Insanity



Harry ficou parado, esforçando-se para enxergar além, mas não via nada. Pensou em destruir o lampião de luz azul, mas, se exterminasse a única luz que houvesse ali, jamais seria capaz de achar a saída.
O pior é que sabia que Voldemort podia vê-lo e ele não podia ver nem o Lord das Trevas e nem Hermione que se escondera em algum ponto da escuridão.
- Eu vou matá-lo! Vou esquartejá-lo! Vou estraçalha-lo! Crucios!
Harry debateu-se de dor no chão, imaginando quando aquela tortura iria terminar. Eu tenho pouco tempo. Agora devo ter menos de uma horas. O que vou fazer, meu Deus? Pense, Harry, pense.
Mas nada lhe vinha mente.
- Mas acho que sei o que vai ser castigo suficiente para você! – continuou o mestre das trevas, sem lhe dar trégua. – Que tal se eu torturar a sua amiguinha na sua frente? Ein... venha garotinha... venha cá... venha cá... sua miseravelzinha!
Harry sabia que em algum ponto na escuridão, Voldemort tentava pegar Hermione e o desespero tomou conta dele.
- HERMIONE, CORRA... HERMIONE CORRA... !
- Ah!!!! Ah... me larga... me larga ! – era a voz de Hermione. Voldemort a havia capturado.
- O que acha disso, Harry Potter?
- AHHHHH!!!! – Hermione gritou de dor.
- Seu desgraçado! Deixa ela em paz! – Harry gritou em resposta.
Hermione correu para longe. Harry percebeu o vulto da garota vindo em sua direção, então juntou as forças e a agarrou antes que ela pudesse se esconder em outro lugar.
- Ah... me larga... me larga – gritou ela, debatendo-se contra ele também.
- Calma, Hermione... eu não vou te machucar... sou eu, Harry... sou eu... querida...
Quando Harry segurou Hermione, certificou-se de ficar com as costas à mostra para que se fosse atingido, o raio não acometesse Hermione. E foi justamente o que aconteceu. Um raio veio da escuridão e bateu em suas costas. Era o cruciatus novamente.
Normalmente a dor era tão forte que ninguém conseguia controlar os impulsos, mas Harry, sem saber como, concentrou-se fortemente em manter Hermione cativa em seus braços. Sabia que Voldemort tentava fazê-lo soltar a garota.
- Solte a sangue-ruim, Potter... – disse Voldemort – Solte-a para que eu possa torturá-la!
Mas Harry não soltou.
- Eu não vim até o inferno por ela... para deixá-la ir agora... – Harry conseguiu dizer, apesar de sentir as forças deixarem o seu corpo.
- Eu vou até o inferno por você, Hermione... eu fico aqui se precisar... eu vou até qualquer lugar por você... meu... amor...
- Harry...? – Harry escutou a vozinha de Hermione e abaixou a cabeça... Ela olhava para ele com os olhos marejados. A negrura das órbitas havia ido embora e agora havia um brilho terno e romântico.
Hermione abraçou o amigo, sem entender direito o que estava acontecendo e sem saber se o que via era verdade ou mentira naquele mundo estranho e caótico. Foi quando viu, por cima dos ombros do amigo, uma luz vermelha se aproximar de onde vinha o raio que atacava o suposto Harry.
- Os olhos... os olhos vermelhos... AHHHHHH!
Hermione começou a gritar desesperada, deixando Harry sem ação. De repente, o raio parou.
Ainda atordoado, Harry virou-se lentamente e olhou para trás. “Deus... do... céu....!”
- JÁ NÃO LHE DISSE PARA NÃO DIZER ESSE NOME AQUI, GAROTO?
Uma coisa, uma besta, uma criatura abissal estava a sua frente. Ele era de uma cor esverdeada com calombos pútridos por todo o corpo, mas os olhos emanavam uma cor vermelha. Ele tinha garras bem afiadas e compridas. Voldemort estava caído ao lado da criatura, cortado em dois.... e agora... a criatura vinha para Harry.
Acabou.
Foi o que Harry pensou na hora, sem conseguir dizer nada.
A coisa levantou a garra, preparando-se para atacar Harry.
- Harry.... não...
Harry viu quando Hermione se postou a sua frente. Os cabelos da garota tamparam sua visão, mas ele sabia o que aconteceria.
- Não... meu Deus... de novo não!
Não... ele não poderia deixar que isso acontecesse... não poderia deixar que Hermione novamente se sacrificasse por ele. Não era a vida que estava em jogo ali, era a existência, uma coisa muito mais profunda do que céu ou inferno e não haveria vivência nenhuma para ele se Hermione não existisse, então fez a única coisa que conseguiu fazer naquele momento trágico, agarrou Hermione com todas as forças e virou-se.
- AHHHHH! – Ela o grito de Harry e Hermione juntos.
Harry achou que seu corpo seria a proteção para Hermione, mas estava enganado. As unhas compridas haviam transpassado o seu corpo e o dela.
- Hermione... ! Harry tentou resistir a dor. Imaginou o que poderia acontecer a eles se ele não resistisse. Por fim lembrou-se novamente das palavras de Snape. Ele tinha Hermione firme em seus braços apenas da dor que acometia ambos. Então se concentrou nas melhores memórias que tinha. Em sua mente veio o sorriso de Hermione. As horas que passaram juntos e depois veio algo ainda maior e mais emocionante.

O primeiro beijo que dera em Hermione fora terno e ao mesmo tempo arrebatador. Percebeu tantas emoções em Hermione que não conseguiu ver que a maior emoção estava nele. Ele a percebera como mulher pela primeira vez. E ele a desejava muito. Um desejo que ia além do carnal. Era o desejo de vê-la bem. De querer vê-la sorrir...

Aquela emoção era o combustível que faltava para lhe dar forças. Abraçando Hermione ainda mais ternamente, Harry conseguiu balbuciar:

- ASCENDIUS!

A dor se acentuou no peito onde a garra daquele mostro que Harry sabia se tratar do próprio diabo havia se alojado. Por um instante acho que não funcionaria o feitiço para tira-lo dali e que ambos, ele e Hermione, seriam destruídos para sempre. Por fim, uma luz apareceu diante de seus olhos e ele sentiu como se não houvesse mais chão. Ele e Hermione flutuavam suavemente.
Hermione escorregou de seus braços, mas ele conseguiu alcança-la novamente e a manteve firme.
- Fique comigo, Hermione... fique comigo!!!
A luz envolveu-os tanto que ambos não enxergaram mais nada.

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- Harry?
Harry abriu os olhos depois do que lhe pareceu uma eternidade. Snape olhava para ele com curiosidade.
- Você conseguiu, Harry! – disse o professor exibindo um sorriso. Agora ao lado do professor apareceram Gina, Rony, Macgonagal e outros mais.
O cheiro de enxofre era insuportável, mas Harry levantou a cabeça para ver o que estava acontecendo. Então viu...
Hermione ainda estava ali. Aconchegada em seus braços, toda encolhida como se estivesse dormindo.
- Eu consegui! – disse ele baixinho, afastando os cabelos de Hermione do rosto para ver a face dela.
- Harry... meu Deus... você é louco! – Gina pulou sobre ele e começou a abraçá-lo.
Harry se irritou com aquilo. Ele queria abraçar Hermione, queria ficar com ela. Macgonagal puxou Hermione do seu braço antes que pudesse fazer alguma coisa e Madame Pomfrey começou a examiná-la.
- esperem... Hermione...
- Ela precisa ir para a sala hospitalar, Potter – respondeu Macgonagal... – Você também...
- Harry... meu amor... meu amor... Harry... – Gina beijava os lábios de Harry mesmo contra a sua vontade. Agora Rony havia levantado Hermione nos seus braços e a levava para a ala hospitalar.
- Vai dar tudo certo, meu amor. – disse o ruivo, deixando Harry vermelho e nervoso. – Eu vou cuidar de você agora...
Não. Ele precisava cuidar dela. Ele precisava dela agora...
- Hermione...! Hermione... ! – disse Harry, erguendo a mão para a direção dela como se pudesse alcançá-la. Gina olhou com pesar para o gesto de Harry, mas ele não percebeu. Uma dor no peito invadiu-o novamente. Sem forças deixou-se cair novamente no chão, as trevas tomando-o por completo.




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