Um Brinde Aos Vencedores



Capítulo 16 – Um Brinde Aos Vencedores


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“Eu me flagrei pensando em você, em tudo o que eu queria te dizer.
Era uma noite especialmente boa, não há nada mais que a gente possa fazer.”

(Zeca Baleiro)



- Boa noite, Si! – exclamou a loira, dando um beijo estalado nos lábios de Sirius.

- Boa noite, Allison. – respondeu ele, aliviado por eles terem enfim chegado à entrada do salão comunal da Lufa-lufa.

A garota sorriu abertamente para o maroto, acenando, após ter murmurado a senha para o retrato que guardava a entrada do seu salão. Quando estava prestes a adentrá-lo, porém, virou-se uma última vez para trás.

- Vamos nos ver amanhã de novo, não vamos? – perguntou a lufa-lufa, com os olhos brilhando.

- Claro que vamos! – mentiu Sirius, mandando em seguida um beijo no ar para ela, no que a loira sorriu, e enfim desapareceu pelo seu salão comunal.

O maroto suspirou, aliviado. Não agüentava mais a companhia entediante daquela garota. Foi então que, de repente, lembrou-se do anúncio feito pelos jornais sobre Lorde Voldemort, e da conversa que ele tivera com Ashley sobre aquilo. Cerca de uma semana havia passado desde aquele dia, e nenhum de seus amigos ousou tocar novamente no assunto.

Na verdade, a menina da Lufa-Lufa era a terceira com quem o maroto saía naquela semana, e a terceira que ele achava totalmente chata, ou qualquer outro defeito qualquer. Era como se alguma coisa diferente estivesse dentro dele, como se faltasse algo que nenhuma daquelas garotas conseguia preencher.

Sirius, então, verificou a hora, e andou a passos largos na direção do salão comunal da Grifinória, pois o horário permitido para ficar fora dele já quase chegava no fim. Murmurou rabugento a senha para a Mulher Gorda, e adentrou o salão, passando os olhos por ele em seguida, a fim de avistar algum amigo. Mas os marotos não estavam mais lá, e tão pouco as meninas. Ele, então, rumou na direção das escadas que levavam ao dormitório masculino, e entrou em seu quarto.

- Pensei que não fosse voltar essa noite. – Tiago falou, assim que o amigo fechou a porta trás de si, sorrindo maliciosamente.

- Se eu passasse mais um minuto com aquela garota insuportavelmente chata, acho que pirava de vez. – Sirius disse, tacando longe os seus sapatos e largando-se em sua cama. – E aí, ansioso para o jogo?

- Ansioso para a vitória. – respondeu Tiago, dando de ombros com displicência.

- Não é melhor vocês dormirem mais cedo, para estarem mais dispostos para o jogo de amanhã? – sugeriu Pedro, que estava sentado em sua cama, assim como os outros.

- E perder o Aluado contando pela décima vez como uma coragem alienígena o invadiu, fazendo ele finalmente pedir para namorar a Mel? De jeito nenhum! – Tiago exclamou, implicando com o amigo e rindo junto com os outros.

- Cala a boca, Pontas! – falou Remo, levando na brincadeira, mas tacando seu travesseiro no rosto do maroto.

E foi assim que os quatro adentraram a noite: rindo muito e conversando entre eles, umas das coisas que mais gostavam de fazer.


[...]


O dia seguinte amanheceu acompanhado pelos muitos raios de sol que se espalhavam pelo jardim, exatamente como uma bela manhã de sábado deveria começar. O céu estava tingido por um azul bem claro, e pincelado por pequenos pontos acinzentados, cujas poucas nuvens impediam o belo sol de reinar sozinho. Brisas frescas passavam de tempo em tempo pelos terrenos da escola, junto com a expectativa do jogo Grifinória x Corvinal que aconteceria dali a algumas horas.

Os marotos acordaram cedo naquela manhã, rendidos à empolgação do dia, e não demoraram a descer as escadas do dormitório masculino. Assim que adentraram o salão comunal, Sirius e Tiago foram envolvidos em uma grande roda, onde muitos estudantes discutiam inúmeras táticas de jogo, mesmo sem serem, de fato, do time. Enquanto Tiago dava algumas opiniões aqui e ali, Sirius olhou de soslaio para o lado, logo avistando Lílian e Melissa sentadas no sofá, conversando, e Remo chegando para falar com sua namorada. Pensou, então, que alguma coisa estava faltando, e logo depois sentiu alguém pular em suas costas, pendurando-se nelas. Viu algumas mechas de um cabelo castanho-escuro penderem a sua frente, e sentiu um perfume forte espalhar-se ao seu redor. Não precisava ouvir voz alguma ou ver nenhum rosto para ter total certeza de quem era.

- Bom dia, Six! – exclamou Ashley, saindo de cima do garoto e postando-se ao lado dele.

- Hey, Ash! – disse o maroto, abrindo um largo sorriso. – E aí, preparada para o jogo?

- Só se você prometer não gritar mandando eu fazer mais gols. – ela falou, sorrindo de um jeito perfeitamente maroto.

E como ele poderia negar qualquer coisa, com aquele belo sorriso iluminando o rosto de Ash? Era algo simplesmente impossível para ele.

- Combinado, então. – Sirius disse, oferecendo o seu braço para ela em seguida, com seu típico jeito galanteador.

Ashley entrelaçou o seu braço no dele, fazendo uma pequena vênia irônica, no que os dois começaram a tentar andar por aquele alvoroço que se estendia ao redor deles. Um tempo depois, conseguiram enfim abrir um espaço, e sair daquela multidão, sendo acompanhados por Tiago. Os três foram, então, na direção dos sofás próximos à lareira, onde seus amigos se encontravam.

- Olá, povo! – exclamou Tiago, sentando-se rapidamente ao lado de Lily. Passou o braço pelos ombros da menina, abrindo um largo sorriso em seguida. – Sonhou comigo essa noite, Lílian?

- Não, senhor “o-mundo-gira-em-torno-de-mim”. – respondeu a ruiva, revirando os olhos e rindo daquela bobagem.

- Vai me assistir jogando hoje? – perguntou ele, passando charmosamente as mãos pelo seu cabelo, e deixando-os ainda mais despenteados.

- Hum... Talvez! – Lílian exclamou, risonha, enquanto fazia cara de pensativa.

- E se eu prometer capturar o pomo-de-ouro para você? – Tiago voltou a perguntar, apostando bastante alto dessa vez.

Lílian olhou surpresa para ele, enquanto parecia pensar por alguns momentos. Tirou o braço do maroto de seus ombros, e levantou-se em seguida, ficando de frente para Tiago.

- Se você capturar, eu guardo duas cervejas amanteigadas para nós dois na festa depois do jogo. – disse Lílian, sorrindo, fazendo o maroto quase cair do sofá com aquela resposta.

Até suas amigas a olharam surpresas, mas ela apenas chamou todos para irem tomar café, e logo os sete já ocupavam seus costumeiros lugares na grande mesa da Grifinória no Salão Principal.


[...]


A manhã passou bastante rápido, assim como o horário de almoço. Não demorou muito e, num piscar de olhos, o sol do entardecer pincelava o horizonte com cores cada vez mais suaves.

O time de Quadribol da Grifinória já estava reunido quase por completo no vestiário, com a exceção de Tiago, que tinha ido dar uma sondada pela platéia e pelos jogadores do outro time. Assim que ele voltou para o vestiário, mordeu os lábios ligeiramente, no que todos os outros jogadores, que até então encontravam-se sentados, se levantaram em um pulo.

- Como estão as coisas lá fora? – perguntou um dos atacantes, aflito. Afinal, ninguém ali gostaria de perder mais uma vez, e passar outro vexame na frente de toda a escola.

- Metade do pessoal torce por nós, que é a Grifinória e a Lufa-Lufa, enquanto a outra metade torce pela Corvinal, que são eles próprios, lógico, e aqueles idiotas da Sonserina. Eles sabem que se nós ganharmos hoje, entramos novamente no páreo pela taça. – contou Tiago, andando nervosamente de um lado para o outro.

- E os jogadores da Corvinal, o que você acha? – Ashley perguntou, enquanto prendia o seu cabelo em um rabo-de-cavalo bem alto, já se aprontando para o jogo que teria início dali a poucos minutos.

- Amedrontados. – respondeu ele, rapidamente. Passou a mão pelos cabelos, em um gesto nervoso, e suspirou. – Se nós realmente quisermos, ganhamos fácil. Temos que usar esse medo deles, entrando no jogo com tudo, para impormos nosso ritmo logo no começo e deixá-los sem chance de contra-atacar!

Uma onda de murmúrios espalhou-se pelo vestiário, com todos os jogadores assentindo, até que Tiago, o capitão do time, gesticulou para que se aproximassem, no que o time rapidamente o fez, formando um circulo de mãos dadas.

- Essa é a chance que temos para limparmos o nosso nome, e provar para todos esses invejosos do que a Grifinória é capaz! – começou Tiago, sustentando o olhar firme e decidido para todos os seus jogadores. – Desta vez nós treinamos várias vezes, nos concentramos, estudamos o adversário e estamos mais do que preparados. Vocês estão prontos para entrar naquele campo hoje, e saírem dele vencedores?

- Sim! – exclamou todo o time, em uníssono.

- VOCÊS ESTÃO PRONTOS? – repetiu o capitão, elevando consideravelmente o tom de voz.

- SIM! – gritou o resto dos jogadores.

Então, todo o time juntou as mãos no ar, jogando o braço para trás em seguida, junto com um grito de guerra.

- Vamos lá acabar com eles! – Tiago exclamou, assim que o apito soou do lado de fora, e rapidamente os outros jogadores foram saindo, um a um, do vestiário.

- Confiamos em você, Pontas. – disse Sirius, que foi o penúltimo a sair, batendo levemente no ombro do amigo.

O maroto assentiu, pisando novamente nos gramados de Hogwarts e encaminhando-se junto com os outros para o centro do campo de Quadribol. O time da Grifinória foi recebido com aplausos e vaias quase ensurdecedoras, assim como o time da Corvinal, que adentrou o campo quase ao mesmo tempo. Mais uma vez, Tiago sentiu o seu coração disparar, enquanto um turbilhão de pensamentos invadia sua mente destemida. Já fizera o seu time perder uma vez, mas não estava nem um pouco disposto a fazer isso de novo. Ano passado, quando ele apenas jogava como apanhador, encarava os jogos de um modo mais leve, divertido, mas agora não. Agora ele era o capitão, era ele que detinha quase toda a responsabilidade do time, e gostava disso, apesar de dar-lhe um pouco mais de preocupação. Sentia-se mais importante, como se estivesse crescendo em seus sonhos, em seu interior; era como se ele estivesse amadurecendo.

Depois de ambos os times apresentados e o cumprimento obrigatório entre os capitães, todos subiram em suas vassouras, preparando-se para voar.

- Quando eu apitar! – ordenou Madame Hooch, como sempre, com seu apito próximo à boca. – Três... dois... um!

Assim que o apito soou por toda a extensão do campo de Quadribol, os quatorze jogadores pegaram impulso e subiram em direção ao céu.

A Corvinal começou com a posse da goles, e um de seus atacantes, Tunner, foi até o meio do campo, procurando algum companheiro para passá-la. Mal olhou para frente novamente, e um balaço arremessado por Sirius vinha na sua direção, no que o garoto assustou-se e largou a goles. Ashley veio habilmente por baixo e a recuperou, cortando o ar pela direita e subindo para o nível das balizas em seguida. Um balaço veio em sua direção também, mas a menina, segura de si, desviou dele com muita categoria e fez um belo passe para outro atacante da Grifinória, deixando-o sozinho com o goleiro, no que o gol saiu logo depois.

A arquibancada explodiu em muitos aplausos, enquanto a armação do bem treinado time da Grifinória voltava a se preparar no campo de defesa. Assim que Ashley virou-se para trás, Sirius sorria abertamente para ela, no que a garota voou até ele, enquanto o time da Corvinal preparava-se para recomeçar a jogo.

- Viu, quando você não fica pressionando, eu consigo fazer as coisas. – Ash disse, sorrindo marotamente para ele.

- Então é melhor não me ter por perto? – perguntou Sirius, em um tom divertido e ao mesmo tempo ameaçador.

- Não. – falou a garota, voltando a sobrevoar o campo e indo na direção do adversário que estava com a goles, para marcá-lo. – É melhor te ter calado!

Sirius soltou uma fraca risada, meneando a cabeça em seguida. Poderia jurar que aquilo soara mais para uma indireta como, por exemplo, calado com um beijo do que reclamando, mas preferiu concentrar-se inteiramente no jogo, e voou a procura de outro balaço.

Cerca de alguns minutos depois, a Grifinória mostrava para todo o público que não veio para brincadeira dessa vez, com um time bem treinado e organizado. Revezavam-se no ataque e na defesa, trocavam de posição a todo o momento, confundindo os jogadores da Corvinal, que não sabiam mais o que fazer para marcá-los. Tiago assistia tudo um pouco mais do alto, e vibrou quando seu time fez 70 a 10 no adversário. Espremeu os olhos por todo o campo, apesar da boa visibilidade que o bom tempo lhe fornecia, contrapondo-se ao último jogo. Percorreu inúmeras vezes o campo, a fim de achar o mais rápido que pudesse o pequeno pomo-de-ouro e fechar de uma vez aquela partida como uma das melhores de sua Casa dos últimos tempos. Mas, até ali, não conseguiu nenhum êxito, e tão pouco o apanhador corvinal.

Cerca de pouco mais de uma hora havia se passado, e a Grifinória a essa altura já tinha conseguido ficar 100 pontos à frente da Corvinal. Tiago observou de soslaio mais um atacante de seu time marcar um belo gol, e depois voltou sua atenção para a busca da pequena coisa que o daria a vitória. Estava um tanto nervoso, pois o tempo ia passando e ele não conseguia achar o pomo-de-ouro, mas ao mesmo tempo sentia-se seguro de si e capaz de efetuar com êxito sua função. Então, um alívio misturado a uma grande ansiedade invadiu-o, quando um ponto brilhante passou rapidamente por baixo da vassoura de Sirius. Em um momento de grande euforia, Tiago nem se lembrou de tentar despistar o apanhador adversário: virou bruscamente sua vassoura para a esquerda e saiu o mais rápido que pôde na direção do pomo-de-ouro, tentando ao máximo não perdê-lo de vista. Quando os estudantes na arquibancada perceberam o jeito como Tiago voava pelo campo, todos se levantaram e espremeram os olhos, olhando curiosos para o maroto. O apanhador Corvinal, por sua vez, assim que percebeu que o grifinório havia visto o pomo, saiu em disparada na sua direção, não demorando a ficar a distância de uma vassoura de Tiago. Mas o maroto, felizmente, conseguiu manter essa pequena distância, inclinou sua vassoura um pouco para o alto, seguindo os movimentos do rápido pomo-de-ouro, e conseguiu enfim capturá-lo. Soltou um grito eufórico, erguendo o pomo no alto, enquanto com a outra mão apontava para uma certa ruiva que aplaudia da arquibancada. O jogo estava ganho, aquela vitória brilhante entraria para a história da Casa, os grifinórios recuperaram a antiga confiança na posse da taça, e Tiago havia cumprido seu papel da melhor maneira possível.


[...]


Após o grande jogo, os sete jogadores da Grifinória foram carregados como heróis para o salão comunal, sendo recebidos com muita festa. Ninguém sabia explicar exatamente como os estudantes conseguiam aquilo, mas o fato é que, sempre após uma vitória no Quadribol, uma bela festa de comemoração era dada no salão comunal, e não se tinha notícia de qualquer uma que tivesse sido interrompida por um professor ou pelo zelador – talvez por eles realmente não fazerem idéia de que aquilo sempre acontecia, ou simplesmente por eles darem uma colher de chá, e deixarem que aqueles jovens se divertissem pelo menos por uma noite.

Diversos tipos de bebidas se espalhavam pela mesa central do salão, uma que ficava entre alguns sofás e poltronas, e algumas comidas ocupavam a que estava ao lado. Uma música, não muito alta, propagava-se por todo o local, e a maioria dos grifinórios não parava de comentar do jogo e ir cumprimentar o time vitorioso.

As horas foram passando, bebidas foram sendo entornadas, alunos dançavam levados pela música do salão, e a mesma empolgação do início da festa de comemoração ainda continuava.

Melissa, que havia ido conversar com umas amigas durante um tempo, acabou sentindo um pouco de saudade do seu namorado, e andou até ele. Remo segurava uma cerveja amanteigada e conversava em pé com Sirius, próximo a mesa de comidas. A garota, então, chegou sorrateiramente por trás, enlaçou seus braços ao redor do pescoço do maroto, apoiando em seguida o rosto nos ombros dele.

- Hey, Mel. – Remo disse, sorrindo com a chegada da namorada. Olhou-a com um ar de sonhador por uns momentos, pensando no quanto ela era linda e ao mesmo tempo uma ótima pessoa, e na sorte que ele tinha em poder estar com ela. – Aconteceu alguma coisa?

- Aconteceu. – falou Melissa, no que o garoto rapidamente encarou-a mais seriamente.

- O que houve? – perguntou Remo, um tanto preocupado.

- Fiquei com saudades do melhor namorado do mundo! – disse Mel, sorrindo de um jeito divertido e encantador.

O maroto riu, dando em seguida um rápido beijo em sua namorada. Entrelaçou sua mão, que agora não mais suava, a dela, enquanto com a outra afagava aqueles cabelos macios e dourados.

- Dança comigo? – ela perguntou, com o ar manhoso.

- Ah, Mel, você sabe que eu não gosto muito, além de dançar muito mal e... – Remo tentou começar, mas logo foi interrompido.

- Por favor, por favor! – pediu Melissa, repetidamente, até que o garoto resolveu aceitar.

Ela sorriu, triunfante, no que os dois se despediram de Sirius e foram dançar próximos ao centro do salão comunal. O maroto, por sua vez, ficou feliz por ver o casal de amigos se dando tão bem, e resolveu garantir a sua diversão para aquela noite. Rondou o salão por alguns poucos minutos, até que avistou uma bela setimanista, com os cabelos castanho-claros ligeiramente ondulados até a cintura, os olhos em um negro profundo e perturbador e a pele muito pálida, com as bochechas levemente rosadas. Se ficar com qualquer uma naquela semana havia sido um pouco chato, quem sabe se ele se arriscasse com uma setimanista, obviamente mais velha, não tornaria as coisas mais interessantes? E foi com esse pensamento que Sirius andou até ela, sentando ao seu lado em seguida com aquele sorriso irresistível brilhando nos lábios, e começou a jogar sua conversinha mole.

Enquanto isso, Tiago conseguia finalmente se livrar do grande número de fãs que o rodeavam, e pôde ir a procura de Lílian cobrar o que ela havia prometido naquela manhã. Não demorou muito, e logo avistou a ruiva cruzando o centro do salão comunal, no que ele foi andando a passos largos, até alcançá-la.

- Hey, Lils! – ele exclamou, puxando a menina pelo braço, no que ela virou para encarar quem falava com ela.

Sorriu de imediato ao ver que era Tiago, e passou discretamente as mãos pelos cabelos, como que para ajeitá-los um pouco.

- Olá, capitão. – Lílian disse, no que o maroto retribuiu o sorriso.

- Vim cobrar a sua promessa de hoje cedo. – falou Tiago, quase acreditando, por alguns momentos, que a ruiva simplesmente negaria o que havia dito.

Mas, para seu espanto, Lily o puxou pelo braço, e foi andando calmamente até a mesa em que ficavam as bebidas. Abaixou-se, pegando duas cervejas amanteigadas em seguida, e oferecendo uma a Tiago. Não sabia explicar exatamente o porquê, mas sentiu seu coração dar uma leve disparada, enquanto um turbilhão de pensamentos confusos invadiam sua mente. Os dois se encaram por uns instantes, naquele duelo silencioso que agora tinham pegado o costume de travar, no que o clima pareceu um pouco tenso.

- Sabe, dizem que o costume de brindar foi criado na Antigüidade. – começou Lílian, na tentativa de quebrar o silêncio, passando a achar ligeiramente mais fácil olhar para o líquido em seu copo. – Porque, ao bater um copo no outro, caso a pessoa fosse sua inimiga, podia-se derramar um pouco do líquido de seu copo para o outro. Se a outra pessoa bebesse sem problemas, era porque sua bebida não estava envenenada.

Tiago observou-a por alguns momentos, enquanto ela falava. Tão inteligente, e ao mesmo tempo um ar tão ingênuo. Com uma beleza tão doce, e ao mesmo tempo com a personalidade tão forte. As bochechas da menina estavam levemente coradas, provavelmente graças a uma certa vergonha, contrapondo-se a sua pele muito clara. Seus olhos, em um verde-esmeralda que tanto encantavam o maroto, pareciam brilhar mais do que nunca, e junto com seus cabelos ruivos que caíam ligeiramente cacheados e soltos pelas costas da garota, lhe proporcionavam uma beleza estonteante.

- Um brinde, então, a nós dois. – Tiago finalmente falou, erguendo seu copo no ar. – Antigos inimigos, que há alguns meses atrás provavelmente usariam as artimanhas do brinde, mas que agora gostam muito um do outro e não precisam mais disso.

Lílian assentiu, sorrindo, e os dois brindaram. Entrelaçaram os braços um no outro, e tiveram que se aproximar um pouco mais para conseguirem beber a cerveja amanteigada. Após isso, Lily afastou um pouco seu copo, e observou o belo rapaz a sua frente. Seus cabelos estavam despenteados como sempre, mas o que antes ela achava uma idiotice, agora começava a achar charmoso. Seus olhos castanho-esverdeados pareciam sorrir para ela, e a prendiam ali de um modo que ela nem sabia como fugir – e nem queria saber, aliás.


(When You Say Nothing At All, Ronan Keating)

Tiago, então, que passara semanas esperando pelo momento certo, resolveu não mais esperar. Pegou a cerveja amanteigada das mãos da ruiva, e colocou os dois copos na mesa ao lado deles. Um frio de excitação percorreu seu corpo, enquanto sua mente parecia não ter pensamento nenhum, e ao mesmo tempo estar lotada deles. Ele foi aproximando-se calmamente de Lílian, no que ela engoliu em seco, e olhou-o com um olhar ansioso, nervoso. Lily passou delicadamente uma das mãos pelo rosto de Tiago, aproximando-se ainda mais sua face a dele, no que o maroto passou os braços fortes e aconchegantes pela sua cintura. E, então, ele selou seus lábios nos dela, iniciando o beijo pelo qual mais havia esperado em toda sua vida.

Um turbilhão de emoções invadiu-os, e cada movimento parecia uma surpresa, enquanto ao mesmo tempo tudo parecia exatamente combinado, tamanha era a sintonia que os dois se encontravam. As mãos de Tiago percorriam as costas e a fina cintura da garota, enquanto Lílian afundava sua mão pelo cabelo de Tiago, entrelaçando seus dedos naqueles fios castanho-escuros. O tempo que ficaram ali, vivendo praticamente um sonho, nenhum dos dois saberia dizer depois. Quando enfim se separaram, ofegantes, os dois se encararam por alguns segundos, no que Lílian piscou algumas vezes, e virou de costas para Tiago. O garoto ficou um pouco preocupado, pensando se realmente deveria ter feito aquilo, e aguardando a próxima atitude da ruiva.

Ela, por sua vez, levou uma das mãos aos lábios, e olhou ligeiramente para o alto, como se perguntasse a si mesma onde estava com a cabeça quando foi fazer aquilo. Quer dizer, havia sido maravilhoso e tudo o mais, porém uma parte dentro dela, a razão, parecia gritar afirmando que aquilo era uma completa loucura. Todos em Hogwarts conheciam a fama de Tiago, e as chances de ela se machucar nessa nova relação eram simplesmente inúmeras. Mas, quer saber? Que aquela maldita voz da razão fosse para o espaço, porque o importante para Lílian era fazer sempre o que a deixava feliz. E, no momento, ficar com Tiago a deixava muito mais do que feliz, a deixava em êxtase.

A menina, então, virou-se novamente, e olhou nos olhos de Tiago mais uma vez. Sorriu fracamente e, num impulso, passou os braços pelo pescoço do maroto, envolvendo-o em mais um beijo. A festa acabou adentrando a noite no salão comunal, e a cada minuto a mais pelo qual se estendia, o pequeno pensamento de arrependimento despedia-se cada vez mais dos pensamentos de Tiago e Lílian, que pareciam não querer mais se afastar um do outro.







N/A: E aqui está essa pobre autora, que mesmo depois de perder metade do capítulo graças ao Word idiota que resolveu dar erro e fechar sozinho, está aqui para cumprir sua promessa! Acho que esse foi um dos capítulos mais felizes da fic, devo ter ficado boazinha por causa do meu aniversário, hahaha! Aliás, parabéns para mim, a autora faz hoje 16 aninhos *-* !!!!!
Espero que vocês tenham gostado da tão esperada cena T/L, e do vídeo também, apesar de sido bem curtinho (inclusive, tive que pegar a cena de um outro filme da Lindsay Lohan, caso contrário não daria para fazer). Quem não conseguiu vê-lo por aqui, pode tentar: http://www.youtube.com/watch?v=4ALkdVYLADo

É isso gente, espero que vocês sejam queridos comigo, me dando um ótimo presente de aniversário comentando bastante, hahaha!

Milhões de beijos, e prometo não demorar muito a postar de novo ;**

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