Os depois do Baile de Outono



Querido presente de Gina Weasley que eu insisto chamar de diário,


Eu cheguei a conclusão de que eles fazem as festas no sábado à noite para que o drama possa se dissipar no domingo e tudo seja normal na escola na segunda-feira, mas eu tive certeza naquela segunda-feira de manhã, assim que passei pela porta do Salão Comunal, que este não seria o caso.


Eu já sabia do que se tratava o Profeta de Hogwarts de hoje: fofocas do baile. Então não me importei muito ao passá-lo para Harry sem nem ao menos folhear para ler o conteúdo – apesar da coluna de fofocas tiver um suspeito título: SOCIEDADE JULIETA SEM ROMEU (em negrito). E eu só pedi o jornal de Ronald porque já estava irritada com os olhares de mim para Malfoy, de Malfoy para mim, e também porque eu queria saber o que a vadia da Rosanna Shaw tinha escrito sobre uma sociedade de solteiras de Shakespeare (sério, eu cheguei pensar que aquilo iria divulgar alguma peça do clube de teatro).


Mas eu poderia ter ficado sem essa.


E Rosanna Shaw, que entrou misteriosamente na minha lista negra, uma versão de Death Note, também poderia ter ficado sem essa.


Só que, hã, ao que parece, o jornal daquela manhã não falava de uma peça de teatro.


– Deixa eu ver esse jornal, Ronald – pedi pela segunda vez. Ron balançou a cabeça, com os olhos na maldita foto. Estiquei o braço para pegar, mas ele colocou o jornal no banco, enviando que eu pegue. Me virei para Harry. Ele fez o mesmo que Ronald. Bufei – Vocês sabem que não podem esconder todos os profetas deste castelo ENTÃO ME DÊEM ESSE JORNAL AGORA MESMO.


Lembrete para mim: praticar na arte de me controlar em momentos como este.


Porque parece que quando eu surto, Ronald entra em um estado beta complicado e fica me encarando como se eu fosse uma criminosa.


E, a partir desta manhã, vou me lembrar de não ignorar mais os jornais que passam por esse castelo, uma coisa que eu pensei ter aprendido no quarto ano por causa das conspirações de Rita Besouro Skeeter.


Me virei novamente para Harry.


Ele suspirou e colocou o jornal na mesa, mas com a mão em cima, evitando que eu pegue.


– Promete – ele levantou o indicador – que não vai surtar.


Ah, era pior do que eu pensava.


Eu balancei a cabeça e me inclinei para pegar o jornal. Harry puxou novamente, me olhando de sobrancelha arqueada.


– Tá, tá, eu prometo que não vou surtar – me inclinei para puxar o jornal de Harry.


E era pior que eu imaginava.


SOCIEDADE JULIETA SEM ROMEU. 
(Justo na coluna de fofocas PQP.)


Os rumores do Baile de Halloween começaram desde que Dumbledore anunciou que deixaríamos o clássico estilo de fantasias exageradas de bruxas e vampiros para adotar o estilo a la máscara. Muitos, incluindo esta humilde repórter, ficaram animados com a ideia do anonimato. Com o decorrer da semana, os pares formados para a festa já não estavam mais juntos. Alguns resolveram convidar outras pessoas e outros resolveram até romper o namoro para ficar com alguém no tão esperado baile e aproveitar a noite como solteira. 
Sim, caros leitores, estamos falando da princesinha francesa da Sonserina, Violet Mallette. 
Logo após o ataque, todos poderiam ver que Mallette e Paul Rodolf assumiram um namoro. Paul chegou até negar convites para o baile por conta da francesa, mas parece que a sonserina não foi assim fiel ao namorado. 
Na aula de História da Magia, sexta-feira, a francesa resolveu que mudaria de lado e foi se sentar com sua mais nova amiga grifinória Hermione Jean Granger logo após uma briga com o suposto namorado. E por que será que brigaram? Granger sabia que Mallette tinha outros planos para o sábado? Eis perguntas que não querem calar no decorrer desta matéria e que, infelizmente, não teremos respostas. 
Ao que tudo indica, na noite de sábado a Mallette chegou acompanhada de seus fiéis escudeiros sonserinos, de braços dados com seu primo, Brian Lars, causando inveja e atenção de todos naquele salão com aquele vestido roxo Hugo Barn
 (aff sabem até a assinatura do vestido. Essa gente tem que trabalhar na CIA). A nomeada Julieta sem Romeu, foi vista a noite toda com Isaac Leviton, apanhador da Corvinal. A francesa realmente ama um jogador de Quadribol, não? E, senhoras e senhores, para acabar com o drama, a Julieta da Sonserina conseguiu arranjar seu Romeu para a noite. 
Compreendemos, Violet, que é muito ruim ficar sozinha numa festa.
Mas chega de falar da Mallette, pois ela não foi a única Julieta da noite.
Não sei vocês, mas eu pessoalmente venho percebendo as trocas de olhares entre Draco Malfoy e Hermione Granger. 
Realmente não sabemos o que acontece entre os dois, mas sabemos que a grifinoria chegou acompanhada de seus amigos Harry Potter e Rony Weasley, só que sem um par. Sociedade Julieta sem Romeu ataca novamente. 
Ora, a Granger não recebeu convites? Ou negou todos? Na minha opinião, Granger esperava convite de outra pessoa. 
Sim, garotas, comecem a chorar, Draco Malfoy.
Sabemos que a amiga do Potter realmente tem quedas por campeões. Ao que me lembra o Baile de Inverno, que ela foi acompanhada do búlgaro Viktor Krum com aquele vestido rosa incrivelmente lindo. 
Mas e no Baile de Outono? A Granger desfilou com seu vestido vermelho-sangue. Seria para chamar a atenção do Malfoy? Se for, não deu certo, pois o sonserino preferiu dançar a primeira valsa com Pansy Parkinson – que vestia um vestido verde-esmeralda Cabret Junior (
viu só? Deveriam ir pra CIA mesmo). 
Granger deve ter ficado decepcionada, pois resolveu que convidaria Augustus Taylor para a dança.


(Essa parte eu li em voz alta para os garotos, que afundaram no banco ao ver que eu estava sendo irônica ao fazer o seguinte comentário: Ah, puxa, descobriram meu plano.)


E o assunto estava tão bom entre eles, que após a valsa, os dois ainda ficaram juntos na pista, enquanto tocava A Sky Full of Stars. Laura Monis, a acompanhante de Augustus, chegou até se retirar do salão, mas logo foi vista com Devis Wel, seu ex-namorado. Augustus ficou sozinho pelo resto da noite (um desperdício, né, meninas?)
Mais uma conspiração da Granger? Provavelmente. Ela não gostou de ficar sozinha na festa por conta da aproximação do Malfoy com Pansy Parkinson? É o que parece. 
Hermione Granger se juntou aos amigos no meio da noite. Ela dançou com Potter e com o Weasley – que estavam acompanhados de Gina Weasley e Luna Lovegood –, mas não demorou muito para ela se juntar aos nossos amados sonserinos. Onde, por uma incrível coincidência, o Malfoy estava. A Granger ficou um bom tempo com seus novos "amigos" e seus pares – Lilá Brown com Willins, Padma Patil com Lars, Maggie McWens com Rodolf e Sabrina West com Parker –, até o momento em que os sonserinos resolveram que dançariam aquele som trouxa com seus pares. Deixado os solteiros da noite sozinhos. Sim, Draco e Granger, pois até Augustus reolvera que não se intrometeria naquela, hã... Discussão. 
Então o Malfoy e a Granger que conhecemos vieram a tona. Os dois pareciam bem amigos até certo instante, até a grifinória sair do local gritando com Draco. Mas qual o motivo? 
Ao que parece, a briga, que todos ali naquele salão poderiam presenciar, foi por que a Granger pediu para dançar com Malfoy e o sonserino negou? Será isso? Vocês se recordam, caros leitores? A Granger queria mesmo estar acompanhada do príncipe da Sonserina? (Príncipe da Sonserina? Que merda.)
Para a tristeza de algumas garotas, o Malfoy voltou para a pista com a Granger. 
Quando aconteceu, não sabíamos se ficávamos admirados, tristes, surpresos ou aliviados por não presenciar mais as brigas desta dupla. Sim, garotas do terceiro ano que não compareceram ao baile, Draco e Granger se beijaram no meio do salão. Então a Julieta da Grifinória conseguiu arranjar seu Romeu da noite e, por sorte, esse Romeu era Draco Malfoy (sorte?? Defina sorte). E quem não queria ser Hermione Granger naquele momento, hein? 
Não foi possível saber a conversa dos dois depois do acontecido, mas foi possível ver os cumprimentos cúmplices do Weasley com os sonserinos. Vocês notaram? Eu notei. E ainda estou tentando compreender o por quê daquilo. Mais uma conspiração da Grifinória contra a Sonserina? Vamos lá, Hermione Granger faria qualquer coisa para vencer algo. Ainda mais da Sonserina.


– Ridículo.


Todos os pares de olhos pousaram na mesa da Sonserina, onde se viu Violet jogando o Profeta de Hogwarts na mesa. Vi a Parkinson se inclinar para ler sobre o ombro de Violet, mas ela tinha emburrado – emburrada – o Profeta de Hogwarts para Malfoy, que não deu atenção, e passou o jornal para Brian. Niall passou um Profeta para a Miss Serpente Verde, e ela sorriu satisfeita ao ler as primeiras linhas, depois olhou para Malfoy de cara feia, e Malfoy se afundou no banco, só prestando atenção naquilo que estava comendo.


Admirada ficou eu nessa parte. Olhos arregalados e boquiaberta, era assim que eu me encontrava. E ainda era escoltada por Harry, Ron e meia Hogwarts que me olhavam como se eu fosse ter meu ataque a qualquer momento. Eu joguei o jornal na mesa, mordendo o lábio a ponto de sangrar, e comi uma rosquinha, de mal grado. Voltei a pegar o jornal, porque ainda tinha mais bobagens para ler. Nunca tinha visto tanto absurdo num jornal, mas continuei lendo.


SOCIEDADE JULIETA SEM ROMEU.


Para ser sincera, eu não soube o que fazer naquele momento. Mas em compensação a platéia que assistia aquilo satisfatoriamente, aplaudiu a cena. Incluindo nosso diretor Alvo Dumbledore e a máfia da Sonserina. A princesinha da Sonserina, Violet Mallette, assistia aquilo mais feliz do que nunca. 
E depois disto, quando já recebemos o toque de recolher do Baile, Draco e Granger pareciam bem íntimos no salão. Vocês acham que foi o primeiro beijo deles? Ingênuos, claro que não. Então aconteceu mais uma coisa admirável, nosso sonserino 
(nosso? Argh, nosso o caramba) levou a Granger para a Grifinória. Que romântico (senti um veneno nesta parte). 
E o que acontecerá agora, caros leitores? Hermione e Draco estão namorando? Alguém viu eles no domingo? Para ser sinsera, não os vi o dia todo. Será algo que devemos nos preocupar?
Mandem suas teorias, opiniões e suas sugestões para o Profeta. E oremos para que não seja algo além de "amizade".
Um beijo desta fiel autora. 
Rosanna C. S.



E então entrei em crise.


Uma incrível vontade de socar aquela cara azeda de Rosanna Shaw que me chamou todo o tempo de interesseira e competitiva.


Olhei para Malfoy na mesa da Sonserina, que ainda lia o jornal. Violet provavelmente tinha obrigado ele. Voltei atenção para meu café-da-manhã, mas vi a vadia da Rosanna Shaw sorrindo toda feliz – como as vadias sorriem – ao cumprimentar um grupo de corvinas. A maldita ainda teve coragem de me olhar com aquele sorriso e acenar – da forma mais vadia possível. Eu forcei um sorriso e resolvi comer aquele bolo de cenoura na minha frente. Só que acabei quebrando um garfo. Não pergunte como.


E era automático.


Olhavam para Violet e Paul na mesa da Sonserina, depois procuravam Zac na mesa da Corvinal e voltavam a ler o jornal rapidamente, porque não queriam perder mais nenhum detalhe. E então chegava a pior parte. Eles olhavam de Malfoy pra mim, de mim pra Malfoy, sem saber se ainda olhavam ou voltavam a ler. Algumas garotas obtavam por encarar, o que estava me dando nos nervos.


Não tinha como evitar, já que a infeliz da Shaw colocou uma foto minha com Malfoy bem no final da folha para aumentar ainda mais a curiosidade do povo. Não mereço.


E pior que a foto convidativa era o título da matéria.


SOCIEDADE JULIETA SEM ROMEU.


Deixa eu fazer um comentário sobre isto:


QUE. BOSTA.


Voltei a olhar para Malfoy, uma das poucas coisas que eu poderia fazer, já que Harry e Rony estavam prontos para qualquer ação minha. Ele, infelizmente, prestava atenção em qualquer bobagem que a Parkinson dizia de uma forma muito brava. Não entendo exatamente por que, já que não foi ela que foi CHAMADA DE INTERESSEIRA NESSE JORNAL ESTÚPIDO.


Mas enfim, acho que a putinha estava mesmo falando disto porque Malfoy olhou pra mim rapidamente enquanto ela apontava, Violet gesticulava para ela, Brian tentava acalmar as duas e Niall ficava ao lado de Brian, provavelmente fazendo seus comentários irônicos e Malfoy me olhava rapidamente e voltava a atenção para a Parkinson. Até o momento que ele viu que eu estava prestando atenção e me olhou daquele jeito...


Daquele jeito que me olhou no baile quando eu estava quase chorando enquanto dançava com Harry. Daquele jeito preocupado querendo saber o que estava acontecendo.


"Tudo bem?", ele perguntou silenciosamente.


Eu dei de ombros. Acho que foi isso que fez ele saber que não, não estava bem.


Então eu o vi escrever alguma coisa em um pergaminho, fazer o origami e mandar na direção que eu estava. Suspirei ao abrir para lê-lo.


Precisamos conversar.


Ignorei.


agora


Impossível ignorar. Ainda mais quando ele sublinha, o que me deixa puts da vida.


É, vamos dar algo a mais para Rosanna relatar no Profeta.


Ele frangiu o cenho ao ler minha resposta e mandou outra:


Potter e Weasley vão ter que comprar um anti-TPM para você.


E...


Te vejo no corredor.


Como se eu fosse obrigada.


Amassei os dois papéis e joguei na minha bolsa enquanto observava Malfoy desfilar para a porta do Salão Principal, daquele jeito descontraído dele. O filho da mãe até cumprimentou os lufanos quando passou, e a putinha da Rosanna ficou sorrindo abobada para ele. Mais algumas pessoas me olharam, esperando para ver o que eu faria. Esse acontecimento me fez pegar minhas coisas e segui-lo porta a fora, ainda sob os olhares desses fofoqueiros e de Rosanna Shaw, que agora tinha uma cara de decepção.


– O que foi aquilo? – perguntei automaticamente, ou impulsivamente, tanto faz, quando já estávamos sozinhos.


– Aquilo o quê? – fdp ainda pergunta.


– Cumprimentar a Shaw.


– Ah... Eu cumprimentei o time de Quadribol da Lufa-Lufa, não a Ro...


– E agora a vadia acha que você está dando mole.


Malfoy riu.


Não, ele gargalhou.


Respirei fundo.


– Hermione, você realmente não fica bem com ciúmes – ele disse entre risadas. Dei um tapa forte em seu braço, mas ele não parou de rir, só massageou o lugar que bati.


– O que você quer conversar, peste?


– Às vezes eu me surpreendo com o seu amor por mim


– Que não existe, você sabe – eu disse me aproximando.


– Como os trouxas dizem mesmo...? A esperança é a ultima que morre?


Dei de ombros: – Quer conversar sobre o quê?


– Nada. Só queria te tirar daquele salão antes que você agredisse subitamente a Rosanna.


– Nossa! Sou tão transparente assim? Ah, Draco, por favor, eu não brigaria com a Shaw só porque ela me chamou de INTERESSEIRA E COMPETITIVA NUM ESTÚPIDO JORNAL. AHHH, EU MATO AQUELA VADIA!!!


E eu só não voltei para o salão principal para dar uns tabefes naquela cara azeda porque o Draco me segurou pelo pulso, enquanto eu me debatia de maneira doentia. Waw. Eis uma cena incrivelmente interessante de se assistir.


Quando consegui convencer Malfoy que eu não atacaria a Shaw por conta do que ela publicou, ele me soltou (e também me fez prometer que não faria qualquer agressão física, psicológica ou sentimental pra cachorra).


– Ok, precisamos conversar. Mesmo. Sério. Não estou brincando – eu disse.


– Sobre? – Malfoy perguntou.


– Sentimentos.


– Aaah, meu Merlin – Ele passou a mão naquele cabelo loiro, o que me deixou um pouco irritada. Não sei por que, mas quando ele passa a mão no cabelo indica que vamos brigar logo logo.


– Ah, Draco, sem essa!


– Hermione, se precisássemos falar sobre sentimentos eles se chamariam "falamentos".


– Ah, certo então, se não quer falar de sentimentos, falamos de uma certa aposta, o que acha? – eu perguntei ironicamente irritada.


– Que aposta?


– Você sabe que aposta – revirei os olhos.


– Como você sabe da aposta? – ele parecia que ia ter um ataque cardíaco a qualquer momento. Seria medo de mim?


**


– Pareço uma pessoa que causa medo nos garotos? – Hermione perguntou para o grupo de segundistas que estudava na Sala Comunal.


Os meninos balançaram a cabeça e as meninas ficaram se entender.


E, antes que alguém dissesse mais alguma coisa, Lilá e Parvati entraram pelo quadro.


– Se está se referindo ao Malfoy, eu realmente teria medo se fosse ele – Lilá disse, se sentando numa poltrona perto do sofá que Hermione estava.


– Ha-ha-ha! – a morena riu sarcástica – Não estava me referindo particularmente a ele.


– Sei – Parvati balançou a cabeça – Draco está te esperando na escadaria. Disse para você ir logo, porque ele não está afim de.. Como foi que ele disse, Lilá?


– De convocar a Máfia da Sonserina para invadir a Grifinória e dar de cara com esses grifinórios – a loira disse, sem se importar. Parvati assentiu, concordando.


Hermione revirou os olhos.


– Não vai falar com ele? – Parvati perguntou quando viu que a amiga não se mexeu.


– Ele que espere – ela deu de ombros.


– Tsc tsc tsc.


– Está anotando no diário uma briga que aconteceu há dois dias? – Lilá perguntou.


– Aquela que você não me contou? – Parvati disse.


– Não era... – mas quando Hermione começou explicar, as amigas se levantaram e saíram da sala comunal, provavelmente indo passar o recado para Malfoy.


A morena suspirou e voltou a atenção para o diário.


**


– Não é disso que vamos falar. Então apenas cale a boca e concorde.


– Ok... Aahh, deixa eu ver... Ganhei?!


– O quê? Não!


– Como assim não? E ontem?


– Estava mesmo pensado na aposta noite passada?


– Sim... Quer dizer, não... Eu ganhei, não ganhei?


– Você não ganhou.


– Você pediu o beijo, Hermione – o Malfoy disse paciente.


– Tecnicamente, nos beijamos. Mas você me convidou para o baile.


– Que você acabou negando. E pediu uma dança depois.


Dei uma risada debochada, mas pouco conseguia esconder minha irritação: – Você pediu uma dança.


GRIFEM O VOCÊ.


Que no caso, é ele, não o diário ou o ser intrometido que está lendo isso.


Ah, esquece. Eu mesmo grifo isso.


– Logo depois de você ir atrás de mim e aceitar meu convite – ele respondeu.


– Pouco antes de você ir se sentar comigo.


– E ficamos conversando civilizadamente... Ah, sim, até você dar seus surtos.


– E você, como sempre, ir atrás de mim.


– Você aceitou o duelo.


– Você me ajudou em Poções.


– Não pode provar que fui eu – o Malfoy rebateu.


– Ah, poupe-me, Draco. Você me levou até a Grifinória noite passada.


– Corrige: até a escadaria.


– Me beijou na frente de todos!


– Você tinha deixado ser beijada na frente de todos.


– Não tinha nada!


– Claro que tinha. Nós conversamos; você pediu uma dança; nós brigamos...


– Você foi atrás de mim.


–... e aí você aceitou o convite.


– E você pediu uma dança.


– Aquilo tecnicamente não foi um pedido, você sabe que eu te arrastaria para a pista querendo ou não.


– VOCÊ...


– DANÇOU COM O POTTER!


– E VOCÊ, SEU CANALHA, ESTAVA COM A PARKINSON.


– E VOCÊ ESPERAVA QUE EU FICASSE A NOITE TODA ESPERANDO SUA VONTADE?


– APARENTEMENTE.


– ARGH.


Eu olhava a cena com a respiração ofegante de tanto gritar. Ele sabia que eu estava mais irritada que ele, também sabia que qualquer coisa que dissesse me faria surtar, então aquele silêncio chato entre nós foi porque Malfoy esperava que eu dissesse alguma coisa.


Bem, só que antes que mais uma acusação seja usada, Lilá Brown passou pela porta do salão principal e viu o "CLIMA TENSO" que acontecia entre nós dois. Ao invés da loira dar meia volta junto com Samuel, ela se aproximou de nós dois saltitando, nos abraçando e passando a mão em nossos cabelos, murmurando coisas do tipo "OWWW PRIMEIRA BRIGA DO CASAL" seguido dos garotos que zoavam Malfoy e eu. E de Violet e Luna que riam no canto.


Realmente preciso rever minhas amizades, mas puxei Lilá para a próxima aula que por sinal era com a Lufa-Lufa.


Segunda-feira eu não tinha muitas aulas com a Sonserina, exceto a ultima que era... PAM PAM PAAAAMM POÇÕES.


Sim, poções. Ah, eu achei que ia desmaiar quando Snape chegou na sala e, bem, eu não me encontrava no meu devido lugar, junto de meus amigos grifinórios. Ele nos olhou de sobrancelha arqueada e já ia começar falar alguma bobagem, mas Niall fez uma pergunta para ele sobre uma poção e, pahh, o morcego velho não teve mais oportunidade de me encher com seus sermões. Sorri para Niall como forma de agradecimento.


Quando, enfim, as aulas terminaram, arrastei Luna e Violet para a biblioteca, com a desculpa de que teríamos trabalho para entrar. E, bem, eu queria evitar Draco.


– Sei que todos casais tem suas crises, mas não achei que a de vocês começariam logo agora...


– Ahh Merlin – eu murmurei.


– Ah – Violet começou, mudando a página da revista de fofocas que lia – pense pelo lado bom. Se você queria que Draco desistisse da aposta, aí está sua oportunidade – ela disse.


Luna e eu nos aproximamos mais de Violet, meio que deixando claro que não entendemos porra nenhuma daquilo.


– Explica.


Ela respirou fundo.


– Já que vocês se negam assumir um relacionamento estável e se gostam... Como é que vão fazer quando um quiser ficar com outra pessoa? Quer dizer, Draco é o maior pagador de Hogwarts, você sabe, ele não agüentaria muito tempo.


– Amizade colorida – Luna concluiu.


– É, o que é mais fácil, para sua sorte, porque você não precisa colocar um vestido apertado e saltos para conquistar o Draco.


– Isso... Só não ganha das barbaridades que eu li no profeta de Hogwarts – eu disse.


– Barbaridade é você me dizer que não tem nada com o Malfoy – Luna disse.


– E não tenho.


Ela revirou os olhos: – Conta outra, Hermione.


– Não, sério, vocês sabem que falta isso – eu mostrei na mão – para ele ganhar.


– Então tudo isso é por causa da aposta?


– Talvez – eu suspirei – Acho que Draco tem que provar que não... Pensa mais em ganhar de mim.


– E te deixar vencer...


– É.


– Se metade da população mundial pensasse dessa forma, não existiria mais mulheres lutando por seus diretos.


– Está vendo como é uma ideia ótima? Elas deixariam de lutar porque não haveria nem preconceito.


– Ah, claro, e os hippies iam ficar felizes porque tinham conseguido a paz mundial e as pessoas iam sair felizes nas ruas cantando músicas de felicidade. Mas, Hermione, olhe pra mim e diz que não sente nada por ele.


Eu parei para pensar. Me lembrei de quando eu vi ele ficando com Alice Carvin, aquele milho ambulante, e de como eu fiquei put* da vida por ele ser tão canalha, e também porque, em parte, eu gostava um pouquinho dele naquela época... E agora eu gosto mais. Ahh, que dilema horrível. Não quero ficar ficar FICAR com ele. Porque, em parte, ele ainda pensa na aposta, e ficando com ele de vez seria perder aposta. "Mas, Hermione, qual a necessidade de ganhar essa aposta?". Certo, e meu orgulho? Fica como?


**


– Desde quando você precisa de orgulho para fazer qualquer coisa que seja? – Parvati perguntou atrás de Hermione. A Granger fechou o diário e colocou entre as pernas, fazendo careta para a amiga.


– Ele está te chamando – Lilá disse se sentando no sofá que Hermione estava.


– Manda esperar.


– Ele vai invadir a Grifinória – Parvati disse.


– Que invada.


As duas deram de ombros ao saírem da Sala Comunal, animadas silenciosamente por mais um episódio na vida amorosa de Hermione, que, aliás, era melhor que novela mexicana.


**


Ao que parece, eu disse isso pra Luna e ela ficou me olhando daquele jeito de novo e depois concluiu:


– Então vocês serão um daqueles amigos que...


– Colegas – eu corrigi.


–... se pegam quando quererem?


Ok, por essa eu não esperava.


Então me virei para Violet, que era a única que fazia um trabalho.


– Eu volto a dizer: se você queria que Draco desistisse da aposta, aí está sua oportunidade.


Cheguei a mais uma conclusão: relacionamentos são complicados.


Ficamos em silêncio, uma olhando para a outra, até que Luna resolveu dizer.


– Ei, onde vocês estiveram ontem? Precisava de ajuda com a peça.


Luna Lovegood tinha decidido que se dedicaria a uma coisa que ela realmente gostava além de culinária: teatro. E pediu nossa ajuda.


– Fiquei na Sonseina – Violet deu de ombros.


– Fiquei na Grifinória – eu respondi. 
Não saí da sala comunal, muito menos do quarto. Porque, ah, porque se eu estivesse saído e soubesse das fofocas que rondavam Hogwarts sobre o Baile, não sobraria uma alma viva para contar história.


Ainda não acredito que aquela azeda me chamou de interesseira. Que puta! Interesseira é ela que ficou dando risinhos pro Malfoy (SIM ELE VOLTOU A SER O MALFOY) na hora da janta, na hora do almoço, no café-da-manhã.


– Qual a necessidade disto? – eu perguntei pela milionésima vez naquela semana, olhando a figura amarela acenar para o Malfoy enquanto enrolava uma mecha do cabelo. Enrolar a mecha do cabelo é, tipo, uma lei das putas.


– Ficar olhando pra Shaw de maneira doentia não vai apagar o que ela escreveu – Harry foi interrompido por Ronald, ao meu lado, pigarreando, e apontando para o profeta de Hogwarts, onde, provavelmente tinha mais uma das paranóias da Shaw – ou escreve. Você entendeu.


– É, eu sei, mas não custa tentar. Gostaria de ter boa mira – eu disse equilibrando uma faca na mesa. Quando mesmo eu tinha me tornado tão... medonha?


Ronald riu. Assim como Harry. Assim como eu, que me vi gargalhando junto com os dois.


E aquele momento raro entre nós foi interrompido por um grupinho de garotas que insistiam em se sentar entre nós. Uma garota da sonserina, do quarto ano, se enfiou entre Ronald de eu, enquanto mais umas duas se sentavam ao meu lado, ignorando completamente Ron reclamar. Rosanna teve a audácia de se sentar ao lado de Harry e de frente pra mim, junto com umas três garotas.


Eu estava, literalmente, cercada. E apertada. Rosanna pensou bem ao fazer essas duas retardadas se sentarem ao meu lado, porque assim seria difícil pegar a faca de manteiga e usa-la como arma. Mas um garfo machuca também, né?


– Então, Hermione, quando vai conhecer Sr. e a Sra. Malfoy?


NO DIA EM QUE EU FOR PARA AZKABAN POR TER ASSASSINADO COM UM GARFO UMA ALUNA DO QUINTO ANO DA LUFA-LUFA, SUA ESPECIE DE MILHO INTROMETIDA.


Escutei o “ow ow” do Ron, e Harry olhava pra mim balançando a cabeça, as calopsitas que me cercavam olharam sem entender e Rosanna mantinha um sorriso quase desanimado ao ver a cena. Rocei o dedo no garfo, pensando se era melhor fazer o crime com uma arma ou a sangue frio mesmo ou se as calopsitas e a milho ambulante valiam mesmo minha detenção.


– Quer dizer, vocês devem ter contado – a nojenta disse, mas quando eu não respondi ela continuou – Ah, meu Merlin, não contaram? Ou só Draco superou essa de sangue-ruim?


Ok, talvez ela e as calopsitas valiam mesmo a minha detenção.


Eu mordi o lábio a ponto de escorrer sangue.


Uma das calopsitas resolveu se manifestar, e era uma traidora da minha própria casa que se sentava ao lado da cidadã ao meu lado.


– Por que não mandam o Profeta para eles? Aposto que recortariam a foto para usa-la.


Aquilo deu resultado a uma série de risinhos desgraçados. Bando de <%]>+*!*^*!8)/8$!287)@@‘n[{^^ = CENSURADO.


Antes que eu pudesse responder a provocação da traidora da maneira mais grosseira que pensei, Ginevra Weasley apareceu entre eu e aquela criatura ao meu lado.


– Ei, Rosanna, limpa aqui – Gina passou o dedo abaixo da boca, mostrando para Rosanna, que o fez, sem entender – tá escorrendo veneno.


As criaturas da mesa seguraram o riso, colocando a mão na boca. Rony, diferente delas, riu, junto com Harry e todos ali da mesa que prestavam atenção na cena.


Rosanna olhou irritada para Gina, e a Gina sorriu cínica.


– Sério, pode escrever o que quiser – ela disse, empurrando o profeta na mesa que ainda falava sobre nós dois – Ele nunca vai te namorar.


Ao meu lado, Rony engasgou, e Harry olhou para o lado, rindo. Sorri sarcástica para Rosana, que, se fosse humanamente possível, soltaria fumaça de tanta raiva. Ela estava vermelha.


– E como vai seu relacionamento com o Harry, Weasley? – ela chegou cuspir o Weasley e frisar Harry – Desempacaram já?


– Vai bem, obrigada – Gina respondeu indiferente. – E o que você ainda está fazendo aqui?


Ela se levantou contrariada, empurrando comida na mesa. As calopsitas seguiram ela para fora do salão, dando saltinhos.


– Ei, não desperdice comida! Os elfos não são escravizados a toa! – eu gritei para ela ganhando a atenção de todos ali no salão. Eu me sentei rapidamente ao lado de Rony.


– Ela vai acabar com você no profeta – ele disse pra Gina.


– Ela não é nem louca – ela respondeu se sentando ao meu lado.


Me virei para onde Lilá e Parvati estavam, as duas adengando com a cabeça e gesticulando para eu falar com Gina. Procurei Luna na mesa da Corvinal e ela fazia o mesmo, assim como Violet da mesa da Sonserina, que assentia. Eu suspirei derrotada; as quatro sorriram.


– Obrigada – sussurrei.


– Não há de quê – ela sussurrou de volta, sorrindo.


Basicamente isso.


Nos outros dias já não tinham mais bobagens no jornal sobre Malfoy e eu, nem mesmo de Gina, como esperávamos.


E eu e ele não conversamos pelo resto da semana. Estávamos meio quites, esperando o outro tomar atitude.


– Por que não vai falar com ele? – Luna perguntou na sexta-feira a noite.


Eu suspirei ao vê-lo com um grupinho de lufanas a sua volta, saindo do campo de Quadribol com o resto dos garotos.


– Basicamente – eu continuei olhando a cena – se ele não vier falar comigo, eu não falo com ele.


– Então vocês vão ficar nisso pra sempre? – ela perguntou enquanto eu assistia a cena dele passando o braço nos ombros de Alice Carvin. Revirei os olhos e eu tenho certeza que ele viu – Não era para vocês estarem namorando ou coisa parecida?


– Não ligo de ficar nisso para sempre – me arrependi subitamente de ter dito aquilo assim que vi a Carvin abraçá-lo de volta. Trinquei os dentes – Ok, eu ligo sim. Quem ele pensa que é?


Luna riu: – Ei, ei, vai com calma.


– Tem alguma ideia?


– Não, o gênio maléfico é a Violet.


– Cadê a Violet?


– Não sei.


– Como assim não sabe?


– Aaah, para de fazer perguntas.


Suspirei.


– Odeio ele.


– Sabemos.


– Não, sério. Odeio.


– Uhun.


– É sério, Luna.


– Odeia ou queria odiar?


Queria treinar o crucio nele logo de uma vez, porque ele vale o resto da minha vida em Azkaban. Essa semana eu tomei nota de que todas as minhas vontades medonhas valem o tempo em Azkaban, por isso vou começar a prática-las, começando pelo loiro arrogante que que passou por mim e acenou com a cabeça.


– Então, Granger, te vejo amanhã no jogo?


Eu forcei meu melhor sorriso.


– Ah, claro, estarei lá amanhã. Torcendo por você.


– Certo, é isso que as namoradas tem que fazer – o cretino disse. Eu teria gritado QUE NÃO ERA NAMORADA DELE, mas forcei ainda mais o sorriso porque Alice Carvin já tinha o cenho frangido em decepção.


– Claro que sim.


Ele lançou mais um sorriso colgate e seguiu seu caminho com a turma da Lufa-lufa atrás.


– Tomara que um balaço acerte ele de uma altura um tanto que relevante fazendo com que ele caia súbita morte – eu murmurei com os olhos fuzilados vendo ele passar pelo corredor com aquela milho ambulante.


– Sei, sei – disse Luna, que dava risinhos atrás de mim. É como eu disse: preciso rever minhas amizades. – Venha – ela passou o braço pelo meu ombro ainda rindo, me levando pela direção contrária da serpente e do milho –, vamos ver se te arranjamos um uniforme da Corvinal.


Eu sorri. Isso que é amizade. Simplesmente adoro quando ela é Violet agem como amigas, não como conspiradoras desgraçadas.


Então amanhã é o bendito jogo de Quadribol Sonserina vs. Corvinal, que eu me obriguei a ir por uma razão muito desconhecida e duvidosa. Infelizmente, uma parte de mim queria vê-lo jogar e a outra queria que ele me visse torcendo contra ele... Faz sentido?


Ok.


Escrevo a derrota da Sonserina quando puder, querido presente de Gina Weasley.

**
N/a: Então. A fic também é postanda no Nyah! e quem se interrerssar em ir lá e deixar uma recomendação, um comentário... eu até que não me importaria hehehe Eu juro que qualquer dia eu beto esses capítulos.
Bom, espero não ter exagerado nos xingamentos e mil perdoes pela demora.  
Até próximo capítulo o/ 

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Comentários (1)

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