O último horcrux



Quando os alunos conscientizaram-se do perigo que a marca negra representava, o pânico foi geral. Os mais novos pareciam perdidos, enquanto os mais velhos gritavam e corriam de um lado para outro. Rony, como monitor-chefe da Grifinória, já que Hermione estava ausente, tentou tranqüilizar os grifinórios, em vão.
A coisa toda só se tranqüilizou quando Minerva se manifestou.
- Alunos! Aquietem-se! – gritou ela, enquanto o burburio se acalmava. – Os professores Flitwick e Slughorn irão organizar a retirada dos alunos do primeiro ao quinto ano, com a ajuda dos monitores. Monitores Chefes, vocês devem ficar com os alunos do sexto e sétimo ano até segunda ordem.
Enquanto todos voltavam aos seus lugares, Minerva cochichou algo para Slughorn e Flitwick, desceu da bancada dos professores e tomou o corredor da Grifinória.
- Potter, venha comigo! – disse a diretora, sem nem mesmo parar.
Harry levantou-se imediatamente, sob os olhares dos outros alunos, e seguiu Minerva para fora do Salão Principal.
Quando alcançaram o saguão de entrada do Castelo, Harry teve que se controlar para não passar mal, pois o que viu, deixou-lhe sem fôlego.
Acampados nos jardins de Hogwarts, um exercito de Dementadores, Gigantes, Lobos e Comensais preparava-se para um grande batalha.
- Meu Deus! – disse Minerva apavorada.
- Temos que tirar todos daqui, imediatamente, diretora! – disse Harry, preocupado.
- Sim, é o que estamos tentando fazer. Eu mandei Slughorn e Flitwick levarem os alunos para uma passagem secreta que vai de minha sala até a estação de Trem.
Harry imaginou porque aquela passagem não estava no mapa do Maroto, mas não fez nenhum comentário.
- Harry... vou pedir ao quinto e sexto ano lutarem conosco para que dê tempo aos alunos menores fugirem. Mas, você deve fugir, Harry. Você sabe que a profecia...
- Professora... não pense que vou fugir e deixar meus amigos aqui para lutarem por mim... eu vou lutar também....
- Harry...
- Não adianta!
Como Harry estava resoluto, Minerva não teimou a convencer-lhe. Pensou em fechar a pesada porta mágica do castelo, o que atrasaria os comensais em alguns minutos, mas antes de fazê-lo, Harry a impediu.
- Espere! – disse ele, apontando para fora. Havia uma movimentação no exercito lá fora. De dentro da multidão, surgiram cinco figuras conhecidas por Harry. No centro estava Voldemort, e ao seu lado estava Snape e Nagini. Um pouco mais atrás, estavam Draco e Belatriz.
- É melhor fecharmos as portas! – disse Minerva, erguendo a varinha, mas novamente Harry a impediu.
- Espere, Snape está vindo para cá!
Era verdade. Enquanto todos permaneceram em seus lugares, Snape começou a caminhar na direção deles. Subiu as escadas do saguão e entrou no castelo.
Harry ergueu o rosto quando seus olhares se cruzaram. Internamente ele fervia de raiva. Podia matá-lo a qualquer minuto. Sua mão agarrava fortemente a varinha, escondida no bolso.
- Eu vim discutir os termos da batalha! – resmungou Snape, com um casual olhar superior.
- Eu vou discutir os termos da batalha, com você, juro que vou! – disse Harry, sem conter mais a raiva, apontando para ele a varinha.
- Se me atingir agora Harry, o exercito invadirá o castelo e todos morrerão. – disse Snape, sem demonstrar medo. – Você tem cinco minutos para me escutar...
- Harry... acho que não temos muita escolha. – disse Minerva com os olhos lacrimejados.
- Está bem, fale, seu desgraçado, assassino... – disse Harry, abaixando a varinha, mas sem deixar de segurá-la firme e alerta.
Snape olhou em volta para ver se só havia Minerva e Harry ali, então começou a falar.
- Eu vim aqui, supostamente para convencê-lo a se entregar, mas tenho outros planos, diferentes dos de Voldemort. Sei o que tem pensado de mim, Harry, mas saiba que ainda estou do seu lado.
- Está mesmo? Pensei que havia matado Dumbledore, um homem debilitado e sem chances para lutar, seu covarde, filho da p..
- O próprio Dumbledore deu-me ordens para matá-lo, Harry, acredite em mim. Eu vou lhe contar tudo agora...
Harry estreitou os olhos. Lá fora, Voldemort fazia poses de quem tinha tudo sob controle. Seria mais um plano? Estava tudo a favor deles. Não havia aurores ali, se eles conseguiram penetrar Hogwarts e suas defesas, então estava tudo acabado. Só o que precisariam fazer era invadir o castelo e matar todos, inclusive Harry, mas... ali estava Snape, tentando lhe dizer alguma coisa.
- Fale!
- Harry... sei que vai achar estranho, mas tudo o que aconteceu foi um plano de Dumbledore. No início do ano passado, Narcisa e Belatriz me fizeram jurar que eu mataria Dumbledore se Draco não conseguisse. Eu, é claro, contei para Dumbledore, implorei para que ele fugisse, mas isso denunciaria a mim e a Draco...e ambos morreríamos.
- O que não seria uma má idéia! – disse Harry, sarcástico.
- Sim, Harry, mas Dumbledore não aceitou. Disse que queria converter Draco que não tinha culpa por quem era, tendo os pais que tem. Eu sempre protegi Draco. Sempre quis tranformá-lo num homem como você, Harry, infelizmente a influência de Voldemort sobre ele, foi mais forte. Dumbledore disse que faria tudo para impedir Draco de matá-lo, pois o assassinato é o pecado mais grave Harry, do qual não se têm volta. Assassinar uma pessoa faz sua alma se quebrar e você precisa ser muito forte para continuar a ser bom e puro. Dumbledore disse que eu deveria matá-lo. Isso salvaria a Malfoy e daria créditos a mim. Credito suficiente para que o Lord das Trevas me entregasse aquilo que lhe é mais precioso: sua alma.
Harry franziu o cenho, não sabia ao certo o que Snape estava tentando lhe dizer.
- Esta noite, Harry, foi planejada por mim e por Dumbledore meses antes dele morrer. Veja: em meus bolsos eu tenho dois dos horcruxes que faltam para derrotar Voldemort: o anel de Lufa-lufa e o medalhão roubado da família Black!
- O medalhão? Roubado por R.A.B.?
- Sim, Harry. R.A.B é Remulus Black, irmão de Sirius que se converteu pouco antes de morrer. O medalhão ficou na sede da Ordem no Largo Grimmauld por meses até Mundungus Fletcher o roubar no ano passado. Ele entregou o medalhão a Abeforth, o dono do Cabeça de Javalis, Harry, que poucas pessoas sabem que é irmão de Dumbledore.
- Mas se Abe tinha o medalhão, então Dumbledore saberia que o medalhão estava com ele o tempo todo e não nos levaria até aquela maldita caverna... que lhe tirou suas forças e fez com que você o matasse tão facilmente. O maior bruxo de todos os tempos... não seria morto daquela forma por você.
- Justamente, Harry. Dumbledore queria tirar você de Hogwarts e ao mesmo tempo queria que a morte dele fosse plausível para Voldemort... foi por isso que Dumbledore foi até a caverna e insistiu, imagino, em tomar a poção que o enfraqueceria. Ao mandar Draco matar Dumbledore, o Lord das Trevas sabia que Draco falharia. Ele queria mesmo a morte de Draco. Mas a morte de Dumbledore foi muito bem vinda. Ele já me tinha em alto estima e saber da novidade o fez entregar dois dos horcruxes que ele havia recuperado.
- Mas... se o medalhão está com você...?
- Abeforth foi roubado pouco depois da morte de Dumbledore.
As coisas faziam certo sentido, agora, Harry pensou. Era estranho pensar que Dumbledore havia planejado sua própria morte, mas era coisa dele. Sacrificar a si próprio para dar a Harry alguma chance de vitória.
- Mas isso não é muita coisa. Está bem... dois horcruxes podem ser destruídos, mais ainda faltam três. – disse Harry, concordando com Snape meio a contragosto.
- Um horcruxe está ao lado de Voldemort, Harry... é Nagini. Os outros dois estão com você!
- Comigo? – Harry perguntou incrédulo.
- Não foi fácil tirar a informação de Voldemort sobre o objeto da Grifinória que ele usou. Só com muita persuasão ele me disse que a espada de Godrico Grifindor é um dos horcruxes, Harry.
Harry sorriu ao pensar na espada que ficava sempre na sala de Dumbledore que agora era de Minerva. Era estranho pensar que aquela espada já havia lhe salvado a vida uma vez, no segundo ano. A esperança parecia ter voltado a ele. Nagini não seria muito difícil de matar. O próprio Snape poderia fazer isso, antes que Voldemort percebesse, assim, só faltava o último horcruxe. Destruir o último horcruxe seria, enfim, a destruição do Lord das Trevas. Compreendia por que Dumbledore havia feito aquilo tudo. Ao manter Snape do lado das Trevas com estima elevada, daria a Harry a oportunidade para vencer a batalha final.
- Então diga, Snape... onde está o último horcruxe? – perguntou Harry, sentindo-se animado, mas então uma coisa aconteceu.
Snape abaixou os olhos e respirou profundamente antes de contemplá-lo novamente. Harry sentiu que ele tinha uma má noticia e imaginou o que seria.
- Harry.... você vai precisar ser forte... – disse Snape, com um tom sombrio e sério que assustou Harry.
- Fale o que é?
- O último horcruxe de Voldemort foi feito quando ele matou sua mãe, Harry. Ele procurou um objeto entre as coisas de seus pais, um pouco antes de matar a sua mãe e encontrou uma tiara... – “Tiara!”, Harry pensou. A tiara que Hermione havia retirado das mãos daquele homem que morrera na viela. – Pois bem... quando ele foi quase destruído por você, na noite em que matou sua mãe, a tiara foi tirada dali por alguém... mas no dia do casamento de Gui e Fleur... Voldemort transferiu a horcruxe para outro lugar, matou aquele homem na viela para que o feitiço desse certo...
- Então Minerva tinha razão! – disse Harry. – A tiara tinha sido mesmo um horcruxe... mas estão... onde está o Horcruxe então?
- Num lugar bem mais guardado. Contando com seus sentimentos, Harry, Voldemort guardou a horcruxe num lugar que ele sabe que você não terá coragem de destruir... é por isso que tem que ser forte... você tem que destruir essa horcruxe de qualquer forma, Harry... de qualquer forma...
- O QUE É A HORCRUXE, DROGA... FALE LOGO! – gritou Harry, sem paciência.
- Quem... Harry... não o que...
Harry sentiu-se tonto naquela hora quando percebeu o que Snape queria lhe dizer. E sem percebeu, uma lágrima surgiu no canto de seus olhos.
- Hermione... – disse Harry, olhando para as escadas. Sabia que em alguns andarem acima, ela dormia tranqüila na ala hospitalar.
- Sim... Harry... GRANGER é o último horcruxe...
Harry sentiu um aperto no coração, uma tristeza funda na alma que lhe dizia que uma coisa terrível estava acontecendo.
- Podemos tirar dela, não podemos? Podemos transferir para outro objeto e, então, destruí-lo.
- Somente o Lord das Trevas pode fazer isso. De qualquer forma, Harry, isso não pode ser feito sem matar Hermione. Ela morrerá de qualquer jeito. Voldemort está contanto com seus sentimentos. Eu o convenci que ela é a sua namorada... que ela é a única família que você tem. Eu, intimamente, sabia do seu relacionamento com a Weasley, então facilitei. Fiz mesmo com que o mestre escolhesse Hermione. Eu salvei Gina Weasley por você, Harry. Até porque... eu sabia que seria mais fácil para você matar Hermione.
Harry sentiu nauseado com o que Snape estava lhe dizendo. Salvou Gina... ? Por acaso ele não sabia que Hermione era sua melhor amiga? Que as horas e aventuras que passou ao lado de Hermione não se comparavam aos momentos que passara com Gina. Não queria tampouco que essa desgraça acometesse Gina... ou ninguém, afinal, Gina era seu amor, mas era insuportável a sensação de perda que tinha naquele momento. Uma dor tão grande que parecia apertar seu coração.
- Harry... se não matar Hermione... jamais derrotará Voldemort e o mundo todo ficará à mercê dele... VOCÊ PRECISA SER FORTE!
Harry era forte. Ele tinha enfrentado tantas coisas nessa vida que Snape não podia nem imaginar, mas não sabia se teria a coragem para matar a razão de sua vida... sua melhor amiga e companheira das batalhas. Uma menina que era inocente e adorável e que já tinha sofrido mais do que deveria sofrer na vida por causa de Harry...


Hermione sentiu uma estranha sensação no peito e foi obrigada a se levantar. Pela janela da ala hospitalar, divisou Voldemort e os comensais num exercito pronto para atacar Hogwarts.
- Meu Deus! – disse ela apavorada.
Juntando as forças, caminhou para fora da enfermaria. Estava tonta e tinha que se apoiar na parede o tempo todo, mas conseguiu caminhar, razoavelmente rápido.
Havia uma grande movimentação nas escadas. Os alunos seguiam em fila para o corredor onde ficava a sala de Minerva. Ela perguntou para um e outro aluno, mas ninguém sabia lhe dizer o que estava acontecendo até que trombou com o irmão mais novo de Colin Creevey.
- Hermione... namorada de Harry Potter, por favor, salve meu irmão... ele ficou no salão principal... as pessoas estão dizendo que haverá uma grande batalha.
Hermione nem parou para saber de mais informações. Desceu como pôde as escadas para encontrar Harry e Minerva que estavam olhando para fora.
- Harry... Harry... – disse Hermione, aproximando-se dele. No mesmo instante ela percebeu que ele estava estranho. Evitava olhar nos olhos dela. – O que está acontecendo?
Hermione olhou para Minerva, mas a diretora estava chorando.
- Diretora! Vá até o salão principal e digam para os alunos virem para cá. Vamos organizar a batalha... depois vá ao seu escritório... buscar... você-sabe-o-que... – disse Harry, despachando a diretora, ficando a sós com Hermione.
Lá fora, Hermione assistiu Snape indo se juntar ao exercito de Voldemort.
- Harry... precisamos fugir daqui... você precisa fugir daqui. A profecia é bem clara. Somente você pode destruir Voldemort e não vai conseguir isso se ficar aqui. Você está me escutando, Harry?
- Eu nunca te disse o quanto você é importante para mim, não é, Hermione? – disse Harry num tom de voz estranho.
- Harry...?
- Durante esses sete anos em que passamos juntos... eu nunca lhe disse que você é a coisa mais importante de minha vida... bem...eu precisava dizer isso agora... Eu gosto muito de você, Hermione... você nem imagina o quanto.
- Eu também te adoro, Harry... mas você está falando como se fôssemos morrer, e nós não precisamos morrer, Harry... você não precisa morrer... você precisar fugir... por favor...
- Eu não vou morrer, Hermione... – disse Harry e Hermione viu, assustada, uma lágrima correr nos olhos dele.
“É VOCÊ QUEM VAI MORRER...QUERIDA...”, pensou Harry, enquanto deixava aquela tristeza profunda tomar conta de sua alma.


Hermione ficou ali, apavorada, tentando convencer Harry por minutos enquanto lá fora, o exercito se preparava para atacar Hogwarts.
- Harry... pelo amor de Deus, você precisa sair daqui. – Hermione tentava arrastar Harry, mas como estava debilitada cansava-se rapidamente e acabava se apoiando nos seus braços. Depois, tomava novo fôlego e recomeçava sua luta pessoal para tirar seu amigo dali. Ele, no entanto, não movia nem um músculo, olhava para fora como se estivesse simplesmente contemplando o luar.
- Harry... por favor... – Hermione disse, chorosa. Harry olhou para ela e se enterneceu. Acariciou seu rosto com uma das mãos, enquanto tomava a mão dela na outra.
- Jamais me esquecerei de você, Hermione...


- Harry! – disse Minerva, descendo as escadas rapidamente. – Eu trouxe a espada! E os alunos do sexto e sétimo ano estão vindo para nos ajudar.
- Ótimo! – disse Harry, resoluto, e depois olhou nos olhos de Hermione – você vai ficar aqui do meu lado, quando Voldemort invadir o castelo, entendeu?
Hermione havia entendido. É claro que ela ficaria, mas não entendia Harry. Ele não sabia que era impossível ganhar aquela batalha? Hermione estava agoniada. Sentia dores fortes no peito, mas não era isso que a incomodava mais. Ela estava preocupada. Sabia que Voldemort não teria outro alvo naquele lugar que não Harry.


O exercito lá fora começou a caminhar no mesmo instante que os alunos se posicionaram no grande saguão de entrada. Gina, Luna, Neville e Rony ficaram na frente dos outros e perto de Harry.
- Preparem-se! – gritou Harry para todos que tremiam de medo, enquanto segurava a mão de Hermione – Concentrem-se nos Comensais e Dementadores. Os Gigantes não conseguirão entrar, então, faça o que fizerem, não saiam do castelo e não se aproximem de Voldemort e SNAPE... ELES SÃO MEUS!

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