Rowena Ravenclaw



Harry aparatou alguns metros por perto do jardim d’A Toca, não fazia idéia do que iria dizer para a Sra. Weasley numa hora daquelas. A casa estava totalmente apagada, não se via uma alma viva dentro do lugar. Como ele poderia começar? “Oi Sra. Weasley eu fugi de Hogwarts e estou procurando um abrigo”? Aquilo seria muito complicado, mas o pior problema de Harry viria depois, ao se aproximar da porta da cozinha da casa dos Weasley’s ele acabou se lembrando de que aquela não era uma casa trouxa, não haveria campainha para que Harry chamasse alguém.
- NÃO TEM NINGUEM AÍ! – Harry ouviu um berro vindo de dentro de sua mochila.
Harry já tinha uma noção do que aconteceria a seguir. Ao abrir sua mochila viu o retrato de Dumbledore com um pequeno riso no rosto.
- Isso é típico de você. – Disse ele ainda com um riso no rosto – Se eles não cumprem a promessa então você foge, estou certo?
- Claro! Se não iam me permitir ir junto então vou sozinho!
- Bem, eu não estou aqui para discutir com você, mas para lhe avisar que não tem ninguém aí. Estão todos na Sede da Ordem.
- Por que?
- Mas isso é algo muito óbvio! Você fugiu o que mais esperava que eles ficassem de braços cruzados?
- Estão todos lá?
- Claro! Até seus amigos.
- Bem, então não me sobram opções.
Harry guardou o retrato de Dumbledore novamente em sua mochila e concentrou-se na Sede da Ordem. Aqueles próximos minutos seriam de muita discussão, pensou ele, pois se toda a Ordem estaria lá, iriam todos despejar sua raiva sobre ele.
“Esta noite foi muito para mim”, pensou ele “Vou deixar isso para depois”, mas no fundo não queria fazer isso, fugir pelo mundo e indo atrás de Voldemort sozinho. No fim o lado racional dele falou mais alto e finalmente aparatou na frente da casa de número doze no Largo Grimmauld.
Mas o que Harry não esperava é que alguém estaria por lá. Ao olhar para o lado Harry viu alguém sentado embaixo do único lampião apagado. A pessoa se levantou e, tirando um isqueiro do bolso acendeu o lampião novamente. Harry se pegou olhando diretamente para Olho-Tonto-Moddy.
- Eu sabia que iria voltar garoto – Disse ele indo em direção à porta da Sede da Ordem, mas parando ao ver que Harry não o seguia – Não vai entrar?
- Como sabe se eu vim aqui para entrar? Como pode ter certeza que eu quero entrar? E principalmente, como pode saber se eu não vou aparatar e ir embora agora mesmo?
- Isso é muito simples Harry – Disse ele fazendo uma pequena pausa – Você veio até nós, você quer entrar.
Harry cansou de discussão e resolveu encarar o doloroso desfecho de tudo que fizera de errado naquela noite caminhando lentamente para a porta da Sede da Ordem. Nunca antes em sua vida foi tão difícil entrar naquela casa, por mais estranho que parecesse havia um estranho silêncio naquela casa, o que assustava a Harry que estava acostumado aos berros da mãe de Sirius.
Harry foi andando desanimado em direção à cozinha da casa dos Black, Mas algo que não esperava era que, ao abrir a porta encontrasse tão pouca gente. Sentados na mesa da cozinha só se podia ver o Sr. e a Sra. Weasley, Tonks, Lupin, Quim e Moddy que havia acabado de chegar.
- Mas eu pensei que a todos da Ordem se encontrariam aqui! – Disse Harry espantado
- E estão – Respondeu Moddy, mas ao receber um ríspido olhar da Sra. Weasley mudou sua opinião – Ou melhor, quase todos. Mundungo não apareceu.
- Mas e os outros?
- Que outros Harry? – Respondeu Quim
- Não haviam outros aurores que também pertenciam à Ordem?
- Os poucos que estavam conosco desistiram.
- Por quê?
- Medo – Respondeu Quim com uma expressão de raiva no rosto – Quero que saiba que Dawlish não é o único que desapareceu.
- Mas se outros desapareceram por que o Profeta Diário não fala disso?
- Acho que eu sou quem devia estar fazendo perguntas neste momento Harry! – Desabafou Quim parecendo muito irritado – O que você pensou que estava fazendo garoto? Onde você foi?
- Atrás “do livro”, mas não encontrei nada - Mentiu Harry, naquele momento ele estava sozinho e não ia compartilhar o livro que encontrou com Dawlish antes que tivesse certeza que era o livro certo.
- Eu perguntaria como o lugar é, ou se você é louco por ter ido lá, mas a pergunta que realmente está mexendo com a minha cabeça é como você conseguiu voltar vivo?
- Assim – Disse Harry mostrando a vassoura que ainda carregava na mão direita – Quer saber de mais alguma coisa?
- Nada, só vou passar algumas informações. Número um, você vai voltar para Hogwarts amanhã e não tem mais autorização para dar um passo fora dos terrenos de lá certo?
- Não está certo! Quando eu souber de algo sobres as horcruxes eu vou sair! E NÃO HÁ NADA QUE VOCÊ POSSA FAZER PARA ME IMPEDIR!
- Claro que há – Disse Moddy fazendo um aceno com a varinha e tirando a vassoura de Harry de sua mão indo parar até ele – Número dois, você não tem permissão para usar uma vassoura até o final do ano Potter – Completou ele.
- ÓTIMO – Berrou Harry – QUE ASSIM SEJA! – Berrou saindo da cozinha e indo em direção ao quarto onde havia dormido alguns meses antes com Rony.
Harry havia acabado de dizer que concordava com as novas regras, mas no fundo não tinha a menor intenção de obedece-las. Aquilo tudo era a maior bobagem que havia ouvido nos últimos meses, nada podia impedi-lo de ir atrás das horcruxes como já havia provado naquela mesma noite.
Mas o que Harry realmente não esperava era que quando abrisse a porta do quarto encontrasse outras três pessoas lá dentro. Sentado em uma cadeira estava um Rony muito triste que encarava o chão, e sentadas na cama estavam Hermione e Gina, Mione estava abraçada com Gina consolando-a e Gina se encontrava em prantos. Logo que Harry entrou no quarto toda a situação mudou, Rony ao ver seu melhor amigo abriu um largo sorriso, Mione fez uma cara de desaprovação e Gina correu em sua direção.
Gina se jogou em seus braços chorando.
- Nunca mais faça isso – Pediu ela – Não me deixe sozinha novamente, por favor.
- Cara nós pensamos que você tinha morrido! Você ficou tanto tempo fora.
- Faz quanto tempo que vocês estão aqui? – Perguntou Harry.
- Desde que você fugiu de Hogwarts – Respondeu Rony – Ela implorou para o Quim deixar nós virmos para a Sede – Disse ele apontando para Gina.
- E você? – Disse Harry se direcionando para Hermione – Se está tão brava por que veio?
- Só porque eu acho que você fez uma idiotice não significa que eu não me importo com sua segurança! – Respondeu Mione parecendo mais emburrada que brava.
- Se você realmente se importa comigo porque está tão nervosa? – Brincou Harry.
- Pois graças à sua idéia de fugir com uma vassoura não teremos mais quadribol!
- Por que?! – Agora era Harry quem parecia nervoso.
- Você se esqueceu que não estava sozinho na sala comunal? Muitos viram sua idéia de fugir com uma vassoura e disseram que iam fazer o mesmo! Agora todas as vassouras da escola estão trancadas para que ninguém fuja da escola.
- Era o que faltava – Reclamou ele – Justo no meu último ano em Hogwarts!
- Você não pode reclamar de nada Harry – Disse Hermione – Foi você mesmo quem provocou isso.
E isso tudo que eles puderam falar naquela noite, pois logo depois que Hermione terminasse de dizer aquilo a Sra. Weasley entrou no quarto chamando Gina e Mione para irem dormir e o dia finalmente chegou ao seu fim, e no fundo era aquilo mesmo que Harry queria, ter um pouco de descanso depois de tudo que aconteceu naquele dia.

Harry acordou cansado com Rony balançando ele, ainda parecia muito cedo, cedo até demais, não havia necessidade para acordar numa hora daquelas, ninguém tinha nada para fazer na escola numa hora daquelas.
- Vamos logo Harry! Acorda cara! – Chamava Rony
- É muito cedo – Disse ele dando um bocejo logo depois – EI! – Disse ele quase em um berro e se levantando – Você já está com as roupas da escola e com tudo pronto!
- Claro, vamos logo você tem que tomar café e se trocar, não se preocupe com sua vassoura. Na verdade você não vai ter que se preocupar com ela por um bom tempo!
Harry foi cambaleando até a cozinha se indagando porque estaria acordado em uma hora tão cedo. Como era de se esperar não era somente Rony quem já estava pronto, mas ao entrar na cozinha Harry viu Moddy, a Sra. Weasley, Mione e Gina já prontos a sua espera.
Na mesa havia uma torrada em um prato a sua espera e suas roupas que havia usado no dia anterior já limpas em uma cadeira.
- Não se apresse querido – Disse a Sra. Weasley carinhosamente.
- Por quê estamos indo tão cedo Sra. Weasley? – Perguntou Harry
- Você vai ter alguns compromissos antes das aulas Harry.
- Que tipo de compromissos?
- Sabe garoto, quando a molly disse para não se apressar ela estava tentando apenas ser educada – Rosnou Moddy – Então trate de começar a comer e pare de fazer perguntas.
E foi aquilo mesmo que Harry fez pelo resto da manhã, em alguns minutos ele já estava pronto para ir, e Moddy não perdeu tempo, acompanhou Harry, Mione, Rony e Gina para a entrada do castelo do mesmo jeito que fez algumas semanas antes.
A separação do grupo ocorreu logo no salão principal, enquanto todos se dirigiam ao salão comunal da Grifinória Quim chegou correndo se direcionando à Harry
- Para minha sala Potter
Harry não hesitou em obedecer, não sabia muito bem o que tinha feito daquela vez. “Talvez haja mais regras, e eu sai da cozinha antes que ele me contasse todas” pensou ele, ou isso ou pior, pois ultimamente eu não vou lá para ouvir noticias boas. Mas aquela era uma rara vez em que Harry não seria punido de modo algum, ou melhor, não seria diretamente punido.
Quim também parecia muito apressado e, como Moddy, não perdeu tempo. Logo que entraram em sua sala ele foi passando sua notícia.
- Eu não quero que se assuste Harry, não há nada de errado, na verdade é algo muito positivo. – Disse Quim animado
- O que?
- Você se mostrou ontem alguém muito incompetente, mas competente ao mesmo tempo. Pois você fez algo errado, mas não é isso que viemos discutir.
- O que você quer dizer com isso? Como eu me mostrei competente?
- Por que me pergunta isso? Ninguém conseguiu voltar daquele lugar Potter! Nem mesmo um auror! E você, sem ter muito conhecimento de magia quanto um auror, voltou apenas com uma vassoura. – A cada palavra Quim parecia ficar mais animado – Eu vou lhe dar a chance de ter um estágio como auror aqui mesmo, em Hogwarts!
- Quando vai ser isso? – Perguntou Harry ficando animado também.
- Mais informações depois, agora eu só preciso saber se você aceita minha proposta.
- Claro!
- Mais que ótimo, mal posso esperar para ver como você vai se sair! Agora você pode voltar aos seus amigos para lhes contar as boas novas! Tenho muitas coisas para fazer.
- Te vejo depois professor – Respondeu Harry educadamente
Harry foi correndo para o salão comunal contar para Rony e Hermione sobre o que havia conversado com Quim, mas novamente eles haviam desaparecido. “Qualquer dia eu pego eles” pensou Harry.
Naquele momento haviam outras coisas na sua cabeça, aproveitando o tempo que sobrava antes da sua primeira aula Harry foi para sua cama e abriu a pequena mochila onde guardou o livro que havia tirado das mão de Dawlish. Na capa haviam dois R’s entrelaçados, na primeira página se via em belas letras o nome da dona do livro. “Rowena Ravenclaw”. Harry abriu em uma página qualquer.

“Quinta-feira
O dia está lindo! Resolvi dar uma volta pelo parque, mas logo que estava saindo de cãs um homem se aproximou de mim com uma carta na mão, achei estranho até hoje só vi corujas entregando cartas, deixei ela encima da mesa da cozinha e fui passear, não tive paciência para ler na hora. Falando nisso acho que vou lê-la agora!”

Harry mudou de página

“Sexta-feira
O belo dia de ontem se repetiu hoje, mas não vou passear, tem algo me perturbando. É aquela carta, um estranho me convidou para um projeto na Inglaterra, não me deu mais detalhes, só sei que se chama Godrico Gryffindor...”

Mas Harry não conseguiu ler o resto pois ouviu um berro de alegria.
- HARRY VOCÊ VOLTOU – Era Neville Longbottom – Graças a Deus!
- O que aconteceu? – Disse Harry espantado
- Nem eu sei! Só fiquei sabendo que você tinha fugido, derrepente o Rony a Hermione e a Gina sumiram, não sei para onde foram.
- Já voltaram.
- Mas isso não é tudo! No meio da noite ouvimos berros e barulhos, então o Prof. Flitwick entrou e falou para ninguém sair do salão comunal que haviam dementadores na escola e que os professores iam se ausentar hoje para resolverem alguns problemas então não haveriam aulas hoje! Só o Prof. Shacklebolt vai estar na escola hoje. Por sorte conseguiram tirar esses dementadores daqui, eu nunca mais voltava para esse lugar se não conseguissem tirar esses dementadores!
Harry passou o resto da manhã comentando sobre o que havia acontecido com seus amigos e aproveitando o dia sem aula. Por não ter dormido bem na noite anterior ele escapou um tempo e foi para sua cama tentar descansar depois de um dia agitado que havia passado festejando.
A cama estava mais macia que nunca, confortável, então Harry mergulhou fundo o sono. Escuridão.

Harry estava novamente sentado em uma poltrona elevada, e alguns degraus abaixo havia um dementador “ajoelhado” a sua frente dizendo algo em uma língua desconhecida. Ele parecia muito irritado com algo, depois de alguns minutos ele parou de falar.
- Então Potter foi nos fazer uma visita? – Disse Harry em um sibilado – E você não conseguiu encontra-lo?
O dementador voltou a falar.
- Não estava em Hogwarts? Você verificou tudo?
O dementador acenou que sim.
- Certo, pode voltar ao canyon. E faça questão de capturar Potter se ele voltar lá.
O dementador foi lentamente saindo do cômodo. Harry se levantou lentamente e foi em direção ao espelho.
Voldemort se olhou no espelho e se cumprimentou.
- Bem vindo à minha mente Potter! – Disse ele – Ultimamente eu venho aperfeiçoando minha mente de modo que eu possa sentir quando alguém penetra dentro dela. Incrível não é?
Harry tentava acordar daquele sonho, ou melhor, pesadelo. Mas parecia estar preso aquilo que via.
- Uma das novas coisas que também poso fazer agora é prende-lo aqui – Disse Voldemort rindo – Mas eu acho que você já deve ter percebido isso não é?
Harry tentou acordar novamente, não estava dando certo. Novamente se sentia como um peixe preso em uma rede, não podia escapar. A sua visão começou a embaçar, e finalmente, escuridão total.

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