aproveitando a guarda baixa de Lucius.
Socou o peito de Lucius, que, prevendo o golpe, colocou a esfera na frente. A água absorveu o impacto, mas a quebra violenta do vácuo atirou Lucius para trás, batendo contra a parede. Caiu sentado, sentindo o corpo dolorido. Levantou com dificuldade e encarou Pedro, furioso.
—Vamos ter...terminar com...com isso...Krum...—Disse Pedro, formando novamente o vácuo ao redor do punho.—basta eu...atin...atingir você uma vez...com esse golpe...e você está acabado...

**

A nuvem de fumaça erguida pelo encontro dos violentos golpes dissipou-se rapidamente, abrindo-se num circulo. Os moradores do prédio e seus vizinhos saiam assustados de suas casas e seus apartamentos, abandonando a TV que provavelmente estava quebrada. Já não ligavam para a chamada especial da BBC sobre o seqüestro. Não demorou muito e as ruas estavam cheias.
—Olhem!—Gritou um adolescente, apontando para o céu.
Todos olharam. Dois borrões cortavam o céu, causando estampidos e flashes de luz. Assustados, os moradores daquele bairro permaneciam nas ruas, em estado de choque, sem saber o que fazer.
—Tem muita gente aqui...—Resmungou Pedro, no momento em que afastou-se de Krum.
Olhou para os lados, procurando uma alternativa. Porém, não teve chance de pensar. Lucius já saltava de outro prédio, com a espada erguida.

==

Lauren corria pelas ruas, esbaforida e desesperada. Uma bola de fogo negro havia subido aos céus há algum tempo. Aquilo confirmava o que ela já sabia. Não era um seqüestro comum e, com certeza, Stephanie estava envolvida. Aquilo fazia o coração de Lauren pular com mais força, somado ao esforço de correr.

**

Lauren chegava a casa de Violet, no subúrbio de Liverpool. Havia algum tempo que não via suas irmãs. Desde a prisão de Bellatrix, abandonaram a casa onde viveram e partiram, cada uma para sua vida. A Lestrange mais velha estava casada com Seth a algum tempo. E agora, tinha algo para contar a elas.
Apertou a campainha. Escutou passos e o trinco da porta mexendo.
—Lah!—Exclamou Violet, feliz, abraçando a irmã, assim que abriu a porta.—Merlin! Que saudade!
—Eu também, Vih!—Disse Lauren, baixinho, abraçando a irmã com força.—Ste já chegou?
—Claro, chegou a algumas horas...—Abriu espaço e deixou Lauren entrar, fechando logo depois.—Está na sala, vamos.
Caminharam por um corredor curto, indo para uma sala pequena. Havia uma escada que levava ao primeiro andar, alguns sofás e cadeiras, quadros e duas janelas abertas. Sentada num sofá, vestindo uma capa negra, os cabelos igualmente negros presos num rabo de cavalo, estava Stephanie Lestrange. Lauren sentiu o coração bater mais forte quando viu a irmã caçula.
—Ste...a Lah chegou...—Disse Violet, chegando logo depois da Lestrange mais velha.
Stephanie, por alguns segundos, não reagiu. Ficou sentada, de costas para as duas. Depois levantou-se e virou. Parecia que tudo ocorria em câmera lenta. Encarou Lauren com o olhar mais frio e morto que pode lançar.
—Lauren...—Disse num tom seco, acenando com a cabeça.—que bom ver você de novo.
—Ste...—Lauren balançou a cabeça negativamente e foi até a irmã mais nova, abraçando-a.—que saudade, minha pequena! Pensei que nunca mais fosse vê-la.
Stephanie retribuiu o abraço, sem demonstrar muito entusiasmo no ato. Separou-se de Lauren e voltou-se para o sofá, ficando de costas para ela. A mais velha olhou para Violet, com as sobrancelhas erguidas.
—Ahm...vou ver se o almoço está pronto...—Violet olhou para os lados, sem jeito.—Lauren, podia vir comigo?
Lauren apenas acompanhou Violet, que dirigiu-se até a cozinha branca, cheia de utensílios que mexiam-se livremente. Violet ainda olhou pela porta uma vez, antes de ir até o balcão de granito e encostar-se, cruzando os braços sobre o peito, suspirando.
—Ela está desse jeito desde que chegou...fria...distante...—Balançou a cabeça negativamente, olhando os próprios pés.—lembra até nossa mãe...não sei o que deu nela para ficar assim.
—Ela te falou algo?—Perguntou Lauren, olhando para a irmã caçula, preocupada.
—Conversamos pouco...mas ela mostrou-se interessada em saber como funciona o ministério da magia. Talvez queira arrumar um emprego.—Violet deu de ombros e continuou.—Também perguntou muito sobre a prisão da nossa mãe e perguntou se eu tinha algum jornal do dia.
—Você tinha?—Perguntou Lauren. A irmã balançou a cabeça afirmativamente e a mais velha continuou.—E o que ela fez? Qual foi a reação?
—Não fez muita coisa...apenas leu e pediu para levar a pagina onde haviam alguns alunos de Hogwarts que lutaram contra Voldemort...—Violet olhou para Lauren e depois para a sala, onde Stephanie parecia distraída fazendo algumas imagens com as centelhas da varinha.—Não sei o que realmente ela está pensando.
—Vamos deixar isso de lado...—Disse Lauren, olhando para uma janela. Uma criança brincava alegre do lado de fora com seus pais. Inconscientemente, sorriu com a cena. Voltou-se para Violet, novamente séria e continuou.—ela só tem dezenove anos. Deve ser só uma fase.
—Eu espero...—Violet suspirou e olhou para uma panela.—e o almoço já está pronto. Me ajuda a servir?
Lauren apenas sorriu e foi até a irmã. Em menos de dez minutos, a mesa estava repleta de travessas e bandejas de alumínio. O aroma estava bom e a aparência da comida estava ótima.
—Alguns anos morando sozinha e a gente aprende a fazer comida descente...—Gabou-se Violet, rindo logo depois.
As três reuniram-se em torno da mesa, comendo como não faziam há algum tempo. Violet e Lauren conversavam, falavam sobre o que havia acontecido nos últimos quatro anos. Stephanie apenas comia, sem olhar as irmãs, em completo silencio.
—E você, Ste?—Perguntou Lauren, sorrindo de algo que Violet havia dito.—Como vai a vida? O que tem feito?
Stephanie ficou em silencio. Por alguns segundos, Lauren jurou que ela não iria lhe responder. Porém, de modo seco, Stephanie falou, sem olhar as irmãs.
—Nada de mais...—Deu de ombros e levou uma garfada de macarrão para a boca.—andando por aí...conhecendo o mundo...
Lauren olhou para a caçula e depois para Violet que deu de ombros. O resto do almoço passou silencioso. Violet trouxe a sobremesa e uma garrafa de vinho para comemorarem.
—Para as melhores irmãs do mundo, o melhor vinho do mundo!—Disse Violet, sacando a rolha com um golpe de varinha.
Serviu uma taça para cada uma e brindaram ao reencontro. A sobremesa era um doce português não muito conhecido por Lauren, mas que era muito gostoso. Stephanie resumiu-se a sua taça de vinho, bebendo em goles pequenos. Lá pela segunda taça, Lauren pediu atenção, fazendo pose de quem vai fazer um grande comunicado.
—Gostaria de dizer uma coisa...compartilhar algo que descobri recentemente...—A cada palavra, a Lestrange parecia sorrir mais.—Vocês vão ser as primeiras pessoas a saberem...Seth está em Cambridge...não pude falar com ele e...
—Para de enrolar mulher!!—Disse Violet, sorrindo.—Está me deixando anciosa!
—Tudo bem, desculpe...—Lauren sorriu e pigarreou, voltando a falar no tom de discurso.—Gostaria de informar a vocês que...em alguns meses...a família vai aumentar.—Violet e Stephanie trocaram olhares, parecendo não entender.—Descobri essa semana que estou grávida!
Ficaram em silencio, atônitas. Lauren esperava a reação das irmãs. Depois de alguns segundos, Violet falou, com um sorriso hesitante.
—Nossa...uau! Que...que bom...digo...você deve estar feliz e...
Antes que concluísse, algo estilhaçou-se no chão. Stephanie havia largado a taça no chão. Levantou-se violentamente, jogando a cadeira emborcada para o lado. Lauren encarou a irmã mais nova, atônita. Ste devolveu-lhe o olhar, friamente e, sem dizer nenhuma palavra, aparatou, deixando as duas outras Lestrange sem reação alguma.

**

Logo depois que Lauren dobrou uma rua, algo explodiu sobre um prédio. Uma camada de poeira caiu sobre as ruas ao redor do prédio, encobrindo a visão de tudo.
—Droga...—Resmungou Lauren, tossindo. Puxou a varinha e apontou-a para cima.—Eximmius.
Seu feitiço de dispersão foi acompanhado por outro. Dois círculos abriram-se em meio a nuvem de poeira.
—Ste...—Murmurou Lauren, assim que viu a imagem da irmã a frente. Estava ferida, algumas partes do corpo chamuscada e aparentava um certo cansaço.—você está...
—Não cansou de me encher, Ashford?—Cortou Stephanie, friamente.—Já disse para sair do meu caminho. A Stephanie que você conheceu, morreu a muito tempo!
—Deixe de falar bobagens!—Bradou Lauren, balançando a cabeça negativamente, já sentindo os olhos cheios de água.—Você ainda é a Stephanie que eu conheci! Droga! Por que está metida em tudo isso? O que está acontecendo?!
—Chega, Ashford!—Bradou Ste, apontando a varinha para a irmã.—Saia do meu caminho! Não posso perder meu tempo com você!
—Ste...—Disse Lauren, num tom suplicante.—por favor...me diga o que está acontecendo. Por que você está agindo dessa forma?
—Você não entenderia...—Disse Stephanie, sem abaixar a varinha.—você mudou muito...também não é mais a mesma Lauren que conheci.
—As pessoas mudam...mas não é por isso que elas morreram...—Lauren balançou a cabeça negativamente.—não...você ainda é a Stephanie que eu conheci...
—Estupefaça!—Bradou Stephanie, mirando o feitiço alguns centímetros do lado da cabeça de Lauren.—Saia da minha frente...não vou errar o próximo.
—Eu não queria ter que fazer isso...—Lamentou-se Lauren, erguendo a varinha e apontando para a irmã caçula.—mas parece que não tem outro jeito.

==


—Pare de fugir , Ravenclaw!—Gritou Lucius, enquanto Pedro esquivava-se dos golpes lançados por ele.—Está com medo ou perdeu as forças? Ou os dois?!
Pedro meramente franziu a testa e continuou a desviar. Não poderia lutar com toda aquela gente ali. Seria catastrófico caso tivessem que usar golpes elementais mais uma vez, com tantos trouxas observando. Desviou de mais um golpe e enviou a energia para os pés, saltando para outro prédio.
—Rápido! Pense rápido Pedro!—Murmurou Ravenclaw, olhando para os lados, procurando uma alternativa.
Olhou para cima e saltou para trás, a tempo de desviar da espada de Lucius que cravou-se no chão, abrindo uma grande fenda. Sem esperar muito, Lucius partiu novamente para cima de Pedro, golpeando-lhe rapidamente.
—Krum! Não podemos lutar aqui! Tem muitos trouxas lá em baixo! Eles podem morrer!—Exclamava Pedro enquanto desviava dos golpes.
—Eu não me importo! Que morram!—Lucius sorriu diabolicamente, descendo a espada sobre Ravenclaw.
—Dragão escarlate!—Acertou um soco na espada que estilhaçou-se.—Pé direito!
Girou no próprio eixo, acertando um chute no rosto de Lucius, com o mesmo vácuo formado em torno do pé. O aquamago foi arremessado sobre o prédio da frente, destruindo a parede.
—Preciso tirar ele daqui...—Resmungou Pedro, cansado, apoiando-se nos joelhos.—vamos Krum, levanta logo!
Lucius não demorou muito a levantar. Afastando os escombros para o lado, ficou de pé, limpando a capa e olhando furioso para Ravenclaw.
—Pegue-me se puder!—Gritou Pedro, virando-se logo depois e saltando sobre os prédio. Havia conseguido sair dali. O desafio agora era encontrar um lugar deserto.
Saltou por entre os prédios, tentando manter uma distancia considerável de Lucius. Olhava para os lados, procurando uma região vazia para continuar o combate. Não demorou e, logo adiante, havia um conjunto residencial abandonado, reservado para a construção de mais um arranha-céu. Saltou de um prédio, caindo no jardim abandonado de uma casa.
—Parou de fugir?—Perguntou Lucius, aparecendo logo depois a sua frente.
—Não estava fugindo...—Disse Pedro, sério.—só não queria que tanta gente saísse morta por nossa luta. Seria um derramamento de sangue inútil.
—Hum...—Lucius riu, estalando o pescoço.—continua tentando ser o senhor bonzinho, herói de todos? Isso não vai funcionar dessa vez.
Pedro não respondeu. Apenas encarou Lucius, estalando a junta dos ombros. Tirou a jaqueta que usava dos ombros, atirando-a para o lado. Lucius soltou a capa do pescoço, deixando-a voar com uma lufada do vento. Das costas, Krum tirou uma espada feita por sereianos, com símbolos da raça e um fino tubo passando pelo meio da lamina, por onde podia canalizar a energia e atirar um jato de água. Antes que as duas peças tocassem o chão, já estavam partindo um contra o outro, em uma velocidade incrível.
A força do primeiro choque entre as laminas das espadas estilhaçou as janelas da casa. O segundo encontro, com as laminas rentes aos pés, abriu uma pequena vala em meio à grama. Afastaram-se, pegando rapidamente novo impulso para atacar.
—Desista! Essa luta é minha!—Sorriu Lucius, assim que as espadas se encontraram.
—Nem que a vaca da sua mãe tussa!—Devolveu Pedro, também sorrindo. Afastou a espada de Lucius e girou o pulso, passando a lamina em diagonal, na direção de Krum.
O aquamago conseguiu saltar para trás, desviando do golpe. Escorregou num pedaço mais fofo da terra, perdendo o equilíbrio. Assim que ergueu o olhar para encarar Pedro, o enorme dragão de fogo engoliu-o, sem chances de defesa.
—E não se finja de derrotado!—Exclamou Pedro, adentrando as chamas. Lucius estava no meio delas, chamuscado, tentando manter uma barreira de água.
O piromago transpassou a frágil barreira e segurou Lucius pela gola das vestes. Acertou-lhe um forte soco no nariz, jogando-o contra a parede de uma casa. O corpo do aquamago destruiu parte da parede, arrastando-se pela sala escura, derrubando cadeiras e outros objetos.
—Mal...dito...—Resmungou Lucius, levantando-se lentamente, sentindo fortes dores no corpo.
—Não pense em levantar...—Escutou a voz de Pedro no escuro, aproximando-se. Viu de relance o rosto do piromago quando ele passou por uma janela, iluminado pela luz da lua.—não vai precisar.—o fogo na lareira acendeu, iluminando tudo. Lucius olhou fixamente para Pedro. Havia algo em torno de seus pulsos. Eram....

**

—Um golpe? Apenas um golpe?—Perguntou Lucius, descrente. Riu debochado, enquanto levantava-se.—Não sabia que você ficaria tão hilário antes de morrer.
—Eu...nã...não teria mo..tivos pra rir se...se fosse você...—Disse Pedro, com a voz cortada pelos fortes assomos de dor que sentia. Andava com dificuldade, praticamente arrastando os pés.
—No estado em que está, um golpe seu só vai me fazer cócegas...—Disse Lucius, sorrindo superior.
—Não foi...o que o ul...ultimo golpe...mostrou...
Lucius desfez o sorriso. O ultimo dragão escarlate havia lhe causado um grande estrago. Seu corpo estava dolorido. Aquele maldito piromago não devia ter forças nem para matar uma formiga. Lucius começou a preocupar-se. Estaria falando a verdade?
—Vou te most...trar...o golpe mais for...forte que...posso usar nes...nesse momento...—Ergueu o punho onde o vácuo estava formado. Era possível ver as partículas de poeiras ao redor, tentando quebrar a ausência de ar.—mesmo com só um bra...ço...experimente a fúria da tempestade escarlate!
Tirando forças de suas ultimas reservas, partiu contra Lucius. O aquamago esperou, em posição defensiva.
—Maldito!!—Surpreendeu-se Lucius, arregalando os olhos. Ergueu uma barreira de água em sua frente, protegendo-se da chuva de socos que Ravenclaw lhe desferia, numa velocidade incrível.—Como?! Como pode ainda ter tanta força?!
Lucius sentiu gotas de água respingarem em seu rosto. Segundos depois, Pedro caiu para trás, aos seus pés, respirando com dificuldade, o peito subindo e descendo rapidamente, o rosto contorcendo-se em caretas de dor.
Lucius olhou-o por um tempo, sem acreditar no que via. Havia acabado? Finalmente ele havia se esgotado? Havia finalmente terminado? Sorriu, abaixando a barreira. Caminhou em passos lentos, saboreando a situação. Abaixou-se ao lado dele, segurando-lhe o queixo, forçando-o a abrir os olhos.
—Abra os olhos, Ravenclaw...quero estar olhando para eles quando arrancar sua cabeça...—Disse Lucius, triunfante.
—Acabou Lucius...eu disse que...bastava apen...nas um gol...—Parou de falar em mais um assomo de dor. Filetes de sangue escapavam de sua boca. Depois de tanto esforço, seus órgãos internos pareciam estar em colapso.
—Eu sei...basta apenas um golpe para eu acabar com você...—Riu Lucius, convocando a espada do outro lado da sala.—adeus, meu caro inimigo...te vejo daqui a alguns anos no inferno...
—Anos?—Com a voz rouca, Pedro sorriu sarcástico.—Eu diria, segundos.
Lucius apenas sorriu. Parece que o esforço também havia afetado seu cérebro. Ergueu a espada, mas antes de descer-la, sentiu algo pressionar com força seu peito e o lado de seu abdômen. A lateral de seu corpo foi perfurada, jorrando sangue e manchando o chão.Largou a espada no chão e levou a mão ao local. Sentia falta de ar.
—Co...como?—Perguntou Lucius, olhando para Pedro, aterrorizado.
—Um golpe...—Sorriu Pedro, fechando novamente os olhos.—apenas...um golpe...

**

—Tempestade escarlate...—Murmurou Krum, apoiando as mãos no chão para levantar.
—Você tem boa memória...—Sorriu Pedro, andando lentamente na direção de Lucius.—mas dessa vez vou te mostrar algo novo. Agora, meus dois braços estão inteiros.—Um brilho diabólico passou-se no olhar do piromago.—Pronto para redefinir o conceito de dor?
Lucius meramente sorriu e inclinou a cabeça para trás. Pedro entendeu aquilo como um sinal de desistência. Desceu o punho contra seu peito, no instante em que dezenas de homens vestidos de negro entraram na casa, saltando de todas as direções sobre o piromago.

**

Em meio a uma rua vazia, as irmãs Lestrange lutavam intensamente. Feitiços de todas as cores e tipos voavam de um lado para o outro, ricocheteando em barreiras mágicas ou escudos improvisados em postes, cabines telefônicas e carros. Lauren abaixou-se atrás de uma Hylux preta, a respiração ofegante. Ajeitou o retrovisor, tentando localizar Stephanie.
—Estupefaça!
O jorro de luz vermelho rompeu as janelas do carro, derramando sobre Lauren uma chuva de estilhaços de vidro. A Lestrange mais velha afastou-se, sentindo alguns cortes abrirem em seus braços.
—Flipendo!—Disparou Stephanie, assim que a irmã saiu detrás do carro.
—Protego!—Exclamou Lauren, fazendo o feitiço ricochetear e atingir a janela de um apartamento.—Bombarda!
O asfalto em frente a Stephanie explodiu, jogando a comensal contra um Escort. Zonza, deu dois passos cambaleantes para frente. Balançou a cabeça, tentando afastar a tontura e já mirava a irmã. Ergueu a varinha e lançou um jorro de luzes azuis. Lauren saltou a tempo de não explodir, como a base do poste que tombou no meio da rua, com um grande estrondo. Levantou-se rapidamente e correu para trás de outro carro, lançando algum feitiço de ataque contra a irmã.
—Pare de se esconder, Ashford!—Exclamou Stephanie.—Se queria duelar, por que ficar atrás desses veículos de trouxa?
Lauren mordeu o lábio inferior e olhou para os lados. Não poderia esconder-se para sempre. Respirou fundo e correu até o outro lado do carro.
—Não me escondo!—Apontou a varinha para a tampa do bueiro que explodiu, jorrando água sobre Stephanie.
—Merda!—Apontou a varinha para o jorro de água que vinha em sua direção e murmurou algo. A água espalhou-se para todos os lados, molhando os carros.
—Não abaixe a guarda!—Lauren mirou os pés de Stephanie, explodindo mais uma vez o asfalto. A mais nova foi atirada longe, arrastando-se no chão, ralando o braço.
Lauren abaixou a varinha, caminhando lentamente até a irmã. Sentia-se mal por estar fazendo aquilo com ela. E sabia que ela também estava mal com aquilo. Ela ali, no chão, ferida. A mais velha teve vontade de abraçar-la, aconchegar-la em seus braços para que pudesse iludir-la dizendo que tudo estava bem. Mas controlou-se. Parou diante dela, séria.
—Eu sinto muito, Steph...—Apontou a varinha para ela, tentando conter as lagrimas, sem sucesso algum.—mas é minha obrigação. Petrificus tota...
Antes de terminar o feitiço, um exercito de homens vestidos de negro surgiu dos becos, saltando sobre elas.

==

Tom caminhava pelo longo tapete vermelho entre as colunas. Parou diante do trono de Voldemort e ajoelhou-se, abaixando a cabeça.
—Os dagdaris já foram enviados, milord...—Disse Tom, num tom baixo.
—Ótimo...ótimo...—Sorriu o lorde das trevas, pousando o cálice com o mesmo liquido vermelho e viscoso sobre uma mesa ao lado.—então está tudo pronto para o ato final?
—Sim, meu mestre...—Disse Tom, no mesmo tom de antes.—está tudo pronto.
Voldemort sorriu mais e levantou-se. Ergueu os braços e gargalhou alto, de maneira quase maníaca.

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