O Primeiro Beijo



- Não pode estar falando sério! – disse Hermione, num tom de incredulidade.
- Por que não? Nós dois podemos fazer isso Hermione. Diferentes razões para diferentes objetivos.
- Harry, não dá! É estranho! Todo muito vai achar estranho. Eu e você somos amigos desde os onze anos.
- Não vão achar tão estranho assim – replicou Harry – lembre-se que no quarto ano, todos pensaram que nós éramos namorados. Lembra-se dos artigos no profeta diário?
- Tudo bem, talvez não seja tão estranho – disse Hermione, como se ponderasse a idéia de Harry. – Mas assim mesmo, eu não posso fazer isso, Harry! Rony bem que merecia, para ver que podem existir outras pessoas que podem gostar de mim, mas eu não posso fazer isso com Gina. Ela é minha melhor amiga, e eu detestaria perder a amizade dela!
Como se aquilo findasse o assunto, Hermione girou nos calcanhares e caminhava para a porta quando Harry se precipitou a sua frente, impedindo-a de sair.
- Se você tivesse que escolher entre você e Gina para uma batalha frontal com Voldemort, Hermione, quem você escolheria? – perguntou Harry, misterioso.
- A mim, é claro ! – respondeu Hermione, sem pensar muito – Além de ser mais velha, sou mais experiente, e possivelmente conheço mais feitiços do que Rony e Gina juntos. É a escolha mais lógica!
- Acertadamente, Hermione! – disse Harry, com uma ponta de tristeza. – Se pudesse, privaria as duas, mas não posso mais privar você já que todos, no mundo bruxo, sabem que somos muito amigos, mas posso privar Gina desse suplício. Eu peço sua ajuda para isso, Hermione. Só você pode salvar a vida de Gina.
Hermione ficou parada um instante, com o cenho franzido, ponderando todos os argumentos de Harry. Hermione não queria magoar Gina e sabia que ela ficaria muito magoada por aquela traição, mas faria qualquer coisa para manter a amiga fora de perigo e sabia que Harry tinha razão neste ponto. Havia também outra coisa...
Ela sempre teve preocupação por Harry. Ele havia perdido muita coisa e sofrera muito. Ela sabia que poderia proteger Harry e zelar por ele se estivesse ao seu lado, e era seu dever como sua melhor amiga e seria bem mais fácil fingindo ser sua namorada. Harry era a sua vida. E se ele morresse, as coisas perderiam o sentido.
Além disso, pensou ela, esboçando um sorriso maroto, era o castigo perfeito para Ronald Weasley, aquele ruivo que a fazia sofrer tanto.
- Está bem, Harry! – disse ela, estendendo a mão para compactuar o acordo entre eles – Seremos namorados até que essa loucura acabe.
Harry ergueu a mão e tocou a de Hermione. Ele sorriu imaginando que talvez as coisas ficassem melhores dali para a frente. Seria estranho ficar com a garota que era como sua irmã, mas seria bem melhor do que arriscar a vida de mais uma pessoa por questões amorosas.

Alguns minutos depois...

Rony tentava, com dificuldade, prestar atenção no que Gabrielle Delacour dizia quando viu uma coisa muito engraçada acontecer no outro lado do pátio de dança, onde poucos casais bailavam. Harry saiu do corredor do banheiro feminino trazendo Hermione pela mão. E ainda mais curiosamente, os dois andaram até o meio da pista e começaram a dançar, não como amigos, mas como...outra coisa.
Aquilo incomodou Rony enormemente que deu a volta no pátio, deixando Gabrielle falando sozinha para se aproximar de Gina que enxugava as lágrimas, olhando para Harry e Hermione com cara de nojo.
- Gina! O que está acontecendo aqui? – perguntou Rony, apontando para o pátio.
- Você não vai acreditar quando eu lhe disser – disse ela, esfregando o nariz. – Você não vai acreditar no que acabei de ver no banheiro feminino!


- Até que você sabe dançar, Harry! – disse Hermione, animada. Não era a primeira vez que dançava com ele, mas parecia que agora ele estava mais relaxado e os dois movimentavam-se graciosamente pela pista, atraindo, não só a atenção de Gina e Rony como também de outras pessoas.
- Bem, aprendi com Parvati e Luna! – respondeu ele, enquanto observava de soslaio a conversa entre Rony e Gina no canto do pátio de dança – Mas, é claro, é muito mais fácil dançar quando sua parceira é leve, graciosa e adorável.
- Harry! – disse Hermione, dando uma risadinha terna. – Não precisa fingir aqui. Rony e Gina não estão nos ouvindo.
Harry somente sorriu ao comentário de Hermione, achando melhor não dizer que não estava fingindo. Hermione era mesmo graciosa. Conduzi-la no palco de dança era como conduzir uma coruja desenvolta. Ele rodopiou com ela, fazendo os cachos escaparem do coque no alto da cabeça, dando-lhe uma aparência ainda mais romântica, enquanto ela exibia seus dentes alvos num sorriso sincero. Foi então que Harry a puxou delicadamente para si e tirando alguns fios do rosto da amiga, aproximou seus lábios dos dela.
- O QUE ESTÁ FAZENDO? – perguntou Hermione, parando de repente, toda nervosa, quando seus lábios estavam a milímetros de distância.
- Namorados se beijam, Hermione! – disse Harry, calmamente, enquanto deslizava a mão por sua cintura, sentindo o calor que emanavam de seu corpo. – Rony e Gina nunca acreditarão se não nos beijarmos.
Hermione esqueceu que beijos e carícias faziam parte do fingimento. Mas era estranho, pois além de Krum que lhe dera um beijo sem graça, nunca ninguém havia tocado nela e Harry o fazia de uma forma que a deixava sem fôlego.
- Está bem! – respondeu ela, fechando os olhos como se esperasse por uma injeção dolorosa, o que fez Harry sorrir, mas mesmo assim, ele tornou a distância entre seus lábios e os dela inexistente. Era o primeiro beijo de Harry e Hermione.
Hermione estava nervosa, mas quando sentiu os lábios de Harry, deixou o nervosismo de lado e entreabriu ainda mais os lábios, como se esperasse ser totalmente tomada pela paixão fingida de ambos.
Aquele toque pareceu eterno para Hermione, que sentiu uma estranha sensação se espalhar por seu estômago e teve a impressão de que cairia se Harry não a sustentasse naquele momento. Harry, pelo contrário, incrementou a cena, beijando-a vorazmente, deixando que a paixão o arrebatasse naqueles segundos.
Muito tempo depois, quando Harry se afastou, percebeu que Hermione tremia, enquanto ainda mantinha os olhos fechados.
- Mione? – ele sussurrou baixinho em seus ouvidos. – Você está bem?
Hermione abaixou a cabeça e a repousou no ombro de Harry, esperando que a vida voltasse às suas pernas, temporariamente dormentes.
Enquanto isso, Harry começou a se movimentar lentamente, seguindo o ritmo de uma dança lenta, enquanto abraçava Hermione ternamente, tentando acalmá-la.
Era estranho... era muito estranho. Era bom estar assim com Hermione. Por breves instantes, Harry sentiu-se pleno e feliz, e desejou ficar assim por toda a sua vida, possivelmente, breve vida. Mas o estranho era que Harry jamais imaginou que se sentiria assim com uma mulher em seus braços. Imaginou que a sensação foi estranha, diferente e arrebatadora pelo comportamento de Hermione que, claramente, não tinha experiência com garotos. “Sim, foi isso”, pensou ele, Hermione estava nervosa e no intuito de abrandar os sentimentos da amiga, Harry se entregou para além do fingimento naquele beijo. “Não tem nada a ver com paixão verdadeira”.
“É a Mione, Harry”, disse a si mesmo, “Sua melhor amiga. Não seja um canalha. Não com ela”. Mas por mais que sua razão dissesse para ele que talvez não tivesse sido um bom plano aquele de fingir namorar Hermione, Harry continuava segurando-a, sentindo a respiração e as batidas irregulares do coração da garota que sempre fora como sua irmã.
- Acho que estou melhor agora! – disse Hermione, de repente, afastando-se um pouco dele, mas sem levantar seus olhos para os dele. – Só preciso me sentar um pouco, se não se importa, Harry!
Hermione pensou em ir na frente, mas Harry a segurou pela cintura e os dois foram juntos se sentar onde Gina e Rony estavam.
- O que significa isso? – perguntou Rony quando Harry, gentilmente, puxou uma cadeira para que Hermione se sentasse. – Harry... explica isso!
- Não há nada para explicar, Rony! Eu e Mione decidimos namorar!
- Não faz nem meia hora que eu a dispensei. – disse Rony apontando Hermione.
- Por isso mesmo! – respondeu Harry – Eu não queria brigar nem com você, nem com Gina, mas já estava na hora de falar a verdade. Faz muito tempo que gosto de Mione, e já que a dispensou, resolvi tentar a sorte e o meu amor aceitou, não é, Mione? – disse Harry, piscando para Hermione. Hermione apenas balançou a cabeça.
- Mas... mas... – continuou Rony, bufando de raiva.
- Mas o que? – perguntou Harry, com raiva do amigo. Ele não tinha o direito de dar aquele xilique ciumento depois do que dissera sobre Mione.
- Será que podemos conversar lá fora... você e eu? – convidou Rony e Harry e ele saíram pouco depois.
Hermione ficou um pouco constrangida por estar ao lado de Gina que ainda chorava muito e tomava doses generosas de uísque.
- Não beba isso, Gina. Vai ficar doente amanhã! – aconselhou Hermione, com pena da amiga.
- O que te importa? – disse Gina bruscamente. – Eu imaginava que Harry tinha uma queda por você, mas você, Hermione? Nunca imaginei que fizesse isso comigo. Sabendo que eu o amo. Como pôde fazer isso comigo, Mione. Eu sou sua melhor amiga.
Hermione engoliu em seco, olhando com pesar para Gina, sentindo-se a pior amiga da face da terra naquele instante.
- Oh, Gina... eu sinto muito! – disse Hermione, tentando abraçar Gina para consolá-la, mas a ruiva simplesmente a empurrou.
- Fique longe de mim, sua traidora! – disse Gina, levantando-se e sumindo por entre a pista de dança.
Hermione a acompanhou com o olhar, quando viu uma coisa muito estranha acontecer. Gina passou do lado de uma mesa em que dois homens conversavam e olhavam para os lados para ter certeza de que ninguém os vigiava. Mas Mione viu bem, quando um deles passou por debaixo da mesa um objeto. Parecia uma coroa, ou uma tiara de brilhantes, mas assim mesmo, o objeto parecia ser ilícito. Poderia ser um... horcruxe?
O homem que portava o objeto levantou-se e saiu do salão, mas Mione decidiu segui-lo, tomando cuidado para que o que ficou sentado não a visse. Ficou ainda mais alerta para que o primeiro não a visse enquanto ela ia atrás dele, escorando-se na parede cada vez que ele olhava para trás. Ele saiu do prédio e entrou numa viela que parecia totalmente inabitável, cheia de latas de lixos e peças de carros velhas espalhadas pelo chão, tentando ganhar lugar entre os muitos ratos que ali habitavam.
Chovia uma garoa fininha e, com aquele vestido de seda fino, Hermione tremia de frio, mas ainda assim, decidiu ir atrás do estranho homem. Achou que o havia perdido quando chegou ao final do beco, sem ver ninguém e, desanimada, virou-se para voltar ao salão, quando parou de chofre. A sua frente, estava Belatriz Lestrange.
- Olá, garotinha do Potter! – disse a bruxa, apontando para ela a varinha. – Você é bem curiosa para uma sangue-ruim. Acho que o Potterzinho vai sentir a sua falta quando eu te matar.
E dizendo isso, Belatriz ergueu a mão, brandindo a varinha ameaçadoramente...






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