Uma Idéia Marota




(Somewhere In Between, Lifehouse)

Capítulo 5 – Uma Idéia Marota


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Algo especial te preparei
Sei que isto vai te surpreender
Verás a surpresa que eu farei

(Teddy)



Ashley andava sozinha pelos corredores vazios do castelo, o barulho de seus passos apressados ecoando.
O horário permitido para ficar fora do salão comunal já estava acabando, e ela suspirou aliviada quando avistou o retrato da Mulher Gorda.
Parada ao lado dele tinha uma garota aparentando estar muito ansiosa, e Ashley lembrava-se vagamente de ela ser da Corvinal.

Quando se aproximou mais um pouco e estava prestes a informar a senha para a Mulher Gorda, o retrato moveu-se para o lado, surgindo um belo moreno por detrás dele.

- Sirius! – guinchou a corvinal, agarrando o garoto pela cintura. – Achei que não viesse mais!

Sirius sorriu para ela, lançando-lhe apenas uma piscadela marota, quando avistou Ashley parada um pouco à frente deles, parecendo observar a cena.

- Oi, Ash. – cumprimentou ele.

- Oi. – ela murmurou, colocando algumas mechas de seu cabelo para trás da orelha e passando pelo casal.

Assim que adentrou o salão comunal, respirou fundo e percorreu os olhos pelas poltronas mais afastadas, logo avistando o namorado, que estava parecendo muito entediado. Ela consultou o relógio bruxo pendurado na parede, e constatou que estava mais atrasada do que imaginava. “Droga!”
Ashley prendeu o cabelo em um coque mal feito, andando rapidamente até Johnny.

- Lembre-me de te dar um relógio semana que vem, de presente de aniversário. – disse o garoto, observando a lareira distraidamente.

- Desculpe... – murmurou ela, sem graça.

Os dois tinham combinado de se encontrar cerca de meia hora antes no salão comunal, para conversarem sobre um tal assunto e passarem um tempinho juntos, como Johnny pediu. Mas Ashley, como de costume, atrapalhou-se com o tempo e não conseguiu nem de longe chegar na hora marcada.

- Ash, o que está havendo? – ele perguntou, virando-se para encará-la.

- Eu estava terminando um trabalho e... – ela tentou explicar, sentando-se em uma poltrona ao lado dele.

- Não estou falando disso. – Johnny a interrompeu. – Estou falando sobre nós.

Ashley o encarou por alguns segundos, confusa. Recostou-se na poltrona, deixando a cabeça pender para trás, enquanto pensava.
Várias lembranças do tempo em que o namoro deles era um mar de rosas vieram a sua mente, mas de algum modo que ela não soube explicar, percebeu que não tinha mais tanta vontade de viver aqueles momentos.

- Porque você está tão afastada de mim? – perguntou Johnny, segurando carinhosamente a mão da namorada. – Ashley, se eu fiz alguma coisa que você não gostou, é melhor me dizer do que ficar nesta situação.

- Não! – ela exclamou, sentindo-se culpada por fazer o namorado achar aquilo. – Você não fez nada. Isso vai passar, é sério. – completou, tentando convencer mais a ela mesma do que o garoto.

- Então, espero que passe logo... – ele disse, voltando a contemplar a lareira. – Porque do jeito que está, não dá para continuar.

- Johnny, sinto muito, mas estou morrendo de dor de cabeça. – Ash falou, pegando a bolsa que havia deixado ao lado de sua poltrona. – Acho que já vou me deitar.

- Tudo bem. – respondeu ele, o olhar triste tomando conta de sua expressão. – Só não esquece de uma coisa: eu amo você.

Ashley abriu um fraco sorriso, e se levantou. Murmurou um “Boa noite” enquanto dava um rápido beijo no namorado, e foi em direção ao seu dormitório.
Subiu as escadas pensando na última frase carinhosa que Johnny lhe dissera, e se sentiu muito mal por não ter respondido algo como “eu também”, mas ela simplesmente não se sentia mais tão à vontade para falar aquilo.

- Onde você estava até agora? – Lily perguntou, assim que a menina adentrou o quarto delas.

Ashley encarou as amigas por uns instantes, mas não respondeu nada. Jogou sua bolsa no chão e largou-se em sua cama, afundando o rosto no travesseiro.

- Ash, o que houve? – perguntou Mel, indo para a cama da garota junto com Lily.

- O Johnny... eu não sei o que fazer! – disse Ash, a voz abafada pelo travesseiro.

As outras duas meninas se entreolharam, receosas. Já tinham percebido um clima pesado se formando no ar, assim como o desânimo que tomou conta de Johnny e a incerteza que apoderou-se de Ashley.

- O que você sente por ele? – Lily perguntou, passando a mão pelo cabelo da amiga. – Conta para gente, para tentarmos te ajudar.

- Mas não sei o que sinto! – falou Ash, largando o travesseiro e ajeitando-se para sentar. – Estou muito confusa...

- Eu acho que você não gosta mais tanto dele quanto no início do namoro, se quer a minha opinião. – disse Lily, com seu jeito direto de expor as coisas.

- O pior é que também acho isso, mas não tenho certeza... – Ash comentou, deixando uma lágrima solitária percorrer o contorno delicado de seu rosto. – Tenho medo de terminar com ele, mas depois acabar sentindo saudade, sabe?! Afinal, foram mais de seis meses colados um no outro.

- Sei como é isso... Você já acostumou sua vida a namorar ele, pode acabar sentindo falta se terminar. – Mel disse, encostando a cabeça da amiga em seu ombro. – Mas você tem que decidir, Ash. Não poderá ficar nessa situação a vida toda.

- Eu sei, mas... E se eu me arrepender depois? – ela perguntou, já se sentindo ligeiramente melhor e mais aliviada na companhia das amigas.

- Tenho certeza que o amor do Johnny não mudou em relação a você, ele te aceitaria de volta. – Lily disse, levantando-se da cama de Ashley e indo vestir o pijama. – De qualquer jeito, é melhor você pensar com calma. Sugiro que vá dormir, ficar remoendo essa história agora só vai piorar as coisas.

A garota assentiu e foi se trocar. Depois de arrumar a sua cama, deu um beijo carinhoso na bochecha das amigas e se deitou, cruzando os braços atrás da cabeça e observando o teto.

Não queria ferir os sentimentos do namorado, e muito menos fazê-lo de bobo, ficando com ele sem gostar. Mas, por outro lado, não tinha ainda plena certeza de seus sentimentos, além do receio de tomar uma decisão séria dessas e se arrepender depois.

Sem que ela pudesse explicar, a cena de Sirius saindo agarrado com aquela corvinal veio a sua mente, no que a garota balançou a cabeça para afastar aqueles pensamentos e virou para o lado, tentando seguir os conselhos de Lily e pegar no sono logo.


[...]


O dia amanheceu ligeiramente nublado, e assim permaneceu o resto da manhã. As aulas transcorreram relativamente bem, se excluirmos as chamadas de atenção que certos grifinórios levaram por papear demais.

- Sirius! – sussurrou Lílian, que estava sentada com Melissa em uma mesa logo atrás de Tiago e Sirius, na aula de Feitiços.

O maroto inclinou a cadeira para trás, apoiando-se na parte traseira, e se virou para encarar a amiga.

- O próprio. – ele respondeu, abrindo seu costumeiro sorriso galanteador. – O que deseja, madame?

- Não precisa dar uma de galã para cima de mim, não me chamo Ashley Carter. – falou a ruiva, deixando um sorriso sacana formar-se no canto de seus lábios avermelhados.

O maroto ergueu uma sobrancelha, fingindo indignação. Largou a pena que estava em sua mão e cruzou os braço na altura do peito, encarando a menina

- Tudo bem, então. – ele disse, parecendo emburrado. – Só serei grosso a partir de agora.

Lílian riu, levando rapidamente uma das mãos à boca para não emitir muito barulho, no que Sirius descruzou os braços e piscou para ela.

- Falando sério, agora. – a garota falou, aproximando-se do amigo para falar mais baixo. – O aniversário da Ashley é semana que vem, e acho que deveríamos fazer alguma coisa para ela.

- Semana que vem, já?! – exclamou Tiago, que até o momento ouvia discretamente os papo dos dois. – E vocês pensaram no que fazer?

- Não se meta, Potter. – respondeu Lily, sem paciência. – Se você inventar de fazer alguma coisa quanto a isso, só estragará tudo.

Apesar de Tiago tê-la ajudado uns dois dias atrás com os sonserinos, a ruiva já parecia ter esquecido do ocorrido – e principalmente de continuar grata ao maroto.

- Não, Tiago. – falou Mel, ignorando completamente o comentário malcriado da amiga; às vezes, até os amigos se cansavam daqueles dois. – Não temos a menor idéia do que fazer.

- Pois eu tenho a idéia perfeita. – Sirius disse, deixando um sorriso inconfundivelmente maroto aparecer em seu rosto. – Uma festa surpresa!

- O quê?! Sirius, nós não temos tempo, e muito menos lugar para fazer isso! – retrucou Lílian, revoltada com a idéia maluca do amigo.

- Não se preocupe, Lily. – falou Sirius, rindo da indignação da menina. – Deixe tudo com a gente, e garanto que sairá a festa perfeita!

A ruiva já abria a boca para fazer objeções, mas foi interrompida pela sineta, que tocava indicando o término das aulas daquele dia. Todos se levantaram rapidamente, recolhendo seus materiais e suspirando aliviados. Ashley já se despedira do namorado, que fora sua dupla naquela aula, e caminhava sorridente na direção dos amigos.

- Hoje à noite terminamos o planejamento. – Lílian sussurrou, enfatizando cuidadosamente cada palavra. – Não façam nada antes de todos decidirmos, ok?!

Os marotos assentiram e foram para o salão comunal, a fim de se prepararem para o treino de Quadribol que aconteceria no fim da tarde. Afinal, eles tinham que aproveitar o tempo livre que arranjavam, já que os dois eram mestres em pegar toneladas de detenções, o que dificultava muito para marcar os treinos – isso sem contar o campo sempre reservado para a Sonserina, que parecia estar treinando feito louca para vencer o jogo que se aproximava aos poucos.

A noite rapidamente chegou, com uma tempestade caindo impiedosamente sobre os terrenos de Hogwarts. A maioria dos alunos estava em seus respectivos salões comunais, saboreando o clima aconchegante perto da lareira ou nas confortáveis poltronas.

Remo estava sentado em um sofá, entediado. Sirius, Tiago e Ashley discutiam táticas de Quadribol com outros grifinórios em uma mesa mais afastada, enquanto Lílian conversava com Pedro alguma coisa sobre presente de aniversário.

Remo então percorreu os olhos pelo salão a procura de uma pessoa especial, que ele ainda não tinha visto aquela noite. Mas, antes que pudesse encontrá-la, sentiu seus olhos serem tapados por duas mãos aparentemente femininas.
Ele riu timidamente e tirou as mãos de seus olhos, virando-se para ver quem era.

- A graça é adivinhar, não ver quem é! – exclamou Melissa, fingindo indignação.

Ela sorriu para ele, enquanto largava os livros que trazia nos braços em uma mesa próxima e sentava no sofá de frente para o maroto.

- Que bom que você está aqui... – ela comentou, ainda sorrindo.

- Por que, Mel? – perguntou Remo, sem entender muito bem o que a garota quis dizer.

- Estou com um pouco de dificuldade em História da Magia, você pode me dar uma ajuda? – Mel disse, pegando o livro relacionado àquela matéria.

- Claro, será um prazer. – falou ele, indo sentar ao lado da menina no sofá.

Remo começou a explicar sobre a parte da matéria mais recente que haviam aprendido, mas Melissa não estava prestando muita atenção no que ele falava agora. Ela observava-o com carinho, perdendo-se em pensamentos.

Fazia um tempo já que Mel gostava muito dele e daquele seu jeito doce e tímido, carinhoso e responsável. Suas amigas viviam dizendo que Remo também se interessava por ela, só que ele não parecia estar disposto a tomar alguma iniciativa, e Mel era tímida demais para dar uma investida muito perceptível. Mesmo assim, isso só tornava as coisas mais especiais, porque era exatamente esse jeito tímido e discreto de Remo que mais a encantava.

- Mel, você está entendendo o que eu estou falando? – o maroto perguntou, diante do olhar sonhador que Melissa lhe lançava.

- Ahn?! – ela exclamou, despertando dos seus pensamentos. – Ah, claro que estou!

Remo olhou para ela e sorriu, balançando a cabeça de um lado para o outro como que se soubesse que ela estava mentindo.

- Oi, gente! – disse Pedro, aproximando-se deles, junto com o resto do grupo. – Vamos aproveitar que a Ashley está com o namorado para planejar a tal festa.

Todos assentiram e foram se sentando, formando um círculo em volta da mesa onde estavam os livros de Melissa. Lílian olhou de Remo para a amiga e abriu um sorriso malicioso em seguida, no que a garota corou ligeiramente.

- Vai ser mesmo uma festa surpresa, então? – Remo perguntou, olhando de esguelha para o canto em que Ashley estava para não correr o risco de ser ouvido.

- Com toda a certeza! – disse Tiago, empolgado com a expectativa.

- Não sei não... – comentou Lílian, para cortar o barato dele, é claro. – Não temos lugar para a festa, os professores não deixariam... isso não vai dar certo.

- E desde quando uma idéia marota não dá certo, Lily?! – Sirius disse, com vários planos surgindo em sua mente ardilosa. – Confie em nós, sabemos exatamente o que fazer.

- Mas... tem uma coisa. – falou Mel, prendendo o cabelo em um rabo-de-cavalo improvisado. – Quem nós chamaríamos para a festa?

- Acho melhor só nós. – Pedro respondeu, pensando na questão. – Se for mais gente, acabarão dando com a língua nos dentes, além de chamar mais atenção.

- É verdade. – concordou Remo. – Então, nós sete e... o Johnny?

- Não! Nada disso, apenas os mais íntimos, ou seja, nós. – Sirius protestou, decidido a não deixar aquele grifinório ir.

Sabe como é, ele poderia contar para alguém, além de ser mais uma pessoa para comer e beber na festa.

Bom, pelo menos foi essa a desculpa que Sirius inventou para si próprio.

- Mas Sirius, ele é namorado da Ashley! – Mel disse, no que o maroto olhou para os amigos como que pedindo apoio, e eles simplesmente riram.

- Mel... – sussurrou Lily, falando com a amiga de um jeito que nenhum deles pôde ouvir. – Ash está um pouco confusa em relação ao que sente pelo Johnny, talvez seja melhor para ela passar um tempo sem o namorado.

Melissa a encarou, parecendo pesar a situação.

- Tudo bem. – disse, por fim. – Nada de Johnny, então.





N/A: (É um novo estilo, como se as meninas – eu e uma amiga – estivessem na cena observando-os. Quem quiser participar na próxima, é só me avisar ;)

- Eu adoro festas surpresas! – comentou uma grifinória, que estava sentada com sua amiga em uma mesa, ouvindo a conversa daquele grupo de amigos, enquanto jogava a cascata de cabelos castanho claros para trás dos ombros – Você não?!

- Parece que não me conhece, Fernanda! Adoro festas. – respondeu a garota loura sentada ao seu lado, Mari Black, enquanto mexia o café no seu copo.

- E organizada por esses aí, – disse Fê Black, apontando os marotos com a cabeça. – duvido que seja ruim.

- Eu também. – concordou Mariana, bebericando o conteúdo do copo parcialmente cheio à sua frente. – Isso sem contar que, na presença deles, nada fica ruim... Quer dizer, eles são capazes de animar até velórios!

- Acho melhor já irmos nos preparando, porque eu é que não vou querer perder essa festa! – Fê exclamou, levantando-se de sua poltrona e dando uma última olhada nos marotos, ansiosa.

- Eu vou te acompanhar. – acrescentou Mari bocejando. – Também não sou nem doida de perder o aniversário da Ashley. E como acredito que vocês, espectadores, também estão curiosos para ver as surpresas que essa festa há de trazer, sugiro que comentem.

- Of course... E muito, de preferência. – completou Fê, dando uma piscadela marota enquanto subia as escadas do dormitório feminino com sua amiga.

~PS¹: a festa vem no próximo capítulo!;
~PS²: minha nova one shot Sirius/P.O. ---> http://www.floreioseborroes.com.br/menufic.php?id=11893 ;)

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