Cartada Final



Me lembre de não esquecer que te amo

Autora:
Thaís Potter Malfoy

Shippers: Harry/Hermione; Draco/Hermione; Harry/Gina.

Resumo: Hermione sofre um ataque e acorda na enfermaria da escola, sem memória. Agora ela está totalmente perdida e não sabe se deve acreditar em seus sentimentos ou no que as pessoas lhe dizem.

Spoiler: 1 a 5

Capítulo Catorze – Cartada Final

[Ponto de Vista de Harry Potter]

- Eu já sabia, Harry. Sempre soube, o tempo todo.

Ok, ela me pegou de surpresa. Não é possível que ela saiba sobre Hermione, sobre as vezes que a traí, e ainda mantenha essa calma. Eu preciso saber do que ela está falando. Que eu saiba, não fiz nada de errado além disso...

- Gina... – chamei por ela.

- Eu não me importo, Harry. – ela me interrompeu. Mais uma surpresa.

- Não se importa? – eu perguntei, só para confirmar.

- Eu não sou burra, Harry! Droga! – ela se levantou e passou a andar de um lado para o outro. – Você acha que eu não percebi o quanto você se tornou distante? Acha que uma garota não sabe quando está sendo trocada?

Eu permaneci calado, apenas escutando. Você há de concordar comigo, eu mereço toda a descarga emocional de Gina. Afinal, a culpa por ela estar nessa pilha de nervos é toda minha.

- Eu vi você beijando a Hermione. Duas vezes. – Ops, aqui está a prova. Ela está falando da mesma coisa que eu, o que é um alivio, mas ao mesmo tempo perturbador. Ela realmente soube o tempo inteiro?

- Se você me deixar explicar... – eu falei, um tanto quanto desesperado.

- Eu não quero explicações, Harry. Eu fingi que nada aconteceu até agora porque o mais importante é manter o nosso relacionamento. – oh, não, ela está mesmo chorando? - Porque eu preciso de você, Harry. Não sei o que fazer se você me deixar...

A ultima frase de Gina foi praticamente um sussurro, e agora ela estava aos prantos, bem ali na minha frente. Eu levantei da cama e fui de encontro a ela. Segurei seus ombros e a trouxe para perto de mim, esperando desta forma confortá-la. Não queria ver uma garota incrível como ela sofrer, embora minhas ações demonstrem o contrário. Eu sou um idiota, eu já sei, não precisa me lembrar.

- Harry, por favor... – ela implorou. Gina me abraçava mais forte do que qualquer pessoa já tinha me abraçado em toda a minha vida. Eu sou mesmo um monstro, não sou? O que estou fazendo com a minha garota? Ela sempre me tratou com todo o carinho, é maravilhosa comigo, o cabelo dela brilha tanto e cheira tão bem... Isso para não falar do perfume. O perfume de Gina me seduz.

- Desculpa, Ginny. – eu pedi com a minha boca colada no ouvido dela. – Não quero te ver assim, você sempre foi tão forte.

- Eu só preciso que você me diga que não vai me abandonar, Harry. – ela disse, em meio a soluços. – Eu não suportei tanto coisa esse tempo todo para que acabasse assim...

- Mas, Gi... Não é justo que eu fique com você se eu não correspondo aos seus sentimentos. – eu disse. E aquilo era o que eu realmente sentia. – Eu sei que você gosta muito de mim. Mas não acho que eu goste de você na mesma medida.

- Você... Nunca gostou de mim? – ela se afastou de mim, me olhando com tristeza e ainda chorando muito.

- Pelo contrário, Gina! Eu já senti uma paixão que eu pensava ser inesgotável por você. Por qual outro motivo eu perderia minha virgindade com você, minha linda? Só que agora... Agora sinto mais carinho do que qualquer outra coisa. Você merece mais do que isso.

Ela não parece se conformar. Não queria aceitar minhas palavras. Mas eu não posso fazer nada, estou sendo totalmente sincero aqui! A última coisa que eu quero é deixá-la triste, ou fazê-la me odiar. Rony me mataria.

- Você está... terminando comigo... não está? – ela indagou. Os olhos de Gina pareciam feitos de fogo. Ao mesmo tempo em que me derretia observá-los, eu sentia medo.

- Estou. – respondi, simplesmente. Percebi que ela respirou fundo, para depois fechar os olhos com força. Aquilo pareceu conter suas lágrimas e quando Gina reabriu os olhos, tinha a determinação que eu sempre admirei nela.

- Eu vou aceitar, Harry. – ela disse, dando um passo para trás, para mais longe de mim. – Vou entender que neste momento é isso o que você quer. – Gina deu uma pausa para que suas palavras pudessem ficar bem enfatizadas, sem parar de me olhar profundamente. – Mas, eu sei, você vai se arrepender. – ela prosseguiu – E quando você se arrepender, eu não sei se vou estar pronta para te perdoar, Harry. Portanto, pense muito bem no que está fazendo.

Essa ruiva sabe como quebrar um coração. Voldemort podia invadir o quarto e me matar, tenho certeza de que a dor seria menor.

- Por favor, Gina, não faz assim... – eu pedi, de cabeça baixa. Meu estômago está começando a se revirar.

- Quem está fazendo algo aqui é você, Potter. – ela declarou, com a voz em níveis cada vez mais frios. Por que ela tem que me fazer sentir ainda pior?

- Ginny... – eu comecei, mas foi inútil. Ela não me ouvia mais.

- A partir de hoje, não dirija a palavra a mim. Porque, se o fizer, eu não vou responder. Talvez apenas se você estiver engasgando, ou pegando fogo, ou se afogando... Passar bem. E tomara que a Hermione faça bom proveito.

Antes que eu pudesse protestar, relutar ou reclamar, ela tinha saído pela porta, me deixando sozinho com uma grande dor de cabeça.

“Eu estou tão ferrado”.

Mas, pelo menos, eu sou um ferrado sem namorada, o que atinge o meu objetivo inicial ao entrar nessa sala.

[/Ponto de Vista de Harry Potter]

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Hermione saiu de seu banho com os cabelos molhados, embora já vestisse a roupa previamente escolhida para aquele encontro. Tratava-se de uma calça jeans um pouco larga – fez uma nota mental para “agradecer” a Hermione pré perda de memória – e uma blusa preta com um pequeno decote.

Não tomou muito tempo e ela pôde ouvir as batidas em sua porta. Sorriu, é claro, e abriu a única barreira que a mantinha longe de Draco. Ele estava, como sempre, irresistivelmente bonito em suas roupas de marca, que esta noite incluíam uma camisa social verde-escuro e uma calça preta. Hermione teve os sentidos anuviados a distância pelo cheiro suave de seu sabonete, indicando que ele tivera tempo de tomar banho antes de vir encontrá-la.

- O que quer, Malfoy? – ela perguntou, erguendo as sobrancelhas.

- Por sorte, Granger, o corredor escolhido para este quarto é totalmente fora da rota de qualquer estudante. Pode cortar o teatro. – ele deu um passo para dentro do ambiente, fechando a porta sem nem olhar para trás.

Hermione abriu a boca para dar uma resposta, mas ele apenas a puxou bruscamente e a beijou de forma inesperada. As mãos dele apertavam possessivamente a cintura da morena e ela foi obrigada a quebrar o beijo.

- Quer ir com mais calma, por favor? – ela continuou a usar o tom rude e isso o fez dar aquele mesmo sorriso, tão conhecido que até dispensa qualquer descrição.

- Sinto dizer, Hermione, mas quem manda aqui sou eu. – ele disse. Draco se afastou um pouco e deu uma olhadela de cima a baixo no corpo de Hermione. – Parece que alguém caprichou nos trajes para receber o melhor apanhador desta escola.

- Oh, não, Harry está com a Gina agora. – Hermione ‘deixou escapar’ o comentário. Ficou louca para saber qual seria o próximo passo de Draco.

- Garota... – veio a resposta, em tom se aviso – Cuidado, nunca provoque um dragão adormecido. Não conhece o ditado?

- Apenas uma brincadeira, Dragão. – ela continuou a provocá-lo, agora rindo descaradamente.

- Esse seu humor excepcional se deve a que, Granger? – ele perguntou, caminhando para longe dela e para mais perto da janela. De lá, observou os alunos mais novos brincando de pega-pega à margem do lago.

- Adoro te irritar, Draco. Você é tão presunçoso, mas não pode agüentar uma brincadeira. – Hermione foi até ele e parou ao seu lado, apoiando-se em seu ombro.

- É, está certo. – ele desconversou. – Desde quando eu vim aqui para conversar?

- Aqui está o Malfoy que eu conheço – Hermione murmurou próximo à orelha do loiro. Pôde senti-lo arrepiar-se antes de tomá-la em um beijo calmo e gostoso. Quando se afastaram, Hermione destinou a ele um sorriso sincero, a julgar pelos olhos brilhantes da morena.

- Sabe, estou cansado de ficar só no quarto. – ele comentou quando Hermione voltou a apoiar-se em seus ombros e olhá-lo como se o admirasse. – Quero dizer, se ao menos acontecesse algo mais interessante... Mas, não, nós fazemos sempre as mesmas coisas. Estou começando a pensar que deveria ter me aproveitado daquele seu ataque ferino há alguns dias atrás.

- Este realmente é o Malfoy que eu conheço. – Hermione disse, rindo do comentário dele.

- Você acha graça? Estou em plena crise de abstinência, Hermione! – ele esbravejou, virando-se para ela – Precisamos fazer alguma coisa, Hermione. Qualquer coisa, por menor que seja.

Ela olhou fundo no mar acinzentado – Draco... Você vai parar assim que eu disser para parar?

O sorriso no rosto dele teria assustado a todos que não estão acostumados com ele, pois demonstrava extrema excitação; era quase como se ele estivesse bolando o plano perfeito para arruinar a vida de Harry Potter de uma vez por todas, poderiam pensar.

- Prometo, Herm. – ele selou a promessa com um rápido beijo na testa dela.

- “Herm”? – ela se perguntava de onde Draco tirara aquele apelido; exatamente o mesmo que Harry usara naquele dia mais cedo.

- Seu nome é muito longo... – ele explicou. – E não quero te chamar de Mione, como eles fazem – emendou, fazendo referência a Harry e Rony.

- Eu gosto. De ‘Herm’. – ela disse, por fim. Achou melhor não dizer a ele que Harry já havia pensado nesse modo carinhoso de chamá-la. De outro modo, Draco ficaria emburrado, se ela bem o conhecia.

– Na verdade, – emendou Hermione – acho que gostaria de qualquer jeito que você pudesse vir a me chamar, só pelo fato de ser você. – completou a frase a milímetros da boca de Draco, para em seguida iniciar outro beijo, agora mais quente do que os primeiros.

Hermione puxou a gola da camisa de Draco de modo que os dois caminharam em direção à cama. Antes de mergulhar em meio a alguns travesseiros, Draco quebrou o beijo e tirou os sapatos, ajudando Hermione a fazer o mesmo com os dela. Livres do empecilho, continuaram a movimentar as línguas em perfeita sincronia. Os corpos também se encaixaram graciosamente, o do sonserino sobre o da grifinória.

Dedos alisavam cabelos e cinturas; As bocas revezavam-se entre o pescoço e a boca do outro; Logo, os tecidos que impediam o contato mais íntimo da pele começaram a incomodar. O atrito entre a calça de Draco e a da morena, entretanto, fazia com que ela fosse à loucura. Nem a própria Hermione acreditava estar naquela situação – naquela prazerosa situação.

Inverteu as posições, ficando por cima de Draco. Parou de beijá-lo para desabotoar a camisa bonita e cara. Botão a botão, a pele alva e o tronco forte ficavam à mostra. Hermione mordeu o lábio inferior, levando as mãos até a barriga dele e dedilhando a área longamente. Depois, deslizou ambas as mãos pelos ombros de Draco, terminando de tirar a camisa, agora com a ajuda dele.

Draco a encarava com luxúria nas feições e parecia estar louco para fazer o mesmo – ou seja, tirar sua blusa – com ela. Foi quando ele voltou a ficar por cima que Hermione reparou na enorme marca no braço direito do namorado. Uma enorme caveira com uma cobra saindo-lhe pela boca. Sem hesitar, ela o empurrou para longe, justamente quando Draco subia devagar sua blusa.

- Ouch – ele resmungou. Com o empurrão de Hermione, ele fora parar ao pé da cama e deu de costas na madeira – Um simples “chega” bastaria, Hermione.

Draco passou a massagear as costas nuas com uma das mãos e todo o contorcionismo permitiu a ela ver novamente a marca no braço dele. Reconheceu-a como sendo a Marca Negra, sobre a qual havia lido há algumas semanas em um livro sobre a História Contemporânea da Magia, o que incluía a história de Voldemort – e, por conseqüência, a de Harry.

- Draco, o que é isso no seu braço? – ela perguntou, e sua voz acabou por sair falha e baixa. Hermione não podia parar de encarar a Marca.

Ele imediatamente olhou na mesma direção que ela e percebeu do que se tratava. Dando um longo suspiro, ele se levantou e pegou sua camisa no chão. Vestiu-a mais do que depressa, pronto para encarar que suas chances com Hermione – ao menos naquele dia – estavam acabadas.

- Vamos lá, Hermione. Você sabe o que é isso. – ele disse, cansado.

- Eu sei, ou pelo menos acho que sei. E é exatamente por isso que eu estou perguntando! O que essa marca horrível está fazendo no seu braço?

- Caso tenha esquecido, eu sou um partidário do Lorde das Trevas, Hermione. Você, embora não neste exato momento, também é. Para provar a nossa lealdade a ele, alguns de nós têm de tatuar a Marca Negra e ganhar um elo com o Lorde para sempre. – Draco explicou como um professor explica a sua aluna como segurar a vassoura em seu primeiro vôo.

- Não me trate deste modo. – ela foi ríspida – A única coisa que eu quero saber é quando você arranjou isso, Draco. Não sabia que a sua participação nas atuações de Voldemort eram tão importantes!

- Já tenho a Marca há algum tempo. Meu pai me levou ao Lorde durante as férias de verão. – Draco contou e seu olhar enegreceu ao mencionar Lucius.

- E como eu posso não ter visto? – Hermione indagou.

- Porque eu venho usando feitiços para cobri-la. – Draco confessou – Se algum aluno me vir com a Marca, eu estarei completamente finalizado, além de talvez ser expulso e não poder mais exercer minha função aqui, o que deixaria o Lorde muito insatisfeito.

Hermione ficou completamente sem palavras. Ela deixou de encarar Draco, fixando o olhar em qualquer outra coisa que não fosse ele, sentindo-se pior do que das outras vezes em que fora obrigada a se lembrar de sua traição.

Concluiu que estava tão ferida não apenas pelos mesmos motivos de antes; ver Draco com aquela marca tão simbólica no braço a fizera acordar para a realidade e a gravidade da situação em que se encontravam. Eles estavam em plena guerra, e seu namorado estava do lado oposto ao seu. Ou melhor, ela também estava do lado errado da batalha, embora não pudesse se lembrar de ter feito essa perigosa escolha.

Hermione queria acabar com essa angústia que a invadia e fazia com que ela tivesse vontade de sair explodindo tudo. Se não houvesse guerra, se não houvesse essa rivalidade interminável entre Harry e Draco, sonserinos e grifinórios, se ela pudesse se lembrar de como era sua vida antes de perder a memória e soubesse com certeza quem ela era, se... Apenas ‘se’.

Hermione soltou um suspiro. Percebeu o peso de Draco empurrando o colchão para baixo quando ele sentou-se ao lado dela – Hermione havia se esquecido dele por um momento – e passou o braço ao redor de seus ombros; Ela raramente via Draco praticando um gesto como este.

- Hermione... – ele a chamou – Por que está tão chocada?

Hermione ergueu os olhos para esbarrá-los nos de Draco, azuis como nunca: pareciam limpos como um céu sem nuvens, embora confusos. A segurança que eles lhe passaram naquele momento fez Hermione apenas repousar a cabeça nos ombros do loiro e repetir seu suspiro, com igual pesar.

- Eu queria apenas poder mudar. – ela disse.

- Mudar? Você... Não gosta de como está agora?

Um leve traço de insegurança riscou a voz do sonserino, o qual Hermione fingiu não perceber, porém não pôde deixar de sorrir ao pensar que ele se importava com ela, com eles.

- Eu gosto, Draco. Gosto de estar com você... Só não sei se a recompensa vale o sofrimento.

- O que quer dizer? – ele ficou na defensiva, vendo aonde a conversa iria chegar. Ele tinha uma suspeita, mas sua mente continuava a lhe dizer para ouvi-la antes de concluir qualquer coisa.

- Não me entenda mal, por favor. – ela voltou os olhos para a pele pálida e os olhos não mais tão azuis quanto estavam momentos atrás. – O que eu disse é que... Eu só estou com você agora porque eu escolhi deixar o lado certo dessa guerra. Resolvi me aliar a Voldemort numa vingança ridícula e sem sentido. Talvez se eu não tomasse essa decisão...

- Se você não tomasse essa decisão, – Draco interrompeu Hermione – esta conversa não estaria acontecendo. Está me dizendo que, se pudesse voltar no tempo, você preferiria não pedir a minha ajuda para se vingar do Potter e nem começar o nosso relacionamento?

- Você coloca isso de um jeito terrível. – ela baixou os olhos; não queria ver decepção nos olhos acinzentados.

- Você precisa se decidir, Hermione. Um dia, me diz que eu sou seu preferido ao Potter. No outro, me diz que me abandonaria se pudesse voltar atrás.

- Isso não tem nada a ver com Harry – Hermione observou Draco levantar-se e fazer seu caminho de volta para o parapeito da janela – Isso tem a ver com o que é certo e errado, Draco. E estar do lado de Voldemort é errado, portanto não é algo que eu queria fazer.

- Oh, me desculpe, dona ‘eu-sou-politicamente-correta’. – ele zombou – Eu estou cansado de te dizer que você não tem mais escolha. Sinto muito se eu ou o Lorde das Trevas não atendemos às suas ideologias de vida, Hermione, mas agora não tem mais volta.

- Sempre há uma escolha. – ela retorquiu. – Eu poderia dizer a verdade e pedir proteção à Ordem da Fênix. Harry e Ron me contaram tudo um dia desses, e a Ordem protege algumas pessoas que denunciaram Voldemort...

- E você omitiu o fato ou se esqueceu de me contar? – Draco voltou-se para ela.

- Já disse, não vou ajudar Voldemort de modo algum. Com a ressalva de que, se você estiver sendo torturado ou ferido, eu conto pequenas coisas que não fariam diferença.

Draco encarou a morena por longos minutos; pareceu ponderar e chegou até a abrir a boca para falar algumas vezes, voltando a fechá-la quase que imperceptivelmente. Após o período à espera, ele disse:

- Há tantas coisas que você jamais poderá compreender, Hermione. Acho melhor que eu vá embora agora...

- Não! Draco... Fique comigo. – ela pediu, com um suspiro. – Não precisamos discutir mais nada, nem fazer mais nada. Mas, por favor, não saia desse jeito.

- Escute... Está tudo bem, certo? Você só tem que aceitar o lado ao qual pertencemos. Uma vez que fizer isso, Hermione, tudo será mais fácil. Tente, por mim.

Draco foi até ela e sentou-se na coxa vermelho e branca. Segurou a mão de Hermione, passando levemente seus dedos pelos dela. A sensação que o simples toque de suas mãos lhes dava era inexplicável.

- O que você está pedindo não é como me pedir para fazer seus deveres de Defesa Contra as Artes das Trevas, ou para começar a gostar de Quadribol. – ela disse, após um tempo sentindo as carícias dele. - Nossas vidas podem depender disso, dessa escolha entre os lados a guerrear.

- Hermione...

- Eu tenho medo. – ela o cortou – Medo por nós dois. Não quero morrer, e muito menos que você morra, Draco. E, ficando do lado negro, isso vai acontecer. Isso é o que tem de acontecer, porque o seu tão adorado Lorde tem de perder essa guerra.

- Você-Sabe-Quem tem meios de vencer essa guerra. – os carinhos por parte dele ficaram suspensos enquanto ele falava – Eu não os conheço, ou não totalmente, mas eu sei que eles já estão à espreita, esperando a oportunidade quando serão usados.

- Eu não sei como você pode apoiar e até mesmo virar um dos homens que devotam suas vidas a alguém como Voldemort! – Hermione extravasou, levantando-se da cama de supetão. – Veja o jeito como você fala dele, parece até admirado! Não é possível que você não enxergue o mal que ele fez e faz até hoje!

Draco parecia surpreso com a atitude repentina de sua namorada. Ela, por outro lado, estava satisfeita consigo mesma por conseguir exprimir tudo o que pensava e agora aguardava uma reação do loiro. Uma reação que não veio.

- É definitivamente a hora em que eu devo ir embora – ele disse, ficando de pé.

- Você está fugindo de mim! – ela ergueu o dedo na direção dele, com raiva da atitude covarde de Draco – Está fazendo isso porque não tem argumentos, Draco, e você sabe que não.

- Estou indo embora porque não quero mais brigar. – ele tentou esclarecer - Prefiro deixar nossas rixas para nossos pequenos teatros diurnos.

- Não pense que me engana, ou que pode fugir. – Hermione caminhou e postou-se entre Draco e a porta. – Agora, nós vamos terminar essa conversa e esta relação que está me levando à loucura.

Draco olhou incrédulo. – Terminar?

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Harry não demorou a deixar a Sala Precisa para trás e vagar pelos corredores de Hogwarts. Ele não estava certo sobre o que fazer, a única coisa que sabia era que não poderia voltar tão cedo para a Sala Comunal da Grifinória e dar de cara com Gina, provavelmente ainda soltando fogo pelas ventas. Tampouco queria ver o quanto Rony ficaria desapontado por Harry ter partido o coração de sua irmã caçula.

Quando deu por si, estava na frente da biblioteca. O lugar nunca lhe parecera tão perfeito e acolhedor quanto agora, observando as enormes mesas e alguns estofados e poltronas. Além disso, só o cheiro de milhares de livros já trazia Hermione à sua mente, e Harry se perguntou o que ela estaria fazendo agora.

Decidiu entrar, pedindo em sua mente para que a morena estivesse ali, pesquisando sobre algum assunto ou simplesmente lendo algo para se distrair. A imagem dela imediatamente pipocou diante de seus olhos e Harry podia ver cada detalhe de seu rosto, inclusive o modo como seus olhos passavam de uma linha para a outra enquanto ela prestava atenção ao livro que estava em suas mãos.

O Grifinório soltou um suspiro ao mesmo tempo em que a visão de Hermione se anuviava em sua cabeça. Harry sorriu abertamente, chamando a atenção de duas garotinhas da Lufa-Lufa que saíam da biblioteca, fazendo-as cochichar e soltar risadinhas.

Sem se importar muito, Harry finalmente entrou na biblioteca. Madame Pince se surpreendeu com a sua presença ali num belo sábado à tarde, mas apenas sorriu-lhe e continuou a escrever em um enorme rolo de pergaminho. Ele caminhou por entre as estantes de livros, estes separados por assuntos, à procura de algo interessante. Viu tópicos como “Poções Avançadas”, “Guerras Bruxas” e “Novas Invenções de Feitiços”. O que lhe chamou a atenção, entretanto, foi “Romances Bruxos”.

Tirou um livro da prateleira, intitulado “Terra das Sombras” e resolveu levar este volume para o dormitório, percebendo que em todos esses anos ele nunca havia lido puramente por prazer, apenas para cumprir as tarefas escolares. Pensando outra vez em Hermione, e em quantos livros ela não teria lido, Harry foi para o balcão da bibliotecária.

- Olá, Sr. Potter – ela disse, com um sorriso brando – Vai levar alguma coisa?

- Sim – Harry respondeu, entregando o livro para Madame Pince, um pouco envergonhado.

- Escolha interessante, Sr. Potter. Foi Hermione quem o recomendou este? – a senhora perguntou, enquanto anotava o nome do livro e o nome de Harry bem ao lado.

- Não, por acaso ela já leu? – Harry replicou, com mais rapidez do que gostaria. Madame Pince deu um sorriso de lado.

- A Srta. Granger já leu a grande maioria dos nossos livros, Sr. Potter. Mas deste livro ela pareceu gostar excepcionalmente. Devolveu há apenas duas ou três semanas, e era sua segunda locação.

- Que bom... Devo gostar deste livro, então. – Harry sorriu, com o pensamento longe dali.

- Tomara que sim, Sr. Potter. – Madame Pince lhe devolveu o livro – Boa leitura.

Agradecendo, Harry saiu da biblioteca, ouvindo os pedidos de silêncio por parte da bibliotecária. Ele deu uma olhadela para o livro em suas mãos e pensou que seria uma boa idéia passar no quarto de Hermione para conversar um pouco com a amiga.

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- Terminar? – Draco perguntara, olhando para Hermione de um jeito que ela não pôde decifrar.

Então, ela percebeu o que acabara de dizer – Eu não quis dizer isso. Eu só quero resolver tudo, colocar tudo em pratos limpos. Não agüento mais o modo como vivo, Draco, com toda essa farsa.

- Eu queria poder fazer você se sentir melhor, Hermione, mas eu duvido muito que isso seja possível. – ele deu um passo à frente, tentando desviar dela para chegar à porta. Hermione, entretanto, fora mais rápida, travando novamente a passagem.

- Tem uma coisa que você pode fazer para que eu me sinta melhor. Milhares de vezes melhor.

Seus olhos cor de chocolate travavam uma batalha com os azul-acinzentados. Neste momento, tanto Draco quanto Hermione desejaram que o outro pudesse ler os seus olhos e saber como estavam se sentindo.

- Diga o que quer, e eu vejo se está ao meu alcance. – Draco disse, num tom de voz quase inaudível; Hermione fora capaz de ouvir só por causa da proximidade que se instalara entre eles.

- Eu quero que você faça uma escolha, Draco. Uma escolha que vai exigir muito de você.

Draco já sabia o que ela pediria e seu coração apertou em seu peito. Ela não podia pedir algo assim... Embora estivesse morrendo de angústia por dentro, ele falou para que Hermione prosseguisse.

- Draco... Durante todo esse tempo, eu escolhi você. Não escolhi meus amigos, ou as coisas em que acredito. Agora eu preciso que você faça o mesmo por mim.

Draco respirou fundo e fechou os olhos. Aquilo não podia estar acontecendo. A perspectiva de Hermione dando a cartada final sempre assombrara seus pesadelos, mas acontecer de verdade era muito pior.

- Nós podemos contar tudo à Ordem – ela continuou – Eles compreenderiam, eu tenho certeza. Dumbledore nos protegerá, e nós dois teremos a chance de lutar pela coisa certa.

- Pelo que é certo para você, você quer dizer, não é Hermione? – ele reabriu os olhos e viu que um brilho diferente dominara os olhos dela. – Já parou para pensar no que é certo para mim? Talvez eu ache que o certo é lutar contra o idiota do Potter.

- Esse ódio sem sentido que você tem por ele não pode te levar a arriscar a sua vida! – Hermione aumentou o tom de voz.

- Se eu resolver abandonar o Lorde é que a minha vida terá chegado ao fim, Hermione, entenda de uma vez por todas! – a voz dele acompanhou a dela, o nervosismo também aumentando. – Está me pedindo para morrer por você, é isso?

Hermione ficou em silêncio por um longo tempo. A cada minuto passado, Draco pôde observar seus olhos enquanto eles ficavam mais e mais lacrimejados; Ele próprio se controlava para não ficar igual a ela.

- Você também tem medo, não tem? – Hermione perguntou, finalmente soltando uma lágrima, coisa que vinha tentando evitar.

- Eu...

- Você tem, sim, Draco. Medo de que Voldemort cace você se você o trair.

- Ninguém que o tenha traído não sofreu uma morte dolorosa depois. – Draco admitiu – Ele me acharia, Hermione, e tudo teria sido em vão.

- Eu te juro, Draco, te juro que a Ordem fará de tudo para te proteger, para proteger a nós dois. – ela ainda tentava convencê-lo.

- Eu não posso. – ele disse, pura e simplesmente. – Desculpe, Herm.

Mais lágrimas caíram pelo rosto da morena. – Você também precisa me desculpa, então. Porque eu vou contar tudo para o Harry. Acho que ele vai se decepcionar, mas com certeza vai me perdoar.

Draco não podia acreditar no que estava ouvindo. – Vai contar tudo? Inclusive sobre nós?

- Não posso mais mentir, Draco. – Hermione passou a mão pelas próprias bochechas, enxugando suas lágrimas. Em seguida, deu um sorriso fraco para Draco. – Só assim eu vou ficar em paz. Não quero mais me martirizar por estar traindo a confiança de pessoas incríveis como os meus amigos.

Draco sentiu uma pontinha de ciúmes do modo como ela falava de Harry e Rony. Mas o que é uma pontinha de ciúmes comparada a forte dor que ele sentia remoer todo o seu corpo? Embora essa dor fosse forte, a face iluminada de Hermione enquanto ela imaginava contar toda a verdade, finalmente, fazia com que Draco pensasse que talvez aquela fosse a coisa certa.

- Bom... – ele começou, evitando olhar para ela. – Agora estamos verdadeiramente em lados opostos. Torço para que você sobreviva, Hermione. Tome cuidado, ok?

- Por que está dizendo isto?

- Se você espera ser perdoada pelos seus amigos, mesmo depois de tudo, o mínimo que pode fazer é ficar longe de mim. – ele deu um passo para trás. – Muito longe.

- Isso quer dizer que não vamos mais nos ver, não é? – ela perguntou, a voz embargada. Mesmo sabendo a resposta, era difícil de aceitá-la, pois já não conseguia pensar em sua vida sem Draco Malfoy nela.

- Não, não vamos, Hermione. Seremos novamente só Malfoy e Granger. – Draco deu um passo para o lado oposto ao dela, rumando para a porta.

- Draco! – ela chamou, virando-se bruscamente enquanto ele levava a mão à maçaneta. Quando ele levantou o olhar para encará-la, Hermione demorou a tomar coragem, mas disse o que tanto queria.

– Eu te amo.

Ele nada disse, e o silêncio teria inquietado Hermione se ele não tivesse dado dois passos na direção dela e puxado Hermione pela cintura. Colou suas bocas e seus corpos, no beijo mais intenso que ambos tinham experimentado um dia. Ao pensar que talvez nunca mais fosse sentir a boca dele outra vez, Hermione voltou a chorar, mas não desgrudou os lábios de Draco um só segundo.

Soltaram-se demasiado devagar e voltaram a se encarar. Hermione enterrou o rosto no peito de Draco enquanto ele próprio a abraçava tão forte que a machucava. Naquele momento, ela soube que ele estava sofrendo tanto quanto ela.

Draco a afastou dele e deixou um beijo em sua bochecha. – Adeus, Hermione.

E ele se foi.

Continua

N/A:
Dramático, hun? Eu quase chorei escrevendo esse capítulo. Se fosse eu, abandonava tudo e corria atrás do meu Malfoyzinho mais lindo do mundo, mas a Herm não pensa assim, fazer o quê?

Vejo vocês no próximo capítulo, e DEIXEM REVIEWS DESSA VEZ! Vocês são maus comigo, ninguém comentou no capítulo anterior. Só a Deh malfoy e a Mary Granger Potter, então agradeço a vocês duas.

Beeijo, até mais.

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