Prisioneiro Secreto



. . . "Com um ultimo beijo Harry entrou na lareira, lançando o pó de flú e falando claramente “Ministério da Magia”. O rosto de Gina foi a ultima coisa que ele viu antes de ser tragado pelas chamas esmeraldas."

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Ele fechou imediatamente os olhos, sentiu o corpo girar varias vezes antes de se firmar novamente em solo rígido. Depois de tantos anos, ainda odiava viagens com Pó de Flu. Ele abriu os olhos e viu Hermione e Rony conversando com Nigel no grande átrio do Ministério da Magia. Ele se dirigiu com passos largos em direção dos amigos, notando imediatamente o rosto de Rony e a pasta na mão de Nigel. Rony tinha uma expressão de desespero, e irritação. Algo que fez com que Harry se lembrasse das expressões de Rony quando algum professor lhe passava alguma tarefa particularmente difícil em Hogwarts. 

- Qual é o problema agora? – Harry perguntou a Nigel.

- Você precisa assinar alguns documentos para que o pessoal do departamento de execução de leis mágicas colabore... – Falou Rony nervoso.

- Se é só isso por que você está tão nervoso? – Perguntou Harry percebendo o tom de indignação na voz do ruivo.

- Por que EU vou ter de preencher um monte de formulários para que minha família receba a proteção do ministério... – Falou Rony bufando. - Dez rolos de pergaminhos Harry. De cinco metros cada! Cinco metros! Desde quando o Ministério é tão organizado?

- Pare de reclamar Rony... – Falou Hermione – Eu sou do departamento de execução de leis mágicas! Posso ser sua auxiliar na audição dos pergaminhos. Nós podemos preencher esses formulários juntos... Não deve levar menos de duas ou três horas!

- Bom... – O ruivo disse – Ao menos eu vou passar o resto da tarde com você...

Hermione sentiu um calor subindo pelo pescoço, e quando Rony percebeu o que havia acabado de dizer em voz alta, as orelhas dele ficaram muito vermelhas e ele se apressou em dizer: - Quero dizer... Se for pra passar a tarde toda trabalhando com alguém, ainda bem que é uma amiga não é mesmo? Hermione sempre foi muito útil em adiantar meus pergaminhos de tarefas em Hogwarts e... Seria como nos velhos tempos não é mesmo? - Ele então deu um tapinha desajeitado e camarada nas costas dela.

Os dois ficaram extremamente embaraçados por alguns momentos, evitando olhar um para o outro. Nigel, sem perceber o estado dos dois depositou uma pilha de pergaminhos nas mãos de Rony.

- Você leva isso até o escritório dela e assina essas coisas lá... – O Auror disse – Eu e Harry vamos até o departamento de Aurores assinar o resto dos documentos... E eu tenho um outro assunto a tratar com ele...

– Que assunto? – Harry perguntou confuso a Nigel.

- Acho melhor falarmos sobre isso no escritório. – Ele respondeu displicente lançando olhares furtivos para os lados, seu olhar recaiu sobre Mione por uns intantes. - Assunto sigiloso. Apenas para o diretor da sessão de Aurores.

Harry concordou silenciosamente, e despedindo-se dos amigos, prometendo encontra-los em breve, se dirigiu ao departamento de Aurores.

Parado lá no átrio, com uma pilha de documentos nas mãos, Rony lançou um olhar para o lado. Seus olhos encontraram os de Hermione, e ele não pode evitar sentir um leve desconforto. Eles iriam para o escritório dela... E essa era a primeira vez que ficavam sozinhos desde o “quase beijo” no sofá da casa dela.

- Acho melhor irmos logo para meu escritório... – Falou a garota, um pouco tímida – Temos muito trabalho pela frente.

Rony concordou com um aceno de cabeça, e os dois seguiram juntos em direção ao pequeno elevador que os deixaria no andar do escritório de Hermione. Ele notou que ela evitava o olhar dele.

“Eu não tenho tempo para pensar nisso...” Pensou o ruivo. “Eu tenho que assinar esses documentos... Eu tenho que proteger minha família...”. Ele lançou um olhar rápido para Hermione. “Por que ela tinha que ser tão bonita? Isso dificulta muito a minha concentração...”.

A garota engoliu em seco. “Por que ele fica me olhando assim?” Ela lançou um olhar rápido e os olhos se encontraram. Ela olhou fundo nos olhos azuis cobalto de Rony, e ele simplesmente lançou um sorriso bobo. Ela corou violentamente e cortou o contato do olhar. “Todos esses anos e eu ainda continuo agindo feito uma garotinha quando ele está por perto...” foi o que ela pensou.
O elevador parou com uma chacoalhada, e eles saíram juntos seguidos por diversos aviõezinhos de papel magicamente encantados para levar os memorandos a todas as áreas do ministério. Caminharam por alguns corredores de pedra, passando por vários cubiculos de madeira nodosa, até cheguarem a uma singela salinha com uma pequena plaquinha de madeira: Hermione J. Granger - Administração Dep. de Execução de Leis Mágicas. Hermione abriu a porta do escritório e convidou Rony a entrar. Era um escritório relativamente pequeno, sem grandes enfeites e sem grandes atrativos. Tinha uma organização impecável, e o único traço que indicava que uma pessoa trabalhava lá eram uma estante cheia de livros e um pequeno porta-retratos sobre a escrivaninha, onde Harry, Hermione e a ele mesmo, acenavam felizes quando eram mais jovens.

- De quando é essa foto? – Ele perguntou sorrindo ao ver a imagem de si mesmo.

- Do nosso segundo ano eu acho... Colin tirou a foto se não me engano. – Ela falou enquanto conjurava uma cadeira do outro lado da escrivaninha. Ela começou a procurar por algum livro na escrivaninha, ele se sentou na cadeira que ela havia conjurado e começou a assinar os documentos.


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Harry terminava de assinar aos memorandos do departamento de Aurores. Nigel caminhava nervosamente de um lado para o outro na sala.

- Certo Nigel... – Falou Harry pousando a pena e encarando o Auror. – Com esses papeis assinados eu tenho todo o direito de ver a ficha da vitima do ataque... Nigel suspirou pesadamente, antes de se dirigir a mesa de Harry e entregar-lhe uma pequena pasta. Harry leu lentamente o conteúdo dos pergaminhos na pasta, viu novamente as fotos da cena do crime, e novamente o símbolo misterioso, o sete invertido escrito a fogo. Demoraram alguns momentos lendo todo o conteúdo da pasta para que Harry ficasse extremamente confuso. 
- Isso não faz sentido! – ele exclamou fechando a pasta. – Ele era um vendedor de tecidos! Puro-sangue! E aqui diz que ele pertenceu a Lufa-Lufa! – Ele esfregou com força os olhos por baixo dos óculos. – Não tinha filhos nem nenhum parente próximo... Por que alguém teria motivos para matá-lo?

- Eu também fiquei confuso com isso... Me parece um bruxo comum, sem nada de importante. – Nigel disse passando as mãos pelo cabelo louro e bagunçado.

- Mas não é isso que está te atormentando... – Disse Harry ao perceber pela primeira vez o nervosismo de Nigel.

- Alguém de outro departamento diz ter informações valiosas sobre o caso. – Falou o Auror olhando para os próprios pés. – Ele diz que sabe o porquê dos ataques, e o que significa aquele símbolo que nós achamos na parede.

- Informações? Traga logo essa pessoa aqui! – Falou Harry se levantando da cadeira, uma velha animação percorrendo o corpo inteiro dele, uma animação que ele costumava sentir nos tempos de Hogwarts.

- É um pouco complicado... Ele tem exigências...

- Exigências? Por que alguem do Ministério teria exigências para poder ajudar o Departamento de Aurores? – Harry perguntou confuso. Nigel se aproximou e retirou uma pasta de dentro da jaqueta, ele a depositou em cima da mesa de Harry.

- Leia o arquivo dele... Depois me diga se você vai aceitar a ajuda. – Ele suspirou pesadamente e foi se dirigindo até a porta – Quando você se decidir eu volto e digo qual é a exigência dele. Ele saiu deixando Harry sozinho encarando o arquivo, já velho e amarelado que se encontrava sobre a mesa. A primeira coisa que chamou a atenção dele foi o titulo da pasta.


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Rony assinava os documentos sem parar, já estavam quase na metade, estava a ao menos duas horas assinando sem parar. Ele lançava olhares de esguelha para Mione, que retirava incessantemente livros e mais livros das prateleiras, ela os folheava, murmurava alguma coisa pra si mesma, depois recolocava na estante e puxava mais livros, repetindo o processo.

- Não encontrou o que estava procurando? – Ele perguntou a garota.

- Não... – Ela suspirou. – Eu já traduzi todas as runas da caixa... Exceto essa. – Ela se aproximou de Rony e indicou para ele um símbolo na tampa da caixa que ela tinha em mãos. Um circulo com um sete invertido no centro.

- Ele continua a se repetir não é mesmo? – Falou Rony – Esse símbolo...

- E ele não existe em nenhum dos livros de runas em que eu olhei... – Falou a garota esfregando os olhos cansados. - A caixa diz: "Um presente, para quem se fizer merecedor", depois uma série runas encantadas para que a caixa não abra de jeito nenhum, e esse símbolo que eu totalmente desconheço!

- Um presente para quem se fizer merecedor... - Rony disse para si mesmo. - Merecedor de quê?

- Eu não tenho idéia. - Hermione deu de ombros. - Talvez a caixa esteja encantada para abrir quando alguém provar a ela que merece pegar o conteúdo lá dentro.

- E como alguém faria isso?

- Nem consigo imaginar. - Hermione respondeu.

- Você devia descansar um pouco... Você já fez muito por hoje... – Falou Rony. A garota lançou um olhar para o ruivo. Ele a mirava com uma preocupação sincera estampada nos olhos.

- Você também precisa descansar... – Ela disse.

- Eu ainda tenho que assinar o resto dos documentos... – O ruivo apontou para a pilha de pergaminhos.

- Você não devia se esforçar tanto Ronald... – Hermione disse carinhosamente – Você sofreu um ferimento sério hoje... Deveria estar se recuperando...

- É a minha família Mione... – Rony falou sério – Fui eu quem os colocou nisso... E agora eu tenho uma chance de protegê-los... Tenho que fazer todo o possível para isso.

- Rony... Não é sua culpa...

- Se algo acontecer com qualquer um deles eu jamais iria me perdoar Mione... – Ele esfregou os olhos com força, depois deixou as mãos desabarem no colo, ficou olhando para o teto, contemplando o vazio. – Essa família já teve perdas demais durante a guerra. Hermione observou com mais atenção o ruivo. Os olhos azuis evidenciavam o cansaço que ele sentia. 
Ele continuava jovial, da mesma maneira que ela se lembrava que era em Hogwarts... Cada sarda cada detalhezinho... Mas havia algo diferente em Rony. Algo que ela não conseguia entender. Ela deu a volta e o abraçou por trás da cadeia. Ele se espantou por um momento com a atitude inesperada de Hermione.

- Tudo vai acabar em breve... Vai tudo ficar bem... – Ela sussurrou no ouvido do ruivo. O ruivo não disse nada. Apenas sorriu e com uma das mãos acariciou um dos braços com os quais Hermione o havia envolvido. Quando a garota viu o típico sorriso torto de Ronald Weasley ela compreendeu o que havia de diferente nele... Preocupação. Uma preocupação que havia sido levada embora no momento que ela, Hermione Granger o havia abraçado.

- Você mudou muito Mione... – Ele indicou com a cabeça o porta-retratos postado na escrivaninha. – Desde a nossa época de Hogwarts...

- Mudei? – Hermione perguntou sem compreender.

- É... Você ficou ainda mais linda. – Ele disse virando o rosto para encará-la.


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Harry ouviu uma batida tímida na porta do escritório. Ele não se deu ao trabalho de desgrudar os olhos do documento misterioso que Nigel havia entregado. Quanto mais lia, mais surpreso ele ficava com o que encontrava escrito.

- Pode entrar Nigel... – Ele falou alto para a porta, sem em nenhum momento parar de ler o arquivo. Quando ele notou quem estava entrando na sala, fechou rapidamente o documento.

- Espero não estar atrapalhando... – Falou Gina entrando timidamente no escritório.

- Não! De maneira alguma! – Falou Harry se levantando e abraçando a esposa.

- Você disse que iríamos conversar durante a noite... Você demorou tanto que eu não agüentei esperar...

Harry olhou bem o rosto da ruiva, e assim como durante a tarde, ele notou os traços de nervosismo dela. – Então me fale o que houve... 

- Harry... Eu nem sei por onde começar... – Ela disse se sentando numa cadeira que ficava em frente à mesa de Harry.

- Comece pelo começo. – Falou o moreno, conjurando uma cadeira e se sentando de frente para a esposa. – Por que você não foi trabalhar hoje? – Ele segurou com firmeza a mão da ruiva.

- Eu disse a verdade lá no chalé das Conchas... Eu não me senti bem... Então não fui trabalhar. – Ela olhava fundo nos olhos verdes do marido.

- Se você não se sentiu bem, então por que você foi ao apartamento da Mione ao invés de voltar para casa? – Harry perguntou desconfiado.

- O apartamento da Mione não foi o primeiro lugar onde eu fui. – A ruiva falou displicente.

- Não foi? – O rapaz perguntou confuso.

- Não... Antes eu fui até o St. Mungus. – Ela disse.

- St. Mungus? – Harry de súbito se tornou muito preocupado – O que houve? Você está bem? É algo serio Gina? O que foi que você... – Ela fez com que ele se calasse com um aceno de mão.

- Não é nada grave meu amor... Eu descobri uma coisa lá... – Ela respirou fundo. – Eu... Eu... Eu estou grávida.

Por alguns instantes, que para Gina pareceram uma eternidade, Harry ficou totalmente imóvel. Totalmente calado. Nenhum músculo do rapaz se movia, e os olhos verdes estavam fora de foco mirando o rosto de Gina.
Um silêncio incomodo pairou na sala por um tempo até que Harry disse algo:

- Desculpa... Eu acho que eu não entendi o que você disse...

Ela suspirou profundamente e tocou gentilmente o rosto do marido. – Harry, eu estou grávida.

- Você... Está... – Harry balbuciou fracamente. O rosto dele agora era uma mistura de confusão e espanto, se fosse noutra situação Gina teria achado a expressão do rapaz muito engraçada. Mas ela estava muito preocupada com a reação do marido para achar o mínimo de graça naquilo. - Gina... Isso é... – Harry foi falando sem saber ao certo o que estava dizendo, Gina acompanhava cada palavra do marido, incerta da reação dele. – Isso é... Você está... Gina... Você... Eu... Eu vou ser pai?

A pergunta saiu antes que Harry percebesse que a havia feito.

- Vai meu amor... Você vai ser pai... – Falou Gina com todo o carinho que conseguiu imprimir na voz. Ela estacou tentando ver qual reação Harry teria, mas não precisou esperar muito. O rapaz abriu um grande sorriso, e se atirou para cima dela, dando um longo beijo na boca da ruiva. Quando se separaram ainda havia um sorriso no rosto de Harry.

- Foi por isso que eu fui até o apartamento da Mione... – Disse a ruiva, recuperando o fôlego e sorrindo também. – Eu queria contar a ela por que eu não tinha certeza de como você iria reagir...

- Não tinha certeza? Gina você acabou de me fazer o homem mais feliz do mundo! – Ele puxou as mãos dela para perto e deu um beijo carinhoso nelas – Eu bebê Gina! Nosso bebê! Ela se esticou e beijou Harry, os dois ficaram por um tempo sentindo aquela sensação incrível: A sensação de que eles agora se amavam ainda mais. Se é que isso é possível.


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Rony olhou nas profundezas dos olhos castanhos de Hermione, e antes que percebesse a mão livre foi de encontro ao rosto dela, que ele acariciou delicadamente com o polegar.

- Rony... – Hermione suspirou. Mas a cabeça dela parecia não estar mais raciocinando. Instintivamente ela se aproximou mais do ruivo, ela via cada sarda do rosto dele mais claramente do que nunca, os olhos dela se fecharam e ela sentiu os lábios de Rony se comprimindo contra os dela. Ele a puxou pela cintura e eles mudaram de posição, não estavam mais se beijando pelo abraço por trás que Hermione havia dado, agora estavam diante um do outro.
A língua de Rony abriu espaço entre os lábios dela, e a garota não recuou diante da ação. O beijo foi se tronando mais intenso, mais desesperado. Eram quatro anos sem sentir a presença um do outro sendo recompensados num único beijo, um beijo cheio de desejo, de paixão, e o mais importante: um beijo cheio de amor. Foi como se com aquele beijo eles tentassem matar todas as saudades que sentiram um do outro por tanto tempo.
Hermione forçava o corpo dele a ficar mais próximo do dela. Rony por sua vez, já havia afundado os dedos nos cabelos cheios da garota, mantendo contato do beijo o tempo todo. Os dois saboreavam a sensação como se fosse à primeira vez em que se beijavam. E tão de súbito quanto havia começado... Acabou.
Hermione empurrou o corpo de Rony para longe dela, e ela viu o ruivo se afastando confuso e sem ar.

- Rony nós não podemos... – Ela disse com a respiração descompassada.

- Hermione... Eu não entendo... – Falou o ruivo ainda confuso.

- Rony... Eu e você simplesmente não podemos ficar juntos. – Ela disse virando de costas para não ter de encarar o rapaz.

- Por que não? – Disse o ruivo sem nenhum cuidado para esconder a raiva na voz. – Você me beija desse jeito, depois me empurra... Que joguinho é esse? Afinal o que você quer? Queria saber se eu resistiria a você?

- Rony não é isso... – Hermione falou espantada, ela não sabia que Rony guardava tanta magoa.

- Certo Mione! – Ele disse rispidamente, a voz rouca e cheia de rancor. – Você venceu... Eu ainda sou apaixonado por você! Satisfeita?

- Rony... É complicado... – Ela falou, ainda de costas para ele, não se atrevendo a encarar o ruivo nos olhos. – Eu também ainda sou apaixonada por você...

- Então por que você terminou comigo? E por que você tem me afastado? – Rony estava furioso, e Hermione achou que a qualquer segundo ele iria começar a gritar com ela.

- Eu não posso te dizer. – Ela falou quase num sussurro. Por alguns segundos Rony encarou as costas da garota. A raiva pulsando nas veias do ruivo.

- Claro... – Ele disse baixo, numa reação que Hermione não esperava. – Fique com seus segredos. – Ele não esperou uma resposta dela, saiu a passos firmes batendo a porta do escritório. Rony saiu tão apresado que nem reparou que durante todo o tempo que Hermione esteve de costas, a garota chorava silenciosamente.


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Harry e Gina ainda estavam num estado de alegria falando sobre o bebê quando Rony entrou empurrando a porta do escritório com força. Ele se espantou ao notar a irmã no lugar, de mãos dadas com Harry.

- O que você está fazendo aqui? – Rony perguntou rispidamente a irmã.

- O lendário bom humor de Ronald Weasley... – Ela falou sorrindo. – Oi para você também cabeça oca!

Rony fechou a cara, a ultima coisa que ele queria ouvir agora era o sarcasmo de Gina. E a ruiva pareceu notar isso, então se apressou em dizer:

- Eu vim visitar meu marido! É proibido é?

- Não... Não é... – Falou o ruivo respirando fundo para manter a calma. – Mas você devia estar no Chalé das Conchas... Ficar passeando não é seguro...

Gina imediatamente notou algo errado com o irmão. Algo que ela não conseguia identificar, algo além do cansaço evidente.

- Você está certo... – Ela deu um beijo estalado em Harry. – Depois quando estivermos em casa falaremos melhor sobre aquele assunto certo?

- Certo... – Falou Harry sorrindo de maneira débil. Depois ela abraçou Rony, sussurrando no ouvido dele.

- Vai tudo ficar bem Rony... Essa crise vai passar.

Rony devolveu o abraço na mesma intensidade, amava a irmã. Ela era uma das poucas pessoas que sempre sabia o que dizer para acalmá-lo. Ela se afastou e saiu do escritório acenando para os dois. Eles encararam a porta alguns instantes até que Rony rompeu o silencio.

- Então... Sobre o que o Nigel queria falar com você?

- Ele encontrou alguém que tem informações sobre o assassinato... – Harry foi falando – Sobre os bruxos das trevas que atacaram A Toca...

- Informações? Quem? – O rosto de Rony foi se iluminando em um sorriso.

- Uma pessoa de outro departamento aqui do ministério. – falou Harry com o rosto ainda serio.

- Outro departamento? – Perguntou o ruivo sem entender – Qual?

- Esse... – Foi falando Harry enquanto buscava na mesa a pasta que Nigel havia lhe dado e entregando nas mãos de Rony. – É justamente o problema.

O ruivo olhou a pasta por alguns instantes, e a primeira coisa que ele notou foi uma etiqueta com um titulo no topo da capa do arquivo. O titulo deixava claro da onde a pasta havia vindo: “Departamento de Mistérios”.
Rony leu devagar cada palavra nas paginas do arquivo, que era recheado de relatórios e fotos, quanto mais lia, mais surpreso ele ficava... Harry se mantinha a uma distancia observando a expressão no rosto do amigo.

- Por que o ministério nunca nos falou disso? - O ruivo perguntou.

- É o departamento de mistérios Rony... Tudo que acontece lá e segredo para o resto no ministério... – Ele observou o amigo folheando novamente as paginas da pasta. – O que você acha? Devemos aceitar a ajuda?

- Acho que sim companheiro... Quero dizer, ele está aqui no ministério não é? O que nós temos a perder?

Houve uma batida na porta e Harry disse um “entre”, Nigel foi entrando no escritório olhando de Rony para a pasta e em seguida pra Harry.

- Pelo que vejo você já leu o arquivo... – O auror disse. - Sim eu li. – Falou Harry de maneira séria.

- O protocólo dizia que esse tipo de informação era exclusiva para o Diretor da Sessão. - Nigel olhou carrancudo para Rony.

- Ele é de confiança. - Harry falou. - Além disso, diz respeito a ele e a família dele. Como diretor dessa sessão, acho que era melhor que ele soubesse.
 
Nigel bufou. - Certo. Pronto para saber qual é a exigência dele? – Nigel perguntou.

- Exigência? – Rony indagou. – Quem ele pensa que é para fazer exigências?

- Ele é uma pessoa que sabe o quão desesperados por ajuda nos estamos. – Falou Nigel.

- Certo... – Falou Rony meio contrariado. – E o que ele quer?


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Hermione assinava o ultimo dos documentos sobre a mesa. Agora os Weasleys tinham proteção garantida do Ministério. Ela secou o rosto úmido de lagrimas com as costas da mão.

“Fique com seus segredos.”

As palavras ainda martelavam na cabeça da garota. Rony as havia dito de maneira tão fria, tão sem emoção. A garota passava por uma batalha interna. “Como eu vou fazer entender...” Ela pensava “Que eu faço isso justamente por que me importo mais com você do que comigo mesma?”.
Ela cobriu o rosto com as mãos justamente no mesmo momento em que uma batida fraca soou na porta.

- Entre! – Ela disse na esperança de que fosse certo ruivo. Mas foi um outro membro dos Weasleys que atravessou a porta.

- Oi Mione... – Gina disse entrando no escritório.

- Oi Gina... – Hermione falou com certo desapontamento na voz. – O que você está fazendo aqui no ministério?

- Vim visitar o Harry... Mas agora eu quero falar com você. – Falou a ruiva se sentando na cadeira que antes havia sido ocupada por Rony.

- Comigo? - É! E não se faça de desentendida... – Foi dizendo Gina. – Meu irmão acabou de entrar no escritório do Harry todo nervosinho... E eu o conheço bem o bastante para saber que quando o humor dele fica desse jeito significa que vocês brigaram.

- Gina isso...

- Mione... Você pode confiar em mim!

Hermione olhou profundamente nos olhos de Gina, ela suspirou pesadamente e derrotada murmurou – nós nos beijamos. – Mas ao contrario do que esperava Gina abriu um largo sorriso.

- Finalmente! – A ruiva disse animada – Eu sabia que vocês não iriam resistir muito um ao outro!

- Gina! Você sabe que isso não é uma coisa boa!

- Ora vamos Hermione! – Gina falou com o sorriso murchando automaticamente. – Eu não acredito que você leva aquilo a sério! Foi a anos atrás!

- É claro que eu levo a sério! Mas não importa... – Hermione deixou os olhos focarem o vazio tristemente. – Depois de hoje eu duvido que ele volte a olhar para mim.

- Mione o que houve?

- Nós nos beijamos... E eu... Eu o afastei...

- Mione! É claro que o Rony ficou nervoso! Você sabe como ele é... Ele deve estar achando que fez algo errado... Que a culpa é dele!

- Se isso o fizer se afastar de mim... Então eu não me importo.

Gina olhou por alguns instantes estudando a amiga. – Você realmente agüentaria viver o resto da vida sem a pessoa que você mais ama?

Hermione encarou a ruiva pensando na resposta. Ele refletiu em como foram os últimos quatro anos sem Rony... Como parecia que as cores haviam voltado desde o retorno dele. – Talvez. – Ela disse simplesmente.

- Mione... Conta pra ele... – A ruiva foi falando num tom de suplica. – Explique pra ele por que você terminou tudo...

- Não Gina! – Hermione se exaltou. – E eu não vou mais falar sobre isso!

- Certo... – Gina se ajeitou na cadeira – Então eu tenho mais uma coisa para falar... Uma novidade...

Hermione olhou curiosa para a amiga.
 
  - Estou grávida! – Falou a ruiva com o maior e mais sincero sorriso.

- Meu Deus! Gina parabéns! - Eu acabei de contar ao Harry. – Falou Gina, instintivamente levando a mão à barriga. – Ele ficou tão feliz!

- É claro que ficou feliz! – Falou Hermione como se fosse a coisa mais obvia do mundo. – Harry sempre quis uma família...

As duas conversaram durante algum tempo sobre o bebê, e sobre o futuro que aguardava Gina, até um momento em que a ruiva se levantou.

- É melhor eu ir... O resto da família vai ficar preocupada se eu demorar mais aqui no ministério. – Ela se despediu da amiga com um forte abraço e saiu pela porta. No mesmo instante em um aviãozinho de papel entrou pela porta e pousou graciosamente sobre a mesa. Ela abriu o papel e reconheceu imediatamente a caligrafia de Harry, no recado apenas cinco palavras:

Venha ao meu escritório imediatamente.


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Hermione chegou ao escritório de Harry alguns momentos depois. Harry estava na porta pronto para recebê-la. Ele conduziu a garota para dentro da sala e ofereceu um lugar para que ela se sentasse. A primeira coisa que ela viu foi Rony, muito sério, de pé atrás da mesa de Harry.

- Hermione... Eu te chamei aqui por que tenho uma coisa muito séria para falar com você. – Harry disse encarando a amiga.

- O que? O que houve? – Hermione perguntou preocupada, olhando de Harry para Rony.

- Eu preciso te falar sobre um homem... Um homem chamado Dorian Blake.

Hermione franziu o cenho em sinal de confusão. - Eu conheço o nome, tem prêmios acadêmicos em Hogwarts com o nome dele. Alguns livros da biblioteca também... Um dos melhores estudantes de hogwarts eu imagino. 

- Dorian Blake... – Harry foi dizendo – Foi um dos melhores alunos da história de Hogwarts... Quando terminou os estudos se especializou em duas áreas: Historia da Magia, e Necromancia...

- Necromancia? – A garota perguntou espantada – Magia que envolve o uso de mortes e cadáveres? Inferis?

- Exato... – Harry disse. – Ele fez pesquisas e descobertas incríveis na área da necromancia... E isso chamou a atenção de certas pessoas... Em cinco anos após ter saído de Hogwarts, Dorian foi recrutado por Voldemort e se tornou um dos comensais da morte... – Harry respirou fundo antes de continuar. – Ele trabalhava para Voldemort fazendo pesquisas... Experimentos de magia negra...

Hermione acompanhava as palavras de Harry atenta a cada detalhe.

- Quando Voldemort desapareceu pela primeira vez... Dorian também sumiu... O ministério procurou por ele durante treze anos, até que Voldemort retornou, durante o nosso quarto ano, no torneio tribruxo... – Harry fechou os olhos e respirou fundo uma outra vez, Hermione sabia que ele estava afastando da cabeça as lembranças da noite no cemitério. – Dorian entrou em pânico e se entregou ao ministério, falando que ajudaria o ministério com qualquer informação que precisássemos em troca de proteção.

- Harry eu não entendo...

- Dorian passou os últimos oito anos trancado aqui no ministério... – Harry falou – Numa cela especial no departamento de Mistérios...

- Por que aqui? Por que não em Azkaban? - Hermione não pode conter a curiosidade.

- Dementadores são, por definição, criaturas não-vivas. - Harry disse. - Sendo um necromante treinado, de alguma forma Dorian não era afetado por eles. Além disso, Voldemort tinha controle sobre os Dementadores, se ele fosse atrás de Dorian, Azkaban não era segura para ele, então o ministério achou mais seguro mantê-lo no departamento de mistérios. E agora ele diz ter informações sobre esses ataques e sobre o símbolo misterioso que nós temos encontrado...

- Isso tudo é muito interessante Harry... – Foi falando Hermione. – Mas eu não entendo o que isso tem haver comigo!

- Ele tem uma exigência Mione... Para nos contar as informações sobre o caso.

- Exigência? Que exigência?

- Ele quer você. – Falou Rony pela primeira vez desde que Hermione havia entrado na sala. – Ele quer a chance de te conhecer antes de nos ajudar.

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