De volta



Me lembre de não esquecer que te amo

Autora:
Thaís Potter Malfoy

Shippers: Harry/Hermione; Draco/Hermione; Harry/Gina.

Resumo: Hermione sofre um ataque e acorda na enfermaria da escola, sem memória. Agora ela está totalmente perdida e não sabe se deve acreditar em seus sentimentos ou no que as pessoas lhe dizem.

Spoiler: 1 a 5

Capítulo Quinze – De volta

O som forte da porta batendo ainda ecoava em sua mente, o que provocou nela uma grande dor de cabeça. Isso para não mencionar as pontadas agudas no peito, que doíam mais do que qualquer outra coisa que ela tinha sentido antes.

Hermione permaneceu em pé por algum tempo que ela não sabia definir, mas que pareceu a ela serem longos minutos, até que seu corpo caminhou automaticamente para sua cama e se jogou lá, de modo que a morena terminou com o rosto escondido no travesseiro. Foi então que Hermione permitiu-se derramar toda e cada lágrima que seu corpo teimava produzir incessantemente.

Ela ainda não tinha se dado conta – não até aquele exato momento, em que Draco a abraçou – do que ela tinha causado a si mesma. E agora sentia raiva por ter deixado que as circunstâncias chegassem a esse ponto, por deixar que Draco fosse embora.

Era certo que a situação era insustentável. Ela teve que fazer sua escolha, e não se arrependia, apesar de estar inconsolável. Pelo contrário, ela queria tanto que Draco lhe tivesse dado ouvidos e desistisse de sua ‘carreira’ de Comensal da Morte, unindo-se a ela e a Ordem da Fênix para se salvar. Faria absolutamente qualquer coisa para o loiro repensar sobre isso e tomar a decisão certa.

Retomando a conversa final em sua mente, Hermione soltou um soluço em meio ao seu choro e pôde sentir a garganta se fechando de dor. Nem queria imaginar o quanto seus olhos não estariam vermelhos e tristes. Não podia evitar, no entanto; Aquela tarde tinha sido muito dura.

Levantou-se resgatando todas as suas reservas de energia. Rumou para o banheiro, na esperança de tomar um banho quente e talvez esquecer o fato ocorrido, mas antes que fosse capaz de despir a blusa – a mesma blusa que quase fora tirada por Draco horas atrás –, ouviu batidas à sua porta.

- Hermione? – a voz de Harry a chamou. – Está ai?

Com mais um de seus longuíssimos suspiros, Hermione fechou os olhos muito forte e tentou controlar sua respiração e a vontade de despejar mais lágrimas, a fim de responder ao chamado do amigo sem a voz de choro que com certeza ela estaria agora. Para sua sorte, conseguiu.

- Pode entrar, Harry.

A porta abriu-se lentamente e Hermione aproveitou esse tempo para voltar o mais rápido que pôde para dentro do banheiro. Não queria que Harry a visse chorando, tanto para evitar ter de dar explicações quanto para não deixá-lo preocupado, como ela bem sabia que ele ficaria. De dentro do banheiro, soltou:

- Eu estava indo para o banho! Se importa em esperar alguns minutos?

- De jeito nenhum! – ele berrou em resposta, ao que ela imaginou que ele já estivesse sentado em sua cama, esperando.

- Não demoro!

E de fato não demorou quase nada e Hermione já estava completamente vestida e abria a porta do banheiro enquanto secava os cabelos com uma toalha vermelha.

- Hey.

- Hey, Harry. – ela disse, dando o seu melhor para sorrir-lhe o mais sinceramente possível. Ele apenas ficou a observar Hermione pegar a escova de cabelos sobre a sua escrivaninha e começar a desembaraçar seus cachos.

Harry sorriu – Adoro seus cachinhos.

Ela não pode fazer nada a não ser sorrir também. Aquele comentário tão pequeno a fazia um pouco mais feliz, embora a levasse de volta para o motivo de sua tristeza. O rápido traço de infelicidade que perpassou seu rosto não passou despercebido pelo moreno da cicatriz.

- Está tudo bem, Hermione? – ele perguntou, examinando-a de lado.

- Sim...

A resposta vaga não satisfez a curiosidade do astuto grifinório, como ela percebeu pelo olhar que recebia. Queria poder desabafar com seu melhor-amigo o que tinha acabado de acontecer, mas uma insegurança bateu e a avisou para esperar o momento oportuno.

- Sabe, Hermione. – Harry começou, ainda medindo-a de cima a baixo. – Você não tem sido a mesma ultimamente.

Ela virou de costas e foi guardar sua escova de cabelos no banheiro, se esquivando da nota feita por Harry. Mas não foi possível continuar o ignorando, porque Harry a seguiu até o banheiro, onde Hermione viu-se encurralada entre a pia e o corpo forte do apanhador da Grifinória, cercada por braços mais fortes ainda. Perguntou-se quando Harry adquirira aquela musculatura, sem deixar de se penalizar por estar pensando algo assim.

- Senhorita Granger... Você tem um enorme talento para evitar assuntos incômodos. – ele disse, seu sorriso contendo um pouco de malícia e um pouco de provocação.

- Quem está evitando o quê, Harry? Por Merlin! – ela tentou desvencilhar-se daqueles enormes braços, mas isso só acabou por fazê-la ficar ainda mais perto de Harry e aumentar seu ritmo cardíaco.

- Nós somos amigos, Hermione. – ele sussurrou. Harry falava tão baixo que ela teve de olhar para sua boca para entender o que ele dizia; Notou que a boca dele estava próxima, próxima demais. – Não temos segredos.

As palavras fizeram Hermione soltar um pequeno gemido. Não só pelo que significavam, mas também porque o corpo dele parecia se aproximar cada vez mais. “Como se isso fosse possível”, pensou Hermione, arfando.

- Você está desconfortável.. ? – ele perguntou, cínico, brincando com ela. Cada palavra que saía da boca dele esquentava o rosto dela.

- Estou ficando sem ar, Harry. – foi tudo o que Hermione disse.

- Eu te deixo sem ar? – ele não se conteve com mais uma brincadeira. Hermione pareceu muito irritada e passou a estapear seus ombros largos, para que ele a deixasse sair.

- Você me deixa encabulada. – ela disse, ainda batendo em Harry. – Que bicho te mordeu, Potter? Está muito atrevido hoje!

- Foi a mosca da liberdade, Mione. – ele riu, finalmente consentindo a passagem dela. Estranhamente, Hermione não saiu do lugar.

- Liberdade, é? – ela questionou, intrigada.

- Sim. – o sorriso no rosto de Harry só aumentou. – Terminei com a Gina agora há pouco.

Hermione já estava estática, porém seu estado só piorou após a declaração. Mirou Harry por longos instantes, sem crer.

- Isso é sério? – ela ergueu uma de suas sobrancelhas.

- É, Mione.

- Harry... Eu pensei que você tinha entendido que nós não-

- Oh, não terminei com a Gina por causa disso, Herm. – ele sorriu ainda mais. – Terminei porque senti que era a hora, e que era o certo. Gina não merece estar com alguém que não lhe dê seu devido valor. Além disso, nosso relacionamento estava um tanto quanto fútil.

Hermione sorriu, assentindo. – Desculpe-me, Harry, mas sou obrigada a concordar.

- Considere-me um homem livre – Harry continuou a fazer graça. – Sabe, a Gina às vezes me sufocava.

- Eu sei bem, Harry. – Hermione finalmente deu-se conta de que ele a havia soltado e caminhou de volta para o seu quarto. Harry a seguiu.

- Você não gosta dela mesmo, não é? – Harry perguntou, com um pequeno sorriso.

- Não fale assim, Harry! – a morena ralhou – Eu posso não gostar de algumas coisas que a vejo fazer, mas a Gina, pelo que vocês me contam, era minha melhor-amiga antes de eu perder a memória.

- Isso não muda o fato de que você não gosta dela agora. – Harry contestou. Ele puxou a cadeira da escrivaninha e passou uma perna para o outro lado do encosto, sentando-se montado.

- Ela me irrita um pouquinho. – assumiu Hermione, sentando-se na cama. – Mas acho que agora que vocês não estão mais juntos ela vai me tratar um pouco melhor, e ser menos possessiva com você, então eu não terei mais motivos para ficar irritada.

- Pelo que eu entendi, ela nem mesmo me dirigirá a palavra, nunca mais. – Harry desabafou, olhando para o chão.

- Por quê?

- Ela saiu dizendo que era melhor eu nem tentar falar com ela, porque ela não responderia, e que se algum dia eu quisesse voltar, ela não sabia se estaria disposta.

- Ora, isso é bem imaturo da parte dela. – Hermione disse, reconfortando-o.

- O que me preocupa é o Rony, como ele vai reagir. – Harry disse – Você sabe, ele é meu melhor-amigo, não sei o que fazer se ele se enfurecer comigo.

- Não tem motivo para ele se aborrecer, Harry. Você foi honesto com a Gina, e namoros nem sempre duram para sempre. – Hermione disse.

Quando ouviu as próprias palavras, a recordação do dia horrível que tivera voltou com toda a força. Ainda podia sentir o gosto amargo que o beijo de despedida deixara em sua boca; O abraço de Draco a fez tremer só de lembrar.

Sem estar consciente disso, Hermione mordeu o lábio inferior, tentando segurar o choro que parecia querer voltar. Seu olhar se perdeu na paisagem dos gramados e do Lago, que ela podia ver da sua janela. A tristeza acabara de voltar.

- Hermione? – Harry a chamou. Teve a impressão de que ele a chamava há algum tempo, pois o moreno parecia igualmente preocupado e impaciente. Virou seus olhos para os dele. – O que foi?

- É... Só... – Hermione começou, e quase se amaldiçoou ao notar que não conseguira controlar a própria voz, que saíra falha e rouca. – Eu.. Eu... N-Não é nada, Harry.

- Você mente muito mal. – ele disse, erguendo uma sobrancelha. – Eu mesmo se soubesse mentir, eu te conheço há sete anos, saberia dizer muito bem.

- Você está enganado desta vez, Harry. – ela disse, tentando encará-lo firmemente para demonstrar o quanto estava certa, e ele errado. – Talvez não me conheça tão bem quanto pensa.

- Hermione, eu não estou para brincadeiras hoje. – ele levantou-se da cadeira e parou bem em frente a ela. – Não é a primeira vez que você vem com esse papo estranho. Algo está te acontecendo, e não é só a perda de memória que te fez mudar tanto assim.

Ela não podia mais encará-lo. Harry, diferente dela, ainda estava determinado esperando uma resposta, qualquer que fosse. Ele suspirou quando esta não veio, ajoelhando-se na frente dela. O moreno tomou ambas as mãos da amiga entre as suas, e Hermione finalmente voltou a olhar em seus olhos.

- Você pode me contar qualquer coisa, Mione. – ele disse, sincero. – Eu sei que você está fazendo algo que você pensa que nós não aprovaríamos. Mas, Mione... Eu prometo levar em consideração qualquer coisa que você me contar. Você só tem de confiar em mim.

Sem mais agüentar, a morena deixou uma lágrima fina e imperceptível escorrer de seu olho esquerdo. A pequena gota traçou o caminho por sua face tão preguiçosamente que Harry apenas a observou, esquecendo-se de fazer qualquer outra coisa.

Foi Hermione quem quebrou o silêncio. – Eu não estou fazendo nada, Harry. Não mais.

O olhar dele voltou para os olhos castanhos, quase cor de chocolate. – Mas isso obviamente te deixa infeliz. O que você estava escondendo, Mione?

Hermione então pensou que talvez fosse a hora de contar toda a verdade. Ela teria que o fazer, de todo jeito – terminara com Draco justamente para isso: ser honesta com Harry e Rony, contar a verdade e esperar ser perdoada.

- Harry... Eu vou contar. – ela declarou, agora com mais lágrimas descendo em seu rosto. – Mas eu preciso saber. Você tem que me dizer se acredita que eu estou arrependida e que não vai virar as costas para mim. Eu não posso agüentar ficar sem você e o Rony.

- O que pode ser tão desastroso, Herm? Você só pode estar fazendo tempestade num copo d’água.

- Apenas diga. – ela pediu, com um pequeno soluço.

- Eu prometo que não vou virar as costas pra você. Nunca. – ele disse. Manteve o contato visual o mais fundo que pôde, esperando que isso transmitisse a ela o quanto ele estava sendo sincero.

- Obrigada.

Hermione suspirou aliviada. Seria agora o momento pelo qual ansiara pelos últimos meses. Agora ela retribuiria a amizade de Harry e Rony, sem mais mentiras. Tomou uma forte inspiração e disse:

- Harry... Eu...

Mas suas palavras se perderam no ar, sem que uma seqüência lhes fosse dada. Hermione só sentiu seus olhos pesarem.

E tudo ficou preto.

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N/A: legenda:
Normal: O que está realmente acontecendo.
Itálico: Lembranças.
Já sabem: o que não estiver de acordo com os livros é invenção da autora da fic, para o desenrolar da história!

Um flash.

Infância. Sua primeira bicicleta, cor-de-rosa e florida. Almoços na casa de seus avós no domingo. Festas de aniversário na casa de praia dos tios. Excelentes notas em todas as disciplinas. Apresentações de balé.

Uma pontada aguda em sua cabeça precedeu mais memórias.

Aos onze anos, uma coruja deixa uma carta na caixa de correio: ela fora aceita em Hogwarts. Magia, varinha e caldeirões. Beco Diagonal, Expresso de Hogwarts e aulas de Feitiços. Um trasgo e o início de uma amizade. Harry, Rony e Hermione, o trio de ouro de Hogwarts.

Partidas de Quadribol, cachorro de três cabeças, partidas de xadrez. Harry enfrenta Voldemort pela segunda vez, e sobrevive. Ela volta para casa e passa o verão com os pais.


A dor em sua cabeça aumenta.

De volta a Hogwarts para o segundo ano. Malfoy a chama de Sangue-Ruim, Rony cospe lesmas. Pessoas são petrificadas por toda a escola, inclusive ela. Ao acordar, descobre que Harry outra vez enfrentara uma das formas de Voldemort e vencera. Mais um ano conturbado.

Uma luz forte que a incomodava mesmo estando de olhos fechados fazia Hermione querer gritar de dor.

Viagem à França.

De volta à Inglaterra, à Hogwarts. Bichento. Sirius Black. Lupin, o professor Lobisomem. Vira-tempo para assistir a todas as aulas. Dementadores por todo o castelo. Malfoy faz com que Bicuço, o hipogrifo, seja condenado à morte. Soco em Malfoy;. Finalmente, descobrem que Sirius Black é inocente, e o rato de Rony é Peter, o verdadeiro culpado pela morte dos pais de Harry. Com o vira-tempo, ela e Harry salvam a vida de Sirius, que foge com Bicuço. Nas férias, seus pais a esperam com uma reunião de família.


As imagens de suas experiências passadas corriam em frente aos seus olhos. A cabeça da morena parecia querer explodir.

Copa Mundial de Quadribol. Viktor Krum. Torneio Tribruxo. Professor Moody. Baile de Inverno: seu primeiro beijo; Harry, Krum, Cedrico e Fleur enfrentam as três tarefas. Na terceira, Harry aparece segurando o corpo de Cedrico. Voldemort voltara.

Não mais agüentando, Hermione solta um grito de dor, e percebe que alguém a segura pelos braços, enquanto ela mesma segurava a própria cabeça.

Ordem da Fênix. Grimmauld Place. Harry chegara furioso e sob a ameaça de ser expulso de Hogwarts. Ele consegue voltar à escola, e os três amigos começam um ano atormentado por Umbridge. A Armada de Dumbledore é criada. Tudo os leva a confrontar Voldemort outra vez. No final, Sirius estava morto e os dias cada vez mais sombrios.

O filme de sua vida continuou rodando.

Nas seguintes férias de verão, a notícia de que Harry deveria matar Voldemort para garantir sua própria sobrevivência. De volta a Hogwarts: jogos de Quadribol, festas do professor de poções e Harry desaparecendo a todo momento.

O namoro de Rony e Lilá, de Gina e Harry. A batalha arrasadora no final do ano, onde os Comensais invadem a escola de maneira desconhecida. A Ordem vence e alguns Comensais fogem. Dumbledore aumenta a segurança da escola.


- AHHHH! – Hermione gritou, sem perceber, tamanha sua dor. – Faça isso PARAR!

- Calma, estou te levando para a enfermaria! – ela reconheceu a voz de Harry.

Mas nem a segurança de tê-lo por perto minimizou o que ela agonizava; mais lembranças estavam a caminho.

Licença para Aparatar. Começa o namoro com Rony.

O casamento de Gui e Fleur. A conversa com Harry no jardim da Toca. O beijo.

As aulas voltam. Hermione perde a memória.

Draco.


Ainda sentindo os braços de Harry ao redor dela, Hermione desmaiou.

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Como num flashback de alguns meses atrás, a morena abriu suas pálpebras e vislumbrou a conhecida enfermaria de Hogwarts. Depois de ter os olhos acostumados à luz forte do sol, ela deu um jeito de se sentar e olhar ao seu redor.

Todos os outros leitos estavam vazios.

Mas Hermione não ficou sozinha por muito tempo, pois Madame Pomfrey pareceu adivinhar que ela acordara e saiu de sua sala, vindo em direção à morena.

- Srta. Granger! Que bom que acordou! – ela disse, com um meio sorriso. – Eu e os senhores Weasley e Potter estávamos começando a nos preocupar.

O som da voz dela fez a cabeça de Hermione doer levemente, mas ela conseguiu sorrir de volta para a bruxa mais velha.

- Faz tempo que estou aqui? – Hermione perguntou, levando a mão à cabeça.

Sem deixar de notar o gesto, Madame Pomfrey colocou-a outra vez deitada, cobrindo-a de modo sutil.

- Descanse, Srta. Granger. Descanse. – ela disse, em voz baixa – Faz apenas dois dias que está aqui. Vou fazer alguns exames e ver se a senhorita pode receber alta.

- Está bem. – respondeu Hermione, finalmente relaxando.

Madame Pomfrey encostou a varinha no coração de Hermione e pareceu escutar atentamente. – Lembra-se do motivo de estar aqui, querida?

- Bom, uma dor de cabeça terrível começou e só foi ficando cada vez pior... – foi então que Hermione se deu conta de que, com a dor de cabeça, suas lembranças vieram. – Oh, meu Merlin! Eu lembrei! – ela disse, levantando-se de um pulo da cama.

- O que quer dizer com isso, Srta. Granger? Recuperou sua memória!? – Madame Pomfrey olhou assustada para ela, enquanto a própria Hermione sorria.

- Sim, sim! – respondeu a morena, andando de um lado para o outro na enfermaria – Eu lembro! Lembro quem sou, onde moro, qual é minha música preferida!

- Então já sabemos o porquê de suas dores de cabeça, Hermione. Mas quer fazer o favor de se deitar outra vez?

Hermione, ainda sorrindo de orelha a orelha, sentou-se alegre na cama e deixou que a enfermeira checasse seus sinais vitais. Hermione estava tão feliz por se lembrar que nem perdeu tempo preocupando-se com mais nada, a não ser repassar sua vida mentalmente, sem pular nenhum detalhe.

Seus pais! Como tinha saudade deles! Tinha saudade da torta de maçã de sua tia Kimberly e da maneira carinhosa com que Bichento se espreguiçava em suas pernas pela manhã.

- Você sabe o que estas dores de cabeça querem dizer, Srta. Granger? – perguntou Madame Pomfrey, depois de conjurar uma almofada para acomodar Hermione melhor.

Hermione focou seus pensamentos. É, ela tinha lido algo sobre isso...

- Significa que minha perda de memória foi provocada por um feitiço, não é? – perguntou Hermione, aterrorizada com essa possibilidade.

Ao mesmo tempo em que pensava nisso, ela esbarrou em algo que a deixou ainda mais amedrontada e, sobretudo, deixou-a com raiva. Muita raiva.

Em todas as suas lembranças, felizes ou tristes, nítidas ou anuviadas, nenhuma sequer envolvia Draco. Nenhum plano para se vingar de Harry, nenhum caso amoroso com Malfoy, nada, absolutamente nada fazia parte de sua vida passada.

Draco mentira.

Tudo o que ele dissera sobre o Baile de Inverno, sobre o quanto Harry a decepcionara, não tinha ao menos uma ponta de verdade! Na época, Harry estava interessado em Cho Chang, e ela estava saindo com Viktor Krum!

Todo o tempo, tudo o que saia da boca dele era para sustentar essa mentira.

- Está tudo bem, Srta. Granger? – perguntou Madame Pomfrey, em vista da vermelhidão que o rosto de Hermione adquirira.

Hermione se acalmou, e apenas fez que sim com a cabeça.

- Tem alguma idéia de quem pode ter feito isso à senhorita?

A indagação da enfermeira fez Hermione ponderar se Draco a teria enfeitiçado para chegar à Harry.

- Ainda não. – ela mentiu.

No entanto, Hermione sabia que esclareceria essa situação o mais breve possível. E ‘o mais breve possível’ era agora.

- Eu terei alta ainda hoje, não terei? – ela quis saber.

- Sim... Pode ir agora mesmo se quiser, já passou tempo o suficiente em repouso. Só recomendo que a senhorita beba bastante água e não force muito seu raciocínio. – Madame Pomfrey levantou-se, indo ao seu escritório e voltando com um pequeno pedaço de pergaminho, o qual entregou a Hermione, acompanhado de sua varinha e suas vestes – Eu escrevi uma dispensa às aulas de hoje e de amanhã, o que acredito ser tempo o bastante para que a senhorita se reajuste à sua vida, ponha as lembranças no lugar.

- Obrigada, senhora. – Hermione sorriu de leve.

- Eu a aconselho a levar este caso à Minerva, ou até mesmo ao diretor Dumbledore. É uma coisa séria, essa história de fazê-la perder a memória.

- Fique tranqüila, Madame Pomfrey, eu farei isso assim que puder. – Hermione estendeu-se de pé, se esforçando para sorrir – Muito obrigada.

- Não há de quê, querida.

- Com licença...

Hermione saiu da enfermaria sem olhar para trás.

Com o primeiro passo que deu fora daquela enfermaria, Hermione sentiu novamente a raiva de antes. O que ela mais queria era invadir qualquer aula que Draco – Draco não, Malfoy! – pudesse estar tendo e gritar com ele até ele desejar nunca tê-la enganado. Mas Hermione sabia não poder fazer isso. Teria de esperar.

O que fez naquele momento, então, foi caminhar até o seu quarto. Pensando nisso, ela agora achava ter sido uma boa decisão mudar-se para um quarto mais reservado, o que proporcionaria a ela uma tarde de paz – mesmo que paz fosse a ultima coisa que a preenchia, tendo em vista o modo enfurecido como Hermione bateu a porta, trancando-se dentro do quarto.

Aproveitou para tomar um banho revigorante e tirar o cheiro de hospital incrustado em seus cabelos e pele. Não contou o tempo exato que a ação tomou, mas ouviu batidas à sua porta, não muito tempo depois de ter terminado de cuidar de seus cabelos.

Não foi surpreendente ver Harry e Rony praticamente pulando sobre ela assim que ela abriu a porta.

- Mione, você está bem?!

- Você nos assustou, Mione!

- Nem acreditamos quando Madame Pomfrey falou sobre a sua alta...

- Não está mais sentindo nenhuma dor?!

- MENINOS! – ela os interrompeu, rindo do jeito deles. – Eu estou bem! Como vocês são desesperados...

- Aposto que ficaria assim se um de nós quase morresse de dor na sua frente e passasse dois dias na enfermaria – disse Harry, afastando-se dela e cruzando os braços, enquanto Rony fez uma careta.

- Desculpem, rapazes. – ela disse, abrindo os braços – Que tal um abraço decente?

Ambos sorriram e foram até ela. Hermione aproveitou para apertá-los forte, como se não os visse há muito tempo, o que era de certo modo verdade. Passou os dedos pelos cabelos de ambos, bagunçando mais o de Rony, rotineiramente tentando irritá-lo.

- O que aconteceu, afinal? – perguntou Rony quando o abraço em grupo se quebrou e os olhares dos dois se focaram nela.

Hermione sorriu e fechou a porta, que descobriu ainda estar escancarada, para em seguida voltar-se para ele. Indicou sua cama com a cabeça, e sentou-se no meio deles.

- Tenho uma ótima notícia, e outra nem tão boa assim. – ela disse. A morena baixou o olhar, procurando a mão de Harry e depois a de Rony, segurando-as firmemente antes de erguer os olhos chocolates e continuar: – Eu recuperei minha memória!

Os dois arregalaram os olhos e trocaram olhadelas entre si, parecendo mais do que felizes.

- Jura mesmo? – perguntou Rony.

- Sim! – ela sorriu – Eu lembro de tudo, absoltamente tudo o que nós três já vivemos, já enfrentamos... Vocês não têm idéia de como é ótimo relembrar! Eu senti muita, muita falta de vocês dois. Vocês são as duas pessoas que eu mais amo fora da minha família, foi horrível esquecer disso!

- Nós... Ergh... Também te amamos, Mione. – disse Rony, um pouco avermelhado. No momento instante, Harry apertou a mão dela ainda mais forte. Os dois sorriam como nunca.

- Sendo que esta é, claramente, a notícia boa... Qual é a ruim? – perguntou Harry, seu sorriso diminuindo um pouco, mas não abandonando seus lábios.

- Bem, a ruim é que eu perdi minha memória porque alguém a tirou. Eu estava sob um feitiço. – ela disse, com a fúria tomando conta de seus olhos.

- Eu sabia! – disse Harry, também se enraivecendo – Naquele dia, os Sonserinos sumiram de lá rápido demais pro meu gosto, com certeza foram eles!

- “Eles” que nada! – resmungou Rony – Aposto que foi o Malfoy. – torceu o nariz.

- Eu também acho que foi ele. – Hermione disse, sem saber se já estava pronta para compartilhar com os amigos o que acontecera nos últimos meses. Decidiu que o melhor era resolver-se ela mesma com Draco, antes de contar e correr o risco de Harry e Rony partirem a cara de Malfoy ao meio. – Mas não podemos provar – ela completou.

- Eu não posso acreditar! Todo esse tumulto que nossas vidas foram submetidas não foi acidental! – Harry esbravejou. Os olhos dele tinham tanta revolta quanto os dela.

- Eu sei, mas nós temos que manter a calma – disse Hermione. Ela, no fundo e mesmo não querendo admitir, não pretendia deixar que Harry e Rony fossem atrás de Malfoy. – Eu vou contar à professora Minerva amanhã mesmo.

Os dois assentiram.

- Mas, Mione... Como você sabe que foi enfeitiçada? – perguntou Rony.

- Eu li uma vez um livro sobre feitiços de memória, no segundo ano, por causa do Lockhart. – ela relatou – Lembro que o livro dizia que alguns feitiços de memória não a apagam totalmente, apenas mantém as lembranças “presas” em uma parte do cérebro. A minha dor de cabeça foi o meu cérebro lutando para libertar essas memórias.

- Então você lutou contra a maldição, como se fosse uma “Império”? – perguntou Harry, finalmente compreendendo. Hermione respondeu a ele consentindo com a cabeça.

- Poxa. – exclamou Rony – Por isso Harry disse que você gritava tanto.

- A dor foi insuportável. – Hermione disse – Mas agora passou. Fico feliz que eu tenha conseguido me livrar, lutar contra o feitiço.

- Nós também. – reconfortou-a Harry, levando uma mão aos seus ombros e trazendo Hermione para perto de seu corpo. – Lembra de tudo mesmo?

Ela riu – Sim, Sr. Potter. Cada detalhe.

- Então você nunca mais vai aceitar ir a Hogsmade com o McLaggen, certo? – perguntou Rony, fazendo os três gargalharem.

- Com certeza não! Garoto chato... – Hermione fez careta.

- Bom saber... – Rony piscou, levantando-se. – Hum... Vocês não se importam se eu tiver que sair, se importam? Eu combinei com a Luna, ela quer ir ao lago ou sei lá...

- Claro que não, Rony, pode ir. – Hermione sorriu, percebendo que a sua relação com o ruivo era somente amizade, uma intensa amizade.

Rony soltou lentamente a mão dela e bateu a porta devagar antes de ir ao seu encontro com a namorada. O silêncio pairou por alguns segundos, antes que Harry suspirasse e a puxasse para mais perto ainda de si, apertando-a forte de modo a deixar uma marca vermelha na pele macia do braço da morena.

- Fiquei com muito medo, Herm. – ele confessou, fechando os olhos e sentindo o perfume do cabelo recém-lavado de Hermione. – Eu achei que tinha te pressionado demais com aquela história de você nos esconder alguma coisa, e você não tinha agüentado. Sorte minha estar enganado.

- Podemos não pensar mais nisso? – pediu ela.

- Claro... – ele assentiu – Tem o dia livre amanhã, certo?

- Tenho, sim.

- Bom, meu primeiro horário logo depois do almoço é livre. Queria passar esse tempo com a minha velha e boa melhor-amiga. Pode ser?

- Harry, Harry... – ela balançou a cabeça. – Por acaso não gostava da Hermione sem memória?

- Gosto de tudo que seja você, Srta. Granger. – ele sorriu ao que ela deu a língua – Mas com memória é muito melhor... Devo admitir que você me conhece melhor do que ninguém. Precisava de você de volta.

A vez dele de sorrir – Que bom que confia em mim o quanto eu confio em você.

Eles ficaram só abraçados, em silêncio.

- E você e Gina? – ela questionou depois de longos minutos.

- Terminamos de verdade. Você vai perceber, ela está me evitando.

- E o Rony? Parece que está tudo certo entre vocês.

Harry riu – Foi compreensivo. Me disse que não sabia como eu agüentava ela o tempo todo, pra começar. E ele deu um fora escandaloso nela ontem à noite, na Sala Comunal, porque ela estava comentando com Alice sobre um garoto da Lufa-Lufa que ela acha bonito.

Hermione revirou os olhos – Infantil.

- Foi o que eu pensei – Harry riu. – Só teremos problemas no Quadribol. Daqui a dois meses enfrentamos a Sonserina, e Gina é importante no time...

“Sonserina”, pensou Hermione, atentando-se ao fato de que ainda teria que por Draco contra a parede naquela mesma noite.

- Hum, Harry... – começou Hermione, fingindo bocejar em seguida. – Podemos conversar amanhã. Fica combinado depois do almoço, ok? Estou morrendo de sono agora, apesar de ter dormido durante dois dias, meu corpo ainda está doendo um pouco...

- Sem problemas – ele disse, largando-a e se levantando da cama. Depositou um beijo na testa da amiga e sorriu – Boa noite, Herm.

- Boa noite, Harry.

O sorriso de Hermione dissolveu assim que a porta se fechou outra vez. Chegara a hora de seu acerto de contas com Malfoy, e ela duvidava que ele pudesse sair ileso.

Continua, claro.

N/A:
Olá, pessoinhas! AAAH, eu vou tentar não demorar com o próximo, antes que alguém me pressione! Por enquanto, se virem com este, e continuem deixando lindos comentários e reviews! Um beijo, Thaís Potter Malfoy.

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