Fumaça e Espelhos



- Continue caminhando senhorita Granger. – O centauro falou sem olhar para a garota. – Eu prometo que responderei sua pergunta quando vocês voltarem.

Ela virou-se decidida e começou a descer as escadarias, sendo engolida pela escuridão das sombras no caminho.


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Hermione lançou um ultimo olhar de esguelha para Typhon, e viu que o centauro contemplava de maneira resoluta as estrelas. Ela pensou consigo mesma: "Será que ele vai realmente responder minha pergunta quando saírmos daqui?"

Descendo vertiginosamente na escuridão, embaixo daquela estátua de Anjo no cemitério, se encontrava uma larga e interminável escada em espiral.
Harry e Rony caminham a frente do grupo, com as varinhas iluminando do caminho, Draco e Astória estavam logo atrás, e para a surpresa de Hermione, ela percebeu que estavam de mãos dadas.
"Draco Malfoy, com uma garota? Draco Malfoy protegendo alguém? Esse dia fica cada vez mais estranho..."
Ela lançou um olhar para Rony, e por um momento contemplou a ideia de alcançar a mão dele... Mas ela não teve coragem.
Depois do que pareceram cerca de trinta minutos, eles chegaram ao fim da escada em espiral. Estavam agora de frente com um enorme salão escuro, e envolto numa névoa cinzenta. O salão era tão amplo que era impossível ver o teto ou as paredes, apenas uma infinita escuridão.

Rony lançou um olhar desanimado para Harry.

- Accio Chave! - O ruivo entoou, Mas nada Aconteceu. - Não custava tentar... - Ele disse com a voz encabulada.

- Você realmente achou que isso fosse funcionar Weasley? - Draco disse em tom de deboche.

- Eu e o Harry somos os unicos aqui com treino do Ministério para esse tipo de situação... - Rony retrucou irritado - Então cale a boca e guarde sua opinião para você Malfoy!

- Calados os dois! - Astória interrompeu com uma voz aguda. - Esse lugar me assusta... Vamos tentar não fazer barulho.

Os cinco ergueram as varinhas, tentando iluminar a escuridão ao redor... Era impossível ver alguma coisa por entre a névoa.

Harry voltou-se em direção aos outros - Vocês acham que é uma boa ideia nos separarmos? Talvez assim nós podemos encontrar a chave rápido...

- Eu não sei companheiro... - Rony disse ainda olhando em volta - Esse lugar parece ser enorme... Seria fácil para um de nós se perder aqui.

De repente, Draco abaixou-se, estava agora agachado tentando iluminar algo no chão. - O que é isso? - O sonserino disse de maneira confusa.

Hermione viu que Draco iluminava o desenho de uma fina linha negra no chão.

- Tem mais dessas linhas aqui... - Disse Harry se afastando alguns passos do grupo.

- Estão por todo o chão. - Draco concluiu, olhando a volta dele. Por todo o chão haviam linhas negras desenhadas, em uma padrão aparentemente aleatório. - O que vocês acham que isso significa? - Draco perguntou.

Mas antes que alguém pudesse dizer alguma coisa, com um barulho agudo e um estrondo, um gigantesco espelho desceu do teto como se fosse uma guilhotina, fechando a entrada por onde eles haviam chegado, e bloqueando completamente a passagem de volta para a escada em espiral. Eles mal tiveram reação, e em algum lugar em meio a escuridão eles ouviram o mesmo barulho... O som agudo e um estrondo.

- Outro espelho deve ter descido do teto em outro lugar... - Astória falou assustada.

Outra vez eles ouviram o estrondo... E outra... E mais outra...
Em alguns segundos o salão ecoava com o dezenas de estrondos, um atrás do outro, como uma salva de palmas sinistra. Hermione foi a primeira a ver, em volta deles, espelhos desciam do teto em alta velocidade, como se fossem guilhotinas fechando o caminho... E ela então percebeu... As linhas no chão eram marcações, indicando o local onde os espelhos iriam cair. Ela olhou para os amigos, e com horror ela percebeu que Astória estava de pé bem em cima de uma das linhas. Hermione empurrou a garota que cambaleando caiu entre os braços de Harry, no exato momento em que um espelho chiou e caiu no local onde ela estava segundos antes. Harry imediatamente percebeu por que Hermione havia empurrado Astória e certificou-se de manter a si e a loira afastados das linhas. Hermione viu Rony tentando alcança-la, mas um espelho desceu velozmente entre os dois separando-os...

Depois de segundos de chiados, estrondos e gritos de horror, tudo ficou em silêncio. Mione olhou a sua volta, e para o terror dela, ela percebeu que os espelhos haviam formado paredes e corredores a volta dela, separando-a do resto do grupo. Ela estava completamente sozinha em um labirinto de espelhos.


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- Draco? - Astória exclamou assustada. - Cadê o Draco?

- Não sei... - Harry respondeu aprumando-se - fomos separados nessa confusão. - Harry ergueu a varinha, iluminando, em sua volta, infinitos reflexos de espelhos dentro de espelhos. Isso desorientou o rapaz, fazendo com que ele sentisse como se o labirinto fosse interminável.

- Draco! - Astória gritou. Não houve resposta.

- Nós nos separamos, mas vai tudo ficar bem. - Harry disse tentando acalmar a garota.

- Mas e se um desses espelhos caiu em cima dele? - O rosto de Astória se contorceu em fúria. - Ele disse que isso seria uma armadilha! Vocês não deram ouvidos, e ele pode estar ferido... - Ela voltou-se contra um dos espelhos, na direção onde Draco estivera, e começou a gritar o nome dele a plenos pulmões. Ainda sim não houve resposta. Harry até tentou acalmar a garota, mas a loira se desvencilhou dele e começou a esmurrar um dos espelhos, tentando desesperadamente fazer com que Draco a ouvisse.

Foi quando eles escutaram. Um som agudo, como o de um giz arranhando contra um quadro negro, mas muito mais alto e aterrador.

- O que foi isso? - Astória disse, empalidecendo, e olhando assutada na direção do barulho.

- Faça silêncio. - Harry sussurrou. - Tem mais alguma coisa nesse labirinto além de nós.

Quando Astória voltou a encarar o reflexo dela no espelho, ela não pode segurar o grito, o reflexo dela era distorcido, uma versão hedionda dela mesma. Os olhos eram negros e sem pupilas, a pele cinzenta e cheia de feridas, e a boca repleta de dentes desiguais e pontiagudos.
Ela caiu para trás assustada, e rastejando tentou se afastar do reflexo, mas quando ela olhou novamente, o reflexo havia voltado ao normal. Ela vi a si mesma novamente, pálida e assutada, caida aos pés de Harry.

- Fique longe dos espelhos. - Harry falou - Espelhos encantados são objetos muito perigosos. - Eles escutaram o barulho aterrador a distancia novamente. - Me escute Astória... - Harry se abaixou para encarar a garota. - Draco sabe se cuidar, ele vai ficar bem. Mas tem algo aqui que me parece hostil, e está vindo na nossa direção.

Ela olhou assustada para todas as direções.

- Eu preciso que você se recomponha, fique de pé e me ajude. - Ele tentava ajudar ela a se levantar enquanto falava - Não podemos ficar aqui parados, ou então, essa coisa vai nos alcançar. - Astória tremeu de leve com o comentário. - Você sabe fazer o feitiço flagrate? - Harry perguntou, e Astória assentiu que sim com a cabeça. - Bom, então eu vou nos guiar, iluminando o caminho, e você vai marcando o chão com o flagrate, assim vamos saber por onde já passamos. Certo? Não vamos nos perder...

- E quanto ao Draco? - Ela não se deu ao trabalho de tentar esconder o desespero na voz.

- Draco também deve estar a nossa procura, se continuarmos a nos mover, podemos encontrá-lo.

Eles escutaram novamente o barulho, dessa vez mais próximo, e sem perder tempo, Harry seguiu pelos corredores do labirinto, a varinha erguida iluminando o caminho, Astória logo atrás, deixando uma trilha de fogo pelo chão, marcando o caminho.


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- Mione, você consegue me ouvir? - Rony gritava. Esteve gritando a plenos pulmões, tentando fazer com que fosse ouvido, mas não havia resposta alguma de Hermione.
Rony ouviu o guinchar ao longe. Alguma criatura desconhecida espreitava pelo labirinto. - Mione! Esse lugar não é seguro! - Ele voltou a berrar. Pensou em se mover, mas sentiu um medo terrivel de se separar do local onde Mione estava, e não ser capaz de encontrá-la novamente no labirinto.

Rony iluminou os corredores erguendo a varinha. Centenas de milhares de reflexos dele, ecoando infinitamente dentro dos espelhos, a visão de tantos corredores vertiginosos deixou Rony zonzo por um momento.

- Mione, se você estiver aí... Eu estou indo te buscar ok? - Ele apontou a varinha na direção de um dos espelho, no qual ele achava ter visto Hermione desaparecer atrás no momento em que eles começaram a descer do teto. - Talvez seja melhor você se afastar Mione...

Ele respirou fundo, e com um floreio e um grito disse: - Bombarda!

O feitiço atingiu o espelho com força, mas ao invés de explodir como Rony esperava, ele apenas absorveu o impacto. Rony olhou confuso por um instante, enquanto seu reflexo no espelho sorriu, e repetiu o mesmo movimento que ele, e lá de dentro do espelho, o reflexo disparou outro grito "bombarda!". 
O projétil saiu voando de dentro do espelho, e foi em direção a Rony. Antes de ser atingido, o ruivo pensou em apenas uma coisa:

"Mione odeia quando eu tento explodir as coisas sem planejar antes".

Atingido em cheio pela explosão Rony saiu voando pelos ares, acertando com força a parede de espelho. Tudo ficou escuro e ele perdeu a consciência.

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Harry e Astória estavam caminhando pelo que parecia mais de uma hora. A garota estava extremamente assustada, e prestes a se debulhar em lágrimas, por mais de um momento Harry teve de parar e reconfortar a garota, mas nunca se demoravam. Sempre que paravam, eles conseguiam ouvir os rugidos ficando mais e mais altos, e se apressavam em continuar em movimento.

- Só mais um pouco, já estamos quase chegando no final... - Harry tentava acalmar a loira. Mas a cada curva, e a cada passo Harry sentia-se mais perdido. Os espelhos projetavam de forma desesperadora uma infinitude de caminhos que confundiam os sentidos dele o tempo todo, e a leve nevoa que pairava pelo chão dificultava enchergar as marcas que Astória deixava pelo caminho. Mais de uma vez, eles notaram estar passando pelo mesmo caminho.

E não ajudava nada ouvir de tempos em tempos o estranho som animalesco que ecoava pelos corredores. Assutava-os todas as vezes, e fazia com que eles apressassem o passo, e isso os desorientava ainda mais.

- Você acha que os outros estão bem? - Astória perguntou, depois de um periodo particularmente grande de tempo em que eles estavam calados.

- Tenho certeza de que Rony e Mione estão bem... - Harry disse com a voz tranquila - Eles já estiveram em situações piores.

- Sério? - Ela disse com a voz um pouco chorosa.

- Claro! Pergunte ao Rony sobre a vez que assaltamos o Gringotes... Ele adora se gabar por essa história. - Ele falou com uma risadinha.

- E ele deve estar cuidando da Mione, certo? - Astória falou um pouco mais alegre.

- Com certeza.

- Você acha que o Draco está bem? - Ela disse baixinho.

Harry ficou em silêncio por um momento. - Malfoy é um sobrevivente. - Ele encontra um meio de escapar dos problemas. É o que ele faz de melhor.

Ela refletiu as palavras dele, e sem saber exatamente o que Harry pensava sobre Draco, eles voltaram a caminhar silenciosamente pelos corredores espelhados.


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Draco xingou audivelmente em todas as direções. Havia sido separado do grupo a um longo tempo, e por mais que caminhasse pelo labirinto sentia-se andando em circulos.

- Bosta de Dragão. - Ele vociferou contra o proprio reflexo em um dos espelhos. Ele odiava esse lambirinto, ver sem parar em todas as direções reflexos de si mesmo estava começando a afeta-lo. Ele sentou no chão frio encoberto de névoa.

Ele escutou o estranho rugido próximo, vibrando em um dos espelhos, o rugido que soava maldosamente como algo arranhando contra uma superficíe. Entre o barulho, ele distinguiu o estranho som de cliques e estalos.
Draco sacou a varinha e se preparou para correr, mas era tarde demais. A criatura saltou de uma curva e encarou o loiro diretamente nos olhos.

Draco engoliu em seco, pensando no que faria a seguir.


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Rony flutuou pelo lance de escadas de mármore. Sabia exatamente o que estava acontecendo;
Estava sonhando outra vez.

Ele atravessou veloz os corredores e escadarias, flutuando por entre as pilastras adornadas, fazendo uma curva aqui e ali, subindo e descendo... Até que ele parou abruptamente diante da gigantesca porta feita de ouro.
A porta foi se abrindo lentamente revelando um intenso brilho dourado que cegou a visão do ruivo. Então, em meio a tanta luz, uma sombra cobriu Rony. Um gigantesco morcego com asas esqueléticas voando na direção dele.


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Rony abriu os olhos e piscou diversas vezes. Uma figura foi entrando em foco diante dos olhos dele.
- Mione? - Ele perguntou debilmente, sentindo uma tremenda dor no peito. - Mione é você?

A garota não respondeu de imediato, continuou onde estava, de pé observando Rony caido no chão.

- Mione, o que houve? - Rony foi perguntando, quando lentamente ia recobrando os sentidos.

- Eu não sei... - Mione disse com a voz fraca. - Quando te encontrei você estava aí caido.     

Rony foi se levantando lentamente. Hermione ficou parada observando ele se levantando, o olhar distante.

- Você tá bem? - o ruivo perguntou se aproximando da garota. - Você está esquisita, Hermione... 

- Só estou assustada. - Ela disse, como se acordasse de um transe. - Eu me assustei quando te encontrei caido, não soube o que fazer...

- Está tudo bem comigo Mione... - Ele disse reconfortando a garota. - Eu tô bem, foi só uma pancada de leve... - Assim que ele tentou se mover para perto ele soube que era uma mentira. Sentia uma ardencia incomoda no peito, tinha certeza que a explosão havia causado ao menos uma pequena queimadura na região do abdomen; Mas Rony continuo sorrindo e dizendo que tudo estava bem. A situação já estava demasiada complicada, com a maneira que Hermione vinha agindo nas últimas semanas achou que preocupar ainda mais a garota pudesse causar algum tipo de problema. - Cadê o Harry e os outros?

- Outros? - Hermione falou ainda meio distante. - Eu não sei, me separei de todos vocês quando os espelhos desceram... estive caminhando sem rumo por horas nesse labirinto... Sozinha.

Andando por horas sozinha, tendo como compania somente infinitos reflexos de si mesmo. Rony constatou que isso havia deixado Mione desnorteada. - Tá tudo bem agora Mione... - Ele se aproximou da garota, e a abraçou, sentiu que a pele dela estava gelada. - Vamos continuar andando juntos, se você conseguiu me encontrar, então temos uma boa chance de achar o Harry.

Ela concordou com um aceno de cabeça, e os dois começaram a caminhar, lentamente pelos corredores do labirinto.      

- Você acha que os outros estão bem? - Hermione disse com a voz fraca e distante.

- Harry já esteve em situação pior. - Rony falou - Tenho certeza de que ele vai nos econtrar. - Rony imaginou o velho amigo, que já havia passado por tanta coisa, caminhando sozinho pelo labirinto. Sabia que Harry permaneceria calmo, e não iria desistir até encontrá-los.
    

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- Eu desisto! - Harry esbravejou, enquanto se sentava no chão.

Depois do que pareceram horas andando sem parar, e contantemente voltando para lugares pelos quais eles já haviam estado e Astória já havia marcado, Harry sentia-se completamente esgotado.    

- Só precisamos andar mais um pouco Harry... - Astória falou com uma voz, cansada.

- Eu só preciso recuperar o folego... Eu não sou mais um adolescente. Faz horas que estamos andando. - Ele chiou irritado.

- Poderia ser pior. - Astória falou, observando os corredores e espelhos a sua volta.

- pior como? - Harry perguntou num tom quase de deboche.

- Você poderia estar sozinho. - Ela disse simplesmente. - É de se imaginar que passar muito tempo aqui seja o bastante para enlouquecer alguém. - Ela acrescentou sombriamente. Harry não havia pensado nisso. Após horas andando sem parar num labirinto, cercado por nada a não ser o seu próprio reflexo, isso poderia facilmente bagunçar a cabeça de uma pessoa. - Você acha que o Draco está sozinho? - Astória falou sem pensar.

Harry nem teve tempo de responder, repentinamente o estranho rugido arranhado começou a soar, fazendo os espelhos em volta deles vibrar. - Temos que continuar seguindo - Harry levantou-se em um pulo.

- Tem algo mais aqui. - Astória disse com a voz vacilando de medo.
 
Aos poucos, Harry também passou a escutar, escondido entre os rugidos, um estranho som de estalos e cliques soava de algum ponto próximo.
Harry olhou a sua volta, e talvez por conta da experiencia como apanhador de quadribol, ele avistou antes de Astória. Uma criatura, encolhida em um canto qualquer, num corredor mais adiante. Possuía olhos amarelos e brilhosos, pele cinzenta, não havia nenhum nariz em seu rosto, e a boca não passava de uma fenda reta e inexpressivel, lembrando de alguma forma a entrada para moedas em um cofrinho de criança. 

- Astória... Corra. - Harry sussurrou. E agarrando o braço da loira ele partiu em disparada, fugindo do rugido e da estranha criatura, com uma mão ele agarrava Astória com toda força que possuía, com a outra lançava feitiços estuporantes em direção a criatura, que avançava sobre eles fazendo os estranhos sons de cliques.
A coisa tinha uma forma semi-humana, mas avançava em direção a eles com quatro patas, saltando e desviando dos feitiços de Harry.

Eles correram sem folego, fazendo diversas curvas aqui e ali, despistando e reencontrando a criatura, Harry não soltava o braço de Astória de forma nenhuma, tinha medo que se a soltasse, se perderiam um do outro. E depois de uma curva, Harry bateu de frente com algo sólido e caiu sentado no chão.
Astória puxou rápidamente a varinha e apontou na direção do que havia derrubado Harry.

Harry olhou assustado na direção, e se surpreendeu com o que viu. - Malfoy? - Ele indagou sem acreditar.

- Draco! - Astória exclamou feliz, e se atirou sobre o loiro dando um abraço apertado nele. - Eu e o Harry te procuramos por toda parte.

Harry pensou um pouco na afirmação, e sinceramente não tinha feito o menor esforço para encontrar Draco, tinha em mente Rony e Hermione, e se manter em movimento, mas já que era assim que a loira enxergava a situação, Harry decidiu colaborar com a visão dela. - é... - Ele foi falando, se sentindo extremamente desconfortavel - Procuramos por você em toda parte... Astória estava bastante preocupada.

Draco olhou confuso, de Astória para Harry, e depois, disse abobalhadamente - Obrigado Harry... - Ele olhou para Astória, fitando o corpo dela de cima a baixo. - Obrigado por cuidar da Astória.

Harry, estacou por um momento. Ele não sabia se Malfoy estava debochando dele, ou se estava verdadeiramente agradecido.

- Temos de continuar nos movendo. - Astória falou. - Tem algo nos perseguindo... Acho que nós o despistamos em alguma curva lá atrás.

- Alguma criatura estranha... - Harry foi falando. - Pele cinza, olhos amarelos...

- Eu sei... - Draco sussurrou. - Eu topei com um desses lá atrás, bem resistente... Tive de correr por quase quarenta minutos pra tirar ele da minha cola.

- E quanto aos outros? - Astória perguntou. - Você viu algum sinal deles?

- Outros? - Draco perguntou surpreso. - Não... Eu achei que estariam com vocês.

Harry e Astória se entreolharam apreensivos. Harry respirou profundamente, esfregou os olhos com força por baixo do aro dos óculos, e encarando os vários corredores do labirinto falou:

- Rony e Hermione são perfeitamente capazes de se cuidar. - Ele falou claramente. - Continuamos em frente, procurando por eles, pela chave, ou pela saida desse lugar. O que quer que acharmos primeiro.

- Concordo. - Draco falou. - Quero sair de uma vez desse lugar. Vá na frente Harry, eu vou ficar vigiando nossas costas, pro caso de outra daquelas coisas aparecer de surpresa.

Com uma sensação estranha de que algo ruim iria acontecer, Harry virou-se e começou a caminhar, Astória logo atrás dele, e Draco fechando o grupo, eles caminhavam com os corpos próximos uns aos outros, de volta ao labirinto de espelhos, que continuava a cansa-los.


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- Você está bem? - Rony perguntou pela décima vez.

- Eu estou bem... - Hermione respondeu cansada. - Eu só preciso sair de uma vez desse lugar.

Rony não tinha a minima ideia de quanto tempo eles gastaram caminhando pelo labirinto, as pernas dele doiam, e ele sentia suor escorrendo pelas costas. Ainda havia a ardencia de queimadura no peito, que ele tentava ignorar para não preoucupar Hermione.
Sempre que tentava parar para recuperar o folêgo ou descansar, ele ouvia a distância o rugido de uma griatura. Algo estranho e arranhado. Hermione insistia sempre pra que continuassem andando, apesar do cansaço. A garota queria sair o mais rápido possivel de dentro do labirinto, e com certeza não queria enfrentar o que quer que fosse a criatura emitindo aqueles sons.  Mione estava distante, e sempre que Rony tentava puxar conversa com ela, ela demorava um ou dois segundos para perceber que alguém estava falando com ela. 

- Os outros não devem estar tão distantes. - o ruivo comentou - Estamos andando a muito tempo, logo, logo iremos achar alguém.

- É. - Hermione falou com simplicidade. 

- Não se preocupe Hermione... - O ruivo falou. - Somos um bom time... Logo vamos ter alguma ideia para sair daqui.

- Não tenho ideia nenhuma no momento. - Hermione falou secamente.

- Então essa é a primeira vez que isso acontece. - Rony brincou, tentando animar a garota.

Ela não disse nada, Rony estava prestes a puxar assunto mais uma vez, quando eles fizeram uma curva, e um brilho vermelho intenso encheu as vistas do ruivo.


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"Fumaça e espelhos", Draco pensou, enquanto caminhava. "Esse lugar não passa de fumaça e espelhos".


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Harry sentia as pernas doendo, sentia-se zonzo... Jamais esteve tão cansado na vida inteira. Consultava de tempos em tempos o velho relógio amassado, e constatava que já estavam caminhando no labirinto pelo que pareciam mais de seis horas. Eles nunca paravam ou descansavam. Sempre que ficavam tempo demais em um só lugar, eles ouviam os rugidos se aproximando.

- Talvez devessemos parar e enfrentar o que quer que seja essa criatura. - Harry reclamou, uma vez mais.

- Acredite em mim Harry, - Draco foi dizendo - Essa não é uma boa idéia. É melhor continuarmos andando, confie em mim.

Harry sentiu um estranho calafrio pela espinha. Confiar em Draco Malfoy, era uma coisa que ele nunca havia feito na vida inteira dele. Malfoy caminhava um pouco afastado de Harry e Astória, lançando olhares desconfiados para trás, como se esperasse que aquelas criaturas cinzentas fossem aparecer a qualquer instante.

- A quanto tempo vocês acham que estamos andando? - Astória resmungou.

- Uma eternidade. - Draco respondeu de forma sombria.

Harry, lançou um olhar de canto para o sonserino. - Vamos sair logo daqui, não podemos nos desesperar.

- Vocês acham que Typhon vai esperar por muito tempo? - Astória falou aos poucos. - Quer dizer... Vocês não acham que ele fecharia a entrada e nos trancaria aqui, certo?

Harry contemplou pela primeira vez o fato de que estavam vagando a horas no subsolo de um cemitério. Será que havia alguma possibilidade de ficarem presos aqui para sempre? Ele se preparou para dizer algo reconfortante para Astória, mas o estomago dele roncou audivelmente.

- Faminto, Harry? - Draco disse sorrindo. - Eu também... 

Harry sentiu um comichão na nuca, sabia que algo estava errado, algo não se encaixava, ficava se perguntando a cada passo se tanto tempo caminhando no labirinto estava começando a afetar a mente dele. Foi para a surpresa de Harry que ele viu reflexos de luzes avermelhadas após algumas curvas, eles trocaram olhares espantados, e seguiram em direção aos reflexos, e depois de uma curva lá estava:
Uma esfera feita de pedra, do tamanho de uma goles, adornada com runas vermelhas e brilhantes flutuava a mais ou menos um metro de distância do chão.

- Bem... - Astória começou a falar baixo, e bem lentamente. - Isso aí é novidade.

Eles encararam a orbe por alguns segundos, ela girava em sua própria orbita, exibindo as runas vermelhas e brilhantes.
       
- O que fazemos? - Astória disse.

- O que você acha Malfoy? - Harry falou, tentando esconder a animação na voz. - Essa é a chave?

Draco demorou alguns segundos para perceber que Harry acabara de falar com ele. - Provavelmente Harry, vamos pegar logo isso e dar o fora daqui.

Harry assentiu com a cabeça, e a passos largos, foi até a orbe, e se preparou para agarra-la... Parou alguns centimetros antes. Isso era errado, estava sendo descuidado, aquilo podia ser uma armadilha, e ele continuava com aquela estranha sensação de que algo estava errado. - Acho melhor pensarmos um pouco sobre isso. - O moreno falou.

Mas ele sentiu um empurrão forte nas costas, ele tropeçou e caiu em cima da orbe, ele sentiu uma forte queimação no local onde a orbe encostou, e um puxão forte, semelhante ao de aparatar, ele olhou para trás a tempo de ver que Draco o havia empurrado.
Harry compreendeu a estranha sensação de que algo estava errado. Draco era um traidor, e estava apenas esperando o momento para lançar Harry numa armadilha.           


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