A Runa Desconhecida



. . . “Antes de se deitar ele enfiou a mão no bolso interno do casaco de viajem que estava usando, retirou dois objetos que se encontravam lá: Um pergaminho velho e surrado cheio de dobras, e uma pequena caixinha feita de rubi, com diversas runas gravadas na parte de cima. Que ele analisou por vários instantes‘‘

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Rony se olhava no espelho pela milésima vez na manhã. Vestiu-se com cuidado, sua melhor calça e sua melhor camiseta... E apesar do calor, o casaco de viagem.

“Eu sei que é só um almoço entre amigos... Mas não custa nada causar boa impressão não é mesmo?” dizia para si mesmo. Ele desceu apressado, e estava prestes a chegar ao jardim quando ouviu a voz da senhora Weasley saindo da cozinha.

- Onde você pensa que vai Ronald Weasley? – Ela disse aparecendo, o avental amassado com a varinha tombada no bolso da frente. – Você não vai a lugar nenhum com o braço enfaixado desse jeito! Você precisa descansar...

- Eu tenho umas coisas pra resolver mamãe...

- E vai sair sem almoçar? – Disse a matriarca com uma das sobrancelhas erguidas.

- Não se preocupe... – As orelhas de Rony coraram e ele desviou os olhos da mãe. – Eu vou almoçar com a Mione... - A mãe do garoto sorriu, e deu um aceno de cabeça ao filho antes de voltar à cozinha.

Rony seguiu até os jardins e aparatou num beco escuro, alguns passos depois se encontrava numa rua trouxa extremamente movimentada. Ele olhou ao redor por uns bons quinze minutos antes de encontrar o que procurava: Um pequeno prédio de cor perolada no finalzinho da rua.
Ele entrou cumprimentando uma família trouxa que subia as escadas, algum tempo depois estava no terceiro andar, de frente ao apartamento que procurava. Ele bateu timidamente na porta algumas vezes, até que ouviu a voz de Hermione dizendo um “já vai” do lado de dentro. Algum tempo depois Hermione abriu a porta, usava uma blusinha preta com alças pequenas e uma calça jeans. O ruivo percorreu com os olhos o corpo todo da garota, não de uma maneira vulgar, e sim com um desejo quase infantil.
Hermione ruborizou imediatamente quando reparou no olhar dele. Rony pareceu se dar conta de que encarava a garota sem dizer nada, e tratou de dizer alguma coisa. - Recebeu minha coruja essa manhã?

- Recebi sim... – respondeu a garota – Avisando que você iria me buscar aqui... Nem tive muito tempo pra me arrumar...

- Você está linda assim... – Quando Rony percebeu o que havia dito, suas orelhas atingiram um tom avermelhado intenso. Ela também sentiu um calor na face, e teve certeza de que estava vermelha.

“Assim fica difícil me eu manter afastada Rony...” Pensou Hermione, decidindo que deveria mudar depressa de assunto. – Então? Aonde vamos almoçar?

Rony coçou a cabeça com a mão que não estava enfaixada, lançou um sorriso torto típico – Espero que você não se importe, mas eu adoraria comer no Três Vassouras... Faz muito tempo desde a ultima vez em que estive lá...

Ela assentiu com a cabeça, trancou a porta e os dois saíram do prédio. E assim ambos foram andando pela movimentada Rua de Londres em direção a o beco de onde Rony havia vindo; Assim eles aparatariam em Hogsmead. Ambos se sentindo realmente, realmente estranhos. Era esquisito estarem assim tão perto um do outro como se nada tivesse acontecido. Andaram alguns minutos sob aquele incomodo silêncio. Rony com as mãos enfiadas nos bolsos, lançando olhares de esguelha para Hermione. Ele estava perdido em devaneios, o destino havia lhes pregado uma grande peça. Como podiam ser tão cínicos a ponto de fingirem que nada havia acontecido? Já havia se passado tanto tempo... Tempo suficiente para esquecer a magoa, então porque ainda sentia dor ao pensar nos dias do passado? Ele ainda pensava na época de namoro dos dois, ele ainda lembrava da época de Hogwarts dos dois... Mas esses pensamentos sempre o faziam lembrar como tudo havia acabado.


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Harry abriu os olhos lentamente, piscou varias vezes tentando focalizar o quarto. O Cheiro floral dos cabelos de Gina encheu as narinas dele, e ele sorriu bobamente ao se lembrar da noite anterior. Ela ainda dormia um sono tranqüilo envolta pelos braços de Harry. Ele se levantou com cuidado e plantou um beijo na testa da esposa, vestiu uma calça qualquer e os óculos, e seguiu escada abaixo em direção a cozinha, desviando-se das diversas roupas jogadas de qualquer maneira no chão do quarto.

- Bom dia meu Senhor – Disse Monstro, fazendo uma reverencia quando Harry entrou na cozinha.

- Bom dia... – O moreno respondeu – Monstro, prepare alguma coisa para o café, eu vou levar para a Gina lá em cima...

- Sim meu Senhor. – Monstro disse alegremente enquanto preparava o café. Dentro de alguns minutos ele havia produzido uma gostosa refeição. Harry agradeceu, e desajeitado levou a comida para cima numa bandeja de prata. Ele deixou a bandeja próxima à esposa na cama, e se sentou na beirada, de frente para ela. Com delicadeza ele afastou uma das mechas ruivas do rosto de Gina, ela suspirou e piscou varias vezes.

- Bom dia dorminhoca. – Disse Harry ainda admirando a beleza da esposa.

- Bom dia... – Ela respondeu com a voz fraca.

- Eu te trouxe o café... – Ele apontou a bandeja de prata ao lado dela. Ela sorriu e puxou o marido pela nuca, para um beijo, um pequeno encontro de lábios. Os dois ainda tinham um sorriso maroto brincando no rosto quando se afastaram.

- Sabe... – Harry começou a dizer enquanto a ruiva ia se servindo do café – Hoje eu não vou trabalhar... Talvez pudéssemos fazer alguma coisa, quando você chegar do trabalho... Faz tanto tempo que não saímos juntos... Podíamos sair para jantar...

Ela assentiu com a cabeça – Eu adoraria... Você pode passar no Profeta Diário e me buscar? – Ela começou a atacar vorazmente a comida, e Harry não pode deixar de pensar que talvez o apetite fosse uma coisa genética dos Weasley.

- Claro... – Uma batida tímida na porta do quarto fez com que Harry parasse de falar. – Entre...

- Meu Senhor... – Monstro enfiou a cabeça pela porta, as orelhas caídas de morcego balançando – Têm visitas para o Senhor lá embaixo...

- Visitas? – Harry perguntou confuso, não era costume aparecer alguem no Largo Grimauld sem aviso, ainda mais num domingo. Ele olhou para Gina, que estava com umas das sobrancelhas erguidas e uma expressão confusa igual à dele próprio. – Diga que vou recebê-los num instante. Vestiu-se de qualquer maneira, deu mais um beijo na esposa e desceu as escadas, somente para encontrar Nigel Benjamin, um rapaz alto e magro, o cabelo loiro brilhante e cheio de cachos, com o qual ele trabalhava na sessão de Aurores, esperando na sala com uma expressão preocupada no rosto.

- Nigel? – Harry disse – Aconteceu alguma coisa?

- Infelizmente sim... – Ele respirou profundamente, Harry notou que ele aparentava estar extremamente cansado. – Precisamos de você no escritório imediatamente...

- O que houve? – Harry perguntou preocupado.

- Não seria prudente falar sobre isso aqui... – Ele olhou para os lados, como se procurasse alguém – Seria melhor se você visse por você mesmo Harry...

- Ok... – Ele assentiu com a cabeça – Me de só um instante... - Nigel concordou, e se sentou num sofá para esperar. Harry subiu rapidamente para o quarto, Gina ainda comia a comida da bandeja.

- Problemas no escritório... – Harry disse se dirigindo ao banheiro – Tenho que ir até lá imediatamente...

O rosto da ruiva se encheu em desapontamento. – Mas hoje é domingo! – Ela falou de uma maneira que a fez parecer com uma garotinha pidona.

- Eu sei... – Ele se aproximou e deu um selinho na esposa – Eu vou tentar sair de lá cedo... Nós podemos jantar durante noite...

- Tudo bem... – Ela falou ainda com cara de pidona.

Harry tomou um banho rápido e vestiu depressa algumas roupas limpas. Desceu as escadas indicando para Nigel que já estava pronto. Ele fez menção a usar a lareira, chegar ao ministério usando pó de flú... Mas Nigel o impediu.

- Não vamos usar pó de flú... – Ele disse enquanto os dois saiam da casa. – Vamos aparatar direto para o lugar... – Ele estendeu a mão para Harry, olhou para a rua diversas vezes, como não havia sinal de trouxas, aparataram.


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Hermione observava distraidamente Rony comendo atrapalhadamente devido ao braço enfaixado. Ela já estava satisfeita; o ruivo porem, não pode deixar de repetir a refeição três vezes. O almoço havia sido relativamente bom, haviam passado a maior parte do tempo relembrando os tempos de Hogwarts, fazendo piadas bobas um com o outro, agindo como... Amigos.
“Amigos” ela pensou. “É estranho... depois de tudo, apenas amigos”.
Ela pensou na amizade dos dois, Rony sempre fora seu completo oposto, mas isso jamais foi um problema, muito pelo contrario, Rony a completava. Ela se lembrou do fim da guerra, do namoro dos dois, que durou um ano... Rony era o único capaz de fazê-la perder a razão, e deixar-se guiar pela emoção.

- Que foi Mione? Por que esse sorriso? – O ruivo havia notado o olhar dela sobre ele, e o sorriso bobo no rosto da garota.

- Você – Disse a garota antes que pudesse se conter – Quero dizer... Tem uma sujeira da comida na sua bochecha... Rony levou a mão depressa em direção a face.

- Do outro lado Rony... – Riu Hermione, quando o ruivo esfregou a bochecha errada com o indicador – Deixa-me fazer isso...

Ela se aproximou com a mão estendida. Lentamente ela esfregou usando o polegar uma mancha de molho próxima à boca do ruivo.
Rony sentiu o toque de Mione. Era como gelo, ao mesmo tempo como fogo... As maos da garota estavam frias, mas faziam o corpo inteiro dele queimar. Eles se encararam, e foi como se Hermione tivesse acabado de perceber o que estava fazendo. Ela sentiu um calor subir-lhe pelo pescoço, afastou a mão depressa e olhou imediatamente em outra direção. Rony ficou por alguns instantes, estático, sem perceber havia levado a mão ao lugar onde a garota o havia acabado de tocar.

- Mione... – O ruivo disse um tempo depois, Hermione arriscou um olhar rápido para ele, e viu que ele procurava alguma coisa no bolso interno do casaco – Tem um motivo pelo qual eu te chamei para almoçar hoje... Eu preciso da sua ajuda.

Hermione agora observava intrigada, Rony havia tirado uma caixinha vermelha de dentro do bolso, ele olhou diversas vezes por toda a extensão do Três Vassouras antes de entregar a caixa nas mãos dela. - Tem runas na parte de cima da tampa... Eu não tenho idéia do que significam – Ele olhou novamente em todas as direções – Como você é a pessoa que eu conheço que entende melhor de runas e a única a quem eu confiaria isso, achei que deveria te mostrar...

- Rony... O que é isso? – Ela observava atentamente a caixinha nas mãos dela, perfeitamente quadrada, feita totalmente de rubi, a tampa fortemente lacrada por magia.

- Consegui isso numa viagem... Faz parte de um caso que estou resolvendo na sessão de Aurores...

Hermione começou a analisar as runas talhadas na tampa da caixinha, ela nunca havia visto símbolos como esses antes, especialmente um que lembrava um circulo com um sete invertido no meio. Rony observava não a caixa, mas sim a garota. Hermione tinha o cenho franzido, e mordia levemente o lábio inferior, exatamente da mesma maneira como ela costumava fazer quando se concentrava na leitura de algum livro de Hogwarts... Da mesma maneira que Rony costumava achar irresistível.

- Rony? – Hermione o chamou – Você me ouviu? Como se tivesse acabado de acordar de um transe, ele percebeu que Hermione falava com ele.

- Desculpe, me distrai... O que você disse?

- Vou precisar do meu silabário para traduzir isso... Podemos ir até minha casa e traduzir isso agora...

Mas a atenção de Rony estava voltada para um casal que acabara de entrar no Três Vassouras. O homem era moreno e forte, era pouco mais alto que Rony; e a barba por fazer lhe dava um tom ameaçador. A mulher que o acompanhava era baixa e extremamente magra tiha olhos azuis vivos e um longo cabelo loiro que esvoaçava enquanto ela andava. De certa forma ela lembrava uma das primas Veela de Fleur.

- Esconda a caixa Mione... – Ele disse levando o braço enfaixado para dentro das vestes, onde Hermione sabia se encontrava a varinha de Rony. Ela empurrou a caixa para dentro do bolso da jeans, mas era tarde de mais.
A loira havia visto a caixinha vermelha, e já estava sacando a varinha.

- ESTUPEFAÇA! – berrou Rony mais rápido que ela. A loira foi atingida no meio do peito pelo feitiço, ela voou pelo ar derrubando varias mesas, e atingiu a parede ao fundo, deslizou desmaiada para o chão em seguida.
O que aconteceu em seguida foi muito rápido. Rony se atirou sobre Hermione no mesmo momento em que o homem disparou diversos lampejos verdes em direção aos dois, errando por pouco. - BOMBARDA! – o ruivo gritou, fazendo uma das mesas próximas explodir em vários pedaços. Isso fez com que o homem se distraísse, se aproveitando disso, Rony segurou Hermione firmemente pela cintura e correu em direção a uma das janelas do Três Vassouras. Com um salto eles atravessaram a janela em direção da rua de Hogsmead, eles caíram pesadamente sobre os estilhaços de vidro, Rony se ergueu velozmente, ele ainda segurava firmemente cintura de Hermione.
- Temos que sair daqui! – Ele disse desesperadamente. Eles começaram a correr, o homem reapareceu na janela que havia sido quebrada, apontando a varinha diretamente para os dois ele disse:

- Avada Kedavra! Ao mesmo tempo os dois se jogaram no chão. O feitiço passou direto por eles, acertando uma cerca que explodiu em vários pedaços em todas as direções. O grito de dor vindo de Rony foi a ultima coisa que Hermione escutou antes de aparatar.


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Harry correu os olhos pelos móveis quebrados da mansão onde se encontrava. Haviam pedaços de papel amassados, gavetas retiradas de suas cômodas, as cortinas haviam sido rasgadas e todos os quadros haviam sido retirados das paredes.

- O que aconteceu aqui? – Harry perguntou a Nigel que caminhava ao lado dele.

- Alguém invadiu a essa casa e fez essa bagunça... – ele indicou o andar de cima – O problema de verdade está no escritório... Quem quer que tenha invadido a casa, matou alguém lá em cima... O corpo ainda está lá em cima, o pessoal do departamento achou que seria melhor você dar uma olhada antes de removerem.

Harry ficou muito sério e começou a subir as escadas com Nigel. – Já sabem quem era o dono dessa casa?

- Não... Mas já tem um grupo de Aurores verificando esse endereço no ministério...

Por todos os quartos pelos quais eles passavam Harry notava a mesma bagunça dos cômodos anteriores. - Quem quer que tenha feito isso estava procurando alguma coisa... – Disse mais para si mesmo do que para Nigel – Vocês têm idéia de quem poderia invadir isso e matar o dono?

- Todos no escritório acreditam que seja obra de algum dos comensais que ainda estão foragidos...

Harry respirou fundo. Odiava a idéia de que ainda havia seguidores de Voldemort a solta, mas era fato que diversos deles haviam fugido e se escondido após a queda do bruxo durante a batalha de Hogwarts há quase cinco anos atrás. - Não acho que seja isso. - Harry disse no tom mais calmo que conseguiu imprimir na voz. - Comensais normalmente não gostam de chamar atenção, esse foi um ataque feito as pressas... Alguém queria encontrar algo aqui, e queria que fosse rápido.

Quando Nigel abriu a porta do escritório Harry não pode evitar se espantar, o corpo estava sem a camisa, vários cortes fundos espalhados pelo peito dele.

- Parece que ele foi torturado antes de morrer... – Nigel falou baixo. A mente de Harry trabalhava rápido. Fazia total sentido, alguém invadiu a casa a procura de alguma coisa, havia torturado a vitima para fazê-la falar onde estava. Talvez ele não tenha dito por isso morreu... Talvez tenha dito, e foi eliminado para não deixar pistas.
Harry desviou os olhos do cadáver para observar melhor o escritório.

- O que é isso? – Disse ele apontando para a parede.

- Ninguém sabe... - Nigel assentiu - Tem um grupo de Aurores tentando descobrir o que isso significa.

Na parede, gravado a fogo, um símbolo que Harry jamais vira na vida: Um circulo com um sete invertido no centro.


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O corpo de Hermione caiu pesadamente no chão. Rony estava ao lado, a mão do rapaz ainda estava firmemente em volta da cintura dela. Ela olhou para o lugar, haviam aparatado num beco escuro próximo ao apartamento dela, nenhum trouxa que passava na rua mais adiante notou a aparição repentina dos dois no beco.
Ela se colocou de pé, puxando Rony... Algo estava errado: A perna de Rony havia vacilado quando ele tentou se colocar de pé.

- Mione... Temos que chegar ao seu apartamento... Agora... – Os olhos do ruivo entraram e saíram de foco.

Com horror Hermione notou a mancha escura no ombro direito de Rony. Ele estava sangrando muito. Ela tentou raciocinar, mas naquele momento parecia uma coisa impossível. Segurando Rony pela cintura ela saiu em disparada pela rua cheia de trouxas em direção ao apartamento, o ruivo mancava e respirava pesadamente ao lado dela. Varias pessoas olharam curiosas, Hermione tentou ignorar, e em pouco tempo haviam chegado ao prédio. Eles subiram as escadas até o terceiro andar com muita dificuldade, e com as mãos tremulas Hermione abriu a porta com um solavanco.

Rony se soltou dela e sentou-se no sofá próximo. - Tem Ditamno aqui Mione? – Ele disse com a voz fraca enquanto ia tirando o casaco de viagem. Ela assentiu com a cabeça. Rony notou que ela estava pálida e assustada, e ele compreendia totalmente. Afinal, estavam almoçando normalmente quando foram atacados... Ela nem se quer sabia o porquê.
Hermione correu o mais depressa que pode até o banheiro do apartamento onde guardava uma infusão de Ditamno para emergências. Tentando com todas as forças pensar que o ferimento era leve e Rony iria se recuperar, que aquele ferimento não tinha nada com o fato dos dois estarem juntos.
Ela pegou o frasquinho com as mãos tremulas e voltou até a sala, onde Rony já havia tirado o casaco e a camisa, agora estava deitado no sofá. Ela se sentiu zonza com o que viu; O ar lhe faltou nos pulmões e por um momento Hermione achou que iria desmaiar. Havia um corte profundo no ombro direito de Rony, ele apertava com força com a mão boa, evitando a perda de sangue.
Rony nunca havia visto Hermione tão amedrontada... Bom, talvez no castelo de Hogwarts durante a batalha final... Ela estava pálida e tremula, olhos castanhos dela brilhavam cheios de terror.

- Como foi que isso aconteceu? – A voz dela saiu fracamente.

- A maldição que lançaram em nós acertou uma cerca... Um dos pedaços da cerca voou em mim quando ela explodiu.

Ela empalideceu imediatamente e sentiu um embrulho no estomago vendo o sangue escorrendo livre pelo braço de Rony. - Não se preocupe Mione... – Ele disse para acalmar a garota – Foi só um corte leve... Coloque um pouco de Ditamno e daqui a alguns dias nem vou ter uma cicatriz...

Ela tentou manter a calma, o pensamento no lugar... “Rony já se machucou assim antes... Ele vai ficar bem...”.
Ela se aproximou cautelosa, e despejou o conteúdo do frasquinho no ombro de Rony. Uma nuvem se formou por alguns instantes no lugar, quando ela se dissipou o corte estava fechado e começando a cicatrizar. Ela respirou aliviada, nem havia percebido que as lagrimas estava descendo lentamente pelas bochechas.

- Viu só? – Disse Rony se aproximando e limpando uma das lagrimas dela com o polegar – Eu disse que não era nada de mais... Vou ficar bem Mione...

Ela passou os braços em volta da cintura dele e se atirou num abraço desesperado, chorando abertamente, o peso do abraço foi demais para Rony e eles acabaram caindo deitados no sofá. – Eu fiquei com medo Rony... Eu achei que iria te perder novamente...

- Você jamais me perdeu... E jamais irá perder... – Ele sussurrou enquanto afagava carinhosamente os cabelos cheios dela.

Ela tentou compreender exatamente o que as palavras dele significavam... “Será que ele ainda me ama?”

Ficaram assim abraçados por um bom tempo. Rony apreciando o macio dos cabelos de Hermione, ela apenas se deixando levar por aquela sensação boa de estar abraçada a Rony novamente. Só agora ela se dava conta de que Rony ainda estava sem a camisa. Os olhos dela correram pelo peito nu dele. O ruivo continuava magro, mas tinha um corpo masculino mais definido após tantos anos. Ele encarou perplexo, a maneira como ela olhava para ele, ela tinha um olhar que Rony não conseguia definir. Ela ofegava ao olhar com atenção o corpo do rapaz, o corpo que ela conhecia tão bem... Cada uma das sardas espalhadas pelo corpo... Cada uma das cicatrizes...
Involuntariamente suas mãos alcançaram uma fina cicatriz na diagonal no peito dele, bem no lugar onde ficava o coração.

- Foi aqui não foi? – ela falou baixo, a voz falhando estranhamente.

- O que? – Ele perguntou abobalhado, como se acordasse de um transe.

- Que aquela poção te acertou... – Ela percorreu a cicatriz no peito dele com os dedos, isso fez com que Rony ofegasse e fechasse os olhos tentando conter a sensação que o toque dela causava.

- Você ainda se lembra disso? – O ruivo perguntou.

- Como eu poderia me esquecer? – Ele fechou os olhos tentando reprimir as lembranças.


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Rony e Hermione caminhavam juntos de mãos dadas pela colina. Um fraco sol brilhava e uma brisa morna acariciava o rosto dos dois. Mione olhava em todas as direções a procura de alguma coisa, Rony por sua vez, remexia impaciente a varinha no bolso.

- Eu não gosto disso Mione... – Dizia o Ruivo pela milésima vez naquela tarde. – Não quero você participando dos trabalhos dos Aurores...

A garota revirou os olhos. – Rony, quantas vezes eu tenho que dizer que vai ser só um trabalho de rotina? – Ela voltou a procurar algo na extensão da colina – O ministério precisava de alguém do departamento de Leis Mágicas acompanhando você... Acharam que eu era uma boa opção já que nós nos conhecemos tão bem...

- Mesmo assim... Pode ser perigoso... – Ele arriscou um olhar pra ela. – Eu fico preocupado com o que pode acontecer com você... – As orelhas dele ganharam um pouco mais de cor.

- Rony... Você sabe muito bem que eu sou tão qualificada quanto você pra fazer o serviço de Auror...

- Mesmo assim eu fico preocupado... – Ele bufou audivelmente demonstrando seu nervosismo com a situação.

- Fique calmo... Tente ver o lado positivo disso...

- Que lado positivo? – Ele perguntou confuso.

- Bom... – Ela abriu um sorriso malicioso enquanto passava a mão envolta da cintura de Rony – Estamos trabalhando juntos... Quanto mais cedo terminarmos essa inspeção... Mais cedo nós podemos sair para ficarmos a sós, e aproveitar o tempo livre... Ele a puxou mais para perto, os dois se fecharam num abraço.

– Eu gostei dessa idéia... – Ele sussurrou ao ouvido dela, ela apenas sorriu e beijou-lhe os lábios com ternura. O beijo se tornou mais prolongado e intenso quando ele a ergueu do chão pela cintura. Ela se separou do beijo e gargalhou feliz do alto.

- Eu adoro quando você faz isso! – Ela disse ainda sorrindo nos braços dele.

- É por isso que eu continuo fazendo – Falou Rony girando a garota e aplicando um beijo no pescoço dela.

- Para Rony... – Ela ofegou vermelha – Olha, é ali o lugar... – Ela indicou uma casinha de pedra não muito longe de onde eles estavam.

- Certo... – Ele bufou nervoso outra vez – Vamos resolver isso logo para podermos sair daqui...

Os dois seguiram em direção da casinha de mãos dadas. Aproximaram-se cautelosamente, o pequeno portão de ferro rangeu alto quando Rony o empurrou. Ele olhou diversas vezes para os lados antes de bater na porta da casa.

- Edmund Giggs, aqui é do Ministério... Abra a porta – O ruivo disse alto para quem quer que estivesse do lado de dentro escutar. Eles ouviram passos apressados do lado de dentro e em alguns instantes um homem quase tão alto quando Rony, com cabelos negros curtos e feições duras aparecia na porta. Ele teve o cuidado de não abrir a porta toda, deixando apenas parte do rosto visível e impedindo a entrada dos dois na casa.

- O que querem aqui? – Ele falou rispidamente.

- Temos ordem do Ministério de vasculhar sua casa. – Rony disse autoritário, tentando não se intimidar com o homem.

- Saiam já da minha propriedade! – Ele fez menção de bater a porta na cara de Rony, mas o ruivo foi mais rápido. Com uma das mãos ele segurou a porta, com a outra ele sacou a varinha.

- Acho que você não me entendeu... – Rony disse ameaçadoramente – Temos ordens do Ministério para checar essa casa... E nós vamos checar essa casa. - o ruivo fez questão de salientar a ultima frase. 

Hermione que apenas observava a cena decidiu falar. – Recebemos uma denuncia de que o senhor tem guardados venenos e poções que violam o estatuto de proteção aos trouxas.

O homem empalideceu e os olhos arregalaram por um instante, ele tentou disfarçar o gesto, mas Rony havia empurrado a porta nesse mesmo momento, forçando entrada na casa. O lugar era pequeno e úmido, extremamente escuro e um mau cheiro pairava em todo lugar.

- Por medidas de precaução, sua varinha fica comigo durante a inspeção senhor Giggs... – Rony estendeu a mão livre. A contra gosto o homem retirou a varinha do bolso e depositou nas mãos de Rony.

- Accio Poções – Hermione murmurou ao entrar na casa. Nada aconteceu.

- Por que eles nunca facilitam as coisas? – Rony reclamou audivelmente enquanto começavam a procurar, Hermione lançando varios feitiços pela casa, Rony abrindo gavetas, armários e baús por onde quer que ele fosse. O ruivo lançava olhares ao dono da casa sempre que podia, o homem parecia nervoso e não desgrudava os olhos de Hermione nenhum segundo.
Demoraram cerca de vinte minutos até que eles achassem alguma coisa.

– Aqui Rony! – Hermione chamou, e mostrou ao ruivo, numa passagem falsa no chão de um dos quartos havia diversos frascos com poções multicoloridas. – Tudo aqui é ilegal... – Ela disse com um sorriso triunfante no rosto.

- Senhor Giggs, você vai ter que nos acompanhar até o Ministério – Disse Rony apontando a varinha para o homem.

Edmund Giggs tremia da cabeça aos pés, estava mais pálido do que nunca, e algumas gotículas de suor se formavam na testa do homem.

- Eu não vou pra Azkaban! – Ele gritou inesperadamente fazendo Hermione saltar de susto.

- Você não vai para Azkaban... – Falou Rony calmamente – Você vai se apresentar no ministério e dar um depoimento, depois vamos ver o que... – Rony foi interrompido quando o homem enfiou a mão com força no bolso das vestes. Tudo aconteceu muito rápido, Edmund Giggs retirou um pequeno frasco do bolso e lançou com força sobre Hermione. Rony não pensou se deixou levar por instinto. Seus reflexos de goleiro agiram, e ele se atirou sobre Hermione. O frasquinho o acertou direto no peito gerando uma explosão e uma fumaça mal cheirosa cor púrpura. Hermione sacou imediatamente a própria varinha estuporando Giggs, que caiu pesadamente no chão. Ela rolou para perto de Rony a tempo de ver os olhos dele girando nos orbes pouco antes dele desmaiar.


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- Você ficou dois dias desacordado no St. Mungus... – Hermione disse ainda abraçada a Rony no sofá da sala.

- E você não saiu nenhum momento de perto de mim... – Ele disse limpando outra lagrima insistente no rosto dela. Ela correu novamente com os dedos a cicatriz, a pequena cicatriz que de certa forma havia separado os dois.

Estavam muito próximos. Ela podia ver cada uma das sardas do rosto de Rony claramente agora. Ele via os olhos brilhantes e castanhos se aproximando cada vez mais. Eles podiam sentir a respiração quente e pesada um do outro... Os lábios se encontraram por um instante... Uma batida forte na porta fez com que os dois se separassem imediatamente como se tivesse recebido um choque elétrico. Hermione se levantou extremamente vermelha, tentando ajeitar as roupas e o cabelo amassado. E se dirigiu a porta, nem se atrevendo a olhar para Rony, que por sua vez, ainda estava parado estático no sofá.
Ela respirou forte diversas vezes, ainda assimilando o que havia acabado de acontecer no sofá. Ela sacou a varinha, temendo que os mesmos bruxos que haviam atacado no Três Vassouras haviam retornado, abriu a porta apenas para encontrar Harry do lado de fora com uma pequena pasta debaixo do braço.
A primeira coisa que ele viu foi o cabelo de Hermione, muito mais alto do que normalmente era, depois a movimentação no sofá, e Harry reconheceu imediatamente os cabelos ruivos do melhor amigo. Ao notar que Rony estava sem camisa ele ficou extremamente vermelho e sem graça.

- Eu... Hã... Desculpe... – Ele disse gaguejando – Eu não devia ter vindo sem avisar... Não queria atrapalhar nada...

Hermione ficou muito vermelha e baixou a cabeça, encarando os próprios pés, tentando formular uma resposta.

Mas foi Rony que falou, se levantando com dificuldade do sofá. - Não é nada disso que você está pensando companheiro... – Ele mostrou a cicatriz recentemente fechada no ombro e as manchas de sangue no braço.

- O que houve? – Perguntou Harry entrando preocupado no apartamento.

- Fomos atacados... – Disse Hermione – Um homem e uma mulher que eu nunca vi...

- Yurian Podolskaya e Mikaela Ulianoff... O nome dos dois está no relatório que eu te entreguei Harry. – Disse Rony surpreendendo Hermione.

Ela encarou o ruivo, perplexa. – Você os conhecia? – Foi tudo que ela pode perguntar.

- De certa forma eles são o motivo pelo qual eu passei esses quatro anos fora...

Hermione franziu o cenho confusa.

- Há uns cinco anos atrás o ministério vem recebendo informações de que um grupo de bruxos das trevas tem causado mortes em toda Europa. – Disse Harry. – Descobrimos que Yuri e Mikaela têm liderado uma horda de seguidores causando terror por todo lugar onde passam... Rony foi voluntário para viajar por todo o mundo vigiando os movimentos desse grupo de bruxos das trevas e informando o departamento de Aurores aqui da Inglaterra.

Hermione analisou a informação com cuidado. Então era isso que Rony fazia todos esses anos... Vigiava bruxos das trevas para o Ministério. Colocava a vida em risco... Mas o que realmente despertou o cérebro de Hermione foi à informação de que Rony havia sido voluntário. Todos esses anos ela havia imaginado que o ministério forçara o ruivo a partir... Mas agora sabia que havia sido decisão dele. Ela tentou afastar os pensamentos, não imaginar que ele havia sido voluntário justamente por que ela havia terminado com ele alguns dias antes dele partir.

- E o que os esses dois estão fazendo aqui em Londres? – Ela perguntou evitando os olhos de Rony.

- Eles têm um plano para dominar os bruxos e os trouxas, eles vão criar um império... – Falou Rony - Onde eles vão governar absolutamente sobre todos... Eu ainda não sei ao certo qual é o plano... Mas eu sei que para que ele funcione, eles precisam de um artefato mágico poderoso... Um artefato que nesse momento se encontra no seu bolso Hermione. Ela havia se esquecido completamente. Ela enfiou a mão no bolso e puxou para fora a pequena caixinha de rubi. - Quando eu descobri que eles precisavam dessa caixa para tomar o mundo mágico eu fui até o local onde estava escondida antes deles, retirei a caixa de lá, e trouxe comigo para Londres onde eu achei que era mais seguro. – Falou o ruivo encarando a caixinha. – Eles devem ter descoberto que eu estava aqui, e vieram atrás da caixa.

- Talvez não só da caixa... – Disse Harry. Ele abriu a pastinha que carregava debaixo do braço. – Uma pessoa foi torturada e morta essa manhã... Fizeram essa marca na parede. Ele abriu a pasta mostrando uma foto de um símbolo marcado a fogo na parede de um escritório. Foi com surpresa que ele notou que era o mesmo símbolo na caixinha feita de rubi: Um circulo com um sete invertido no centro.

- Eu trouxe essa foto por que você é a pessoa que melhor entende de runas que eu conheço... – falou Harry. Ela estudou as runas da caixinha e da fotografia. Finalmente ela começava a compreender os mistérios da partida de Rony, e o quanto a caixa e o símbolo significavam.

Ela assentiu com a cabeça. – Me dêem um instante... Eu preciso pegar meu silabário...

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