Resultados de um beijo



Capítulo 15: Resultados de um beijo na chuva 

 



Diário otário,


A sensação de arrependimento e consciência pesada conseguia ser pior do meu estômago naquele dia.


Era o resultado de um beijo na chuva: resfriado. Mais uma coisa para me lembrar que eu estava mal na fita com Draco e precisava me redimir.


Acordei com uma insuportável dor de cabeça naquela segunda-feira. Passei o dia todo no dormitório de cama, me recusando comer as coisas, já que (a) eu sabia que vomitaria tudo de volta e (b) doía mastigar a comida, fazendo com que (c) Parvati perguntasse se eu estava grávida.


O silêncio que se seguiu pelo quarto foi tão constrangedor quando a pergunta, até Parvati dizer que estava brincando e voltar a me convencer a comer.


Também me convenceram de ir na Ala-Hospitalar, mas eu sabia que se fosse seria para ser entupida de remédios, então fiquei no quarto trancada, sob as cobertas, até dar umas oito horas e Ronald me levar – contrariada – para a Sala da Monitoria-chefe, porque sabíamos muito bem que McGonagall dera falta de mim nas aulas e iria ver como eu estava – então me mandaria para a Ala-Hospitalar e eu me entupiria de remédio. O que dava na mesma.


Minha cara não era das melhores, então eu me tranquei no quarto e não deixei ninguém entrar.


**


Hermione parara de escrever. Suspirando, ela se deitou na cama, afogando o rosto no travesseiro.


Draco estava treinando no campo de Quadribol, e ela queria vê-lo.


Se sentiu a pessoa mais egoísta ao ter esse pensamento. Não, ela não precisa dele. Não, ela não queria vê-lo. Estava muito bem assim, tirando a parte saudável, ela estava ótima. O encontro no sábado não significou nada para ela. Ou talvez significara, mas ela não estava com paciência para discutir com sua própria consciência.


– Arghhhh – ela resmungou no travesseiro – Doninha maldita.


Ouviu batidas na porta e tratou de se sentar. Draco já tinha voltado?


– Ei, Hermione, sou eu – o sotaque francês anunciou.


Hermione se sentiu mais aliviada ao saber que era amiga ali, e não outra pessoa, embora tenha ficado irritada consigo por ter aquela ponta de decepção.


A morena fizera um feitiço para a porta se abrir e por lá passou uma Violet sorrindo.


– Se soubessem que isso estava trancada por um feitiço, nem teriam chegado na Sonserina reclamando – ela disse se referindo aos amigos que tentaram, por vezes, invadir os dois dormitórios que Hermione se encontrou naquele dia – Eles estão preocupados com você.


– Pareço um elfo com ressaca.


– Não seja boba. Elfos não ficam de ressaca.


Hermione riu.


– Então... Vai me contar o que aconteceu sábado?


E Hermione contou. Incluindo a parte sentimentaloide que até escreveu em seu diário naquele dia, porque levou em condecoração o fato de que Violet Mallette não questionaria do gostar GOSTAR dela.


– E por que? Só por que descobriu que gosta GOSTA dele?


Ou talvez questionaria. Por que mesmo ela achava que suas amigas seriam compreensivas?


– Acho que sim – ela parou – Não sei – e fez careta – Talvez?


– Ainda bem que indecisão não é seu forte – Violet concluiu.


– Valeu pela compreensão.


– E você chegou a que conclusão?


– Amar Draco anonimamente.


– Uau, deve ter sido muito difícil chegar nessa – Violet balançou a cabeça, em forma de sarcasmo.


– É, há uns momentos de reflexão quando se está vomitando no banheiro – Hermione concordou.


O que, em parte, era verdade.


Violet fez careta: – Está passando mal de tanto amor.


– Ah, isso é pior do que saindo de mim – Hermione choramingou – Não acredito que gosto dele. Serpente asquerosa.


– Ah... Só não se esqueça que eu também sou da Sonseina, okay?


– Oh, verdade. Desculpe. Doninha albina.


– E sou loira.


– AH PELO AMOR DE MERLIN, VIOLET!


– Okay, desculpe, vou mandar uma carta para meus ancestrais xingando-os por serem loiros – a francês respondeu brincando com uma almofada da Grifinória.


– Adoraria.


– Hermione, você só está assim porque se sente mal pelo que aconteceu com Draco.


– Sim! Isso mesmo! Estou vomitando o dia todo porque briguei com Draco no sábado! – Hermione fingiu animação.


– Você passa um dia com ele e já fica irônica como tal – Violet disse. – Estou falando que isso é orgulho ferido.


– Mas, meu Merlin, hoje em dia as pessoas vêem tudo como orgulho, né?


– O seu caso sim.


– Então quer dizer que meu organismo está assim porque estou arrependida?


– É.


– Merlin, onde o mundo vai parar...


– Voltando ao assunto... Sua conclusão...


– Amar Draco anonimamente...


– Um tanto ridícula vai ser levada a sério?


– Dá um desconto, eu to na TPM.


– Por que você não diz que ama ele e acaba com isso logo de uma vez?


– Porque ele está bravo comigo.


– Pede desculpas.


As duas trocaram olhares antes de começar gargalhar juntas. Aquilo doeu um pouco em Hermione, mas ela não se importou muito, até fazer uma careta.


– Ok, rir está fora de questão – Violet disse ainda rindo.


– Merlin está me castigando.


– É um sinal para você ir falar com Draco.


– Não quero ver ele.


– Então vai de olhos frechados.


Mesmo assim Hermione riu.


– Eu sei que você está se recusando comer, mas eu preciso me alimentar, então estou indo. – Violet disse indo em direção a porta – Quer que eu trago aqui?


– Não, pode ir.


A francesa deu um sorriso fraco antes de sair e deixar Hermione, mais uma vez, sozinha.


A grifinória pegou seu diário para poder registrar a conversa de hoje, mas parou e ficou encarando a folha em branco do livro velho, ela folheou o caderno e viu que eram tantas páginas que falava de Malfoy. Quando começou o diário, achou que aquilo seria mais dirigindo para seus sentimento diante de Harry, mas poucas vezes se dirigia ao amigo naquele diário, e as vezes que aconteciam, não era da forma que ela esperava.


Se ajeitou na cama pronta para escrever, mas fora interrompida novamente.


**


Draco foi até a porta, hesitou em bater, e antes que pensasse em fazer, fechou a mão num punho e voltou para seu quarto. Lá, ele se encostou na parede que dividia com o quarto de Hermione, rezando para que não seja o banheiro.


– Ei – ele chamou. Sem resposta. – Não, Granger, não é um chamado do além. Sou eu. Malfoy.


– Você descobriu uma capa da invisibilidade?


– Essas paredes não são tão boas assim.


– O que quer?


– O que aconteceu? – Draco perguntou, ignorando a pergunta de Hermione, que apenas revirou os olhos, guardando o diário.


Ela se levantou, mais se arrastando até a parede, na verdade. Hesitou em se sentar, e ficou encarando a parede vermelha, se perguntando se ele ainda estava ali. Ela se encostou no braço do sofá, e se deixou deslizar até o chão, levou as mãos o rosto e se apoiou nos joelhos.


– Hermione – Draco chamou do outro lado da parede.


Nenhum dos dois tinha noção de que uma parede os separava.


– Que voz do além mais insistente – ela respondeu depois de um tempo. Draco riu, fazendo Hermione dar um leve sorriso do outro lado; percebeu que gostava do som da risada dele.


– Sua voz sempre foi assim e eu era hipnotizado? Ou você decidiu adotar a voz de nariz tapado para me seduzir??


– Ah, droga, você descobriu meu plano – ela disse séria. – Mas eu também acho que sempre foi apaixonadinho por mim e nunca notou.


– Sério? Você notou? Droga, eu achava que te amava em segredo.


Os dois riam juntos, fazendo Draco sentir a vontade de ir até o quarto dela e ficar por lá, mas sabia que ainda não estava bem com ela.


Ele tapou o nariz para falar: – Robert‘s got a quick hand. He‘ll look around the room, he won‘t tell you his plan. He‘s got a rolled cigarette.


Draco não terminou de cantar pois Hermione já estava rindo ao xinga-lo. Ele riu também, e Hermione começou cantar junto com ele, tapando o nariz.


Hanging out his mouth he‘s a cowboy kid


(No canto da boca, ele é um cowboy)


Yeah he found a six shooter gun


(É, ele encontrou uma espingarda)


In his dad‘s closet hidden in a box of fun things


(No armário do seu pai, escondida numa caixa de coisas estranhas)


And I don‘t even know what


(E não sei nem o que aconteceu)


But he‘s coming for you, yeah he‘s coming for you


(Mas ele virá atrás de você, é, ele virá atrás de você)


Ambos já estavam deitados no chão olhando o teto, rindo, ainda sem notar que a parede do quarto os separava. Draco olhou para a parede verde do seu quarto, pensando no que ela estaria fazendo.


– E o que aconteceu? – ele tentara mais uma vez. – Potter te engravidou antes de mim?


– É, você chegou atrasado – ela disse – Veio aqui para me irritar?


– Não, só queria ver como você está.


– Estou bem, obrigada.


– Você é uma péssima atriz.


Hermione tinha certeza que o Malfoy sorria de forma sarcástica do outro lado da porta. E era o que Draco estava fazendo, mesmo que relutante.


– A Weasley me mandou aqui – ele continuou – Não chegou contar o que aconteceu, só disse para eu conversar com você.


– Gina? – Hermione perguntou, mais para si do que para o loiro do outro lado.


– É, Ginevra Weasley. Conhece outra?


Hermione riu ao lembrar de que situação ela tinha dito aquilo para o Malfoy. Parecia décadas, mas fora apenas semanas.


– Hm, uma risada! Estamos fazendo progresso.


– Deveria ir embora. Há alguma refeição acontecendo no Salão Principal, onde seus amigos estão sentados na mesa de sua casa, comendo uma comida boa e se perguntando por onde raios o Malfoy estaria – Hermione fitava as mãos, sabia que ele não poderia vê-la, mas estava envergonhada, principalmente por manda-lo embora, e não queria que ele fosse.


– E você deveria sair desse quarto. Há alguma refeição acontecendo no Salão Principal, onde seus amigos estão sentados na mesa de sua casa, comendo uma comida boa e se perguntando preocupados por onde raios a Granger estaria. Acredite, não me encaixo na categoria de seus amigos, mas pareço preocupado nessa cena. Se eu te deixar aqui sozinha, e... ir, posso voltar para ver como você está. E eu nem teria uma boa refeição, já que estaria preocupado, então a culpa disso tudo seria sua: por estar nos meus pensamentos.


Hermione repensou em cada palavra dita pelo Malfoy.


Mas pareço preocupado nessa cena... Posso voltar para ver como você está.... A culpa isso tudo seria sua: por estar nos meus pensamentos...


Hermione fechos os olhos, encarando a parede ao lado. Mudou de posição, incomodada, sentindo as lágrimas chegando. E, quando elas vieram, Hermione passou a mão para limpa-las, antes que começasse soluçar. Ela engoliu em seco antes de responder.


Ele está atuando.


Draco, do outro lado, se virou para encarar a parede, imaginando se ela estaria chorando ou não. A Granger respondeu antes que Draco decidisse chamá-la.


– Eu não caio mais nessa, Draco.


– Não estou pedindo para sair comigo, ou coisa parecida. Sei que não somos amigos, e nunca fomos, nem nunca seremos, mas eu realmente estou preocupado com você. O que está acontecendo com você, Hermione?


– Acontecendo? Você está acontecendo! – a Granger se irritou ao se lembrar de que estava usando essa desculpa muito ultimamente e se levantou do sofá, encarando a parede, morrendo de vontade de passar por aquela porta e ir de encontro a ele, porque ela sabia que ele a esperava e detestava aquela sensação. Queria vê-lo mais do pensava. Gostava dele mais do que imaginava. Tinha vontade de beija-lo mais do que deveria. Mas mesmo assim, só assim, ela queria distância dele para poder esquecer toda essa baboseira que estava sentido. – Desde que começou tudo isso tem girado as coisas como uma roda-gigante. Eu não sei mais como é estar com meus amigos. Meus melhores amigos! Não sei como Ronald está indo em Poções, nem se aquela camiseta de Harry já foi lavada esse ano. Eu não passo mais tempo com eles, e por sua causa! Eu poderia estar lá, sentada com eles, aguentando Gina. Estaria com meus melhores amigos, mas se eu chegasse agora lá eu me sentiria como uma estranha, porque nem eles mesmos sabem do meu estado. Você que sabe. Você que de repente começou participar mais da minha vida. Você que vem me consolar quando é necessário. Sabe que poderia estar aqui? Harry. Ele fazia isso. E é por isso que acabei me apaixonando por ele. Mas eu não quero ter que sentir isso por você. Nem que isso tenha me feito questionar tudo, incluindo seu amor. Você tem sido uma pessoa horrível. Você fez todas as escolhas erradas... Me magoando. Vou sair magoada. Não quero sair magoada. Muita coisa vai ter que acontecer para o nosso finalmente juntos. E eu só não quero olhar pra trás e ver que nada valeu a pena. Eu não quero te magoar, Draco, quando chegar essa hora.


– Eu não ligo – Draco disse por fim, sorrindo daquela forma que Hermione amava, mas ela não poderia ver para dizer isso – Eu não ligo, Hermione, pode magoar.


– Não, Draco, não pode.


– Hã, você já está pensando no termino. Olha só, eu sei que sente falta deles e da maneira que convivia com eles. E eu sei que você odeia o fato de que agora eu participo da sua vida e você não pode fazer nada. Eu faria qualquer coisa por você. Pode ser que talvez eu seja mesmo um estúpido, mas sou o único estúpido que se importa com você. E você já superou o Potter; sabe que não precisa do amor dele e que está melhor assim. Queria poder me desculpar, mas não há desculpas no mundo que englobe todas as razões de eu não ser o cara certo para você. Me apaixonei. Foi mal.


A essa altura Hermione já estava chorando a ponto de soluçar. Ela estava com o rosto entre os joelhos, e se encostou na parede, enlaçando as pernas.


O que responderia? O que responderia?


Subitamente ela se lembrou de todas as vezes que ele a magoou desde então, e também se lembrou das vezes em que riu com ele, vezes como a que acabara de acontecer.


– Achei que os Malfoy não amassem – ela se lembrara da conversa que tivera com Draco certa vez.


– É inevitável – Draco disse ainda sorrindo para tentar anima-la, só não percebeu ainda o fato de que estavam separados por uma parede. – Você é muito apaixonante.


– Irônico – ela disse fitando as mãos, contendo o choro.


Irônico. Isso tem representado muita coisa ultimamente.


– Os irônicos sempre vão conseguir mover montanhas – Draco respondeu. Embora ele nunca vá saber, Hermione sorriu aquela hora.


Ela sorriu ao se lembrar que gostava dele. Não poderia negar mais aquilo.


Talvez eu fosse um pouco narcisista, mas quando percebi isso naquele momento, encostada na parede do meu quarto, passei a gostar ainda mais dele.


– Draco? – ela chamou se perguntando se ele ainda estava lá. Ele respondeu. – A porta está aberta.


Do outro lado da parede, Draco deu seu sorriso mais sincero ao se levantar.


**


O romances sempre vão comover as pessoas. Titanic comove muitos homens casados. Um Amor para Recordar ou qualquer coisa do Nicholas Sparks comove muitas divorciadas. Meu Primeiro Amor comove muitas adolescentes. 500 dias com ela comove muitos desiludidos . Mas se tem uma história que inventaram que comove todo o tipo de gente, sendo homens casados, mulheres divorciadas, adolescentes e desiludidos, é Romeu e Julieta. Eles sempre gostam de amores impossíveis. Ninguém quer saber da história de amor da vizinha com 40 ou mais anos de casado, da mãe da melhor amiga que é divorciada ou daquele cara que é segurança do Shopping. Elas histórias não comovem mais que 5 pessoas porque ninguém nunca se deu o trabalho de escrevê-las ou divulga-las. Romeu e Julieta poderia ser uma história como qualquer outra.


Minha história de amor atingia poucas pessoas, mas naquela terça-feira, Lilá concluiu que deixaria de ter uma mísera platéia – que incluía um sétimo da Sonserina, Parvati, Luna e a própria Lilá –, tendo então Hogwarts. Foi quando eu tive certeza que essa garota via minha vida como uma série de TV americana.


Noite passada Draco e eu chegamos a seguinte conclusão: poderíamos dar certo. Para dar certo, teríamos que tentar algo. Então vamos fazer isso.


– Não é namoro – Violet disse naquela manhã, antes de Lilá der seu show – É um pré-namoro. Eu deveria ter feito isso com Paul.


E aí começamos falar de que tipos de shampoo Snape poderia usar para deixar aquele cabelo menos oleoso.


Então aconteceu a troca de olhares.


Minha vontade foi me transformar num avestruz e enterrar a cara no chão. Era a primeira vez que eu o via depois de noite passada, onde ficamos no meu quarto até tarde dividindo o sofá e fazendo guerra de dedão (n/a: sem comentários).


Isso pareceu despertar alguma coisa em Lilá que clamava por uma emoção no dia-a-dia. Ela olhou para nós dois nos olhando e frangiu o cenho. Eu pensei: ferrou.


Me xinguei na hora por não ter contado nada para ela ainda, nem para Parvati que estava boiando ali quando Lilá jogou a mochila no chão exclamando um "chega!".


O corredor estava cheio de gente, e não precisou de nenhuma Macarena para Lilá chamar atenção de alguns ali, mas mesmo assim, Merlin do céu, ela subiu num banco, chamando a atenção de TODOS ali.


– Oi, gente... Hã, eu tenho uma coisa muito séria para contar para vocês. Isso é melhor que os artigos da Shaw, eu juro.


Não me preocupei em procurar a citada ali, eu ainda olhava Lilá no banco de olhos arregalados, desejando estar sonhando.


– Mas eu preciso... Da Parvati e da Violet... Venham cá – ela disse fazendo sinal para as duas que foram depois de uma troca de olhares – Luna tá aí? – ela procurou e provavelmente não achou – Ok... Todos aqui conhecem Hermione Granger né? Hermione ergue o braço aí.


Nãonaonaonaonaonaonaonaonaonaonaonaonaonaonaonaonaonaonao


Senti alguém levantar meu braço e quando olhei para o lado vi Luna sorrindo pra mim. Me senti aliviada até que Luna foi para onde Violet e Parvati estavam, aí eu me senti uma abandonada.


– E Draco Malfoy? É claro que sim – Lilá sorriu tímida – Malfoy ergue o braço aí – sem entender, Draco acenara indicando onde estava. Muito longe de mim. – Pois é, quem um dia achou que esses dois estariam juntos no baile? Ou que veríamos os dois em algum passeio de Hogsmeade? Bom, para poupar o drama, em alguma noite de muita cerveja amanteigada, Draco foi apostado a...


Draco e eu chegamos quase que no mesmo instante no banco em que minha amiga-próxima-vítima-de-um-suposto-suicídio estava.


– Namorar a Granger até o natal – ele disse interrompendo-a. Lilá o olhou sem entender.


– Mas...


– É, e eu apostei que ele não conseguiria até lá – eu continuei. Aquilo não era 100% mentira.


– Isso. Ela ainda dúvida dos meus dotes de sedução – o vi piscar. Aquilo causou uma série de suspiros daquela gente que assistia. – É por isso que nos tem visto ultimamente juntos. Eu tenho uma aposta para vencer.


– Porque isso mexe com os princípios morais dele – por Merlin, Draco estava entendendo.


– E com o orgulho dela.


– E a verdade é que estamos muito preocupados com a nossa amiga Lilá – eu disse – Ela acha que eu vou perder.


– Está insegura, ela quer apostar em mim agora – (eu revirei os olhos diante disso) – Mas também não quer abandonar a amiga.


– Então ela resolveu que me ensinaria a Arte da Conquista – eu continuei.


– O que está quase funcionando.


Antes que eu pudesse responder, uma garota do quinto ano se aproximou de nós com alguns galões na mão.


– Como faço para entrar na aposta? – ela perguntou.


– Está do lado de quem? – Draco questionou apontando para nós dois.


– Do dela – a garota sorriu apontando pra mim. Alguma coisa me dizia que ela REALMENTE queria que eu vencesse isso.


– Resposta errada PE-EH – Draco disse.


Mais umas três garotas chegaram com galeões, com mais uns garotos atrás dizendo que estavam do "lado do Malfoy". Fiquei sem saber o que fazer quando me perguntaram o que deveria ser feito para entrar na aposta.


De repente, quase todos ali que estavam no corredor, estavam envolta do banco entregando galeões para eu e para Draco, pedindo para entrar na aposta. Lilá parecia uma cega no tiroteio.


Violet quem resolveu se manifestar.


– Ei! – ela gritou de cima do banco. Cheguei pensar que ela tomaria ordem na coisa e já me senti agradecida – Interessados na aposta, falar com Hermione e Draco – ela disse antes de descer do banco.


Eu a olhei irritada.


– O que foi? Toda essa gente me deixou nervosa – ela disse.


De algum lugar daquele corredor, eu ouvi Paul gritar para chamar a atenção, fazendo com que todos se virassem.


– Assistência da Sonserina, conhecem? – Brian disse – É a turma do sexto ano, tirando Pansy Parkinson. Os interessados na aposta comunicar os integrantes da Assistência a partir de... Hoje é que dia, Paul?


– Terça.


– A partir de quarta-feira – Brian continuou. Uma garota levantou a mão no meio da multidão – As dúvidas serão tiradas manhã, mocinha. Estaremos reunidos no... O campo de Quadribol tá liberado pra amanhã, Malfoy?


Draco concordou.


– No campo de Quadribol – Brian disse.


– Certo, certo, vocês o ouviram – Draco resmungou.


– Agora vão para as salas de aula antes que eu tire 50 pontos por cabeça – eu gritei.


E todos ali voltaram, exceto os garotos e minhas supostas amigas.


– E estamos envolvidos em mais uma aposta – Niall concluiu.


– Ah, nem fala, se está dando trabalho me livrar de uma, que dirá de duas – Draco resmungou.


– Espera, espera – Lilá se intrometeu. Eu estaria afogando ela no Lago Negro se não tivesse aula de Poções dali uns minutos. – Vocês dois estão juntos?


Silêncio.


Draco e eu nós entreolhamos sem saber o que dizer. Ele sorriu.


– É, sua Arte da Conquista está dando certo.


– Isso é sério? – Parvati perguntou animada. – E por que não contou antes? Teria poupado muita coisa.


– Eu sei, mas vocês nem deram chance – respondi entrando na sala. Joguei meus materiais numa mesa do fundo, ao lado de Ronald que sorria pra mim. Acho que ele estava feliz por mim. Harry se sentou na cadeira vazia ao lado de Ron.


Lilá, Parvati e Violet pareceram entender aquilo e foram se sentar na frente da sala, sorrindo encorajadoras pra mim.


– Então – eu comecei incentivando aqueles dois a conversarem comigo.


– Não estou mais com Gina – Harry disse.


– Luna quer que eu vá passar o Feriado na casa dela – Ronald falou.


– Eu estou supostamente apaixonada pelo Malfoy – consegui dizer.


Os dois me olharam como se dissessem "dã". Optei por revirar os olhos. Harry sorriu pra mim e Ron passou a mão pelo meu ombro.


– Olha só – ele riu – Ela sabe amar.


Nós três rimos. Daria para contar nos dedos quantas vezes fizemos isso esse ano. Estava com saudades dos meus amigos.


– Ei, onde vão passar o Feriado? – Harry perguntou para provar Ron. Ele mostrou o dedo do meio para Harry em resposta. Harry riu e eu também, mas acabei xingando-o.


– Acho que vou pra Toca, ter uma conversinha com a Sra. Weasley.


– Você é altamente banida da minha casa – Ron resmungou.


– Não é você que vai me obrigar – eu disse mostrando a língua.


– Veremos – ele disse fuzilando o olhar.


Eu dei um tapa na cabeça dele enquanto Harry dava risada, antes do Seboso chegar na sala e nos encher de tarefa.


**


– Não que eu não esteja feliz por você etc e tal, mas acho que você e a Granger escolheram uma péssima hora para se resolverem – Brian se jogou no sofá da Sala da Monitoria-chefe.


– Por que exatamente? – Draco perguntou ficando de qualquer jeito na poltrona.


Brian então entregou um envelope para o amigo, que continha o brasão dos Malfoy. A carta de seu pai que lembrava-o que não seria muito convidativo realizar o ritual nas vésperas de Natal, anunciando que o Lorde insistia para o evento acontecer no Feriado de Ação de Graças, dali uma semana.


– É, parece que não dá mais para evitar – Draco comentou lendo a carta. – Lúcios convidou vocês para a cerimonia?


– É claro que sim. Somos a alegria de todos as festas dos Malfoy.


– Não é o que o aparelho de jantar da Dona Narcisa testemunha.


– Ah, cara, aquilo já estava muito velho, muito brega. Fizemos um favor pra sua mãe – Augustus brincou.


Os garotos ali riam de Augustus, se lembrando da cena na Mansão Malfoy, em que eles, acidentalmente, quebraram o aparelho de jantar da Sra. Malfoy numa brincadeira.


– Tempos que não voltam mais – ele comentou. O sermão das mães naquela noite valeu pelo ano todo.


– E agora temos outras preocupações – Niall dissera se ajeitando no sofá, encarando o amigo Malfoy.


– Por que acham que o Lorde insiste tanto para a presença de vocês lá? – Draco perguntou por fim, causando um silencio constrangedor na sala. Todos ali sabiam o motivo, inclusive Draco, mas ele queria garantir que os amigos não seguiriam esse caminho. E que, embora relutante, ele estaria sozinho nessa.


Foi Samuel quem resolveu responder depois de um tempo.


– Ele sempre nos quis nos rituais, e agora que estamos no nosso último ano e a guerra está acontecendo... Não tem mais desculpas.


– Vocês iriam? – Draco perguntou.


– Sabe que iriamos se você fosse. E você vai? – Augustus perguntou sério.


Draco suspirou: – Eu não tenho escolha.


– Escolha é o que você mais tem – Paul disse.


– Por que essas coisas só acontecem comigo? – ele resmungou olhando pra cima – Po, eu sei que fui horrível nesses últimos anos, mas, cara, arranque-me uma perna. É mais fácil.


– Que tipos de coisas? – Gus questionou olhando pra onde Malfoy estava suplicando.


– Agora que eu me resolvi com ela... Vou ter que ir embora. E para um evento familiar de um grupo que aliás quer matar o melhor amigo dela – ele reclamou mais para si do que para os amigos.


– Na qual você participará... – Samuel disse – Isso se for.


– Você não pode ir, Draco – Niall rolou no chão, se encostando numa almofada da Grifinória, olhando o teto assim como todos estavam ali.


Draco se levantou do sofá e puxou a almofada vermelha do amigo, jogando nele uma da Sonserina.


– Vocês vão comigo.


Aquilo não era uma pergunta, eles sabiam, mas mesmo assim assentiram. Não deixariam o amigo Malfoy nessa sozinho.


Os sonserinos se entreolharam; teriam que fazer Draco desistir dessa e, se não desse certo, iriam com ele mesmo assim.


– Evitamos o ritual o ano todo – Paul reclamou se levantando.


– Eu avisei que iria se apaixonar por ela – Brian concordou encarando o Malfoy.


– Avisamos – Augustus corrigiu.


– E eu deveria ter dado ouvidos – o Malfoy respondeu.


– Vamos, parceiro, vamos treinar para derrotar a Casa das nossas namoradas – Samuel brincou, dando tapinhas no ombro do amigo – Deixa o arrependimento para as músicas.


– E o drama para os trabalhos de História – Niall dissera a saindo da sala, sendo seguido pelos amigos, sem olhar para trás, dando pouca atenção para as garotas que passavam por eles suspirando.


Afinal, era a Assistência da Sonserina que estava passando.


**


Nota: Me resolver com Ginevra Weasley.


Hermione Granger fechara seu diário, com um fraco sorriso pregado no rosto. Subitamente, as coisas estavam dando certo para ela. Ela só precisava agradecer uma certa ruiva, e com muita sinceridade.


 

Notas finais do capítulo


Qualquer semelhança com The Vampire Diaries não é mera coincidência (desculpa ae se tem alguém aqui se assiste e não curtiu). A música desse cap é Pumped Up Kicks - Foster The People. 
Beijocas, 
até um próximo capítulo. 





 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.