Filho das Sombras



Ângelus não reagia ao tratamento médico. A cada hora sua vida estava esvaindo-se. Harry estava sentado com as mãos na cabeça. Gina, que voltara a uma hora e não contara como foi seu encontro com Snape estava encostada na parede, olhando o marido. Harry já apresentava alguns fios brancos na cabeça, que ao invés de demonstrar que a idade estava chegando, dava ao grande auror um charme especial. Uma luz que somente um homem que lutou quase a vida inteira pelo Bem poderia ter. A ruiva sentia certo remorso por momentos antes ter beijado aquele que seu marido mais odiava. O beijo foi algo estranho. Não fora tão bom quanto antes. Talvez não amasse mais Snape como antes. Quem sabe Harry estava conquistando o coração da mulher. Ela foi até o marido, ajoelhou-se à sua frente.

Harry olhou-a amoroso. Sabia que Gina estivera com Snape, mas não via nela nenhum rastro de felicidade. Mas como poderia estar feliz se o filho estava morrendo?

-Gi – Harry pegou as mãos de Gina- Eu queria tanto poder estar no lugar do nosso filho. Eu sinto tanta dor aqui dentro – Harry colocou as mãos no coração

– Não quero perdê-lo!

Gina abraçou o marido e juntos começaram a chorar. Ela sentia o mesmo que o marido. Angel não queria mais viver. Sentia que a vida do filho estava indo embora e não podia fazer nada.

No quarto, Angel não aparentava nenhum sinais de melhora. Não fisicamente. Mas seu espírito estava no lugar que desejava. Ele reencontrara aquela que amava. Foi pouco depois de dar entrada no hospital. Sentiu um grande sono. Após uns minutos, Angel abriu os olhos, mas não estava no hospital. Parecia estar em sua casa. Mas não havia ninguém. De repente um barulho vindo do quarto do garoto despertou sua atenção. Foi ver quem era. Perto da janela encontrava-se a figura esguia de Anne, que ao vê-lo abriu um grande sorriso:

- Angel!

-Anne! – Ângelus correu e abraçou a namorada – Você voltou. Eu pensei que tinha morrido. Como sofri!

-Angel, meu amor. A morte não existe. Ela é apenas uma passagem para a verdadeira vida.

-Então eu morri?

-Não.

-Então como posso estar aqui com você?

-Seu corpo sofreu um grande trauma e sua alma saiu do seu envoltório apenas por alguns momentos.

-Eu não quero voltar. Não sei viver sem você! Minha vida não é nada sem você!

-Angel, a nossa separação é temporária. O que são alguns anos em frente à Eternidade?

- Você fala assim por que não está no meu lugar!

-Acha por que morri, não tenho mais sentimentos? Puro engano meu querido. Aqui desse lado, continuamos do mesmo jeito. Meu amor por você continua igual.

-Por que me deixou?

-Foi preciso.

-Eu irei te vingar. Matarei aquele maldito.

-Não se lembra do que aquela senhora nos disse? Enfrentem o ódio com o ódio e suas vidas serão dissipadas.

- O que quer que eu faça? Ele tirou tudo que eu tinha!

- Não sinta tanto ódio – Anne acariciou o rosto de Angel – Somente o amor vence tudo. Não vê o nosso caso? Nem mesmo a morte pode nos separar.

-Anne, me beije...

Anne aproximou-se e beijou delicadamente os lábios de seu amado. Sabia que tinha pouco tempo. Angel logo voltaria para o corpo.

-Angel, promete que aconteça o que acontecer, você nunca precipitará sua vinda para cá?

-Por quê? Não me quer mais?

-Não é isso. Não sabe como os que tiram a própria vida sofrem. Acham que a morte é o fim de tudo. Enganam-se. Aqui é onde a vida realmente começa.

-Anne. Sinto que algo está me puxando.

-É seu corpo. Volte Angel e espere a sua hora. Eu ficarei te esperando.

-Eu te amo tanto.

-Eu sei, por isso não faça nenhuma besteira que possa nos afastar.

-Acho que está na hora – Angel olhou com certo desespero. Não queria deixar sua amada. Anne percebendo o sofrimento de Angel segurou em suas mãos e disse:

- Eu amo você. Amei-te num passado remoto. Amo você nesse presente momento e sei que meu futuro é amar-te. Também sofro por estar longe de você. Mas a esperança que tenho de que um dia você voltará ao meu lado me dá forças para esperar. Não desanime. Lute pela vida e não contra ela.

Angel sentiu um solavanco e quando abriu os olhos novamente estava na cama do hospital. Sentiu fortes dores derivadas dos vários cortes existentes em seu corpo. Olhou para o lado e viu a enfermeira arrumando alguns remédios que estavam na pequena mesa ao lado.

-Por favor, onde estão meus pais? – indagou Angel com voz sumida.

A enfermeira levou um pequeno susto. Fazia algumas horas em que ele se encontrava sem dar nenhum sinal de vida.

-Estão lá fora. Irei chamá-los – dizendo isso ela saiu. Pouco tempo depois, Gina e Harry entram no quarto. Gina com lágrimas nos olhos diz ao filho:

-Meu amor, que bom que melhorou.

-Sinto muitas dores – resmungou Angel.

-Logo passará – Harry disse colocando suas mãos sobre as de enfermo.

-Oi pai. Está tudo bem?

-Melhor agora que você recuperou a lucidez meu filho – disse Harry olhando carinhosamente para o filho.

-Mãe – disse Ângelus voltando-se para a mãe – Eu vi a Anne. Ela estava linda.

-Ela sempre foi linda meu filho – disse Gina.

-Estava diferente. Tinha uma luz em volta dela. Ela disse que me amava.

Gina ficou olhando para o filho. O coma o fizera sonhar com Anne, pensou.

-Eu queria poder ficar com ela. Mas ela disse que ainda não era hora. Que eu precisava voltar.

-Que bom que a escutou Angel. Eu morreria se te perdesse.

-Ah mamãe. Não queria te fazer sofrer. Mas é tudo culpa daquele Maldito.

-Não vamos falar nele agora. Precisa descansar. Logo você vai estar em casa e vou cuidar de você, como fazia quando era criança.

-Mãe!? Eu já sou um homem! – zombou Angel.

-Não ligue meu filho. Sua mãe é assim mesmo. Até eu ela trata como se fosse um menino.

-É por que eu amo muito vocês.

-Nós também te amamos minha ruivinha, né pai? – Angel disse olhando para o pai.

-Claro. Você é a mulher mais importante das nossas vidas – Harry abraçou a mulher carinhosamente – Agora trate de melhorar Angel, por que não agüento mais ficar no hospital – disse rindo – E eu sei que a comida daqui é péssima.

-Ou é você que está mal acostumado com a comida da mamãe.

-Bem, ela não cozinha como sua vó Molly, mas até que é boa.

Gina deu um tapinha na mão de Harry.

-Também não cozinho mais. Se quiser comer agora terá que ir à Toca.

-Até que não é má idéia hein filho? Aquela torta de abóbora que a Molly faz é deliciosa.

-Nem me fale pai que minha boca já está cheia de água.

-Ah é assim? Vocês dois vão se juntar? Também estou de mal de vocês – Gina fez biquinho e fingiu que ia embora fazendo pai e filho rirem.

Assim a família Potter seguiu os dias em que Angel ficou no hospital, em um ambiente alegre e descontraído, fazendo com que o enfermo se recuperasse mais rápido do que o normal e recebeu alta dois dias antes do previsto.

A volta para casa foi uma grande festa. Praticamente todos os Weasley estavam esperando Angel na casa, exceto por Percy, que teve que ficar no Ministério.
E com toda a balbúrdia, o filho das Sombras pode esquecer por algumas horas o tormento em que viveu nos últimos dias.

Continua...

N/A:Agradeço sinceramente às pessoas que estão acompanhando a fic.

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