Não tem como não piorar



Capítulo 6: Não tem como não piorar

Sabe a vida? Ela é muito irônica. Não diga algo do tipo “não tem como piorar”, porque realmente vai piorar, e não use o “me surpreenda” quando estiver quase realizado sua vontade, porque realmente você será surpreendida… de um jeito que vai te fazer chorar. Eu admito que desejava que esse ano fosse diferente, mas esqueci de adicionar o “seria diferente com o Harry”. E o que a vida me dá em troca? Draco Malfoy.


Quer explicações, né? Ótimo.


Domingo. O último domingo do mês. Todos fazendo algo mais interessante que estudar. Eu, por exemplo, fui para meu quarto e lá me instalei com meu novo livro, totalmente relaxada e ninguém para perturbar, até ali, a vida estava boa. Mas depois de um tempo, eu fiquei entediada. Resumindo: o domingo foi um tédio instantâneo


Segunda-feira. Preparativos para o Halloween. Todos agitados, meninas desesperadas para encontrarem meninos para poderem irem ao grande baile que Dumbledore estava planejando, meninos fazendo de tudo para chamar a atenção das garotas, e os professores… quase surtando por conta dos bilhetes trocados na sala de aula.


– Ei, Hermione, passa para a Laura.


Senti alguém me cutucar e me virei irritada, era John. O John que a Violet é apaixonada. O John clone do Chad Murray. O Jonh lindão da Corvinal. O JOHN QUE A VIOLET É APAIXONADA!!!


– Ok – oh, meu Merlin, a Violet vai me matar. Peguei o papel e passei para a menina loira ao meu lado.


Ela sorriu e pediu para eu entregar a resposta.


Quase mandei ela para o inferno.


Por sorte – minha ou dela –, a professora Minerva chamou a atenção de todos para o último recado e a aula finalmente tinha acabado.


O resto do dia foi deprimente. Contei três garotos e duas garotas que pediram para eu entregar bilhetes, ai me lembrei porque não me relacionava socialmente e andava sempre com Rony e Harry. Ah, Harry… ele estava sentado com Ron, mas pouco conversaram. Bom, talvez eu tenha pensado que o resto das aulas seriam mais fáceis, mas eu não lembrei que tinha aula de poções hoje. Nota 1: aula com a Sonserina. Nota 2: Malfoy é da Sonserina. Bingo!


– Atrasada, srta. Granger – professor de poções suuuuper legal chamando Severo Snape estava de costas para a turma, eu pensei que passaria despercebida e poderia sentar em qualquer lugar disponível, mas essa criatura de cabelo oleoso e roupa preta me viu! Como? Eu não sei.


– Desculpe, professor – passei pelo canto da sala com a intenção de me sentar com Lilá, mas o Snape meio que impediu.


– Não, não. Aqui na frente, srta. Granger – algumas risadinhas vindo da Sonserina ecoou pela sala, mas cessaram de repente.


Xeque! 30 galeões para quem acertar com quem eu me sentaria nessa última e infeliz aula!


– Srta. Granger? – Snape chamou novamente apontando para a mesa da frente onde estava ninguém menos que Draco Malfoy.


Nota 3: ainda duvido da minha sorte.


Aquela coisa da perna bamba havia voltado e o embrulho no estômago também. Tentei contar até 10 para caminhar silenciosamente até onde aquele loiro filho da mãe estava.


Ah, mas ele me irritou? Me provocou? Me xingou? Conversou comigo? Não, não, não e não. Ele mal me olhou, e quando isso aconteceu eu me senti realmente péssima. Por que, oras? Que raios de borboletas no estômago é esse? Quem inventou isso? Sintomas do…


– Vai ficar ai para sempre, Granger? – fui tirada do meu transe por aquela voz irritante. Ele estava mesmo falando comigo?


Suspirei e peguei minhas coisas sem olha-lo, e muito menos estar consciente que ele me encarava.


– Espera ai, mocinha – dessa vez ele segurou meu braço.


– O que você quer?


– Precisamos conversar.


Me ignorou o dia inteiro, não conversou comigo a aula inteira, não deu sinal de vida o domingo inteiro e saiu no sábado deixando aquela xarada martelar na minha cabeça a noite inteira! E agora quer conversar?! Depois que eu falo que é um canalha sou errada!


– Oh, que indelicadeza a minha, vamos sentar e conversar. Sem problemas – até que meu tom irônico não estava tão ruim – Acorda, Malfoy! Eu te odeio, lembra? E você não pode ficar me parando assim pra gente conversar como bons e velhos amigos!


E o desgraçado do Malfoy ficou me olhando com um sorrisinho mais desgraçado ainda! O que foi? Tá escrito “ria” na minha testa?


Como ele estava ocupado demais segurando a risada, eu cogitei a ideia de tentar consertar a burrada que tinha feito.


– Não, não precisamos – puxei meu braço com força e segui pelo corredor.


Vamos lá, já fiz páginas suficientes para ter noção do que ele faria. E Malfoy's aceitam não como resposta? Não!


– Por que está me seguindo? – me virei para ele, irritada.


– Eu disse, precisamos conversar. – Pude notar as cabaças que viraram quando passamos no corredor, mas ele parecia não se incomodar.


– E eu disse, não precisamos conversar.


– Mas você vai me ouvir.


Fiquei encarando ele ali no meio do corredor. As pessoas passavam, apontava e cochilavam. Isso estava dando nos nervos. Mas ele iria me deixar em paz? Hahaha até parece.


Ele estava parado com as mãos na cintura, esperando alguma reação minha... ele estava… incrivelmente lindo. Já estava sem a capa do uniforme – que na verdade, estava jogada no ombro –, a blusa estava dobrada e a gravata frouxa. Totalmente desleixado parado de frente pra mim. Engraçado é que isso me fez lembrar daquele acontecimento na sala da monitoria-chefe. Grrrrrrrrr


– Sabe, você está me devendo uma dança – dissera ele com aquele sorriso pregado no rosto.


– Já tivemos dois desses momentos, creio que não precisamos de mais um.


– Mas nos dois eu tive que te obrigar.


Ah, claro, a dança. Tudo tão perfeito... Música boa tocando... Lugar sem quase cinquenta pares de olhos te encarando... Um beijo... O primeiro beijo... E COM A PESSOA ERRADA.


– Você não deveria ter feito aquilo! – falei irritada.


– O que? Te puxar para dançar? – filho da mãe!


– Me beijar, seu idiota – falei baixo, embora só tinha alguns corvinos naquele corredor, fazendo algo mais importante que prestar atenção na gente. Corvinos, oh como eu amo corvinos. Eles não se intrometem na sua vida, COMO CERTOS SONSERINOS COSTUMAM FAZER.


– Você queria!


– Claro que não! – recuperei os sentidos e continuei andando, porém ele veio atrás.


– Então por que correspondeu?


– Não corres...


– Não? – dissera ele de sobrancelha erguida.


– O que estava pensando, Malfoy? Que ideia era essa de me beijar?


– Me diga uma coisa, Granger, você ficou nervosa por causa do beijo ou por causa do beijo não ter sido com o Potter?


– Harry não tem nada a ver com isso! – novamente, eu quase gritei.


– Foi por causa dele que você saiu daquela sala!


– Acredite, Malfoy, mesmo se eu não tivesse algum sentimento por ele, eu não teria ficado naquela sala com você.


– E por que não, Granger? – o tom irônico de dele já estava me deixando nervosa, aquele tom debochado e sarcástico me irritava mais do que imaginava.


– Porque você é um canalha!


– Oh, por favor, diga uma novidade – ele revirou os olhos – Cretino, canalha, idiota... Já foram todos usados.


– Você é um SONSERINO APROVEITADOR! – agora eu gritei – Da pior espécie!


Malfoy me encarou por um tempo, depois respondeu com a paciência dele:


– E você é uma sangue-ruim. Quer competir?


Tentei não me abalar, fazia tempo que ele não a xingava dessa forma ridícula, embora já tenha me acostumado, ainda fazia efeito vindo dele. Mas que raios tinha tanto efeito no que Malfoy fazia? Pouco importava. Respirei fundo antes de responder.


Respira, Hermione, respira.


– E você um aprendiz de comensal.


– Oh, certamente – ele revirou os olhos.


Bufei irritada, passei por Draco tentando sair dali. Malfoy estava me dando nos nervos, não teria progresso algum com essa conversa e já passou do horário que deveria me encontrar Luna. Porém eu tinha esquecido que aquele era Draco Malfoy e que ele não me deixaria em paz, ou seja, ele puxou meu braço. De novo. Idiota.


– Onde pensa que vai?


– Me deixa em paz!


– Não – ele sorriu, merd*! – Não vou fazer isso.


– Estou falando sério…


– Quer isso mesmo? – ele cruzou os braços, e sorria de forma divertida. Assenti, não entendendo muito. Malfoy se rendendo? – Ok, é assim que vai ser. Eu não vou atrás de você, não vou mais te perturbar, te irritar, conversar com você. O que for.


Acredite, eu quase sorri. Mas com esse meu humor negro, estava difícil ter alguma auto-estima.


Malfoy seguiu pelo corredor, com as mãos nos bolsos da calça, com certeza sorrindo. Estava quase comemorando, dando graças à Merlin. Mas ai o Malfoy parou no meio do caminho e se virou pra mim, com o sorriso mais largo que eu já vi.


– Mas, Granger, se você vier atrás de mim… É outra história – e, por fim, virou o corredor e deixou novamente uma frase no ar.


Como se eu, Hermione Granger, iria atrás dele? Apesar disso ter acontecido umas duas vezes.


É como eu disse, a vida é uma put* ironia. Em que mundo paralelo eu iria atrás dessa criatura loira depois dele, finalmente, considerar a ideia de me deixar em paz? Ah, é mesmo, nunca! Francamente, eu odeio ele. E isso não é aquele tipo de história trouxa de “diz que odeia, mas no fundo ama” ou sei lá o que. Que se dane a lógica! Se no fundo eu amar Draco Malfoy, que seja em um abismo em que eu posso joga-lo.


E foi dessa maneira que eu contei para Luna os acontecimentos dessa conversa desagradável, incluindo tais palavras da descrição acima.


– Você é muito complicada, Hermione – tá, isso foi notado quando eu passei amar Harry. Amor platônico sabe? Todo temos um. Amar quem não te ama. Porque a gente gosta de coisa difícil. GOSTA DE SOFRER.


Estava na biblioteca, arrumando os livros bagunçados e Luna estava me ajudando. Eu poderia frequentar a biblioteca, mas Madame Prince – ainda emburrada comigo – disse que eu só poderia usa-la depois de organizar todos os livros. E depois da última aula. Deveria entregar um trabal de Transfiguração e Luna combinou de aparecer na biblioteca para me ajudar. Mas acabei atrasando por culpa de Malfoy. Novidade.


Também disse isso pra Luna, ela parou para me olhar e ficou segurando o livro na estante.


– Sabe, estou pensando em fazer um romance da sua vida – ela disse se virando para colocar o livro – Será que vende?


– Luna... – entreguei um de poções para ela.


– Tudo bem, tudo bem – Luna desceu da escadinha, me dando espaço para poder colocar um livro na estante de histórias trouxas – Então, diz pra mim, o que você pretende fazer?


– Como assim? – perguntei sem olha-la.


– Ele disse que ia te ignorar daqui pra frente...


– E?


– E vocês não vão mais se falar.


– E eu achando que o dia seria ruim... – sorri, apesar de ter sido uma impressão sarcástica naquele momento.


– Então... Não vai mesmo falar com o Malfoy? – ela perguntou de testa franzida, como se tentasse entender meu raciocínio. – Não?


– Isso – sorri.


– Ah.


Por um instante eu pensei que o assunto “conversar ou não conversar com o Malfoy” havia se encerrado e sorri satisfeita, mas Luna, insatisfeita, se virou pra mim de uma forma muito sinistra.


– Mas como assim? As histórias não terminam dessa maneira! Ele te beijou! Seu primeiro! Ou vocês deveriam estar juntos ou deveriam estar brigando mais ainda para depois estarem juntos! É assim que funciona! Não essa indiferença toda! Hermione, por favor, me diz que vai conversar com ele.


– O que? Por que eu conversaria com ele? – principalmente depois de ele deixar claro que eu não seria mais perturbada. O que? Não cai e bati a cabeça.


– Porque vocês se amam!


TÁ BOM! PODE PARAR COM A BRINCADEIRA! QUE RAIOS DE “SE AMAM” É ESSE? AMO VER ELE... BEM LONGE DE MIM. NUMA DISTÂNCIA RAZOÁVEL PARA NÃO PREGAR AQUELA BOCA CANALHA NA MINHA.


– Luna...


– Ah, esquece – ela disse colocando o último livro na estante – O que a professora pediu?


Não vou entrar em detalhes sobre as conversas na biblioteca, apensar de Luna não ter falado nada de Malfoy e nem de Rony, o que supostamente era estranho – e eu estava curiosa –, mas resolvi não falar de Rony.


Terça-feira. Devo dizer que Malfoy realmente não foi conversar comigo, ele sequer olhava pra mim nos corredores e, quando olhou, estava com aquele bendito sorriso de lado pregado na cara.


Eu acordei com uma ideia que eu não tinha pensado ultimamente: “nada estrega meu dia”. Cara, eu sou muito ingênua. Será que não passou pela minha cabeça que isso só acontece em propaganda de absorvente? Então, admito, eu senti um domingo na minha terça. Até mesmo a biblioteca estava sem graça, as aulas já me enjoavam – tive dois horários com a Sonserina e nos dois, Draco não apareceu. Nem fome eu senti. Nada. A única coisa miserável que eu fiz na terça-feira foi ficar na Sala Comunal conversando com uma turma do 1º ano. (N/a: Forever alone, coitada)


Quarta-feira. Nenhum horário com a Sonserina. Eu fui até a biblioteca inventar para a Madame Prince que tinha trabalho de Poções para entregar e ela me deixou entrar. Apenas isso. Esse pequeno parágrafo foi minha quarta-feira.


Quinta-feira. Ah, como eu gosto de quinta-feira, primeiro porque eu só tenho um horário com a Sonserina, que é História da Magia. As aulas estavam no de sempre: alguns tentando não dormir, outros fazendo as anotações e também tentando não dormir. Se você não dorme na aula de História da Magia, já é um campeão na vida, porque é meio impossível manter os olhos abertos e atentos enquanto aquele fantasma falava e falava sobre os bruxos famosos do passado.


Estava tudo indo bem, eu tentava não piscar para poder prestar atenção e fazer minhas anotações, mas um pedaço de pergaminho foi parar na minha mesa e me tirou dos desvandeios.
 


O que está fazendo aí com esses grifinórios?
 


Não tinha assinatura, mas era quase óbvio que aquilo vinha de um dos meninos. Olhei para trás onde todos estavam sentados bem ao fundo quase dormindo, apenas Paul fazia anotações. Violet e Brian sorriam pra mim, acenando de forma discreta. E lá estava Malfoy sentado com Paul, ele anotava alguma coisa num pergaminho, mas não parecia ser coisa da aula, mantinha a cabeça encostada no braço, também quase dormindo.


Tentando tirar a atenção daquela cena, balancei a cabeça pensando numa resposta. Mas parece que o fantasma resolveu se manifestar e notar que quase todos estavam dormindo, ele balançou a varinha e alguns cadernos de capa preta foram passando de mesa em mesa.


– Respondam as questões e me entreguem até o final da aula – dissera ele com um sorrisinho – Alguma duvida?


– Sim! – dissera Brian da onde estava. O professor assentiu, quase surpreso por ter alguém com dúvida. – É verdade que o senhor vai chamar a professora McGonagall pra o baile, professor?


A sala pareceu despertar, e foi seguida por risadas que, se fosse humanamente possível, teria deixado o professor realmente corado. Mas ele revirou os olhos e foi fazer algo mais interessante, nos lembrando da tarefa em nossas mesas.


Ao meu lado, os grifinórios reclamaram baixinho. Já na mesa da Sonserina, todos os olhares foram para Paul. Ele sorriu de leve, murmurou um feitiço e a folha que ele anotava toda a aula se multiplicou e foi se espalhando pelas mesas dos sonserinos. O professor pareceu não notar, estava de costas, ou notou e nem ligou. Já os olhares grifinórios foram parar em mim, tentei fingir que não vi, mas eles cochichavam meu nome, então não tinha como ignorar. Nota: eu mal sabia o feitiço que Paul havia usado.


Olhei para ele como num pedido de socorro, e o próprio escreve algo em um pergaminho e me entregara. Não devo dizer que era o feitiço.


– Nunca achei que estaria vivo para ver Hermione Jane Granger passando resposta em uma aula – Rony sussurrou para que todos ali na nossa mesa pudesse ouvir. Ele estava com Harry, a duas mesas atrás de mim, mas se inclinara para falar.


– É, nem eu – falei baixo. Parvati, que estava ao meu lado, deu risada.


– Ei, eu acho que alguém quer se comunicar com você, Hermione – ela disse apontando com a pena um pegadinha amaçado em cima do meu livro.


Olhei para trás num movimento automático, mas todos ali pareciam copiar a folha de Paul.
 


Monitoração hoje.


Às 20hrs nas masmorras.


Não se atrase.
 


"Não se atrase"?! Com quem ele acha que está falando? Com a Parkison?! E o ordinário ainda sublinha! Me virei novamente irritada para a mesa da Sonserina. Péssima ideia. Foi no infeliz momento que aquele loiro aguado resolveu levantar o olhar para “dar uma checada no ambiente”. IDIOTA! IDIOTA! IDIOTA! EU ODEIO ELE!


Voltei a atenção para minha atividade, totalmente irritada. Parvati ficou me olhando com um ponto de interrogação tatuado na testa, do tipo “oi? O que está acontecendo?”.


Paul e eu terminamos o trabalho primeiro, e o fantasma acabou nos liberando antes do horário. E como essa era a ultima aula, Paul foi para o campo de quadribol e eu optei por ir para o Salão Comunal.


Não jantei, não fui para o Salão Principal, agora estou na Sala Comunal retratando minha semana, enquanto espero dar o horário. Ah, hoje tem a bendita festa clandestina.


Hermione fechou o diário e o deixou de lado, já incomodada por só escrever sobre Malfoy. Como ele se atrevia provoca-lá daquela maneira?


“Mas, Granger, se você vier atrás de mim… É outra história”


Pela quinta vez naquela noite, ela se virou para o relógio de parede que já anunciava 20hrs. Com um suspiro de tédio, guardou o diário e foi para as masmorras.


**


Ela está atrasada. Está atrasada.


Naquele corredor mal iluminado perto da escadaria que levava ao “térreo” encontrava-se um Draco Malfoy andando de um lado para o outro esperando pela Granger.


Nunca achou que um dia estaria nessa situação: reclamando pela sangue-ruim estar atrasada. A ideia fazia o loiro dar risada. Granger... Aquela teimosa. Por esses dias ele conseguiu não manter contato algum com ela, sabia que não esperaria muito para ela e Potter voltariam a ser amiguinhos felizes, era questão de tempo.


Draco sentou no primeiro degrau, não gostando a que sentido estava indo essa história. Desistira da maldita aposta na terça-feira depois da conversa com ela, não queria admitir as teorias e preocupações de Paul. E se ele se apaixonar... Hã, Draco e Hermione não sobrevivem nem para contar história. Era arriscado... E ele pretendia se arriscar por ela, mas parecia que a Granger estava mais num jogo de vale-tudo do que preocupada com os próprios sentimentos. Não! Não iria colocar tudo a perder por causa dela. Estava decido, não iria mais atrás daquela teimosa e esperar que ela some um mais um para entender o que estava acontecendo.


Merd*, Hermione, onde você está?


O loiro checou a hora mais uma vez em seu relógio de pulso, já tinha passado 20 minutos desde às 20hrs e nem sinal da Granger. Tinha deixado bem claro no bilhete que não era para se atrasar.


– Ai, tinha me esquecido o quanto é assustador vir aqui a noite.


Draco se virou de testa franzida, notando a Granger de jeans e blusa de frio descendo a escada. O loiro revirou os olhos e continuou sentado, tentando não olhá-la.


– Está atrasada.


– Eu sei – disse a morena parando de frente para ele –, eu me perdi.


Draco sorriu, esperando que ela não visse, e se levantou. Foi na frente, o salão que os sonserinos estavam não era muito longe dali. Hermione não disse nada, apenas o seguiu.





A festa na Sonserina estava como Hermione se lembrava. Uma pista, onde alguns dançavam; um balcão com bebidas, com sonserinos já bêbados reunidos em volta; pilares com casalzinhos aos beijos e todos bêbados.


Draco foi até o balcão onde estava os meninos e Violet, e Hermione optou por segui-lo. Se sentia num ninho de cobras, literalmente.


– Já estávamos preocupados com vocês – dissera Gus, provavelmente bêbado também, Hermione notara.


– Desculpe – disse a morena. – Atrasei.


Ela viu pelo canto do olho, Draco revirar os olhos. Ele se serviu de um pouco de Firewhisky e se encostou na bancada, como se ela não estivesse ali.


Niall entregou um copo de Firewhisky para Hermione, que na verdade preferia cerveja amanteigada, mas com o olhar mortal de Draco, ela nem hesitou. Claro que queria provocar ele essa noite. Sabia que Firewhisky ainda não era permitido para a idade dela, e que logo na segunda dose ela estaria trocando as letras e enrolando a língua, mas não custava arriscar.


– Isso não é cerveja amanteigada do Três Vassouras, Granger – disse Draco assim que Hermione encostou o copo na boca. Ele se aproximou dela o suficiente para falar baixo, não queria que os outros ouvisse, mas levando em conta que estavam todos bêbados, nem devem saber o que estava acontecendo.


O loiro ergueu uma sobrancelha ao ver que Hermione mal mexeu o copo, apenas o encarava. Ela iria beber. A Granger estava o desafiando.


– Violet, tem cerveja amanteigada aí? – Draco perguntou sem se virar, ou quebrar o contato visual com a morena. Violet deixou uma garrafa perto de Draco e saiu rapidamente dali, tentando não ser atacada, pois o Malfoy não mantinha uma expressão muito amigável.


– Não pode me dizer o que fazer. – Hermione disse por fim.


– E não, você não vai beber isso – Draco tirou o copo da mão da morena, o substituindo por um copo com cerveja amanteigada, ignorando o comentário e o olhar mortal que recebia da morena – Não aguentaria o primeiro gole.


Hermione bufou, irritada, já não queria mais cerveja. Draco se virou para os amigos, e Hermione viu a oportunidade para provoca-lo. Até parece que iria na de Malfoy. Preferia ficar bêbada. Então, num ato cauteloso, ela pegou o copo que Draco havia deixado na mesa e bebeu.


Odiava admitir, mas Malfoy estava certo: ela não aguentaria o primeiro gole. Aquilo pareceu queimar na sua garganta, sentiu um embrulho no estômago e sua cabeça começou latejar. Estava ficando tonta. Largou o copo já vazio ali na mesa e tentou sair daquele salão. Agora entedia o real significado de Firewhisky, e a parte do “não aguentaria o primeiro gole”. Claro que não aguentaria, mas não era necessário Malfoy tratá-la daquela maneira.


Hermione escutou alguém a chamando, mas não se virou, continuou caminhando pelos corredores daquela masmorra, tentando encontrar algum banheiro ou a escadaria de volta. Nada.


– Eu avisei para não beber – disse Draco irritado.Tinha visto a morena sair do salão, quase tropeçando em seus próprios pés, não era necessário perguntar que ela tinha bebido. Teimosa. – Venha. Deve ter chocolate na Sala Comunal.


A morena, sinceramente, já sentia dor de cabeça e o corpo mole, mas não gostava da ideia de ir para a Sala Comunal da Sonserina. Era aterrorizante, ainda mais acompanhada dele. Porém, naquela situação, o melhor que poderia fazer era segui-lo e, mesmo se tentasse – e iria parecer bem ridículo –, as chances de começar uma discussão para sair vencendo eram nulas.


O Salão Comunal da Sonserina era uma longa sala com paredes de pedras, havia tapeçarias medievais ilustrando alguns sonserinos famosos, e lustres de prata pendurados na parede. Hermione notou, embora não esteja muito convicta, que as janelas davam para as profundezas do Lago Negro, permitindo ouvir a água do lago bater contra elas, e, já pensando estar louca, conseguiu ver algo que distinguiu ser a Lula Gigante passar. Tentando se livrar dessa ideia, se virou para Draco que estava tentando acender a enorme lareira que tinha entre duas janelas enormes tapadas com cortinas de cetim verde.


Que humilde.


Hermione imaginou que Slytherin deveria ter sido uns dos bruxos mais ricos da época, e talvez seja por isso que aquela decoração tinha o aspecto elegante e luxuoso. Típico dos sonserinos, não conviver num lugar que só há básico, como só poltronas, sofás, lareira, é claro que deveria ter algo como uma tapeçaria medieval para os diferenciar dos outros Salões Comunais.


Tentou ignorar os sofás e poltronas verde e prata, sentou-se em uma das cadeiras de uma mesa de xadrez bruxo, ainda admirada com o lugar. Mal acreditava que um dia iria para a Sala Comunal da Sonserina. Se virou para a lareira, onde achou que o Malfoy estaria, mas Draco já havia subido para os dormitórios, então, ainda com dor de cabeça, Hermione voltou a encarar o sofá, dessa vez se perguntando quantas vezes e quantos sonserinos se agarravam ali.


Draco apareceu no mesmo instante tirando Hermione de tais pensamentos. Ele se sentou de frente para ela na mesa de xadrez, Hermione mal notou sua presença ali, ou notou e fingiu não notar.


– É o que consegui – disse ele entregando-lhe uma barra de chocolate.


Hermione balançou a cabeça, negando o chocolate. Draco deu uma risada seca.


– Até parece que eu vou deixar você monitorar dessa maneira, Granger.


– Não, não, não – dissera a morena se afastando.


– Sim, você quer – Draco se aproximou mais um pouco da morena, tentando fazer com que o chocolate chegue na boca dela. Sem chances – Come isso, Hermione, ou você vai acordar com uma ressaca horrivel amanhã.


– Não quero! – ela quase gritara dessa vez. Ficou de pé, tentando ficar longe do chocolate que Draco estava lhe oferecendo, e sentiu aquele embrulho novamente, um nó na garganta...


A morena se agitou, olhava de um lado para o outro procurando um banheiro. Draco notou o desespero dela, apontou para uma porta e murmurou um “é o quarto dos monitores”. Hermione não hesitou e entrou as pressas no quarto, foi direto ao banheiro e fechou a porta com o pé ao entrar.


– Eu avisei – Draco dissera encostado na porta.


– Tá, tá, avisou – respondeu Hermione com a voz rouca – Isso não tá ajudando, sabe?


– Você é teimosa! Por que tinha que beber aquilo?


– Por que você tinha que me tratar daquela meneira?


– Porque você pediu isso na segunda-feira, lembra? – Draco abriu a porta cautelosamente, esperando não ser notado. Ela estava ali, sentada no chão e inclinada para o vaso.


Hermione revirou os olhos e se inclinou mais uma vez. Draco apenas assistia a cena, querendo ajudá-la, mas ela nunca que aceitaria ajuda dele, era mais provável receber um soco vindo dela.


Quando a Granger levantou os ombros, Draco voltou para a Sala Comunal.


– Come o chocolate – ordenara Draco, quando Hermione saiu do quarto.


– Não, obrigada – dissera ela sarcástica – É esse lugar, esse papel de parede – ela apontou para a tapeçaria dos sonserinos, não conhecia algum, mas não estava gostando daqueles pares de olhos a encarando – Por favor, vamos sair daqui.


– E o chocolate?


Hermione, de testa franzida, pegou a barra de chocolate da mão do loiro.


– Podemos ir? – ela perguntou irritada.


– Não vai beber? – Draco perguntou de sobrancelha arqueada. – Ou tentar me desafiar bebendo um Firewisky?


– Cala a boca – Hermione disse, mas acabou sorrindo de lado quando Draco se virou para a saída. Pegou um pedacinho daquela barra e seguiu aquele loiro para fora das masmorras.





A festa da Corvinal estava acontecendo na Sala Precisa, e estava como da última vez. O mesmo corvino daquela quinta-feira, Kevin Dean, os recebeu na entrada. Dissera para ficarem a vontade e depois foi se juntar numa rodinha perto do balcão de bebidas.


Assim que chegaram no salão, Hermione reconheceu a música que dançou com Malfoy aquela vez.



Oh, she knows me like I know myself 


I know myself, I know myself


I know myself
 


– Não vai me arrastar para a pista de dança, né? – Hermione perguntou se encostando na bancada.


Notou que Draco sorriu, mas não se virou para ela.


– Você sabe – disse ele – Você vai ter que pedir.


– Então você não vai me arrastar para a pista de dança – concluiu ela.


– Como quiser – dessa vez, Malfoy se virou para ela.


Ficaram se encarando até Hermione pigarrear e a música acabar. Uma mais agitada começou, e a Hermione desejou que não tocasse aquela da sala da monitoria-chefe. Seria muita sacanagem.


Os dois ficaram ali, enconstados na bancada bebendo cerveja amanteigada – Hermione já substituira seu copo de cerveja por suco de abóbora – mal conversando, até chegarem a conclusão de que os corvinos não tinham bebidas como FireWisky escondidas, então Draco deu a ideia de irem para a Lufa-Lufa que estava acontecendo perto da cozinha.





Era um salão como os outros, com pista, bancadas com bebidas e música alta. A princípio, Hermione não gostou da ideia de ir para a Lufa-Lufa, pois sabia que iria ficar sozinha, afinal Draco não perderia a oportunidade de ficar com aquela lufana. Mas por incrível que pareça, Draco ficou todo o tempo encostado na bancada com ela.


Não ficaram muito tempo na festa da Lufa-Lufa. Encostados juntos na bancada bebendo suco de abóbora – que Draco havia pedido para Kevin, um ato que surpreendeu Hermione –, vendo a maioria dançando na pista e bebendo num canto do salão. Foi quando começou tocar músicas lentas que o loiro disse para irem para a festa da Grifinória, que acontecia perto da Torre de Astronomia.





Estar naquela festa não era uma experiência muito interessante para os dois, e o fato de que assim que entraram no salão, a música parou e todos que estavam ali pararam para ver o que estava acontecendo. Um sonoro “oooh” ecoou pelo salão, e Hermione sentiu seu rosto queimar. Foi Malfoy que resolveu falar.


– Ok, ok, podem voltar para seus afazeres, só estamos monitorando – dissera ele alto suficiente para que todos pudessem ouvir.


Hermione conseguiu ouvir os “Granger e Malfoy juntos?” e os “Merlin, Draco está aí!” das traidoras da própria casa. Automaticamente, ela procurou Harry na multidão, mas não o encontrou. Nem mesmo Rony.


Dino Thomas ofereceu cerveja para os monitores recém-chegados. Hermione se juntou a uma rodinha onde Dino, Parvati, Lilá, Neville, Simas e uns grifinórios do sexto ano estavam reunidos. Depois de assuntos aleatórios nem nada de importante, Hermione por fim perguntou.


– Harry não está aí?


– Não – Lilá balançou a cabeça – Ele não veio, nem Gina.


– Eles brigaram – disse Parvati.


– Por que? – Hermione perguntou de testa franzida, notou Draco revirar os olhos.


– Não sabemos ainda – dissera Neville, um dos poucos que ainda não estava bêbado – Eles se calaram quando nos viram.


– Estava uma gritaria na Sala Comunal – Dino completou se servindo de mais um copo de cerveja.


– Ronald está sabendo disso?


– Ainda não – Parvati respondeu – Ele não chegou ver, estava na biblioteca, disse que atrasou com o trabalho de transfiguração.


– Só não quero estar perto quando ele ficar sabendo – dissera Simas. – Talvez nem saiba, nem a turma do terceiro ano que adora uma fofoca seria capaz de contar.


– Às vezes foi bobeira, briga de namorados, vocês são muito exageradas. – dissera Lilá – Simas principalmente.


– Não sei, mas a Gina estava chorando – o próprio revirara os olhos pelo comentário de Lilá.


– E nunca vi Harry daquela maneira – Parvati completou.


Hermione ficou mais um tempo ali, e Draco não a chamou para ir embora, este quase estava dormindo em cima da bancada, mas ninguém ali da rodinha parecia se importar com a presença do Malfoy ali, só enchiam o copo dele quando já estava vazia. Algumas – várias, na verdade – garotas passavam de propósito para vê-lo. Nem poupavam os gritos fanáticos quando ele acenava com um sorriso fraco e sonolento.


Os dois monitores saíram do salão quando faltava 20 minutos para a meia-noite, tempo do “toque de recolher” das festas clandestinas.





– E o que vai fazer? – Draco perguntou quando saíram do salão.


Já estava ficando frio e a blusa azul clara que Draco usava já não estava sustentando, mas ele pareceu não se importar. Ao contrário de Hermione, que chegava a tremer por conta da fina blusa de manga cumprida.


Os dois caminharam pelo corredor do sétimo andar e passaram pela Torre de Astronomia. Draco parou para esperar a resposta dela, foi então que notou que aquele era o lugar onde tinha conversado com a Granger no sábado.


– Sobre o quê? – ela perguntou de testa franzida.


– Sobre o Potter, Granger.


– Ah – Hermione colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e cruzou os braços, encarando o chão – Não sei. Talvez eu converse com a Gina.


Draco pareceu ter levado um soco na cara. Weasley? Ela iria conversar com a Weasley?!


– Weasley? – ele perguntou, perplexo, esperando ter ouvido errado.


– É. Ginavra Weasley – disse a morena sem entender o espanto dele – Conhece outra?


– Vai mesmo conversar com a Weasley?


– Talvez – ela suspirou, já imaginando a conversa.


– Sobre o quê? O namoro com o Potter?


Hermione ficou encarando Malfoy, pensando mais numa resposta do que o batendo mentalmente. Porém, Draco já impaciente, colocou as mãos no bolso e continuou seu caminho.


– Não precisa responder – dissera ele sem olhá-la. – Eu disse que iria te deixar em paz. Ok, desculpe.


Essa era uma das frases que tanto Hermione, quando Draco, imaginaram que nunca ouviriam saindo de um Malfoy. Hermione o seguiu, completamente constrangida, mas não entendendo bem o por quê.


– Tudo bem – ela respondeu com a voz fraca.


Finalmente eles passaram pelo corredor da escadaria. Draco ainda tinha sua dignidade para não subir e deixar a Granger de frente com o quadro da Mulher Gorda, como já vira seus amigos fazerem muitas vezes que as quintanistas. Então, com um aceno, Draco segui pelo corredor deixando Hermione sozinha entre pensamentos. Pela segunda vez naquela semana, ela o viu dar as costas, desejando que o Malfoy se virasse para poder dizer, pelo menos, um “tchau” decente. Mas ele não olhou para trás.


**


Sexta-feira. Acordei com dor de cabeça. Malfoy pareceu querer mesmo levar a sério o fato de “te deixar em paz, Granger”, o que não era mais uma simples provocação, ele mal me olhava quando cruzávamos no corredor. E aquilo pareceu me incomodar mais que a dor de cabeça.





Continua...

**

Lumus
Hey, people's. A Fic etsá de visual novo, capa nova e outro título. O que acharam? Forever & Always está sendo postada no Nyah também, ok? Sem plágios. Ai está mais uma vez citada minha favorita "She" do Ed Sheeran. Tenho alguns comentários para responder, porém agora não vai dar. E, só para confirmar: sim, eu pretendo continuar a fic. Então é isso. Até o próximo capítulo. 
Nox. 

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