Gelo e Fogo



Me lembre de não esquecer que te amo

Autora:
Thaís Potter Malfoy

Shippers: Harry/Hermione; Draco/Hermione; Harry/Gina.

Resumo: Hermione sofre um ataque e acorda na enfermaria da escola, sem memória. Agora ela está totalmente perdida e não sabe se deve acreditar em seus sentimentos ou no que as pessoas lhe dizem.

Capítulo Treze – Gelo e Fogo

Hermione terminou o jantar o mais rápido que se julgou capaz. Deixou Harry, Rony, Ginny e Luna à mesa, sem explicações, e seguiu seu caminho para a Torre da Grifinória, constantemente olhando para trás e checando se alguém a seguia. Quando teve a certeza de que ninguém estava atrás dela, a morena mudou sua rota, agora em direção aos níveis mais baixos do Castelo de Hogwarts, onde se encontravam todos os estudantes sonserinos de magia.

As luzes se acendiam para que ela passasse, alguns quadros na parede reclamavam da claridade, e o caminho nunca lhe parecera mais longo e torturante. Queria chegar logo até seu destino: os braços de seu loiro oxigenado, arrogante e, mesmo assim, amado.

Deu três batidas afobadas na porta de madeira escura, com medo de que alguém a visse. E se a vissem, entretanto, ela tinha várias desculpas plausíveis para estar ali. Contudo, preferia não arriscar, nem ter de passar por isso.

Hermione bateu o pé, impaciente devido à longa espera. Bateu novamente na porta e, no mesmo instante, esta se abriu, revelando um Draco Malfoy com uma calça listrada de azul e branco – provavelmente seus pijamas – e sem algo lhe cobrindo o peitoral. Seus cabelos extremamente loiros estavam bagunçados, o que na opinião de Hermione o deixava ainda mais charmoso.

– Boa noite, Malfoy. – ela disse, seca, embora seus olhos brilhassem de luxúria sem que ela se desse conta. Draco abriu caminho para que ela pudesse entrar no quarto, fechando a porta em seguida.

– Granger... O que te traz aqui, posso saber? – ele perguntou, igualmente seco.

– Isso. – ela disse, pulando (literalmente) em cima dele após a declaração e roubando um beijo quente do garoto.

Draco segurou-a pela cintura, tentando manter o equilíbrio enquanto carregava Hermione no colo até a escrivaninha, o primeiro móvel que achou. Ela sentou-se sobre a mesa, ainda entrelaçando as pernas na cintura de Draco. O beijo não se rompeu em momento algum, e só ganhava intensidade. As mãos gélidas do descendente de Lúcio seguravam com firmeza as costas da morena à sua frente, e a trazia para mais perto.

Finalmente o fôlego de ambos terminou e Draco, embora com dificuldade, rompeu a ligação de seus lábios. Hermione permaneceu de olhos fechados durante segundos intermináveis, pois Draco passava os dedos suavemente por sua face e seus cabelos.

– Quanto fogo, Granger. – Draco, ofegante, soltou uma risadinha desdenhosa após dizê-lo.

– Você não faz a menor idéia, Malfoy. – ela sussurrou, passando a língua pelo lóbulo da orelha de Draco em seguida.

– Quem é que te deu Whisky de Fogo, Hermione? – ele brincou; mas Hermione pôde sentir a insegurança em sua voz, provocada por seu ato ousado. Draco estava a desejando naquele momento e – eis que sua frase torna-se contra ela própria – ela não sabia o quanto.

– Draco, Draco... Não posso simplesmente querer tirar proveito do meu namorado extremamente feio, gordo e que beija muitíssimo mal? – ela perguntou, usando de sua recém adquirida ironia, cortesia de Draco.

– O Potter está na Torre da Grifinória a essa hora, Hermione. Terá que se contentar com Draco Malfoy. – ele sorriu para ela, a fim de roubar de sua namorada outro beijo.

Ela o partiu, instantes depois. – Draco... Há uma coisa que preciso te contar.

– Ah. – ele suspirou, saindo e dando as costas a Hermione. – Por isso tanta energia e vigor. O que você fez, Hermione? Se beijou o Potter outra vez não precisava nem se dar ao trabalho de vir me contar, já disse que você faz o que bem enten-

- Draco! – ela interrompeu o discurso, fazendo-o calar a boca. Desceu da escrivaninha, agora toda bagunçada, e caminhou sorrindo até ele. Passou os braços por cima dos ombros do outro. – Não é nada disso, não precisa ficar estressadinho.

– Então conte de uma vez, Hermione. – ele pediu.

– Eu tive uma conversa com Harry, nada mais. – ela começou. O olhar de Draco era indefinível naquele momento. – Hoje nós fomos até os jardins e eu disse a ele tudo o que eu sentia, ou quase tudo...

– Ótimo. Espero que tenha omitido a parte “eu pego Draco Malfoy pelas suas costas”, porque ele realmente não aceitaria ser seu namoradinho se você dissesse isso...

– E quem disse que ele é meu namoradinho? Seu amigo Ciúmes? – Hermione perguntou, rindo da cara de Draco.

– Mas o qu-

- Draco, eu disse que não podia ter nada com ele. Que meu amor por Harry era só de amiga. E, é claro que eu não disse isso a ele, mas a coisa mais parecida com paixão que eu sinto agora está direcionada a pessoa menos óbvia possível: você.

Draco permaneceu inexpressivo por longos minutos, que pareceram horas. Hermione começou a ficar cada vez mais apreensiva por não saber o que se passava por trás de seus olhos azul-acinzentados. Draco soltou um longo suspiro, desvencilhou-se dos braços da morena e fechou os olhos o mais forte que pôde, de costas para ela.

– Draco? – Hermione chamou, mas a voz apenas ecoou na mente dele, ligeiramente perturbada. – Draco, o que foi que eu disse? Você está... bem?

- Estou, sim. – ele respondeu, por fim. – Mas você cometeu um erro, Hermione.

– Erro? – ela não entendia.

– É, um erro. – ele virou-se para a grifinória. – Se o Potter tiver o mínimo necessário de neurônios ele vai chegar à conclusão de que você está... – ele parou, medindo as palavras - ... gostando de outra pessoa.

Hermione percebeu o modo como ele falou aquela palavra. Gostando. Em sua cabeça, nada se encaixava. Draco parecia estar tentando passar a impressão de que somente Hermione se envolvera emocionalmente naquilo, e ele não, quando ela poderia jurar que era correspondida. O loiro parecia medir as palavras para não machucá-la.

– Bem, Draco... Se ele chegar a essa conclusão posso desmentir muitíssimo bem, como se fosse a verdade. – ela disse, seca. – Descobri ultimamente ser uma ótima atriz.

– É, você tem seus talentos.

O que era aquilo? Céus, num minuto ela praticamente dizia que o amava, e no outro eles estavam trocando farpas como nos velhos tempos – não que Hermione se lembrasse disso, é claro. Mas Draco se lembrava. E estava doendo. Sim, ele tinha medo de admitir que sentia a mesma coisa por ela em voz alta.

- Muito bem, então. – ela disse – Agora que eu já disse o que tinha a dizer, é melhor ir embora.

- Até mais ver, Hermione. – ele apenas deu um leve aceno e rumou para o banheiro.

Naquela breve caminhada até o outro aposento, Hermione conseguiu olhar o corpo perfeito de Draco, de costas. Mas a perfeição naquele corpo não foi o que lhe chamou a atenção, e sim a marca retilínea em seu ombro direito, que estava tão vermelha que parecia estar sangrando. Parecia a marca de uma corda, ou até uma chicotada...

Hermione apavorou-se, mas antes que pudesse comentar qualquer coisa, Draco fechou a porta do banheiro bem na sua cara.

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Quando chegou à Torre da Grifinória, naquela mesma noite, Hermione sentia-se péssima. Draco estava machucado e ela acreditava ter culpa. Precisava, de algum modo, compensá-lo e fazer com que ele não a tratasse daquele modo distante, porque Hermione sentia as pequenas feridas sendo abertas em seu coração a cada vez que ele fazia aquilo.

Foi então que uma garota do ano anterior ao dela veio em sua direção bem na hora em que Hermione estava sentando-se em sua poltrona favorita.

- Hermione Granger? – a garota perguntou, mesmo sendo desnecessário, já que todos na escola conheciam a melhor amiga de Harry Potter.

- Sim. – Hermione assentiu.

- A professora Minerva quer falar com você, na sala dela.

- Muito obrigada. – Hermione agradeceu, ao mesmo tempo em que tornava a se levantar e seguia para a sala da professora de Transfiguração.

A morena bateu à porta da sala dela e logo recebeu o consentimento para entrar. A pessoa que viu junto à diretora da Grifinória a deixou surpresa e alegre: Draco estava ali.

- Boa noite. – Hermione disse, enquanto entrava.

- Boa noite, senhorita Granger. – disse Minerva, enquanto Draco permaneceu calado. – Sente-se, por favor. – A garota prontamente obedeceu. Então, a mais velha continuou – Chamei os dois aqui esta noite porque, como bem sabe a senhorita Granger, ela própria se afirmou apta para o trabalho de Monitora-Chefe. Correto, Hermione?

- Sim, senhora. – Hermione confirmou.

- Sendo assim, quero que retome suas tarefas aos poucos. A primeira coisa que pode voltar a fazer é a ronda noturna, que consiste em vigiar os corredores em busca de alunos infratores das regras desta escola. – prosseguiu a professora.

- Certo – Hermione consentiu. Estava começando a se irritar com o silêncio de Draco.

- Senhor Malfoy, estou agora te encarregando de acompanhar a senhorita Granger ao menos na primeira semana de rondas, até que ela sinta que pode continuar sozinha ou com a ajuda de um monitor de sua própria casa. – Após esta declaração, Draco se mexeu desconfortável em sua cadeira, mas confirmou com a cabeça. – Enquanto fazem a ronda, o senhor pode explicar à senhorita Granger as outras tarefas comuns a vocês dois como Monitores-Chefes de Hogwarts.

- Muito bem, professora. – ele finalmente disse.

- Estamos entendidos, então. Senhorita Granger?

- Sim, perfeitamente. – Hermione balançou a cabeça em confirmação. – Começamos quando?

- Por que não hoje mesmo?

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- Vai ficar mudo até quando? – Hermione perguntou, lançando um olhar de lado para Draco. Os dois caminhavam por um corredor largo no sétimo andar.

- Não estou bem-humorado hoje, Hermione. – ele suspirou. Draco se aproximou de uma porta e abriu a fechadura, verificando se estava vazia. Depois, tornou a fechá-la.

- Você nunca está, agora me conte a novidade – ela ergueu a sobrancelha para ele. Draco olhou-a de cima a baixo e seguiu pelo corredor. – É sério, Draco.

Propositalmente, ela correu para alcançá-lo e colocou a mão sobre o ombro dele, o mesmo onde vira a marca vermelha naquele dia mais cedo. No exato instante, Draco contorceu o corpo e afastou-se dela, soltando um gemido baixo de dor.

- Quero saber aonde você arranjou esse machucado horrível, Draco. – Hermione parou no meio do corredor e o encarou fixamente, batendo o pé no chão.

- Hum... Deixe-me ver. – ele fingiu pensar. – Não é da sua conta. – respondeu, dando-lhe as costas.

- Quer, pelo amor de Merlin, parar de ser tão estúpido? – ela irritou-se. – Estou preocupada com você, Draco!

- Olha, não foi nada, ok? – ele também perdeu a paciência. – Estou acostumado com algumas punições desse tipo, nada que meu pai nunca tenha feito...

- Seu pai... Ele...

- Sim, ele me batia. É isso que quer saber?

- Como você pode encarar isso com tanta naturalidade? – ela se aproximou de Draco.

- Entenda uma coisa, Hermione... – Draco pôs ainda menos distância entre eles. – Você precisa saber, já que está comigo, a pessoa que eu sou. Cresci assim, e pelo visto não vou mudar. A minha vida toda eu fui cercado por Magia Negra, Comensais da Morte, violência e punições, chantagem de todos os tipos... O mal está em mim, na minha essência. É por esse motivo que vejo isso com naturalidade. Acredite, já vi coisas piores do que alguns cortes nas costas.

Hermione não sabia o que dizer. Sua boca se entreabriu levemente e ela não sabia o que pensar e nem o porquê de Draco estar lhe dizendo aquelas coisas.

- Estou lhe dizendo isso... – ele continuou, como se lesse os pensamentos da morena. -... Porque a Hermione pré-perda de memória sabia de tudo isso e estava comigo sem questionar. Sinta-se a vontade para se afastar se achar que eu sou uma pessoa ruim. Apenas se lembre de que você não pode dar as costas para o Lorde das Trevas.

- Oh, Draco. Eu não penso em me afastar de você. – Hermione disse, o olhando ainda sem um pensamento definido. – Você pode ter feito pouco caso, mas ainda hoje eu te disse que eu gosto de você de verdade.

- Eu não fiz pouco caso, Hermione. – ele desviou o olhar, incomodado – Eu apenas encaro as coisas de um jeito diferente de você, só isso. É melhor pararmos de falar sobre isto, estamos no meio de um corredor, sabe.

- Eu só preciso saber que você também se importa, Draco. – ela olhou no fundo dos olhos que estavam quase cinza-escuros naquela noite. – Me beija?

Draco ficou em silêncio. Ficou calado por tempo demais, até que olhou dos dois lados do corredor e aproximou sua boca da dela, num selinho demorado. Imediatamente, o alivio invadiu o peito de Hermione e ela abriu um sorriso quando ele se afastou.

- Vamos continuar a nossa ronda, Draco. – ela o chamou.

Ele apenas deu um de seus típicos sorrisos tortos e comentou:

- Essa é a primeira vez que eu me sinto grato à McGonnagol.

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Dois dias depois, tudo transcorria normalmente. Aulas, almoço, aulas, dois tempos livres – os quais Hermione gastou adiantando as lições de Feitiços – mais aulas e finalmente o jantar. Todos os outros alunos estavam aliviados pela chegada do final de semana, mas Hermione estava apreensiva.

O jogo da Sonserina contra Corvinal aconteceria na manhã de sábado e Draco deixara de ir à ronda da noite anterior para treinar. Ele estava nervoso diante da hipótese de perder e nem ao menos disputar o segundo lugar com a Lufa-Lufa. É claro que também havia a chance de ganhar a Taça, mas isso exigiria que seu time batesse a Corvinal em mais de 200 pontos. Hermione sinceramente esperava que ele não tivesse que disputar o primeiro lugar com a Grifinória, para não causar mais problemas à mente conturbada da morena.

Em seu tempo livre, Hermione andara adiantando o trabalho de Poções que supostamente devia fazer com Draco para que o loiro tivesse mais tempo para treinar o time. Rony a viu fazendo tudo sozinha na noite anterior e ralhou com ela, destacando todos os defeitos de Draco Malfoy, inclusive o seu dom para ser um belo folgado (nas palavras do próprio Ronald). Em contrapartida, Hermione inventou que Draco estava fazendo a outra metade do trabalho para que não tivessem que se encontrar além do horário das rondas.

- Ótimo – dissera Ron – É bom que fique longe do Malfoy, de qualquer maneira. Aliás, quanto mais longe melhor. Aquele riquinho, azedo, mimado, arrogante...

E seguiram-se os elogios à Draco e toda sua família. Hermione apenas manteve-se em silêncio e depois deu a desculpa de que não podia ouvir tudo aquilo porque tinha muito trabalho a fazer.

Após o episódio, não falara muito com Rony, e muito menos com Harry, já que os dois andavam atrás de suas respectivas namoradas, Luna e Gina. Oh, Rony havia pedido Luna em namoro havia dois dias e Hermione estava feliz por eles. Formavam o casal mais excêntrico de Hogwarts.

Em meio a todos esses fatos, a noite de sexta-feira passou rápida e quando Hermione se deu conta já estava acordando em seu dormitório, com a luz do sol atravessando algumas frestas da cortina. Pôs-se de pé e observou, através da janela, o tumulto que começava a se formar nos arredores do Campo de Quadribol. Deu-se conta de que estava atrasada.

Apressou-se a se arrumar e andou rapidamente pelos corredores em direção ao Salão Principal. Lançou um breve olhar para a mesa da Sonserina e viu Draco tomando seu suco de abóbora e trajando o uniforme verde do time. Hermione, então, sentou-se entre Lilá e Luna na mesa da Grifinória.

- Bom dia. – Hermione desejou e todos a responderam, na maioria com um aceno de cabeça.

- O Malfoy não perde a pose, não é mesmo? – comentou Lilá, percebendo o olhar de Hermione para ele.

A morena confirmou com a cabeça, servindo-se de uma fatia de bolo de nozes.

- Mas tenho que admitir que o corpo dele é simplesmente incrível. – Lilá continuou, olhando novamente para a direção de Draco.

Hermione ergueu as duas sobrancelhas, incrédula. Ao mesmo tempo em que a própria Hermione a encarava, Ron cuspiu todo o seu chá de limão e também olhou para Lilá. Harry o acompanhou, parecendo não engolir aquele comentário.

- Gente, qual é o problema? – Gina manifestou-se. – A Li não está mentindo, sabem.

Desta vez, os olhares foram ao encontro de Gina, que apenas continuou a passar geléia de uva em sua torrada, sem se incomodar.

- Então você acha que o corpo do Malfoy é... Como foi mesmo que disse, Lilá? – Harry perguntou.

- Incrível. Perfeito. Esculpido por Merlin. – Lilá suspirou.

- Ok, ok... Não precisa exagerar. – Luna se pronunciou pela primeira vez. – Ele é apenas um garoto que cuida da aparência.

- Vai dizer que também acha que o corpo do Malfoy... ? – Rony deixou a frase inacabada. Ele olhava para Luna com um olhar de dar pena.

- Seria lunática se não achasse, Ronald – a loira replicou.

Harry e Rony trocaram olhares desesperados.

- Hermione – Rony virou-se para ela, suplicante – Por favor, me diga que você não concorda com essas três malucas!

A morena ficou sem saber o que responder e acabou por gaguejar uma resposta. – Eu... Eu... O Malfoy? Ergh...

- Tá vendo só! Até a Hermione concorda, então é unânime – disse Lilá, com um sorrisinho vitorioso enquanto Hermione tornava-se cada vez mais rosada.

- Mesmo que eu concorde, não significa que ele deixa de ser um idiota. – Hermione expressou-se, definindo a questão. Harry e Rony trocaram olhares outra vez antes de voltarem a atenção para os respectivos cafés da manhã.

Logo, os seis estavam nos gramados secos de Hogwarts, em meio a alguns corvinais, se dirigindo para as arquibancadas azuis, já que eles obviamente jamais torceriam pela Sonserina. Hermione, entretanto, corria os olhos pela multidão de estudantes à procura de certos cabelos loiro-platinados. Afinal, ela queria desejar boa sorte para Draco antes do jogo.

- Mione? – chamou Lilá, acenando com a mão na frente de seus olhos. – Sabia que você anda muito estranha? Pelo menos ouviu uma palavra do que eu disse?

- Desculpe, Lilá, não estava prestando muito atenção... Você contava algo sobre o Bob? – Hermione tentou retratar-se. Imediatamente, Lilá continuou sua narração sobre como o garoto que ela estava de olho (Bob, da Lufa-Lufa) havia olhado para ela de um modo diferente durante a aula de Feitiços do dia anterior.

Sem prestar muita atenção a ela, assim como não o fazia antes, Hermione continuou sua busca até que achou quem procurava.

- Lilá... A nossa conversa pode ficar para daqui a pouco? – Hermione perguntou. – Eu vou... vou... tenho que ir ali.

Com essa desculpa mais do que esfarrapada, Hermione Granger caminhou para longe dos amigos e deixou-os – por mais que ela não pudesse ver – com cara de quem não entendia. Ela desviou do que pareciam ser milhares de pessoas até finalmente se aproximar de Draco Malfoy, que andava ao lado de Pansy Parkinson e da artilheira da Sonserina, Heather Millvich.

Entortou o nariz ao vê-lo rodeado de mulheres, mas mesmo assim manteve um olhar firme em sua direção até o momento em que Draco olhou para ela. Com os olhos fixos nos dele, Hermione fez um leve aceno com a cabeça, indicando que ele deveria segui-la, e caminhou para dentro do castelo.

Não demorou muito para que ela e Draco estivessem seguros e protegidos pelo feitiço silenciador dentro de uma sala abandonada no primeiro andar. Ele estava escorado na parede ao lado da porta e parecia se divertir com alguma coisa, pois tinha aquele sorriso de lado que só ele sabia dar estampado na face.

- Pois não, srta. Granger? – Draco perguntou. Hermione não pode evitar morder levemente o lábio inferior. Aquele bastardo era incrivelmente sexy.

- Eu já disse que você fica ótimo nesse uniforme? – ela perguntou, também sorrindo.

- Já, embora seja totalmente desnecessário. Eu sei exatamente o quanto eu sou charmoso. – ele replicou, fazendo revirar os olhos mesmo sorrindo. – Isso é tudo, Hermione?

- Oh, não. – ela disse, apressada; ele riu disso. – Quero desejar boa sorte, Malfoy.

- Hum... Essa conversa se tornou interessante... – ele deu dois passos a frente, envolvendo a cintura fina dela com suas mãos grandes e geladas.

O corpo todo de Hermione ficou colado ao de Draco quando ele a puxou de uma só vez para mais perto. Ainda com aquele sorrisinho sacana, ele uniu suas bocas e ambos se entregaram a um beijo cheio de vontade e luxúria. Aos poucos, o beijo foi se partindo.

- Ainda teremos a nossa comemoração após o jogo? – perguntou Hermione, com cara de cão sem dono.

- Claro que sim. – ele ficou um tempo puxando a ponta dos cachinhos de Hermione e observando toda a face dela. – Eu tenho que ficar pelo menos um par de horas na comemoração planejada no Salão Comunal, mas por volta das seis da tarde eu vou até o seu quarto, pode ser?

- Como quiser... – ela respondeu, roubando um selinho do loiro. – Boa sorte, Draco. Vou torcer por você, fresquinho.

- Ok. – ele se afastou. – Espere alguns minutos antes de sair.

Dito isto, Draco abriu a porta e saiu.

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Hermione ficou perdida por alguns minutos em meio a torcida da Corvinal, mas finalmente alcançou o lugar guardado para ela entre Gina e Lilá.

- Hey, Herms. Onde estava? – perguntou Harry, que estava logo ao lado de Gina.

- Eu esqueci algo importante no dormitório... Coisas de garota, Harry. – ela mentiu, sem ganhar nenhum rubor. Gina e Lilá assentiram em sinal de compreensão, mas Harry apenas deixou para lá e voltou a prestar atenção ao jogo.

Neste momento, o apito soou e os times já posicionados deram inicio à partida. A goles começou com o time da Corvinal, mas logo o artilheiro foi acertado por um balaço mandado pelo batedor sonserino com cara de guarda-costas. Agora com a posse de bola, o time da Sonserina avançou pelo campo e eles marcaram o primeiro gol.

Hermione conteve-se para não demonstrar nenhuma reação, enquanto Harry e Rony xingaram juntamente com toda a torcida corvinal atrás deles. Só nesse momento Hermione percebeu que Luna não estava ali, e sim na arquibancada dos professores, narrando o jogo.

“... Heather pega a goles novamente, ela está perigosamente perto das balizas, a qualquer momento... GOL DA SONSERINA! 20 a 0 é o placar. A Corvinal retoma a goles, será que Bob vai descontar a diferença? Ele passa a bola para Steve, que repassa para Charlie. Cuidado, Charlie, preste atenção aos balaços!...”

Hermione decidiu passar os olhos pelos céus para encontrar Draco. Sem demora, o viu sobrevoar o campo mais ao alto e o sol quase cegou a morena, porém ela foi capaz de dar uma olhada no loiro. Ela continuou a segui-lo com o olhar e, por esse motivo, pôde ver quando ele iniciou uma corrida em alta velocidade para baixo no momento em que o placar marcava 120 a 30 para a Sonserina. Se ele pegasse o pomo agora, a Sonserina teria chances maiores de ganhar a Taça caso também batesse a Grifinória.

E Draco, de fato, o pegou, agitando o pontinho brilhante no ar e sendo ovacionado diante da torcida da Sonserina.

- Ah, cara! – resmungou Rony.

- Não posso acreditar! – disse Gina. – Harry, estamos ferrados.

Hermione não pôde deixar de concordar.

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- O Malfoy nunca jogou tão bem quanto hoje! – Dino comentou.

Todos os formandos da Grifinória estavam reunidos na Sala Comunal, discutindo a partida Corvinal x Sonserina. Os rapazes estavam arrasados; algumas garotas estavam por solidariedade a eles; e outras – esta categoria incluía Hermione – nem ligavam. A única coisa que seu cérebro fazia questão era lembrá-la a cada segundo que, em breve, ela teria que se encontrar com Draco em seu quarto.

- Será que ele tomou alguma poção ou trapaceou de algum modo? – questionou Rony. Os outros pareceram cogitar a idéia, já que se tratava de Draco Malfoy.

- Ah, gente... Não tem jeito mesmo, vamos esquecer isso. Eles ganharam, está acabado. – disse Gina. – A única coisa que podemos fazer é treinar muito para garantir a Taça no próximo jogo.

- A Gina está certa, sabem... – concordou Alice.

- Agora, se nos dão licença, eu e Harry vamos curtir o pôr-do-sol. – Gina concluiu com um enorme sorriso, puxando Harry pela mão para fora da Sala Comunal. Hermione sentiu uma pontinha de inveja da ruiva, pois ela podia expor seu namoro e ficar com Harry sem se preocupar, ao contrário da morena.

Ao pensar em Draco, sentiu pontadas em seu estômago e decidiu que já era hora de ir esperá-lo. Ela mal podia esperar para estar perto dele outra vez.

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- Que história é essa de pôr-do-sol? – Harry perguntou, estranhando a atitude de Gina enquanto ambos caminhavam pelos corredores um tanto quanto desertos.

- Ah, meu amorzinho, você não vai dizer que acreditou, vai? – a ruiva deu um sorriso cheio de segundas intenções e Harry riu, balançando a cabeça em reprovação.

- Desconfiava. – ele riu – Escuta, Gina, temos que conversar.

- Por que, se há coisas melhores para se fazer com as nossas línguas? – ela lançou outro olhar malicioso para ele. Harry sentia-se tentado a deixá-la fazer o que quisesse, mas tinha algo importante a dizer.

- É sério, Gina. – ele insistiu. À essa altura, eles estavam parados diante da Sala Precisa.

- Só se você prometer que depois eu posso fazer o que tenho em mente. – ela concordou, molhando os lábios vermelhos.

- Isso depende... – continuou Harry, quase fisgado pelos dotes sedutores de Gina.

- De quê? – ela se aproximou, puxando Harry pela gravata.

- É melhor entrarmos. – ele disse, se desvencilhando dela e abrindo a porta. Novamente, encontrou a sala decorada de maneira romântica e uma enorme cama no meio dela.

- Gostou? – perguntou Gina, o abraçando por trás.

- Sim, mas não vamos precisar da cama hoje. – ele disse virando-se para ela. Ela tinha um olhar cheio de luxúria. – Não é o que você está pensando, Ginny. Hoje nós só vamos conversar.

- Pare de ser tão chato, Harry. – ela ficou emburrada, largando-o em pé e indo para a cama, onde se sentou de braços cruzados.

- É um assunto importante, linda. – ele acompanhou a namorada e também se sentou.

Ela deu um leve sorriso – Faz tempo que não me chama assim... – Gina enterrou o rosto no ombro do moreno, aspirando o cheiro dele e soltando um suspiro. – Eu te amo tanto, Harry. Você também me ama?

- Eu... É claro que te amo, Gi. – ele passou a mão por entre os cabelos dela. – Gosto de você e por isso não quero que você sofra ou seja injustiçada.

- O que quer dizer com isso? – ela levantou os olhos para encontrar os dele.

- Quero dizer que... Eu tenho que te contar uma coisa. – ele deu uma breve pausa e respirou fundo – Eu estou gostando de outra pessoa, Gina.

A ruiva ficou com o olhar fixo no dele e Harry sentiu suas faces queimarem sob o olhar dela. Ele não sabia definir qual seria o próximo ato dela, até que Gina disse.

- Eu já sabia, Harry. Sempre soube, o tempo todo.

Continua

N/A:
Capítulo totalmente escrito à base de cookies de chocolate, vai um aí? Bom, espero que tenham gostado – do capítulo, não dos cookies.

Ah, gente, eu tô tão confusa. Não sei como vai ser o final. Quando eu comecei a escrever essa fic, já tinha um plano traçado para o final, mas agora – enquanto eu a escrevo – tudo mudou. Entendam que tudo pode acontecer e, por favor, não me apedrejem se der um shipper que não é o seu.

Whatever... Mas eu tenho uma boa notícia pra vocês. A partir desse capítulo, eu só postarei um novo quando o posterior a ele já estiver ao menos na metade. Assim (espero eu) vocês não vão esperar por tanto tempo um novo capítulo.

Como sempre, a única coisa que eu peço: COMENTEM, POR FAVOR. Gritem, esperneiem, elogiem, critiquem, sugiram, enfim... Estou aqui para servir aos meus leitores. Haeuiaheuia.
COMENTEM!

Beeeeijos pessoas do meu coração. E meu muito obrigado especial para quem comentou no anterior.

Thaís Potter Malfoy.

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