Teimosia Inatingível




É, diário, já faz um tempo.


O quê? Duas semanas?


**


– Não! Não consigo – Hermione largou o caderno velho em cima da cama, sendo supervisionada por Lilá, Parvati e Gina.


As três se entreolharam antes de entregar o diário para Hermione, que se recusava escrever. Parvati se sentou na cama, impaciente.


– Então é isso? Vai deixá-lo?! Vai deixar o amor da sua vida ir embora? – Hermione abriu a boca para protestar, mas Parvati a interrompeu – Eu sei! Eu sei que amor não é uma questão entre vocês. Mas é isso? Acabou?


Parvati viu uma lágrima escorrer no rosto da amiga, que estava virando para a parede. Hermione limpou a lagrima rapidamente, encarando os pés entrelaçados na cama e seu diário.


– Acabou? Acabou o quê? Nunca tivemos algo!


– Claro! Nunca tentavam.


– É melhor assim, Parvati. Ele quer ir embora, ele que vá. Não posso impedir.


Gina se sentou ao lado de Parvati na cama, de frente para Hermione.


– Não pode ou não quer?


**


7 dias antes


– Hã... Obrigada?


Por que, por algum motivo desconhecido, eu desconfiava que boa parte do 7º ano da Grifinória e da Sonserina resolvera se reunir naquela roda não para ver a reconciliação entre duas ex-amigas, mas sim para evitar intrigas?


Desde a briga com Rosanna, os sonseinos tem feito brincadeiras do tipo: "Hermione está passando. Abre espaço. Hey, não olhe para ela". E eu até que achava engraçado porque era divertido ver aquele bando de gente abrindo espaço para eu passar com medo de que eu atacasse eles, mas, na hora quando via Augustus cantar as garotas amedrontadas no corredor, eu me limitava a revirar os olhos.


E eu só queria que Gus paquerasse Gina para me livrar daquela.


Tinham me convencido de que já estava na hora de parar de ser infantil e me acertar com Gina. E esses componentes eram ninguém menos que aquela vozinha irritante que dá as caras só quando você precisa fazer algo bom para uma pessoa além de você. Eu odeio essa voz, mas as vezes ela vence umas discussões internas.


– Mais alto aí, Hermione, por favor? – Draco provocou. Minha vontade era de pegar aquela vassoura de ultima geração e quebrar na cabeça dura dele.


– O-bri-ga-da – eu disse. A ruiva arqueou as sobrancelhas e não disse nada.


– Pelo que exatamente? – Ron disse. Eu sabia que aquilo era pura provocação dele e de Draco, que ainda achava uma ironia o fato de que eu iria falar com Gina. "Preciso presenciar isso" o cretino disse.


Eu suspirei e acenei para eles se afastarem. Os traidores não foram muito longe, e cada um ficou num canto para ouvir a conversa.


– Obrigada pelo quê?


– Por ter falado com Draco. Ajudou um pouco – dei de ombros.


– Estava te devendo.


Acho que um ponto de interrogação estava acima da minha cabeça, porque a garota frangiu o cenho ao falar. Pensando agora, ela deve ter feito por falar do seu trágico relacionamento com Harry.


– Harry – a voz dela falhou.


Ah, sim, por ter deixando meu coração aos pedaços e com as chances nulas de eu me apaixonar antes dos 22 anos. Que isso; foi uma honra.


– Temos muito o que falar, né? – ela disse.


Ela sabia que eu tinha uma certa raiva dela? Se não, POR QUE NINGUÉM CONTOU?


Mas fomos conversando, como de fossemos duas amigas que não se viam há vários anos. Olhando por esse lado, éramos mesmo. Ela me contou sobre Harry e Dino – que ele queria "reatar" e acabara rolando um beijo na sala comunal – e eu sobre Malfoy. É claro que a Weasley Fêmea ficou radiante quando soube os detalhes fora do Profeta de Hogwarts.


– Que lindo... Romeu e Julieta.


– Eles morrem.


– Continua sendo lindo.


– Gina: 1. Sutileza: 0


– Ah, cale-se – mas ela riu. – É como ver um candidato à presidência de um Partido Democrata se casando com uma candidata do Partido Republicano.


**


Para o desespero emocional de Hermione, Ginevra Weasley repetiu a mesma coisa que disse há 7 dias no campo de Quadribol.


– Quem aqui está falando de casamento? – questionou.


– Foi uma metáfora – a ruiva deu de ombros.


Lilá olhou a ruiva e balançou a cabeça, como se disse "não tenho tempo para isso". Gina ignorou. Lilá se sentou ao lado de Hermione.


– Ok, não precisa dar atenção para o que suas melhores amigas dizem – ela disse casualmente – Mas e o que o Malfoy II disse? Que você é uma das que pode impedir isso? Por favor, Hermione, está me dando agonia ver você o dia todo nessa cama.


– E o que você quer que eu faça? Que eu vá atrás dele e rasteje? Peça-o para ficar comigo e abandonar aqueles seres que ele chama de família? Draco fez sua escolha e eu estou fazendo a minha. E não sei se perceberam, mas o que os garotos estão falando é de uma despedida.


– Então se despede dele.


Hermione se revirou na cama, deitada encarando o teto.


– Nem todos as despedidas são ruins. Exemplo: adeus, escola. Adeus, Draco.


**


5 dias antes


– "Querido diário, um esquilo perguntou o meu nome hoje. Eu disse que era Joe. Essa mentira me assombrará para sempre".


– O que está fazendo aqui?


– A iluminação daqui é boa.


Ele foi para a varanda da torre, onde estavam os materiais de estudo de astronomia, e se encostou na parede, observando o céu como se fosse uma interessante partida de Quadribol. Fiquei me perguntando o que raios ele estava pensando.


– Você sabe, olhando as estrelas, ouvindo o universo rindo de mim – disse – Ainda me evitando? – ele perguntou sem me olhar.


Eu não respondi, então Draco se virou pra mim. Sobrancelhas arqueadas.


– A iluminação daqui é mesmo boa – foi o que disse, quase chorando. – Você precisa ir mesmo?


– Preciso – Ele assentiu e voltou a encarar o céu estrelado.


Hesitei antes de levantar e ir para aquele lado da varanda. Pensei em voltar para a Grifinória umas três vezes, mas disse pra mim mesmo deixar de ser covarde e ir conversar com ele. Uma coisa que eu não tenho feito muito ultimamente.


– Vão ser só dois dias, Hermione. Eu vou voltar – ele disse num tom debochado.


– Eu e você sabemos o que vai acontecer nesses dois dias – respondi emburrada, me virando para Draco – Ele vai estar lá.


E Draco não negou.


O silêncio que se seguiu foi horrível. Dava a impressão de que as estrelas estavam rindo de mim, por estarem tão lindas. Por que não poderia ser como nos filmes e... Chovesse?


– Eu fiz outra música – eu disse relutante. – Estou fazendo isso ultimamente. É provável que você não escute, eu ainda não terminei. – Achei desnecessário informar que também não pretendia.


– Fala sobre o quê? – ele perguntou sorrindo.


– Ironias.


Ele riu e eu também, ainda tentando não olhá-lo.


– Falta de inspiração?


– Nem meu diário eu escrevo mais – dei de ombros.


Silêncio novamente. Odeio silêncio.


– Não deveria fazer isso – ele disse.


– O quê?


– Fingir que não é nada.


Engoli em seco, fitando o chão. Olhei pro lado, olhei pra cima, olhei para as estrelas, olhei para o material bagunçado na mesa, só não olhei para ele. Mas teve um momento que foi quase impossível não olhá-lo. Eu comecei sentir as lágrimas vindo.


– Não deveria fingir que se importa – rebati. Ele balançou a cabeça, apertando os lábios.


– Hermione – ele começou num tom autoritário e se calou, como se desistisse se falar. Voltei olhar pro nada. – Sabe aquele lema? Amar é destruir e ser amado é ser destruído... Então, eu me desmorono por você. Eu viro um Wrecking Ball. Mas eu não sou o seu príncipe encantado. Nem nunca vou ser. O homem da sua vida, que seja. Só que... Você sabe, não vale a pena ficar desse jeito comigo. Até porque – ele sorriu para as estrelas. Quão sortudas aquelas desgraçadas eram – sua teimosia não me atinge. Eu te amo o suficiente para ir atrás de você mesmo você não me querendo.


Eu queria gritar que CLARO QUE EU QUERIA, mas resolvi respirar fundo umas três vezes antes de dizer alguma coisa.


– Eu me apaixonei por você e me ferrei. Você se apaixonou por mim e eu me ferrei. Estou me ferrando muito, sabe?


– Isso é ridículo. Você tem medo – Draco acusou apontando o dedo como se eu fosse uma criminosa.


– Eu não tenho medo! – protestei.


– Então por que diz essas coisas?


Não respondi. Fiquei olhando as estrelas rindo de mim.


– Eu só não quero... que você... vai – nossa!, como era dificil pronunciar aquelas palavras. E eu poderia ser uma boa menina e repetir, mas acabei dando atenção ao meu lado egoísta e comecei gritar com Draco – QUER SABER? PODE IR. NÃO ME IMPORTO MESMO.


– Hã, para de se contradizer. Eu preciso de você e você precisa de mim – ele protestou. Não precisei olhá-lo para saber que estava sorrindo.


– Não, eu não preciso –reclamei já chorando.


– Sim, você precisa.


– Não, eu não preciso.


– Sim, você precisa.


– Pare de dizer isso.


– Você precisa de alguém para cuidar de você.


– Não, eu não preciso.


– Todo mundo precisa.


– Então por que você vai embora? Tá escrito "me abandona" na minha testa?


– Não vou te abandonar.


Pensei que já estava irritada com tudo aquilo. Ele não iria desistir. Ele iria pegar o trem no sábado e iria embora. Eu me virei para voltar para a Grifinória, e não fui impedida.


Talvez eu não seja namorável.


**


– Até porque eu duvido da minha capacidade emocional, verbal, motora... de conseguir dizer isso novamente para ele.


– Certo... Se não pode confiar nos próprios instintos, então vai confiar em quê?


– Posso confiar na ideia de que gostar de alguém, com regra, acaba mal.


Lilá respirou fundo


– Não estamos dizendo que você e ele deveriam ficar juntos para sempre e ter bebês imensos e depressivos que tem períodos de magreza maníaca, mas acho, de verdade, que a maneira como vocês dois se separaram é bastante desfavorável, e eu apostaria vinte galeões se eu tivesse vinte galeões, que ele está sofrendo o mesmo que você.


– Por que vocês dizem isso como se fosse tão fácil? – Hermione choramingou – Samuel vai embora também. Como você consegue?


Lilá deu um leve sorriso.


– Eu não consigo.


**


3 dias antes


– Desculpa, amor, mas eu venci sua casa.


A Taça de Quadribol das Casas foi colocada de maneira bastante decidida na Mesa da Grifinória. Aquilo causou um eco no salão que chamou a atenção de todos. Draco me olhava sarcástico.


– Tire isso daqui antes que eu quebre como fiz com a outra – disse eu brigando com a torrada.


– Coloquei um anti-Hermione. O troféu não tem culpa das brigas de vocês – Chad se sentou de frente pra mim, se esticando para pegar as uvas de Lilá.


– Você não tinha que ir embora? – ela perguntou fazendo careta. Hã, se conheço bem Lilá Brown, ela estava bem triste por causa disso.


– Bom dia para você também, Brown.


– Bom dia só depois das dez horas.


Chad Malfoy olhou seu relógio de pulso e deu de ombros, voltando-se pra Lilá com uma fingida animação. Ouvi uns suspiros das quintanistas ao lado


– Eu iria embora hoje, mas ontem a noite recebi um berrador do diretor dizendo que "SE EU ESTAVA EM HOGWARTS, NÃO PRECISAVA VOLTAR ATÉ O NATAL". E Alvo Dumbledore, um cara de idade com a barba legal, deixou eu ficar aqui até lá.


– Empolgante – comentei.


– Céus, você e Draco precisam se reconciliar logo – Samuel balançou a cabeça.


Olhei pra Draco. Me lembrei do jogo de Quadribol, quando a Sonserina ganhou a taça e já estávamos meio bêbados na Sala Precisa, rindo das histórias entre eles, Draco me contou que não estaria em Hogwarts para o feriado, que iria pra casa. Não estamos nos falando direito desde aquele dia.


– Ainda não tivemos a estranha conversa sobre ex-namorados – ele disse me olhando.


Eu voltei a encarar a torrada, ou massacra-la, que seja.


– Nota-se – Gus disse.


O título de ex-namorada só não pegou mais rápido que de namorada. O sol voltou a brilhar, as garotas voltaram a saltitar nos corredores, de repente, tinha mais glitter no ar e origamis indo para a mesa da Sonserina. Uhul Draco estava livre!


– Se você tivesse me contado isso não teria acontecido – briguei.


– Hã, mas eu te contei – ele disse puxando os cabelos.


– Bêbado! Você precisou de umas doses de cerveja para me contar!


– Eu estava evitando ações como... Esta.


– Legal. Se candidate a presidente dos Estados Unidos agora. Salvador da pátria, olhe como estamos agora! – eu fui pegando minhas coisas para sair do salão enquanto discutia com Draco.


– Isso porque você é uma mimada orgulhosa! – ele respondeu no mesmo tom que eu.


– E você um estúpido.


– Ótimo, posso conviver com isso.


Eu revirei os olhos e saí do salão, com muitos pares de olhos me acompanhando.


Fiquei com uma inacreditável vontade de chorar no meu quarto.


**


– Aquilo não foi muito... Maduro – Gina disse.


– Nunca fomos – Lilá disse olhando as unhas. Depois de um longo silêncio entre as grifinórias, Lilá suspirou e olhou para Hermione – Algo a declarar?


– Tipo? – ela fez careta.


– Quer dizer, todo mundo deseja ser especial para alguém. – Lilá sorriu ao explicar – Para Draco, você é especial para ele. Não se preocupa com isso?


– Foi um sacrifício chegar até aqui, mas não passou pela cabeça de vocês que se Draco realmente me quisesse... De verdade... Ele teria ido atrás de mim? Se ele realmente quisesse algo comigo, acho que ele não teria arrumado o malão para ir. É só que, se ele gostasse de mim como ele diz, acho que ele já teria jogado tudo para os ares e teria vindo atrás de mim. Mesmo depois daquele dia.


Lilá deu de ombros: – Amor pra mim é você passar a sua vida inteira com alguém que você tem vontade de matar mas não fazer isso porque você ia sentir muita falta da pessoa.


Hermione já se encontrava com lágrimas nos olhos. Dessa vez ela não tentou ignorar as lágrimas e fez careta ao ver que estava chorando por uma coisa tão boba.


– Então acho que eu amo ele.


As três amigas sorriram uma para outra, como cúmplices, que compartilhavam o mesmo pensamento. Missão cumprida.


– Tá, mas o que faço com essa informação? Mando uma carta para Michelle Obama? Para as damas da Elizabeth II pedindo conselho? Saio gritando por Hogwarts que eu o amo? Escrevo isso até acabar com as folhas do meu diário? Faço um outdoor? Faixas de aviões sobrevoando a estação?


– Claro. Por que não? – Gina perguntou. Hermione desconfiou que ela não estava brincando. Gina suspirou quando viu o olhar sarcástico de Hermione – Nunca viu aquele filme ABC do Amor? Não serviu de exemplo?


– Qual parte? Aquela em que ele diz que o amor é uma coisa feia e terrível praticado por todos?


– Não – ela balançou a cabeça – Aquela que diz que o amor é ir mais além, mesmo que doa, deixando tudo para trás. Ah, Hermione, amor é encontrar uma coragem dentro de si mesmo que você nem sabia que tinha – a ruiva adicionou qundo Hermione fez careta com a frase.


Deixando tudo para trás... Draco que está deixando tudo para trás! Que porra de amor era esse?


Hermione suspirou: – Quanto tempo você esperou para dizer isso pra alguém?


– Muito tempo, e agora vai valer a pena.


– Desculpem decepciona-las, mas eu não posso – ela disse encarando as próprias mãos.


– É claro que pode. Você vai ficar aí esperando Draco voltar para viverem felizes para sempre?


Hermione assentiu, voltando a choramingar. Lilá abraçou a amiga.


– Eu quero que ele fique. Eu quero que ele faça isso sem que eu precise pedir. Eu quero ele. Quero que ele prove todo aquele amor que sentia. – ela disse entre soluços, aumentando ainda mais o choro. – Quero que no ultimo instante ele venha atrás de mim. Eu quero parar de chorar.


– Hermione – Parvati começou calmamente. Hermione se sentou e esperou –, ele faz isso todos os dias. Ele foi atrás de você mesmo sabendo que você iria ignorar. Quando vocês estavam brigados, quem dava um passo a diante? Ele. Não acha que está na sua vez de ir atrás?


– Mas, Parv, eu já fui atrás dele – Hermione disse entre soluços – E ele não ficou.


**


2 dias antes


– Espionar Violet? – perguntei indignada – Vocês caíram e bateram a cabeça?


– Primeiro: ela e Isaac estão passando por uma fase difícil – Niall se sentou de frente pra mim.


– Segundo – Brian colocou um livro grosso na mesa, causando um instalo: – Estou me vingando dela. Porque Violet já organizou vários tipos de espionagem nos meus encontros de reconciliação.


– E terceiro e não menos importante – Paul balançou as mãos para alguém continuar.


– Ah, sim! – Augustus exclamou, muito animadinho na minha opinião. Ele olhou para Draco e pra mim quando falava – Vocês dois também estão passando por uma fase difícil.


– Ah Merlin, arranquem-me uma perna – eu disse olhando pra cima e depois pra eles: – Violet vai nos matar.


– Não vai ser tão ruim assim – Paul tirou o livro da minha mão – Ela nem vai saber que estamos lá.


É claro que eu poderia bater o pé e dizer que não ia e foda-se a vingança de Brian, mas uma infeliz parte de mim queria ir só porque Draco estaria lá.


Eu ainda tinha 48 horas para convencê-lo a ficar.


Mas eu tenho um tipo de síndrome muito conhecido nos estudos da medicina: não-assume-os-sentimentos-na-hora. PAH. Estágio preocupante. Terminal e sem meios de cura. Pode levar ao suicídio se não levar ao homicídio. Sintoma mais conhecido: não assumir o que está sentindo quando está sentido.


– E você? Está rindo do quê? – eu perguntei emburrada para Draco. A terceira vez que eu me dirigia pra ele naquela semana.


– Realmente estamos passando por uma fase difícil.


Eu não pude discordar.


Então, naquela noite de quinta-feira, fria demais para qualquer festeiro sair do conforto da sala comunal para uma festa clandestina exceto a doida da minha melhor amiga Violet e seu namorado valente Isaac, eu me encontrei com aquele bando de sonserinos inquietos no corredor. Aquele putos iam transar, só pode! Estavam animados demais.


– Eu deveria dar uma detenção pra vocês por causa disso – reclamei indo de encontro a eles. De uma forma automática, Draco abriu espaço e eu fiquei ao lado dele, pronta para abraçá-lo por conta do frio, mas eu não o fiz porque sou uma criatura meio complicada e só fiquei encarando ele, calculando mentalmente as estatísticas dos dias que faziam que nós não nos beijamos.


Eram 9 dias. Isso dá 216 horas, 12.960 minutos e 777,600 segundos. Quer dizer, matemática não era meu forte. E eu prefiro estar enganada.


Nossa, por que eu sou assim?


– Deveria, mas como você é uma pessoa muito compreensiva, não vai – o filhodaputa me puxou pelo corredor, seguindo o resto dos garotos.


Por que essas pessoas esquecem que estou brava com elas?


– Isso era para ser irônico?


– Não! Claro que não.


– Aí! Está fazendo de novo.


– Shhh – os garotos disseram lá da frente.


– Shhh pra vocês – eu resmunguei.


– Para, para, para. Espera – Draco parou e eu o olhei sem entender. Por que me soltou? Não me solta não... – O que está acontecendo com você?


– Comigo? – Comigo? Há mais algum problema comigo além da minha síndrome terminal?


– É. Tá agindo como uma idosa com a menstruação atrasada.


– O que você sabe de idosas com menstruação atrasada?


Ele me olhou sarcástico. Eu revirei os olhos.


– Hã, desculpe se era para eu estar planejando uma festa de despedida para você, cheia de cerveja amanteigada e... Bolo. Aí no final da noite eu me entregaria a você, baby. Mil desculpas se eu não pensei na festa, mas, sabe, a noite ainda está de pé, amor. NÃO ME OLHE DESSE JEITO, MALFOY.


– Eu resolveria isso agora mesmo se não soubesse que você estaria ironizando de uma maneira muito cruel com meus sentimentos – ele passou a mão pelo meu ombro. Odiei a sensação de felicidade que tive.


– Certo, desculpe – eu pedi meio triste. Sou uma boa atriz ow


– Sério?


– Não, ainda te odeio. Agora vamos – eu puxei ele para a salinha onde os garotos enfiaram para investigar o encontro da Violet.


– Então é esse o motivo do drama.


Não respondi. A parede parecia uma coisa muito interessante.


– Mione, pela ultima vez: vão ser só dois dias.


E eu quase abracei ele e agradeci a Merlin e todos os santos por ele ser tão lindo e pelo timbre da sua voz ser tão perfeito.


Eu queria dizer que amava ele, mas também queria mandar ele pro inferno.


– Não me chame de Mione – reclamei entrando (finalmente!) na salinha.


Aquilo parecia mais como um anfiteatro. Violet e Zac estavam no que deveria ser o palco (ou ringue) e nós estávamos no que deveria ser a área VIP do show. Lá em cima. No camarote. Assistindo Violet e Zac discutirem o relacionamento. Me senti uma traidora.


– O que tá rolando? – Draco sussurrou.


Augustus, que estava com um binóculo, passou para Draco, que fez menção de dividir comigo.


Violet gesticulava e Zac gesticulava junto.


Já assisti esse filme e na maioria das vezes termina em beijo.


– Gente... Isso não é invasão de privacidade? – arrisquei perguntar, mas fui inquietada por uma série de "shhh".


Resumidamente, os dois discutiram por um bom tempo. Disseram coisas que eu nem entendia direito. Só então eu fui entender que Zac não queria que Violet fosse.


Quando terminaram de discutir – eu não disse que terminaria em beijo? – Brian sorriu daquele jeito maléfico dele e chamou para ir embora.


Constatei que fui muito cruel nas outras vidas ou que era uma praga da Violet, porque, bem, para sair daquele corredor e ir para a Grifinória – ou a sala da monitoria-chefe, que seja – eu teria que passar pelo lugar mais aberto de Hogwarts. E, OLHA SÓ, ESTAVA CHOVENDO.


Eu me virei para os garotos, pensando seriamente em dormir no corredor ao ter que enfrentar a chuva, mas só encontrei Draco me fitando com as mãos nos bolsos as calça. Merda. Cadê aqueles traidores?


– Pára de fugir – e ele se aproximava, e o meu coração de repente parecia que tinha corrido uma maratona.


– Não sou eu quem está fugindo – eu sussurrei. Achei desnecessário falar normalmente uma vez que nossas respirações já estavam numa só.


Ele riu. Tem ideia de como o sorriso dele fica lindo quando ele está perto?


– Mas você nunca me pediu para ficar.


Ah, então era isso? TODO ESSE DRAMA POR QUE EU NÃO PEDI EM TODAS AS PALAVRAS PARA ELE FICAR?


– Ei, eu amo você – ele sussurrou depois de um tempo. – Não é um adeus, Hermione.


– Deveria ter dito isso antes. – eu passei o braço pelo seu pescoço, enquanto era puxando pela cintura – Poderíamos ter evitado muita coisa.


– Vou me lembrar disso da próxima vez – ele disse beijando meu pescoço. Eu me contorci.


– Ah, haverá próxima vez?


Mas não teve respostas.


Eu só me dei conta de que estava indo para trás quando senti a chuva e não me dei o trabalho de protestar. Poderia cair uma bomba ali que eu não me importaria. Estava beijando ele e minha probabilidade matemática não fazia mais diferença agora. Uma musiquinha até tocava na minha cabeça.


Com uma estrema facilidade, Draco me puxou mais pra cima, deixando minhas pernas entrelaçadas em sua cintura. E, bem, daquele jeito, sem desagradar os lábios uma única vez, fomos para a sala da monitoria-chefe.


Continua...


 

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