Epílogo



Epílogo: um tipo estranho de adeus.









Foi estranho.


Não porque Kyle e Effy discutiram no carro sobre para qual Casa eles iriam nem porque Draco começou discurtir comigo quando os incentivei escolher a Grifinória ou porque a coruja de Kyle piava zangada na gaiola, mas porque minha última vez na estação King‘s Cross foi há 13 anos atrás e nada tinha mudado.


Quer dizer, em 13 anos as coisas podem mudar completamente.


Você pode se casar em uma cerimônia improvisada, ter filhos, se tornar uma auror bem sucedida e, na manhã de primeiro de setembro, carregar um carrinho rumo ao expresso de Hogwarts com sua família.


Effy se sentou no carrinho que o pai levava, carregando seu gato ruivo. Kyle sentou junto, ainda discutindo sobre as possibilidades de irem para a Sonserina.


– Falta muito pra minha vez? – Andrew, sentado no carrinho que eu levava, brincava com a coruja de Kyle.


– Dois anos – respondi.


– Quero ir logo – ele resmungou.


Eu me inclinei para falar: – E Lily também.


Ele deu de ombros. Kyle e Andrew eram práticamente cópias de Draco, enquanto Effy tinha meus cabelos castanhos e os olhos cinza dos Malfoy, mas os três herdaram o mesmo sorriso maroto do pai.


Balancei a cabeça e comecei prestar atenção na briga que acontecia ao lado.


– Crianças, crianças, as pessoas estão se perguntando o que é Sonserina e Grifinória, isso vai contra as leis do Ministério de uso e informação de mágia na presença de trouxas – interrompi a discussão entre Kyle e Effy.


– E corujas deixam os trouxas nervosos – Draco cochichou.


– Mãe, é sério, diz pro Kyle que não há problema nenhum em ir pra Grifinória – Effy sussurrou a última parte.


– Lógico que há problema em ir pra...


Fuzilei o olhar para Draco e ele se calou.


Paramos de frente com a barreira e Kyle correu para pegar o carrinho que eu levava. Eu sorri para Draco, ele revirou os olhos e passou o carrinho para Effy, que, triunfante, passou pela barreira junto com Draco. Passei o carrinho para Kyle e passamos pela barreira com Andrew.


– O que foi? – perguntei para Kyle, que parecia que ia ter um infarto ali.


– E se o carro quebrou? Eles sofreram um acidente grave e Albus vai ter que deixar sua coleção de vassouras pra mim? E se Jonah estiver junto? Vou poder pegar os posteres autografados dele? Ah Merlin... Raul! Raul também estava junto e ele vai deixar os video games pra mim! – ele dizia.


– Eles vão perder o trem! Eles vão perder o trem! – Effy resmungava, impaciente.


– Eles vão chegar – tentei tranquilizar procurando-os dentre a multidão.


Tudo continuava do jeito que eu me lembrava: uma multidão de gente animada para mais um ano em Hogwarts. Isso valia para os pais também.


Vi um grupo de garotas se cumprimentando, animadas, deveriam ser do último ano, e me lembrei de Lilá, Parvati e Violet e de como elas estavam atrasadas. Effy não era a única que estava quase tendo um ataque ali. Ela esperava Chloe, Melrose, Charlotte, Annabelle, Selena e Lily, enquanto eu esperava as mães loucas delas – exceto Luna. Luna estava em trabalho de parto.


– Será que aconteceu alguma coisa? – perguntei para Draco.


– O máximo que pode acontecer é Samuel não conseguir ligar o carro – respondeu dando de ombros.


– Vou fingir que você não enfeitiçou o carro.


– Não enfeiticei – ele protestou sério, depois riu – Coloquei no câmbio automático.


Dei um tapa no ombro dele e ele passou a mão pelo meu ombro.


– Já brigando?


Nos viramos e vimos Brian com sua esposa, Kriss, e o filho deles, Jonah. Ele já estava no debate Sonserina Vs. Grifinória com Effy, Kyle e Andrew.


– Para não tornar a relação entediante – Draco disse.


– Sei como é – ele piscou. Kriss revirou os olhos.


Para o alívio de Kyle, Harry e Gina chegaram logo depois de Brian e Kriss. Lily vinha no carrinho, Tiago já tinha sumido e Albus empurrava o carrinho. Harry e Albus eram idênticos, assim como Kyle e Draco.


– Achei que Effy ia ter um ataque cardíaco se não visse Lily antes de embarcar – Draco comentou.


– Trânsito – Harry deu de ombros.


– Sabemos que tipo de trânsito é esse – Samuel tinha acabado de chegar com Lilá, Charlotte e Raul, que já estavam com Effy e Kyle.


Parvati e Simas chegaram logo depois com Chloe, junto com Paul e sua esposa Maggie, e o filho Louis. Ronald chegou apenas com os gêmeos Melrose e Ian. Violet e o marido, Carter, e a filha Annabelle foram um dos últimos da estação junto com Augustus e a esposa Elisa, e os filhos Rupert e Selena (um ano mais nova que Effy).


E Tiago reapareceu; ele se livrara de seu baú, da coruja e do carrinho de bagagem assim como o resto das crianças.


– Cresceram, né? – Lilá choramingou.


– AiMerlin os hormônios estão dando sinal de vida – Parvati abraçou ela. Lilá esperava o terceiro filho e já estava de oito meses.


Lilá olhou sarcástica para Parvati: – Eu me sinto uma bola inflavel e você está brincando com os meus sentimentos?


– Os anos se passaram e a Lilá ainda age como... Lilá – Rony comentou.


Ela fez careta e já iria responder algo bem grosseiro, mas Parvati e eu mandamos ela se calar.


– Tem crianças aqui – Parvati alertou. Lilá revirou os olhos.


– E são quase onze, é melhor vocês embarcarem – Harry checou o velho relógio de pulso e se virou para as crianças.


– Isso! E vocês parem de discutir sobre Grifinória e Sonserina – Draco disse para eles – Há outras casas em Hogwarts e vocês podem ir para lá.


Eles resmungaram e se despediram de seus pais. Procurei Andrew e ele estava conversando com Lily no carrinho. Me abaixei ficando na altura de Effy e Kyle, que ainda discutiram. Draco fez o mesmo.


– Olha só, não há nenhum problema em ir para a Grifinória – ele disse para Kyle – Ou para a Sonserina – e para Effy – E, sim, Hogwarts tem outras casas e vocês podem ir para lá. Lufa-Lufa ou Corvinal.


– Sua madrinha é da Corvinal – falei para Kyle – E eu não vejo alguma vantagem na Lufa...


– E saiu um campeão da Lufa-Lufa no Campeonato Tribruxo – Draco me interrompeu. Sim! Cedrico! Um dos poucos lufanos que não me deixava estressada.


– Acha que podemos ir para a Lufa-Lufa? – Kyle perguntou fazendo careta.


– A Lufa-lufa receberiam ótimos alunos, não? – ele respondeu – Vocês são capazes de ir para qualquer uma das casas. Sabem que se dariam muito bem nelas.


– Mas... – Effy começou.


– Eu fui da Sonserina e sua mãe da Grifinória – ele continuou – E olha como estamos agora.


– Vocês não vai deixar de ser irmãos só porque foram para casas diferentes – conclui.


– Ok?


– Ok – eles responderam.


– Nos vemos no Natal.


Abracei os dois e Draco levou os malões até o trem, se despedindo deles. Andrew se empoleirou nas costas do pai quando ele voltou.


– E você? Preocupado para qual casa vai?


– Não, eu já escolhi – respondeu.


– Posso saber qual foi sua escolha?


– Sonserina.


O sorriso de Draco se alargou do mesmo jeito que quando Kyle tentava convencer Effy a ir para a casa das serpentes.


Albus foi o ultimo a subir no vagão. Eles combinaram de ficar todos na mesma cabine – isso se, para o desespero de Ronald, decidirem ir para a mesma casa, que eu desconfio ser Sonserina. Alguns alunos se dependuravam às janelas mais próximas. Um grande número de rostos, tanto no trem como fora dele, pareciam se voltarem para Harry.


– É por isso que eu não saio muito de casa – Samuel disse para as crianças no trem – Está vendo? Eles me amam.


– Não, sou eu que sou extremamente famoso – Ron protestou.


– Sabemos – Harry e eu concordamos.


O trem começou a se mover e Effy e Kyle apareceram na janela, acenando animados. Eu acenei de volta. Eles se dariam bem. Mesmo que em casas diferentes.


O trem virou a esquina e eu os vi pela ultima vez. Draco e Andrew ainda acenavam.


– Acha que meu discurso vai fazer com que eles escolhem a Grifinória? – ele perguntou sem me olhar.


– Eu sou da Grifinória... – lembrei.


– Responde.


– Acho que as chances de Effy ir para lá são boas.


– Droga! – ele reclamou – Não deveríamos ter comprado aquele gato.


Revirei os olhos: – Eles vão ficar bem.


– Eu sei que vão.


– Então por que está assim? – perguntei.


O sorriso malicioso já dizia tudo.


Oh, que pergunta desnecessária.


Andrew desceu das costas dele e se empoleirou no carrinho. Nós passamos pela barreira e Draco respondeu:


– Porque eu sei muito bem o que se pode aprontar em Hogwarts.


Sorri. Andrew já não estava mais prestando atenção.


– Sabe o que se comemora daqui dois dias? – perguntei.


– O dia em que nós nos agarramos loucamente no sofá da monitoria-chefe? – ele arriscou dizer. Assenti. – Bons tempos aqueles.


Acontece que um final não combina com a gente, é por isso que eu digo que não saímos da estação como nos finais de filmes. Em dezembro estaríamos de volta naquela estação e nos próximos anos. Ainda não era um final. Não sei quando será, mas espero que não esteja próximo.


Obrigada por me aguentar no sexto ano, querido presente de Ginevra Weasley.








 

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