Quando vale a pena



N/a: Como essa é minha última nota, eu quero agradecer:
Julia Siqueira, que foi obrigada a ler os primeiros rascunhos e os primeiros capítulos. 
Carlos Henrique, que, mesmo não sabendo, me dava ideias de final. 
Minha mãe, que deixava eu ficar até tarde escrevendo. 
Angra, que me fez amar Dramione 
E a vocês, que acompanharam F&A até aqui. 
Valeu, gente 
Até uma outra fic e boa leitura :‘)

 



Capítulo 18: Quando tudo vale a pena 

Acordei com um flash.


Pisquei umas vezes antes de enxergar Chad Malfoy com uma câmera na mão e, na outra, segurando um papel de foto, sorrindo satisfeito. Virei para o ser que dormia tranquilamente ao meu lado. Ele nem notou a invasão de Chad.


– Que horas são? – perguntei sonolenta.


– 7 – ele me entregou a foto tirada recentemente. Dormíamos tranquilamente – O trem saí às 11. Você tem quatro horas para fazer o que tem que fazer e se preparar para o que que vai dizer pro Draco.


– Isso é mesmo necessário? – perguntei.


– Você sabe que sim.


Ele se levantou e saiu da sala da monitoria-chefe.


Pensei várias vezes em voltar a dormir, mas levantei – depois de não sei quanto tempo – porque estava sentido frio nas pernas.


Procurei minha calça no chão, mas aí lembrei que noite passada eu estava com a saia do uniforme da Grifinória.


Aí eu procurei a saia e vi não só a saia jogada no chão mas a minha meia-calça (ou o que sobrou dela), minha capa, minha gravata e meus sapatos espalhados pela sala, assim como o resto das roupas de Draco. Exceto a calça. A calça estava com ele.


Me levantei cambaleando.


Eu ainda vestia blusa branca do uniforme – e errei os botões dos buracos quando fiz menção de colocá-la. Um modelito fashion, na minha opinião.


Arrisquei olhar no relógio: 7:40.


Prendi o cabelo de qualquer jeito, coloquei qualquer roupa e saí da sala correndo, indo para a Grifinória.


**


3 horas (e meia) antes


– Como pode pedir uma coisas dessas pra mim? Está sendo injusta.


– Injusto está sendo você – Lilá discutiu – Como pode esperar que eu aceite uma coisas dessas?


Depois de socar o criado-mudo, Samuel se virou para Hermione.


– Não segue o exemplo da Hermione, por favor. – o sonserino suplicou. Ele estava bravo, Hermione notou, e fazia um esforço danado para não destruir os móveis da Grifinória.


Samuel tinha invadido a Grifinória naquela manhã. Entrou pela porta junto com o Weasley, que fez questão de se virar para Lilá e dizer que eles "devem se resolver". Lilá decidiu que depois cuidaria do Ronald, agora seu problema era outro: Samuel, que se recusava aceitar o termino do namoro.


– Ei, eu to aqui – a Granger acenou da cama. Ela assistia aquilo tentando não interromper a briga.


– Isso não tem nada a ver com Hermione! Tem a ver com você! – Lilá protestou ignorando Hermione. – Você que agora resolveu entrar oficialmente para o clã de Voldemort. Sua mãe deve estar tão orgulhosa.


– Não envolva Cassandra nisso – ele disse massageando as têmporas. – Estou indo por Draco. Entenda isso, ele é meu amigo.


– Não tiro a razão da Hermione! – dessa vez, Hermione não tentou lembra-los que estava lá. A coisa já estava ficando séria entre eles. – Dois dias numa mansão que só vai ter comensais e o próprio Lorde das Trevas. Acho meio improvável você não voltar com uma Marca no braço.


Isso fez com que Samuel encarasse Lilá e respirasse fundo duas vezes antes de dizer qualquer coisa. Ele se virou para sair e Lilá desabou na cama, começando chorar, mas Samuel voltou e disse para Hermione:


– Pelo amor de Merlin, se resolva com o Draco – e saiu batendo a porta.


**


2 horas antes


– Bom dia, Hermione! – Parvati cumprimentou, animada.


– Transou com Simas? – ela perguntou se sentando de frente para Luna.


– Péssimo dia, Hermione! – Parvati corrigiu, ainda animada.


– Estava com Draco? – Luna perguntou atrás do jornal.


Ela respirou fundo.


– Sabe o que me entretê? Relacionamentos. Sim, relacionamentos me entretêm, ainda mais quando um Feriado acaba com todos os planos do casal.


– Pelo jeito a noite não foi muito boa – Lilá comentou sabendo que não era mesmo para ela que Hermione dizendo aquilo.


Hermione revirou os olhos.


– Estou num dia daqueles em que você sente que a vida gosta de você – ela respondeu colocando leite na caneca – E por que não aproveitar isso, né? Sim! Vou sair por aí espalhando minha alegria nessa manhã se sexta-feira! Não é esplêndido? – ela pegou o café – Não! Não é esplêndido! Me resolvi com Draco e ele vai embora. Cadê alegria nisso? Foda-se minha alegria. Odeio ficar assim... Feliz. Não tá nada bem, ok? Não há pássaros cantando nem flores por todo lado. E ele vai. Eu não consegui convence-lo. Desculpe, Lilá, por ser tão... tão eu. Eu queria saber o que se passa na cabeça oca do Draco. Ele é como um mistério mal-humorado loiro. Ele não deixa de lado aquele orgulho nem em caso de vida ou morte. Orgulho? Quem precisa de orgulho quando se tem Draco Malfoy? Por que não consigo parar de pensar na boca dele na minha?


– Isso aí é amor – Lilá respondeu bebendo um pouco do seu chá.


– Amor, Amor, Amor. Pra que ele serve? Absolutamente nada.


– Eu conheço seu absolutamente nada. Na maioria das vezes, ele é Alguma coisa – Luna disse para Hermione – Não sigo no sentido nominal. Digo Algo com A maiúsculo.


– Ou Alguém – Lilá cochichou frisando bem o "ALGUÉM".


Hermione parou. Ela ficou olhando para a amiga sonhadora e não disse nada.


Ela queria sair dali e ir para a sala da monitoria-chefe implorar para Draco ficar. Mas não conseguia arranjar forças para isso. Ela se sentiu uma idiota. Uma idiota por nem ter tentado insistir para ele ficar noite passada.


Então era aquilo que chamam de covardia?


**


1 hora antes


– Talvez eu goste dele. Talvez não – respondi preenchendo o silêncio.


– Para, para! Você já passou dessa fase. Você já viu que ama ele – Lilá apontou o dedo pra mim como se eu fosse uma criminosa. Ela arrumava seu malão, tirava e colocava coisas. Constatou, depois de muito choro, que iria trás de Samuel nem que... Como foi mesmo que ela disse? Ah, sim, nem que tenha que "mostrar sua identidade falsa de agente do Ministério para parar aquela porra de trem" e que eu "deveria fazer o mesmo" já que eu "amo Draco loucamente" porque acabei "passando a noite com ele" e "seria muita covardia e sacanagem não despedir dele depois de tudo". É, ela disse isso. – Foco, Hermione, agora sua preocupação é outra.


– Tipo qual roupa eu vou usar hoje? Já que o clima está meio...


– Não! Não! Se vai pedir para ele ficar ou se vai se despedir – ela jogou duas calças jeans no malão e olhou para Parvati: – Bom, que roupa se usa para ir encontrar o namorado na estação?


– Foco, Lilá Brown, foco! – Parvati foi até o guarda-roupa e começou vasculhar ele. Acho que estava escolhendo a roupa de Lilá, não quis perguntar.


– Ok... Por que você ainda não arrumou seu malão? – Lilá perguntou pra mim. Ela não esperou uma resposta e já foi colocando minha mala na cama, colocando duas calças jeans dobradas perfeitamente no canto da mala. – Malão bagunçado vida bagunçada. Por isso que você é assim: não arruma nem o malão, imagina a vida.


– Filosofa – foi o que eu respondi.


– Como você consegue estar tão controlada? – Parvati perguntou do guarda-roupa.


Lilá riu pelo nariz, mas depois ficou seria.


– Estou com os nervos a flor da pele – respondi tirando o vestido curtinho da mala que Lilá tinha acabado de colocar.


– Inexpressiva – ela disse.


– Por que você só de deu conta que não queria que Samuel fosse... Agora? – eu perguntei.


– Acho que... acho que eu não queria desde o começo que ele fosse. E eu até que estava encarando tudo muito bem, e o jeito que estávamos estava muito indefinido. E aí resolvi terminar tudo de uma vez, porque não estava querendo "sofrer". Quer dizer, acho que é possível amar muito alguém a ponto de deixar esse alguém ir, mas esse amor nunca vai ser páreo para a saudade que você vai sentir dela. E nós ainda não terminamos – ela completou com um ar tão sonhador quanto o normal. Ela disse tudo aquilo dando de ombros como se contasse pra mim porque gostava daquela cor, porque gostava daquela música ou de ter lido aquele livro. Aquilo era amor e ele não servia para "absolutamente nada". O amor serve para Alguma coisa. O amor é Alguma coisa.


Gostaria de ter pensando assim desde o começo.


Eu vou sentir falta dele.


**


Hermione estaria muito satisfeita ao dizer que não foi atrás do Malfoy. Ela ficara o dia todo deitada em sua cama no dormitório da monitoria da Grifinória.


Mas não foi isso que aconteceu.


Ela rodeou o castelo todo atrás do Malfoy, mas não o encontrou.


Procurou nas Masmorras, na Sala da Monitoria-chefe, na Torre de Astronomia (ela teve esperanças de que acharia ele lá), no Salão Principal, no Campo de Quadribol, em todos os lugares mais prováveis de Hogwarts. Mas nem sinal do Malfoy


Ela se encostou numa das portas de alguma sala e lá ficou, pensando se tinha entendido errado o horário que o trem partiria. Ela estava disposta ir atrás de Draco na estação?


Já conseguia ouvir a voz da sonhadora da Gina em sua cabeça, dizendo que o amor é encontrar uma coragem dentro de si mesmo que você nem sabia que tinha. Que raios de coragem era essa? E por que ela ainda não apareceu? Ele disse que a amava e ela não encontrou ESSA coragem para responder a mesma coisa. De repente, ela já queria gritar para o mundo o que sentia diante dele. O gostar GOSTAR estava ali; não tinha mais como evitar. E agora Draco tinha ido embora sem nem ouvir o que ela tinha para dizer.


– O que tá fazendo aí?


– Pagando meus pecados – ela respondeu para Chad Malfoy – Eu achei que ainda tinha uma hora.


Chad se sentou ao seu lado no chão. Hermione, com sono e desanimada, se apoiou no ombro do Malfoy, quase chorando.


– E o que você iria dizer? – ele perguntou preenchendo o silêncio.


– Não sei – respondeu limpando uma lágrima. – Acho que ia improvisar.


Chad riu: – Ainda dá tempo.


Silêncio.


– O que eu digo? – ela perguntou olhando para Chad.


– Improvisa – ele respondeu sorrindo – Diz que ama ele e não consegue viver sem ele.


– Draco não precisa de mais motivos para aumentar seu ego.


Chad se levantou, puxando Hermione junto. Ele se abaixou e pegou a mochila que estava levando.


– Você vai saber – ele disse seguindo pelo corredor. – Vamos, preciso te contar uma história.


**


A Primeira Geração dos Herdeiros, como é chamada entre nós, tinha 7 herdeiros. Há todo aquele lance dos dons divinos da igreja, coisa de trouxa, e são 7 dons. Voldemort, muito maligno e poderoso naquela época, resolveu que adotaria esse lance dos 7 dons divididos. Ele escolheu 6 comensais e uma comensal de sua confiança para poder receber os seus poderes. Foi um ritual bruto, eles disseram, que gasta toda a energia – psicológica, física, sentimental, essas coisas – e que as chances de não enlouquecerem até o fim do ritual eram quase nulas. Mas os sete escolhidos conseguiram. E quando deu fim ao ritual, na segunda noite, ao invés de gastar as energias dos Herdeiros, gastou as energias do próprio Voldemort, deixando ele fraco.


Entre os comensais, esse é um dos vários motivos por Voldemort não conseguir matar o Potter e um monte de outras coisas inexplicáveis.


Havia um tipo de maldição, sina, já que Voldemort desapareceu, os herdeiros não tinham tanto controle dos seus novos poderes, e foi aí que começaram enlouquecer. Quer dizer, eles se tornaram mais cruéis, imunes e poderosos. Eles não sentiam mais nada. Isso que foi levando a loucura.


Eles descobriram, com o tempo, que o que faria eles não morrerem de loucura era se apaixonar por uma pessoa.


E isso era realmente difícil para eles. Quer dizer, eles eram imunes a qualquer sentimento. Poderiam ter filhos – o que a maioria fez –, casar, sair com outras pessoas, mas não sentiriam nada. Imunes, frigidos.


Só três desses herdeiros conseguiram se livrar da sina. O pai de Draco, o pai de Violet e Cassandra, mãe de Samuel.


Os outros quatro não conseguiram se apaixonar realmente. Eles até encontraram seus parceiros, mas, no caso do pai do Paul, não chegou ser recíproco. Mas eles tiveram filhos, Aqueles que seguiriam o legado e se tornariam herdeiros da Segunda Geração.


Niall, Paul, Brian e Augustus levavam a maldição que terminariam como os pais se não encontrassem o amor na vida. Assim como Draco, Violet e Samuel levavam outra maldição. Era como um pacote, levavam o dom, mas levavam a maldição. Eles não tinham escolha, nasceram só para seguir o legado dos pais.


**


– É aí que Violet entra. Veja bem, Cassandra foi sortuda o suficiente para se apaixonar pelo pai da Violet. Só que não era permitido, já que cada Escolhido teria que ter um Herdeiro para seguir o legado. O sr. Mallette se casou com uma francesa e eles tiveram Violet. É claro que Cassandra ficou pirada quando a Sra. Mallette ficou gravida e de uma menina.


– E o que Cassandra fez? Matou todos eles? – perguntei.


– Não, ela conheceu o pai de Samuel e, para a infelicidade dela, depois de 9 meses, deu a luz a um menino.


– Aí ela matou todos eles? – eu realmente queria saber se a mulher que duelou comigo na Floresta era uma assassina.


– Não – Chad revirou os olhos – Cassandra era uma apaixonada, não uma vingativa compulsiva.


– Mas e depois? Os Escolhidos seguiram suas vidas normais?


– A maioria morreu por conta da loucura. Já os Mallette... – ele parou e coçou a cabeça – É complicado. Ninguém nunca soube como começou, ou quem começou. Contataram que foi um descuido do elfo na cozinha, mas não tiveram provas nem nada. A casa foi incendiada. Toda, não sobrou nada. Violet tinha 5 anos e foi a única sobrevivente. Ela saiu sem alguma lesão.


– Merlin...


– Eu sei, inacreditável – e realmente era – O resto dos Mallette tinha morrido antes de Violet nascer, e ninguém queria que a Herdeira fosse viver na França, com a família da Sra. Mallette. Então Bellatrix, antes de virar uma maníaca, pegou Violet para criar. Ela ensinou tudo que Violet sabe, incluindo a legilimencia e oclumencia.


Eu já estava sem falas.


Violet foi criada pela Lestrange... Aquela que matara Sirius e que queria meu pescoço. Meu Merlin!


– Também inacreditável, eu sei. Ela viveu com os Lestrange e os Black até o dia que Bellatrix foi para Azkaban, e foi aí que Cassandra viu sua chance de ter uma herdeira na casa. No auge no segundo casamento, e com meu pai, Stefan Malfoy, ela conseguiu a guarda de Violet. Para o desgosto de Cassandra, Violet e Samuel se deram muito bem durante esse período. Já eu tive sorte de ser mandado para outra escola antes de ver meu pai morrer. Ela nunca me viu como enteado mesmo. Para ela, eu só ocupava o nome no testamento – ele sorriu a la Malfoy – Mas você não está interessada nisso. Você está interessada no Draco.


– Ah, eu não... – comecei, mas já fui interrompida.


– O lance do Draco é o seguinte: ele, assim como nós, leva a maldição. Eles não foram galinhas durante esses 6 anos atoa. O resto dos garotos conseguiu alguém ALGUÉM, uma paixão, exceto o Draco. E foi aí que surgiu a aposta. Você foi o alvo deles. Foi tipo uma cobaia. Até o momento que envolveram dinheiro – Draco já estava apaixonado, só faltava você se apaixonar – e isso se tornou uma aposta.


– Mas ele já pensou em desistir. Não, não, ele desistiu algumas vezes da aposta – eu protestei.


– É, pelo que entendi, estava sendo difícil porque você não cooperava.


– Eu não sabia disso! – defendi.


– Claro que não sabia. Não valia a pena desistir, Draco estava quase se livrando da maldição. Se o ritual viria, ele já não tinha chances de morrer de loucura, o que já é uma vitória. Tecnicamente, você seria Aquela que salvaria.


Pensei em Lilá. Será que ela sabia? Alguém tinha contado e ela não poderia me falar? Mas ela deveria ter me contato. E Padma? Padma aceitou? Violet tinha contato para Zac naquela noite? Eles tinham se reconciliado... Ele iria atrás da Violet como eu estava fazendo? Lilá estava. Padma... Padma ainda estava com Brian? Eu não sabia. Eu não sabia de nada. Eu mal conseguia respirar, e quando o coche parou, fiquei sem saber o que fazer.


Por que ninguém nunca tinha se dado ao trabalho de me contar isso? Eles decidiram me contar hoje! No dia em que Draco iria embora. Me deixado sem saber o que fazer. Eu deixaria Draco ir embora e esperaria? Ou eu pediria para ele ficar? Meu Merlin, que saudade da época que eu não sabia qual tinta usar no meu desenho.


 


 


Today is gonna be the day

(Hoje será o dia)

That they‘re gonna throw it back to you

(Em que eles vão jogar tudo de volta em você)

By now you should‘ve somehow

(Por enquanto você já deveria, de algum modo)

Realized what you gotta do

(Ter percebido o que deve fazer)

I don‘t believe that anybody

(Não acredito que alguém)

Feels the way I do about you now

(Sinta o mesmo que eu sinto por você agora)



 


– Bora, Malfoy? – Paul chamou jogando a mochila nas costas.


– Quais as chances de Hermione aparecer na estação? – Brian cochichou para Paul, que riu e balançou a cabeça.


– Boas. Tá afim de apostar?


– Ela vai se despedir dele – Brian passou os galeões para Paul.


– Ela vai pedir para Draco ficar – ele respondeu guardando o dinheiro.


– Eu vou fingir que vocês não estão apostando minha vida amorosa – o Malfoy resmungou saindo do banheiro.


– Amigo é para isso – Brian pegou a mochila e foi saindo do dormitório sendo seguido pelos amigos.


– Se resolveu com Padma? – Draco perguntou.


– Não, ela disse que não conseguia lidar com isso – respondeu – Estou prestes a passar por um ritual que vai me deixar sem quaisquer chances de amar um dia e ela não consegue lidar com isso.


– E você? – ele perguntou para Paul.


– Eu? – o sonserino riu – Eu to rezando para que Hermione apareça naquela estação.


 


Backbeat, the word was on the street

(Andam dizendo por aí)

That the fire in your heart is out

(Que o fogo no seu coração apagou)

I‘m sure you‘ve heard it all before

(Tenho certeza que você já ouviu tudo isso antes)

But you never really had a doubt

(Mas você nunca teve uma dúvida)

I don‘t believe that anybody

(Não acredito que alguém)

Feels the way I do about you now

(Sinta o mesmo que eu sinto por você agora)

 


Pensei duas vezes antes de abrir a porta do coche. A pergunta ainda soava na minha cabeça: o que fazer? O que fazer? O que fazer? O que fazer? O que fazer? O que fazer? O que fazer? O que fazer? O que fazer? O que fazer? O que fazer? O que fazer? O que fazer?


– E toda aquela coisa de deixar a pessoa que ama livre? – perguntei para Chad. Ele me olhou de sobrancelha arqueada. Por que Augustus não veio falar comigo? Ou Niall... Samuel, Brian, Paul! A Murta que Geme! Não me importaria se até mesmo a Parkinson viesse falar comigo, se fosse para evitar as várias semelhanças que Chad tem diante de Draco. Eles eram identicos. Me dava raiva. – Se ela voltar, ela é sua, se não ela não voltar...


– Então você a persegue – ele disse como se comentasse as horas.


– Não era bem nisso que eu estava pensando.


Chad balançou a cabeça.


– É difícil, sabia? Não saber o que fazer... – eu reclamei.


– Você já sabe o que fazer, só ainda não se deu conta disso.


– Persegui-lo? – me perguntei. Aí parei. Aí entendi. Aí sabia o que fazer.


Sai do coche deixando um Malfoy sorrindo triunfante, mas quando cheguei na estação, o trem já tinha saído.


And all the roads we have to walk are winding


(E todas as estradas que temos que percorrer são tortuosas)


And all the lights that lead us there are blinding


(E todas as luzes que nos levam até lá nos cegam)


There are many things that I would like to say to you


(Há muitas coisas que eu gostaria de dizer a você)


But I don‘t know how


(Mas eu não sei como)


Parecia eterno o tempo que passou no coche.


Draco mal teve sinal de Hermione. Ele não a via desde noite passada.


Ela não faria nada mesmo? Não iria se despedir dele?


– Pensando na Hermione – Augustus disse.


– Menina teimosa – ele resmungou sem tirar os olhos da janela.


– É a teimosa que vai te salvar – Violet disse do canto.


– Ela não vai aparecer – Draco respondeu. Violet fechou a cara.


– Você é um idiota, Draco! Primeiro envolveu Hermione nisso, apostou ela, e depois se afastou dizendo que não poderia continuar com isso. Isso o quê, Malfoy? A mentira que era o amor que você sentia por ela? Por que ainda estamos nesse cochê?


– Não faz mais diferença, tá legal? Estou indo para a porcaria do ritual que meu pai me meteu, e nada mais pode ser feito. O ritual vai acontecer do mesmo jeito. O processo bruto que tanto nos encheram os ouvidos! E eu vou participar disso e Hermione não pode fazer nada. Mesmo que queria... Precisa ser recíproco! Isso que ela nunca sentiu por mim. Eu queria poder dizer isso para ela, que eu nunca presisei dela como estou agora, mas não dá mais.


Because maybe


(Porque talvez)


You‘re gonna be the one that saves me


(Você vai ser aquela que me salva)


And after all


(E no final de tudo)


You‘re my wonderwall


(Você é minha protetora)


Uma série de pessoas me olhava chorando.


Uma senhora carregando um gato e duas malas passou a mão pelo meu ombro e disse que tudo ficaria bem. Ela disse que as dores do coração vêm e vão.


– Você vai ver – ela disse passando a mão em meu cabelo. Eu chorava em seu ombro – A dor terminará e você nem vai ter tempo para a tristeza. Hã, o sol ainda está no céu e brilhando sobre você. Mas chore, menina, chore o quanto for necessário. Se permita sentir.


Chad, que já deve ter desistindo de me esperar no coche, apareceu na estação carregando sua mochila num ombro só. A senhoria sorriu pra mim quando viu ele se sentar ao meu lado no banco, tentando me animar.


– Vai ficar tudo bem – ela disse antes de ir embora.


– Ela tá certa – Chad concordou sorrindo.


Atrás dele, eu vi, a figura de Draco Malfoy caminhando até onde estávamos. Não sei se Violet e o resto dos garotos estavam juntos. Eu só via ele.


Today was gonna be the day


(Hoje seria o dia)


But they‘ll never throw it back to you


(Mas eles nunca vão jogar aquilo de volta em você)


By now you should‘ve somehow


(Por enquanto você já deveria, de algum modo,)


Realized what you‘re not to do


(Ter percebido o que você não deve fazer)


I don‘t believe that anybody


(Eu não acredito que alguém)


Feels the way I do about you now


(Sinta o mesmo que eu sinto por você agora)


Draco sorriu ao ver Hermione sentada no banco da estação. Ela olhou para ele no mesmo instante que ele entrou na estação.


Hermione correu para abraça-lo e, antes que pudesse evitar, as lágrimas vieram. Ela se apoio no ombro do Malfoy, enquanto ele retribuía o abraço e acariciava os cabelos dela.


– Desculpa – ela pediu chorando – por nunca ter dito, por nunca demonstrado. Desculpa por sempre duvidar dos seus sentimentos. Desculpa por ter te mandando para o inferno, e te matado mentalmente. Desculpa por ter demorado para notar que... Eu te amo. Eu te amo, Draco – ela chorou mais ainda – E desculpa por não poder criar coragem para impedir você de pegar aquele trem.


And all the roads that lead you there were winding


(E todas as estradas que levam você até lá são tortuosas)


And all the lights that light the way are blinding


(E todas as luzes que iluminam o caminho nos cegam)


There are many things that I would like to say to you


(Há muitas coisas que eu gostaria de dizer a você)


But I don‘t know how


(Mas eu não sei como)


– Gostaria de te ver tentando – respondeu antes de me beijar.


Dizem que o amor é andar nas nuvens, de tão incrível era a sensação. Então, se era isso, eu estava nadando nas nuvens.


Passei a mão pelo seu cabelo loiro tendo noção de que era a ultima vez que eu faria aquilo. Acabei sorrindo naquele beijo molhado por conta das minhas lágrimas.


– Eu vou voltar – Draco disse. Parei para observá-lo – Quando essa guerra acabar, eu vou atrás de você, mesmo que isso me deserde – ele pigarreou – E mesmo que você não queira, eu faço querer, nem que eu tenha que te subornar com todas as flores do mundo.


– Não quero flores – foi o que eu disse. Tive vontade de chorar ao ouvir a chamada dos passageiros.


– Você é minha agora. E isso é para sempre.


I said maybe


(Eu disse que talvez)


You‘re gonna be the one that saves me


(Você vai ser aquela que me salva)


And after all


(E no final de tudo)


You‘re my wonderwall


(Você é minha protetora)


O trem apitou.


Hermione balançou a cabeça, assentindo.


– Vou esperar – ela respondeu. Draco se inclinou novamente para beija-la, entrelaçando suas mãos, ele deixou um papel lá.


– Manda um salve para a Weasley – ele se afastou, rindo. Hermione não teve tempo de xinga-lo, pois o Malfoy tinha dado as costas e ia em direção ao trem, junto dos amigos.


– Acho que você na verdade é meu Wrecking Ball – ela gritou para o Malfoy.


Viu Augustus acenado da porta e Chad corria dentre a multidão enquanto o trem partia.


Ela gritou um "até logo".


I said maybe


(Eu disse que talvez)


You‘re gonna be the one that saves me


(Você vai ser aquela que me salva)


And after all


(E no final de tudo)


You‘re my wonderwall


(Você é minha protetora)


– Vou sentir falta deles – disse eu para Lilá.


Ela sorriu entrelaçando nossos braços. Nos duas caminhamos até o coche para fora da estação, tentando amenizar a situação. Ela, pelo menos, tinha se acertado com Samuel.


As chances do meu amigo sonserino morrer de loucura eram nulas agora.


– Eu também – ela disse apertando uma rosa no peito. – Estou feliz por você. Quer dizer, pelo menos você disse pra ele.


– É, também estou feliz por você – e era verdade.


Lilá sorriu antes de entrar (com o malão que havia arrumado naquela manhã) no coche.


– Sabe... Não é um adeus – ela sorriu novamente, mas pra mim.


**


Demorou, mas me fez perceber que as pessoas certas entram na sua vida nos momentos certos.


Era eu, a amiga apaixonada, que vivia na biblioteca se lamentando de amor, até que Draco apareceu é... mudou isso. Não era mais "eu, a amiga apaixonada", era apenas "eu". É claro que tinha Rony para poder me ajudar a ver isso, mas Rony tinha outros planos para si. Já Draco... Ele tinha planos comigo.


Sempre vai aparecer alguém que vai tornar seu mundo um parque de diversões. Esse alguém pode ser um amigo, um colega, a pessoa que você tromba no corredor toda vez ou pode ser a pessoa que você mais odeia na face da terra. Mas vai ter alguém. É como Lilá disse certa vez: todos queremos ser especial para alguém. E não se preocupe, a pessoa certa pra você existe. Você provavelmente não vai encontrá-la de primeira, ou vai estragar tudo quando encontrar, mas ela existe.


Então essa era a verdade. Amor é um sentimento muito caro, não podemos negar. Somos uma causa perdida, não importa o que façamos, mas até as causas pedidas se apaixonam um dia. Ironia da vida.


Eu me apaixonei por ele, mas não fiz isso por carência, como se não houvesse mais ninguém disponível. Estou com ele porque eu o escolho. Demorei para perceber isso, mas agora eu sei. Eu o escolho a cada dia, a cada manhã, a cada vez que eu vejo um casal de namorados passeando pelo vilarejo. Eu o escolho uma e outra vez, e ele me escolhe. Era isso.


E acho que sempre foi amor. Mesmo quando não parecia, ou quando não podia. Até mesmo quando nenhum dos dois percebia.


É por isso que tive certeza, quando voltei para meu dormitório naquele dia e me joguei na cama. Não chorei nem berrei no meu travesseiro. Só fiquei dizendo pra mim, todos os dias, o que ele havia cansado de repetir: que voltaria. E eu esperaria ele.


Segui minha vida. Voltei para o trio de ouro, que já não era mais trio, já era formado por Lilá, Parvati, Simas, Dino, Gina e Neville, meus amigos mais fiéis.


Ele cumpriu a promessa, se quer saber. Ele voltou depois de 2 anos, quando a Guerra acabou.


– Ele voltou! Ele voltou! Ele voltou! – o garoto do primeiro ano da Grifinória, Evan, chegou no salão praticamente anunciado para quem quisesse ouvir que eles estavam de volta.


Evan parou na mesa da Grifinória, entre Parvati e eu. Lilá e Gina estavam na nossa frente.


– Quem? – ela perguntou.


– Eles – Evan colocou o jornal na mesa e apontou para a foto da primeira capa. Lilá arregalou os olhos.


– Estão aqui?


– Sim! Sim! Ele voltou – Evan disse novamente.


Eu não sabia se ele dizia aquilo pra mim ou para Lilá, mas Lilá bebeu o resto do seu suco de laranja, pegou suas coisas e saiu correndo para fora do salão. Parvati sorriu e bateu no meu ombro. Eu estava em estado beta.


– Vai – Gina incentivou.


Num gesto automático, procurei Ron e Harry na mesa, mas eles não estavam lá. Eles não voltaram para Hogwarts depois da Guerra como nós quatro tínhamos feito. Queria tanto que estivessem ali.


– O quê? Mas...


Mas eu passei dois anos da minha vida pensando em como seria a volta dele. Eu não o via desde aquele dia na estação. E nós não tínhamos trocado cartas.


As duas sorriram pra mim em forma de encorajamento.


Eu peguei minhas coisas e sai (correndo) do salão.


Não sei exatamente por que, mas eu passei no meu quarto Sala da Monitoria-Chefe para deixar minha mochila. Entrei rapidamente e joguei a bolsa na cama, saindo rapidamente.


Aí eu voltei.


Minhas pernas tremerem e eu sorri tanto que deu até dor no maxilar. Era ele.


Era ele ali deitado no meu sofá vermelho, super acomodado, sorrindo maroto.


Era ele.


Meu Merlin, era Draco.


– É assim que você recebe uma pessoa que você não vê há mais de dois anos? – ele se levantou. Eu ainda não conseguia me mexer.


Draco mudou nos últimos anos, deu para notar. Mas o cabelo ainda era o típico bagunçado, ele ainda tinha o começo de uma barba e aquele fio tentador nos lábios.


Ele sorriu e tirou um monte de cenouras da capa, amarradas num laço verde.


Quase chorei.


– Você disse que não queria flores.


– Você é inacreditável – eu o abracei, pegando as cenouras.


– Eu tento – respondeu pouco antes de me beijar.


Nossa!, como eu senti saudade desses beijos roubados. Desses beijos que me interrompia antes de eu responder.


Fui levada para o sofá vermelho (que só depois eu fui descobrir que era o sofá), Draco se inclinando sobre mim, sem parar de me beijar. Ele não parou em nenhum momento. Nem quando bateram na porta, me chamando e tivemos que fingir que não estávamos ali.


A verdade? Valeu a pena. Toda a espera valeu a pena, acredite. E eu agradeço cada dia que passei com ele, que registrei no meu diário. Eu deveria ter dito que o amava desde lá, mas acho que foi isso que me fez amá-lo ainda mais.


A prova era aquela: eu o esperei.


 

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