Olhos de Serpente



. . . - Hermione... – Harry disse com um tom de voz que era impossível de identificar. – Nós três vimos esse espelho há cinco anos... Quando nós fomos capturados pelo Lobo Grayback – O rosto de Hermione empalideceu com as memórias repentinas que ela teve, os olhos de Rony se arregalaram em surpresa. – Nós vimos esse espelho quando estávamos amarrados, ele estava pendurado na entrada da mansão Malfoy.


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Os pés de Rony tocaram pesadamente a grama fofa, ele e Harry haviam acabado de aparatar diante do que um dia fora a imponente mansão Malfoy.
Após a queda de Voldemort, Draco investiu toda a fortuna que possuía tentando limpar o nome da família, fazendo generosas doações ao St. Mungus e a famílias de vitimas da guerra, financiando o departamento de aurores e de execuções de leis mágicas, Draco até mesmo contribuiu com uma enorme quantia de dinheiro para a restituição e restauração do castelo de Hogwarts, que havia sido terrivelmente danificado. Draco havia passado de inimigo a mártir, aparecendo diversas vezes no profeta diário, insistindo que nunca mais iria querer ver o nome Malfoy associado aos Comensais da Morte. O julgamento da família Malfoy provavelmente foi o mais amplamente noticiado pela impressa mágica, especialmente quando o famoso Harry Potter, aquele que provavelmente deveria odiar mais do que ninguém qualquer um que um dia fora um comensal, prestou uma declaração a favor da inocência dos Malfoy.
Harry constantemente pensava sobre isso, a ironia que o destino havia preparado. No fim das contas ele se postou diante do júri, no Ministério da Magia, e defendeu seu antigo rival. Harry compreendia que tudo que Draco fez foi por medo do que Voldemort poderia fazer a família dele, quanto aos pais dele, no fim, quando a batalha final contra o lord das trevas começou, os Malfoys escolheram não lutar, Lúcio e Narcisa traíram o antigo mestre e atravessaram o mar de feitiços que ricocheteavam em todas as direções somente para estar perto do filho. Como Dumbledore costumava dizer, o amor é sem duvidas a mágica mais poderosa de todas. Tão poderosa que conseguiu até mudar os Malfoy.
Agora Harry e Rony olhavam para a decadente mansão colonial diante deles, caindo aos pedaços, suja e mal cuidada, o gramado selvagem crescente, pedaços da cerca da casa faltando. Draco havia conseguido limpar o nome da família Malfoy, e talvez até tenha conseguido redimir alguns dos erros que ele cometeu, mas o custo foi toda a fortuna que ele possuía... Até o ultimo nuque de cobre.

Rony não pode evitar o sorriso vitorioso. Agora os papeis haviam se invertido, depois do excelente salário como auror, e dos lucros da loja de gemialidades na qual ele trabalhou por um curto período de tempo, Rony agora era mais rico que Malfoy. - Exatamente qual é o nosso plano mesmo? – Perguntou o ruivo olhando de esguelha para Harry.

- Nós entramos, pegamos o espelho com o Malfoy, o usamos para reunir as outras seis chaves, pegamos o cálice, vencemos os caras maus e voltamos satisfeitos para casa... – Harry olhou esperançoso para Rony – Que tal?

- Bom plano... Uma pena que nossos planos nunca saem da maneira que nós planejamos... – Falou o ruivo com um meio sorriso. – Tenho a ligeira impressão que a mansão Malfoy não é o lugar mais seguro do mundo para nós Harry.

- Sei exatamente o que você quer dizer... – Harry encarou o portão de metal enferrujado. – Nossa ultima visita não foi necessariamente agradável não é mesmo?

- É... Será que dessa vez eles vão ao menos servir um chá? – Perguntou Rony, arrancando uma risada de Harry, que por um momento tentou visualizar um chá da tarde com os Malfoy.

- Eu queria que a Mione estivesse aqui... – Disse Harry – Eu me sinto mais seguro com ela por perto... Ela sempre salvou nossa pele quando estávamos na pior não é mesmo?

- É... Mas nós somos Aurores... Não ela... – Respondeu Rony. – E mais, ela disse que não quer chegar perto dessa casa, tem más lembranças.

Harry subtamente sentiu um calor subindo pelo pescoço dele e lembrou-se de Hermione sendo torturada, de Dobby morto e enterrado no Chalé das Conchas. Harry caminhou a passos seguros em direção ao portão, e quando ele se aproximou, as grades de metal enferrujado tremeram violentamente, e com um rangido de aço, elas se entrelaçaram como serpentes de ferro formando algo maior, em questão de segundos uma face enferrujada com olhos vazios e inexpressivos estava postada entre Harry e a mansão, exatamente no lugar onde estava à entrada do portão.

- Quem se aproxima da Mansão Malfoy? – Perguntou a face de aço, com uma foz fria e penetrante que ecoava por toda a extensão da propriedade.

Harry lançou um olhar espantado a Rony, depois se voltou para o porteiro mágico que havia sido conjurado do portão. – Harry Potter e Ronald Weasley, e estamos aqui para ver Draco Malfoy em nome do departamento de Aurores do mistério da Magia.

Por alguns instantes a face metálica encarou o vazio, tempo que Harry imaginou a mensagem estava sendo passada para Draco dentro da Mansão. – Sejam Bem-Vindos. – Grunhiu o porteiro se desfazendo em barras de ferro novamente, abrindo passagem para os visitantes.


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Hermione detestava mentir para Rony. Infelizmente parecia que era somente isso que ela vinha fazendo nas ultimas semanas. Ela mentiu em relação ao porque deles terem terminado, sobre o motivo dela o afastar, e agora ela estava mentido sobre o porquê dela não querer ir à mansão Malfoy. Sim, era um lugar que despertava lembranças que Hermione preferia deixar no passado, mas ela jamais teria medo ou algo do tipo. Ela sobreviveu à guerra orgulhando-se em dizer que foi corajosa o tempo todo... Ao menos enquanto Rony estava com ela.
Havia outro motivo para evitar a mansão. Ela precisava ir a outro lugar antes... E ela sabia que Rony jamais permitiria. Ela estava seguindo um instinto, se eles realmente teriam de reunir as sete chaves, eles precisariam conseguir toda a informação possível sobre elas, e Hermione sabia exatamente onde conseguir essa informação.
A garota estava de pé no centro da sala giratória do departamento de mistérios, no subsolo do Ministério da Magia. Ela limpou a garganta com um pigarro, e disse em voz audível:

- Estou aqui para ver o prisioneiro, Dorian Blake.

As portas giraram no eixo diversas vezes então pararam a porta que havia se posicionado diante de Hermione abriu-se. Ela seguiu a passos ligeiramente vacilantes para dentro, apenas para encontrar a combinação de sala de estar e biblioteca que era a cela de Dorian Blake. Ele estava novamente bem vestido sentado sobre uma das poltronas com um livro aberto no colo.

- Eu estava me perguntando... – Ele disse – Quanto tempo iria demorar até você me visitar novamente senhorita Granger...

- Senhor Blake. - Hermione engoliu em seco. – Preciso de um dos seus livros emprestado. – Ela disse o mais decididamente possível.

- Posso saber exatamente qual minha querida? – Dorian perguntou com um sorriso debochado no rosto.

- Aquele que você teve extremo cuidado de virar as paginas antes que eu pudesse ler algo de importante... Aquele sobre os sete portões mágicos.

Dorian soltou uma gargalhada fria que ecoou por todo o aposento. – Desculpe me querida... Mas impedir que você lesse aquela pagina era a única maneira de garantir que você voltaria aqui. – Ele abriu um sorriso malicioso.

- O livro senhor Blake. Eu preciso dele... Vai facilitar demais nas investigações das quais estou paritcipando. – Hermione falou firmemente.

- Diga-me senhorita Granger; O que te motiva? - Dorian perguntou. - O que leva uma garotinha trouxa de onze anos a se dedicar tanto aos estudos, ao ponto de se tornar a mais apta bruxa que Hogwarts teve nos últimos séculos.

- Não vim aqui para falar de mim senhor Blake. - Hermione declarou solenemente.

- Quid Pro Quo, senhorita Granger. - Dorian falou com um sorriso malicioso nos lábios. - Em termos simplórios, uma mão lava a outra. Você me dá algo que eu quero, e eu lhe dou algo que você quer. Já sabemos que você quer um dos meus livros. Talvez alguns outros que eu também possuo...

- O que você quer? - Hermione questionou.

- No momento? Só quero saber mais sobre você. - Dorian prosseguiu. - Por que se esforçar tanto? Se dedicar tanto? Era por você ser trouxa? Sentiu que precisava provar a todos que uma nascida trouxa conseguia ser tão boa quanto o resto?

Hermione sentiu-se extremamente desconfortável. - Não tem nada haver comigo ter nascido trouxa.
 
- O que é então? Orgulho? - Dorian se reencostou na poltrona, indicando para que ela se sentasse diante dele. Hermione permaneceu de pé. - Queria impressionar a mamãe e o papai?

- Não. - Hermione falou com calma. - Eu simplesmente, gosto de estudar. Me deixa feliz aprender coisas novas.

- Sente-se senhorita Granger. - Dorian gesticulou enquanto se levantava. - Eu vou fazer chá. Iremos conversar, e eu lhe emprestarei o livro que você tanto quer. 

Ele se levantou e foi caminhando lentamente na direção de Hermione, e ela notou que o livro que estava no colo dele era exatamente o que ela havia vindo buscar, ele deixou o livro em cima da poltrona e foi chegando cada vez mais perto dela, até que a única distancia que os separava era cerca de um palmo. Ela estava tão assustada por estar ali sozinha que ficou sem absolutamente nenhuma reação.

- Sabe por que eu queria que você voltasse aqui? – Dorian perguntou, enquanto afastava uma mecha de cabelo do rosto de Hermione.

- Não. – Hermione replicou encarando os olhos extremamente negros dele.

- Por que eu nunca havia conhecido ninguém tão inteligente e linda como você. – Hermione enrubreceu enquanto Dorian falava. - Você me fascina Hermione Granger.


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Harry e Rony estavam na sala de estar da mansão Malfoy, apreensivos, quando uma voz arrastada extremamente familiar soou no andar de cima, descendo pela escada.

- Potter e Weasley... A que devo essa agradável visita? – Draco Malfoy vinha com o velho tom de desdém. Continuava exatamente como em Hogwarts, o rosto pontudo, os olhos cinzentos, os cabelos louro-prateados...

- Adorei a decoração nova da casa Malfoy... – Falou Rony esquadrinhando com o olhar as paredes descascadas, a mobília empoeirada, e os moveis velhos. Depois alargou o sorriso vitorioso e lançou um olhar para Malfoy.

- Aposto que sim Weasley... – Draco respondeu sem se intimidar com o olhar de deboche de Rony. – Desse jeito ela provavelmente faz com que você se lembre da casa dos seus pais. 

  As orelhas de Rony ficaram imediatamente muito vermelhas, e Harry notou que os punhos dele já estavam se fechando. Ele achou que era hora de interromper antes que eles acabassem se atacando.

- Viemos em nome do departamento de Aurores Malfoy... – Harry respirou fundo e disse às palavras que ele achou que jamais iria dizer na vida - Precisamos da sua ajuda Malfoy.

Draco encarou os dois do alto da escada por alguns instantes, depois soltou uma risada. – Isso seria até engraçado se não fosse tão irônico não é mesmo?

- Muito engraçado Malfoy... – Rony disse rispidamente. – Precisamos que os seus pais mostrem um artefato que pertence a sua família.

- Infelizmente Weasley, meus pais deixaram a Inglaterra... Eles agora vivem na França com alguns parentes distantes... – Respondeu Draco finalmente descendo da escadaria e encarando os dois Aurores. – Mas se tudo que vocês querem é ver um artefato que pertence à família basta me dizer, e eu lhes mostro...

Harry trocou um olhar rápido com Rony. – Estamos procurando um espelho antigo... A moldura dele é dourada... E costumava ficar na sua sala de estar.

- Estão com sorte... – Draco disse. – Foi uma das poucas relíquias dessa família que eu não vendi... Papai disse que era uma espécie de tradição na família dele, passar esse espelho de geração em geração... Então eu não o vendi... Pode-se dizer que sou sentimental com relação a tradições.


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Dorian ofereceu o chá fresco a Mione. Ela bebeu aos poucos olhando de relance para o livro no colo dele. - Conte-me mais sobre a lenda dos portões mágicos. - Ela disse repousando a xícara.

- Achei que fosse eu quem fizesse as perguntas senhorita Granger. - Dorian falou.

- Quid pro quo Senhor Blake. - Hermione falou. - Como o senhor mesmo disse, informação, por informações.

- Muito justo. - Ele disse. - Fazel... O bruxo que criou o cálice, e ergueu os portões mágicos, ele não ligava para fama ou poder... Ele queria ajudar as pessoas. As viagens que ele fez pelo mundo, foram pra isso... Para se tornar mais sábio. Acredito que eu e você teriamos gostado de conhecê-lo. - Dorian disse com um sorriso.

Hermione também sorriu. - Você disse que ele andava com um grupo?

- Sim. - Dorian falava com bastante calma. - Fazel era um curandeiro. Ele supostamente entregou as chaves para outros bruxos guardarem... Um gênio em trato de criaturas mágicas, um bruxo excepcional em adivinhação, um mestre em transfiguração, um necromante...  Bruxos normalmente alcançam a excelência quando se aliam outros bruxos que compartilhem dos mesmos ideais. Como você e o jovem Harry Potter.

- Ou você e Voldemort. - Hermione retrucou.

Dorian não respondeu, nem sequer pareceu surpreso com a afirmação. Limitou-se a lançar um sorriso amarelo a Hermione. - Se você vai começar a investigar bruxos das trevas, assassinos, a procura de ridículas lendas sobre cálices mágicos; Sugiro que pare um instante e considere o motivo das ações deles.

- O que quer dizer? - Hermione perguntou.

- Por que matar agora? - Dorian disse como se alegasse algo obvio. - Seria muito mais produtivo continuar atuando das sombras, em segredo. Revelando-se para o Ministério, eles arriscam o sucesso do que quer que eles estejam tentando conquistar.

- Algo deve tê-los forçado a agir com pressa, com imprudência. - Hermione imaginou que, quando Rony havia conseguido a caixa de rubi no Egito, colocou o plano deles em risco. O círculo de Fazer se viu obrigado a agir.

Dorian levantou-se pesadamente. Depositou o livro com cuidado nas mãos de Hermione. - Aqui senhorita Granger; de um estudioso ex-aluno de Hogwarts para outro.

Hermione recebeu o livro com certa reverência. Era uma edição extremamente velha e surrada. - Obrigado senhor Blake.

- Você acha que é real? A lenda dos portões? - Dorian Blake disse num tom enigmático. - É possível que esses bruxos tenham encontrado algo?

- Acho pouco provável senhor Blake. - Hermione disse erguendo-se e saindo dos aposentos. - Se lhe serve de consolo senhor Blake, você está sendo de grande ajuda para o Ministério... Vou fazer o possível para talvez conseguir uma cela mais apropriada para você, algo com janelas talvez. Se o senhor continuar a cooperar...

- Obrigado senhorita Granger; eu gostaria muito disso.

Hermione despediu-se apressadamente e saiu de lá. Saiu com tanta pressa que não viu o rosto de Dorian se contorcendo. O sorriso galante e acolhedor desapareceu, e deu lugar a um careta de fúria; olhos faiscaram por um instante olhando para a garota quando ela partiu.


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Draco guiou Rony e Harry até a sala de estar no segundo andar, e o espelho estava discretamente pendurado num canto empoeirado do comodo: Tinha cerca de um metro e meio de altura, e um metro de largura, a moldura dourada cuidadosamente entalhada era exatamente igual à descrita no livro que eles haviam visto com Dorian.

- Harry... – Rony chamou assim que avistou o espelho. Ele enfiou a mão no bolso da calça. E retirou a pequena caixinha feita de rubi, que agora brilhava intensamente com uma luz avermelhada. – Harry... Ela esta morna...

- O que é isso? – Draco perguntou espantado, o brilho vermelho da caixa refletindo em todas as paredes da sala.

- Isso é a razão de estarmos aqui... – Rony disse aproximando a caixa do espelho, e ele pode jurar ter visto um brilho diferente na superfície espelhada. Ele foi aproximando a mão livre cada vez mais, estava a poucos centímetros de tocar o espelho, a caixa ainda brilhando, firmemente segura na outra mão... Mas o som da explosão vez com que Rony recuasse. Ele guardou a caixa no bolso novamente, e os três correram em direção as janelas da casa.

- Quem esses idiotas acham que são? – Draco falou irritadíssimo, quase que cuspindo as palavras. Pela janela eles puderam ver, cerca de dez bruxos encapuzados explodiram o portão e agora caminhavam em direção a casa.

- Mikaela e Yuri... – Rony falou, trocando olhares com Harry. Havia reconhecido os dois liderando o grupo.

- Devem ter vindo atrás do espelho também... – Harry falou. – Temos que tirar o espelho e o Draco daqui...

- Quanto ao espelho eu não faço objeção... – Disse Rony. – Mas nós realmente precisamos tirar o Draco daqui?

- Será que alguém pode me dizer o que está acontecendo? – Draco berrou indignado.

- Aqueles bruxos lá fora vieram roubar o seu espelho... – Harry falou procurando uma saída pela sala de estar.

- E depois que conseguirem o espelho eles provavelmente vão te matar... – Disse Rony retirando o espelho da parede, e conjurando cordas para amarrá-lo nas costas.

- Nós vamos levar esse espelho para o Ministério... – Harry falou – Eis suas opções Malfoy: ou você vem conosco e nos ajuda a sair daqui... Ou fica e morre na mão daqueles bruxos.

Outra explosão denunciou que os bruxos já haviam entrado na casa, e isso pareceu facilitar a decisão de Malfoy, que encarou Harry e Rony (que já havia amarrado o espelho nas costas, numa espécie de mochila bizarra).

- A única maneira de sair é pela porta da frente – Falou o loiro sacando a varinha. – As janelas da casa são encantadas com uma maldição contra ladrões.

Harry encarou a varinha de Draco, a varinha que um dia pertenceu a ele, a varinha que havia derrotado lord Voldemort. Harry a devolveu para Draco após reaver a varinha com pena de fênix.

- Então vamos ter que atravessar a casa até a porta da frente? – Rony disse sacando a própria varinha.

Draco confirmou com um aceno de cabeça.

- Certo... – Harry disse, com a varinha em punho. – Vamos atravessar o mais depressa que conseguirmos... Só derrubem os bruxos que forem realmente necessários, nós não vamos ter tempo pra ficar duelando...

Os três foram de encontro a porta, Harry a abriu num solavanco e eles dispararam pelo corredor, só encontrando o primeiro bruxo quando chegaram na escadaria. Rony foi o primeiro a atacar.

- Estupefaça! – Ele gritou derrubando um dos bruxos que já alcançava o topo da escada. Eles dispararam pela escada, que já começava a ficar cheia, três bruxos vinham subindo, feitiços ricochetearam em todas as paredes enquanto Rony e Harry duelavam, Draco foi mais veloz, ele se atirou por cima do corrimão alcançando o primeiro andar antes dois.

- Petrificus Totalus – Harry disse. – Fazendo com que um dos bruxos ficasse petrificado, caindo e tirando a estabilidade dos outros dois. Rony apenas os empurrou para abrir caminho, e em segundos eles estavam com Draco no primeiro andar. Eles correram o mais depressa que as pernas permitiam, Rony totalmente desajeitado com o espelho amarrado às costas. Quando chegaram à sala principal a porta de entrada já havia sido totalmente destruída pelos bruxos, que fechavam a saída, agora teria que abrir caminho com feitiços. Eles saltaram por cima da mobília atirando feitiços (e maldiçoes no caso de Draco) em todas as direções possíveis.

- Bombarda! – Gritou Rony apontando para uma mesa que estava por perto. A explosão e os pedaços da mesa que voaram em todas as direções causaram um tumulto e todos se separaram em grupos. Harry duelava com quatro bruxos ao mesmo tempo, Rony travava uma batalha com Mikaela e outro bruxo, enquanto Draco saltava em diferentes direções lançando feitiços em Yuri. Todos duelavam ferozmente, os bruxos atacavam com o intuito de passar, Rony e Harry apenas tentavam chegar até a porta, Mikaela tinha um brilho sádico nos olhos enquanto atirava feitiços contra Rony, ela só começou a vacilar durante a luta quando um grito alto e agourento ecoou.
Yuri havia sido abatido por Draco. Sangue escorria do rosto do bruxo das trevas encharcando todo o chão. Draco havia lançado um sectumsempra bem no meio do rosto do bruxo. Draco fez um meneio com a varinha – Lacarnum inflamari – Ele gritou a plenos pulmões, e da ponta da varinha uma linha fina feita de fogo apareceu, ele a usou como um chicote, estalando em todas as direções. Fazendo com que os bruxos se afastassem. Parecia que o caminho até a porta era livre, mas os bruxos que haviam sido derrubados na escada entraram a toda força e atiraram diversos feitiços na direção onde eles estavam.
Um estupefaça cruzou o ar e acertou Harry bem no meio do rosto. Ele voou e acertou com força o chão, produzindo um baque audível, Harry caiu em batalha e a ultima coisa que ele viu antes de desmaiar, foram Rony se aproximando para protegê-lo e Draco afastando os bruxos com o chicote em chamas. 
 

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Harry piscou preguiçosamente, estava acordando. Ainda estava na Mansão Malfoy.
Rony estava ajoelhado ao lado dele, rendido e sem varinha, o espelho estava agora no centro da sala sendo segurado por Yuri, que ainda tinha o rosto coberto de sangue, todos os bruxos tinham as varinhas apontadas para eles, e Draco estava diante do espelho, também rendido e sem varinha.

- A chave Waesley... – Falou Mikaela estendendo uma mão na direção de Rony, a outra segurando a varinha dos três.

- Não sei do que você está falando. – Rony replicou, mas um chute no estomago desferido pelo bruxo mais próximo o fez desabar sem ar no chão da sala. Eles revistaram Rony e sem que ele pudesse fazer nada, tomaram a pequena caixinha de rubi. O brilho avermelhado invadiu o aposento, Mikaela levou a caixa até Draco.

- Toque o espelho e a caixa... Ao mesmo tempo... – Ela depositou a caixa nas mãos do loiro, que encarou o espelho.

- E se eu não quiser tocar o espelho? – Draco falou. Mikaela comprimiu a varinha contra o pescoço de Draco. - Excelente argumento. – Draco concordou com um meneio de cabeça. Draco respirou fundo e tocou o espelho com a palma da mão livre, a outra segurando a caixinha de rubi firmemente. Foi como se facas penetrassem cada centímetro do corpo dele, uma ardência invadiu os olhos do loiro, e a pele dele parecia queimar. Draco urrou de dor. Harry tentava analisar a situação. Estavam desarmados, em menor numero, e Draco estava prestes a informá-los do paradeiro da próxima chave, era obvio que eles seriam executados, ele precisava agir rápido.
Rony estava chocado observando Draco, uma luminosidade amarelada irradiava dos olhos dele, como se os olhos estivessem em chamas.

- Está aqui na Inglaterra... – Draco dizia entre os gritos de dor – Ao sul... Em Manchester... Uma mansão colonial sobre uma colina... Era o momento, todos tinham a atenção voltada para Draco. Harry que estivera o tempo todo caído no chão, agarrou com força a perna de um dos bruxos e o puxou fazendo cair. Rony se atirou sobre o corpo do bruxo derrubado e tomou-lhe a varinha, antes que todos pudessem fazer alguma coisa, Rony fez a primeira coisa que lhe veio à cabeça:

- Bombarda! – Ele disse apontando para o espelho que Yuri segurava. O espelho explodiu em diversos pedaços que passaram zunindo pelo ar, os bruxos tiveram de se proteger contra os perigosos estilhaços que voaram sobre eles. Yuri foi arremessado para longe e atravessou a janela mais próxima, caindo petrificado do outro lado (a maldição anti roubos da família Malfoy).
Quando o espelho explodiu, Draco sentiu toda a dor desaparecer, foi como se ela nunca tivesse existido, mas em seguida, uma dor aguda no braço o despertou a realidade, um pedaço do espelho particularmente grande estava fincada no antebraço esquerdo dele.

- Estupefaça! – Rony gritou apontando para Mikaela que caiu atirando as varinhas para o alto, Harry conseguiu agarrar a própria varinha, Draco, com o braço ensaguentado, alcançou a varinha de Rony e recolheu a própria do chão. Harry e Rony já tentavam alcançar a porta trocando feitiços com os bruxos que não haviam se machucado durante a letal explosão de espelhos. Malfoy atirava sectumsempras em todos que conseguia, tingindo a sala destruída com sangue os inimigos. Rony o agarrou pela cintura e se atirando pela porta escancarada eles alcançaram o jardins, Harry atrás deles disparando feitiços, quando eles tocaram a grama e não mais estava sobre os terrenos da família Malfoy, aparataram direto para o ministério da magia.


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Hermione estava no escritório conjunto de Harry e Rony, caminhando de uma lado a outro preocupada, eles já haviam saído a muito tempo, e o encontro com Dorian não havia rendido bons frutos. Ela estava principalmente preocupada com Rony. E se ele estivesse em perigo nesse exato momento? Nesse momento a porta do escritório se escancarou, Harry entrou primeiro, cheio de cortes espalhados pelas mãos e pelo rosto, Rony entrou em seguida, ajudando Draco a andar, Rony tinha os mesmos arranhões e cortes que Harry, somado a um olho roxo, mas Malfoy era com certeza o que estava na pior condição: estava encharcado de sangue, tanto dele quanto dos inimigos, cortes profundos e ensangüentados no rosto, e um pedaço de espelho fincado fundo no braço esquerdo dele.

- O que raios houve com vocês? – Hermione falou desesperada.

Rony ajudou Draco a se sentar em uma cadeira depois foi de encontro a Hermione. – Fomos atacados... – Rony foi falando enquanto abraçava forte a garota e beijava rapidamente os lábios dela. – Mas estamos todos bem...

- Diga por você Weasley! – Falou Draco na costumeira voz arrastada e sarcástica. – Eu estou com cortes e feridas pelo corpo inteiro, e você explodiu metade da minha casa brincando de Auror!

- Como assim explodiu a casa dele? – Hermione perguntou confusa.

- Mikaela e Yuri invadiram a casa com outros bruxos... Vieram atrás do espelho também... – Rony foi explicando – Tivemos que sair da mansão Malfoy duelando com eles... – As orelhas de Rony ficaram ligeiramente vermelhas. – Talvez eu tenha exagerado e explodido uma ou duas coisas...

- Uma ou duas coisas? – Draco disse quase cuspindo de irritação. – Metade da minha mobília está arruinada graças a você!

Harry acabava de tirar de uma das gavetas da mesa do escritório uma caixinha branca repleta de variadas poções de cura. – Não foi só a mobília que você explodiu Rony... – Ele entregou frascos de poções e panos secos para Rony e Draco. – Você destruiu o espelho que nós fomos buscar!

- Você explodiu o espelho? – Hermione quase gritou de espanto.

- Na hora pareceu uma boa idéia... – Rony foi se desculpando, mas ao notar a expressão furiosa no rosto de Hermione se apressou em complementar. – Convenhamos Mione, normalmente quem tinha os planos brilhantes era você... Eu e o Harry simplesmente... Improvisávamos...

- Será que dá pra cortar esse monte de besteiras e começar a me explicar o que está havendo? – Draco protestou, molhando o pano seco com a poção e esfregando cuidadosamente nos cortes, que se fechavam instantaneamente após uma leve fumaça esbranquiçada pairar sobre o ferimento. – Minha casa foi destruída e eu fui atacado, acho que eu mereço uma explicação.

Harry ponderou a situação. Já era ruim o bastante ter Hermione envolvida nisso, agora Draco, que nem se quer era do Ministério tinha presenciado demais. Rony parecia estar pensando a mesma coisa, pois lançou um olhar significativo para Harry, que com uma careta de desgosto acenou positivamente com a cabeça. Pelos próximos quinze minutos eles explicaram tudo a Draco Malfoy. Os bruxos precisavam do espelho, pois ele era a única maneira de localizar as sete chaves que abririam os Portões Mágicos, aos quais protegiam um cálice sagrado que eles precisavam para fazer um ritual de magia negra.

- Mas agora eu acho que esse problema todo foi resolvido... – Rony falou – Eu explodi o espelho... Não há como localizar o resto das chaves...

- Eu não diria isso... – Draco falou.

- Como assim? – Harry perguntou sem entender a alegação do loiro.

Draco puxou do bolso das vestes a caixinha de rubi, ela ainda apresentava um brilho avermelhado de antes. – Está brilhando desde que saímos da mansão... E eu acho que sei o por que... – Draco falou, e foi aproximando a caixa do pedaço de espelho fincado fundo no braço esquerdo dele. A luz vermelha se intensificou. Ele colocou a caixinha numa mesa próxima, e agora com a mão livre, puxou o pedaço de espelho do braço. Tinha cerca de vinte centímetros, Draco deu um pequeno gemido de dor, e algumas gotas de sangue escorreram pelo braço. Harry se adiantou e limpou o braço de Draco com um dos frascos de poção de cura. Era algo estranho... Estar ajudando Draco Malfoy... Mas Harry não podia negar que o sonserino havia duelado lado a lado com ele e Rony a poucos momentos atrás. - Eu acho que a magia ainda funciona... – Draco falou aproximando a caixinha do espelho e vendo a luminosidade aumentando. Ele não pensou duas vezes, segurou a caixa firme com uma mão, e desvencilhando-se de Harry que ainda aplicava a poção de cura, tocou a superfície espelhada com o braço ferido. A mesma dor e queimação invadiram o corpo de Draco, os olhos voltaram a ter o estranho brilho e com um grito de dor ele interrompeu o contato com o espelho.

- Eu vi novamente... – Draco falou ofegando. – Uma casa na colina, ao sul... Em Manchester...

- É onde a próxima chave está! – Falou Hermione.

- Você disse a mesma coisa quando estávamos na mansão... – Harry disse. – Mikaela e Yuri também sabem onde está à chave, e eles têm outros pedaços de espelho como esse... Se eles chegarem lá antes de nós vão poder usar essa chave para encontrar as outras...

- Se a chave realmente estiver lá... – Rony disse – As pessoas que vivem naquela colina estão em risco. – Draco empalideceu repentinamente, e lançou um olhar assustado para Rony. – Nós temos de ir para lá imediatamente. – o ruivo disse.

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