Não registro no diário




Capítulo 9: 
Não registro no diário: tudo graças ao Malfoy


 



Nem Draco nem Hermione foram as aulas que tinham juntos.


Hermione deu a desculpa de estar passando mal e conseguiu a autorização de Madame Pomfrey para faltar nas aulas.


Draco, diferente de Hermione, não foi para nenhuma aula, ficou o dia todo na sala da monitoria-chefe.


Os dois não se viram a quinta-feira toda, porque ambos resolveram se evitar e ir cada um para sua Sala Comunal passar a noite. Assim não teriam perigo de se topar no corredor.


De todos da Grifinória, Ron foi o único que teve coragem de perguntar para Hermione o que aconteceu por ela estar assim tão...


– Estranha – Ron disse por fim. Para o azar dele, Hermione estava lendo um livro na Sala Comunal e ele sabia o quanto Hermione odiava que interrompia ela.


– Como? – ela perguntou tirando a atenção do livro.,


– Faltou em quase todas as aulas hoje... E as que foi, ficou de mal humor – atrás de Rony, Harry bateu na testa, já sabendo a resposta de Hermione.


– Ronald – Hermione começou, trincando os dentes. Harry resolveu se manifestar


– Rony e eu só estamos preocupados com você, Hermione – Harry se sentou de frente para a amiga – Aconteceu alguma coisa?


Sem hesitar, ela respondeu:


– Não, Harry, não aconteceu nada.


– Mesmo? – ele perguntou de sobrancelha arqueada. Hermione assentiu e voltou a ler seu livro.


Harry pensou em pedir uma ajuda a Luna – anos de amizade com Hermione, ele descobriu que tinha coisas que apenas garotas conseguiam resolver, e o caso de Hermione era esse –, mas assim que viu Violet Mallette no corredor, parou a francesa e contou o que estava acontecendo.


A indiferença entre os dois estava deixando Violet doida. Ela detestava ver Draco assim porque ele conseguia chegar no máximo de sua arrogância quando algo parecido acontecia. Se estressava ainda mais com Hermione, que ficava tão insuportável quanto Draco.


Os dois eram tão parecidos quanto pensavam.


Disse que não iria se envolver, e que os dois poderiam se resolver sozinhos, mas quando Harry contou como Hermione estava, não teve como não se intrometer.


– Ok, eu vou tentar falar com ela – Violet passou a mão na testa, meio nervosa.


– Obrigado, Violet.


Violet suspirou e foi atrás de Draco na Sala Comunal. Tinha quase certeza que Hermione não contaria para ela logo de primeira, então lhe correu a ideia de conversar com Draco antes.


– Não tenho nada com a Granger – Draco disse depois que Violet lhe contou sobre Hermione – Se ela está de mal humor, não é da minha conta.


– Malfoy – Violet chamou, impaciente –, te conhece desde pirralho. Eu sei que tem alguma coisa errada.


– Por que você não pergunta para ela?


– É o que vou ter que fazer.


Draco revirou os olhos e voltou a jogar xadrez.


– Tá jogando sozinho, Draco? – Violet frangiu a testa.


– Vai jogar comigo? – ele perguntou impaciente.


– Ahh, não...


– Então tchau.


Violet saiu da Sala Comunal reclamando por Draco ser tão chato. Na esperança de conseguir falar com Hermione, ela foi pro sétimo andar, mas não tinha permissão de entrar na Grifinória – e nem queria, preferiria que Hermione saísse para elas conversarem. Ficou o dia todo sem falar com Hermione.


À noite, Parvati e Lilá conseguiram convencer Hermione de ir para a festa que acontecia num salão das Masmorras. Depois de um tempo lá, na rodinha com o sexto ano, conversando sobre nada de importante, ela resolveu voltar para o Salão Comunal.


Hermione atravessou as Masmorras lembrando de quando ficara mal por causa do Firewhisky quando fez monitoração com Draco. Ela agradeceu a Merlin por saber que não precisaria fazer monitoração naquela quinta-feira com Malfoy. Para a sorte dela, quem faria as monitorações era Luna e Jake Bauer, o monitor da Lufa-Lufa.


Sorte.


Era o que ela pensava pouco antes de esbarrar com ninguém menos que Draco Malfoy.


Ah, Merlin...


Foi uma cena bizarra, quando trombou com Draco, Hermione quase caiu para trás, mas Malfoy a segurou pelos ombros, deixando-na de frente para ele... com pouca coisa separando os dois. Ambos olhando com raiva para o outro.


Para a surpresa de Hermione, Malfoy apenas disse um "toma cuidado! Granger", a soltou e continuou seu caminho.


Com raiva, irritada, amaldiçoando Malfoy e com raiva, Hermione chegou na Grifinória e pegou seu diário.


Começou com o querido e já arrancou a página, escreveu presente de Gina Weasleye arrancou a página novamente, mais nervosa do que como tinha saído das Masmorras. Ela pegou alguns pergaminhos que tinha em seu quarto e tentou escrever sobre como foi o dia, mas todas foram amassadas e jogadas pela Sala Comunal. Sentia tanta raiva de Malfoy que nem escrever ela conseguia sem repetir aquela cena na sua cabeça.


O que a incomodava, mas ela nunca admitiria, é que o beijo de noite passada nem fazia diferença para Malfoy. Ela, infelizmente, seria apenas mais uma na lista de namoradas de Draco Malfoy.


Não, namorada não, ela entrava na categoria de "lances" do Malfoy.


Ele estava numa aposta para conquista-lá, talvez nem isso chegava a categoria de "lances". Isso a irritava mais ainda.


Bem, era o que Hermione pensava.


Na Sala Comunal da Sonserina, Draco Malfoy se jogou no sofá, se perguntando por que de quantas pessoas que estavam nas Masmorras, ele foi encontrar justo com Hermione.


Não tinha sido uma boa ideia ter saído do quarto para ir na festa da Sonserina, mas ele foi porque Violet não parava de perguntar o que tinha acontecido e, quando ele não respondia ou respondia emburrado que não tinha nada com a Hermione, ela reclamava de como ele estava chato aquele dia.


Mas ele foi na festa da Sonserina. Percebeu que não estava mais com vontade de ficar lá, falando da vida dos outros, reclamando de alguma coisa, fazendo piadinhas, bebendo e paquerando Pansy Parkinson. Ele resolveu voltar para a Sala Comunal, sem saber que a Grifinória estava no salão das Masmorras. Se soubesse que era ali que os grifinórios estavam e que possivelmente toparia com Hermione, teria ido para a Sala da Monitoria-chefe.


A realidade é que ele viu Hermione quando ele estava nas escadas e poderia ter dado meia-volta, mas ele se encostou numa pilastra e ficou observando a Granger.


Foi só um dia, algumas horas até, mas a sensação é que foram meses que ele não a via. Estava como noite passada: cansada e nervosa.


Como ela beija ele, depois corresponde e aí saí nervosa? Sem querer falar com ele? E ainda xinga ele?


No final das contas, eles acabaram se esbarrando no corredor.


As boas coisas que Draco pensou em dizer para ela, que não disse noite passada, quase saíram, mas pensou bem e a soltou, de mal humor.


– Toma cuidado, Granger – e ele continuou seu caminho sem esperar uma resposta dela.


Ele arranjara uma bola de espuma no meio da Sala Comunal, que ficou jogando na parede para que voltasse para ele e assim se divertia. Imaginou que aquilo seria a cabeça fresca da Hermione, e jogava com força.


A cena do beijo deles se repetia várias vezes na cabeça do loiro, e ele lembrava que logo em seguida, Hermione o empurrava e se trancava no quarto, se negando conversar com ele.


– Teimosa – ele murmurou jogando a bola na parede com força.


– Quem é teimosa?


Draco se virou para trás e viu Paul e Violet entrando na sala abraçados, atrás deles estavam o resto dos garotos – exceto Samuel, que deveria estar com a Brown.


– Quem você acha? – Draco se virou novamente e voltou a jogar a bola na parede.


– E aí? Quando vai contar pra gente o que tá acontecendo? – Brian se jogou numa das poltronas verdes de frente ao sofá que Draco estava


– Não tá acontecendo nada – ele respondeu.


– Acho que é esse o problema – Draco se virou para onde Violet estava e viu a francesa sentada com Paul numa das poltronas.


Draco não respondeu e voltou a jogar a bola na parede.


– Olha só, Malfoy – Brian pegou a bola de espuma e a quardou no bolso da calça. Draco o olhou irritado – Seja qual for o seu problema com a Hermione...


– Granger? Quem te disse essa asneira? – Draco perguntou irônico.


Os olhares naquela sala foram dirigidos a Violet, que bateu na testa e se afundou no peito do Paul.


– Traidores – ela murmurou.


Augustus resolveu se manifestar: – Seja qual for o seu problema com a Hermione, é melhor resolver logo.


– E não estamos falando porque apostamos grande parte da nossa mesada não – Brian afrouxou a gravata, meio nervoso.


– Nem porque perder para a Violet seria embaraçoso demais – Paul balançou a cabeça.


– É – Gus concordou.


Draco olhou para Violet novamente. Ela se ajeitou ao lado de Paul e encarou o Malfoy.


– Você sabe que eu adoraria ganhar essa aposta, né? Não só por causa do dinheiro mas também pela honra, já que vocês pensam que podem ficar com a garota que quiserem, quando quiserem e como quiserem...


– Pula essa parte, Violet.


– Mas também acho legal da sua parte resolver isso – ela disse por fim. Respirou fundo e continuou: – Tipo, logo de uma vez. Hermione não tem que ficar esperando sua vontade, loiro. Se você estiver gostando dela...


Draco pigarreou. Violet revirou os olhos.


– SE estiver – ela disse.


– É, mas acontece que eu não estou afim da Granger.


– Sim, e minha mãe é virgem – todos olharam para Paul, que parou um instante para falar – Foi um trocadinho, gente... Ah é, sou adotado.


– Mas isso não significa que sua mãe... – Niall foi calado com uma cotovelada de Violet.


– Podemos voltar ao assunto? – ela perguntou impaciente.


– Gente, a ultima coisa de que preciso é uma lição de moral sobre o que aconteceu com a Hermione – Draco disse mal humorado.


Brian se levantou, triunfante.


– Então admite que aconteceu alguma coisa que envolve você e a Hermione?


Draco respirou fundo e se jogou no sofá novamente.


– Ela é tão teimosa.


– Vocês tem isso em comum – Augustus disse.


Draco bufou.


– É, acho que a Granger é a mulher da sua vida – Brian disse.


– E não estamos falando porque apostamos grande parte da nossa mesada não – Gus continuou.


– Nem porque perder para a Violet seria embaraçoso demais – Niall disse.


– É – Paul concordou. – Ou seja, vocês precisam se resolver.


– Malfoy – Violet trincou os dentes –, se você admitir que gosta dela, acabamos com essa aposta... E vocês podem viver juntos e felizes para sempre.


O silêncio na Sala Comunal foi porque todos ali esperavam a resposta de Draco, mas ela não veio. Draco apenas encarou Violet e respondeu:


– Você anda lendo muitos romances ultimamente.


– Estou falando sério!


– Violet, já não basta o Paul com essa ideia, agora você? – Draco frangiu o cenho.


– AAAARGGHHH!


Anos de amizade, Draco descobriu que após aquele som que as garotas fazem quando estão estressadas, elas saem revoltadas de onde quer que estiverem. E às vezes você até pode querer ir atrás delas, mas isso realmente seria uma tremenda idiotice. Por isso o Malfoy nem se mexeu quando Violet se levantou do sofá e saiu da Sala Comunal, batendo a porta com força.


– TPM? – Niall perguntou.


– É provável – Paul se acomodou mais no sofá, mas voltou aquela posição quando Violet voltou para a Sala Comunal, mais irritada do que tinha saído.


– E não, não estou na TPM! – e novamente a francesa saiu pela Sala Comunal, batendo a porta com mais força que o necessário.


Draco revirou os olhos.


– TPM – ele concordou. Brian jogou a bola de espuma para o Malfoy, que voltou a jogar na parede, sem algum ânimo.


– Não vai dizer pra gente por que você e a Hermione estão... Dramionando por Hogwarts, não?


Draco riu: – Dramionando?


– Dramione... sabe? O shipper de vocês – Brian fez careta – Nossa, que gay. É coisa da Violet, eu juro.


– Mentira – Paul riu.


– Alguns dias sem eu e vocês já estão juntando nomes – Draco riu.


– Faz o que? Você e Hermione formam o tipo de casal que minha tia quer ver junto naquelas novelas mexicanas... – Brian transfigurou duas garrafas de cerveja amanteigada e entregou um copo cheio para cada um.



– Amor Bueno? – Niall se levantou, animado.


– É – Brian respondeu surpreso.


– Você acha que a Herlinda vai ficar com o Henrique ou com o Dante? – ele perguntou.


– Ahh, acho que já foi a vez do Henrique – Gus tomou um gole de cerveja e fez uma reverência exagerada – Não passa da amizade.


– Eu acho que ela deveria escolher o Dante – disse Paul.


– Gente... – Draco chamou, balançando a mão na frente dos amigos.


– Ah, vai dizer que nunca assistiu Amor Bueno?!


– Não...


Os garotos exclamaram um "hãn" exagerado e puxaram as poltronas verdes para perto do sofá de Draco.


– Então, querido amigo, prepare-se para a melhor história de amor de todos os tempos – Paul deu um longo gole antes de continuar – entre Herlinda e Dante.


Draco tomou um gole de sua cerveja amanteigada e deixou os amigos falarem. Fazia um tempo que eles não tinham um momento daqueles, com direitos a cerveja e risadas.


No dormitório feminino da Grifinória, a ultima coisa que Hermione esperava naquela quinta-feira a noite, era uma carta de Violet.


Corujal. Agora.


Violet.


Ok, não era bem uma carta, mas parecia urgente. A letra de Violet, que geralmente é cuidadosa, numa caligrafia que se via nos livros escritos a mão de antigamente, estava mais parecida com um dos garranchos de Ronald.


A Granger colocou uma blusa de frio por cima do pijama e foi, esperando não ver ninguém chegando para que peguem ela saindo esse horário.


– Violet? – Hermione chamou.


– To aqui – ela sussurrou, saindo de uma das pilastras.


Hermione viu uma coruja sair pela janela carregando uma carta, ela imaginou ser da Violet, mas não perguntou.


– O que aconteceu? – Hermione perguntou.


Hermione se surpreendeu quando Violet começou tagarelar em francês, mas ela entendia tudo muito bem, as viagens à Paris nas férias serviram para alguma coisa.


– Eu não deveria contar, mas ele está me irritando de um tanto que você nem imagina – ela começou, em francês – Draco ficou todos os dias lá na Ala Hospitalar. Ia sempre nas horas vagas, no almoço, na janta, até no café-da-manhã. Ele até pegou amizade com a Lovegood, um dos motivos pelo Weasley e ela terem se revolvido lá.


– Malfoy foi o motivo? – Hermione perguntou surpresa. Mais perplexa do que surpresa, na verdade.


– Sim, você pode achar que a Ala Hospitalar foi um mar de rosas nos leitos de morte, mas houve muitas brigas antes de formarem os casais. O Weasley entrou nessa categoria – Violet continuava falando em francês.


– Categoria?


– É, ele e Luna brigaram um pouco antes de se resolverem.


Hermione assentiu, esperando Vilolet continuar.


– E foi o Draco que fez ele se resolver com a Lovegood.


– Nãããooo – Hermione riu.


– Siiimmm – Violet balançou a cabeça.


Graças ao Malfoy, Rony conseguiu conquistar Luna.


– E por que ninguém me contou isso?!


– Porque aí teríamos que dizer por que Draco estava lá na Ala Hospitalar e...


– Por que mesmo?


– Por você – Violet balançou a mão na frente do rosto, coisa que Hermione já estava acostumada em ver no meio das conversas delas. Mas Violet dizia aquilo como se comentasse as horas, como se aquilo não gerasse mais um motivos para Hermione e Draco brigassem. Era aquilo. Era aquilo que faria Hermione sair da "desvantagem" com Malfoy. – Mas você ainda estava desacordada, então não o via. Ele não saia de lá, Hermione. Estava sempre nos levando comida que pegava na cozinha, ficava lá conversando com a gente, esperando você acordar para contar as novidades.


Violet revirou os olhos, e sorriu.


– Ele nos pediu para não te contar. – Violet parou e olhou para Hermione. Ela estava encarando Violet, como quem olha para um professor quando não está entendendo a matéria – Tá tudo bem?


Hermione balançou a cabeça, saindo do seu transe: – Claro.


Depois de um longo silêncio, Violet finalmente disse:


– Hermioneprecisodeumconselho.


– Quê?


– Precisodeumconselho.


– Precisa...


– Deumconselho.


– Coelho? O que você vai fazer com um coelho?


– Conselho! Preciso de um conselho.


– Ahh sim – Hermione coçou a nuca; era péssima com conselhos – Pode falar.


– É o Paul – Violet admitiou, olhando as próprias mãos – Achei que daríamos certo, mas... Não deu certo. Quer dizer, já passamos por tantas coisas juntos que não consigo vê-lo além de um amigo.


– E que amigo...


– Aquela vez na Ala Hospitalar não foi a primeira. – Violet ignorou o comentário de Hermione, mas deu risada – Já tínhamos ficado umas vezes antes, mas não assumimos nada por causa do Brian e tal... E eu era gamada no John... Acho que ainda sou. Mas ele está namorando aquela garota e... Paul é melhor pra mim, não é?


– Não escolha o cara melhor – Hermione respondeu, olhando pela janela. Já tivera uma conversa dessas com sua tia trouxa quando mais nova. – Escolha o cara que faz de você uma garota melhor.


Hermione não acreditou no que disse e nem imaginou, naquele momento, no Corujal conversando com Violet, que aquele conselho logo serviria para ela.


Violet finalmente a olhou. Um instante antes de se levantar, dar um abraço forte em Hermione e arrastar a amiga para fora do Corujal, onde, saltitando, foi pra Sonserina. Parece ter funcionado.


Graças ao Malfoy, estou com supostas amizades sonserinas, o que não é tão ruim assim.


Ao chegar na Grifinória, ainda rindo pelo que aconteceu com Violet, ela teve uma pequena dose de Gina&Harry. Há alguns meses atrás, ela se incomodaria com aquilo e choraria no quarto, mas ela apenas se sentiu feliz por Harry estar muito bem com a garota que ele amava.


– Olááá – ela disse ao entrar na Sala Comunal.


Gina ficou corada; Harry se remexeu no sofá.


– Oh, podem voltar ao que estavam fazendo... Eu to ali no quarto caso precisem de alguma coisa – ela sussurrou para Harry. Ele balançou a cabeça sorrindo – Caso Ron apareça...


É, graças ao Malfoy, não sinto mais nada por Harry e agora ele pode ser feliz para sempre com Gina que, graças ao Malfoy, não sinto tanta raiva como antes.


Novamente, ela se encontrava em seu dormitório na Grifinória, deitada na cama e tentando dormir sem muito sucesso.


<< Flash Back on >>


– Hermione, escuta essa.


Sua tia, de meia-idade, divorciada e com três filhos já casados, encontrava-se na cozinha, prestando mais atenção no programa de TV sobre culinária italiana, do que na comida que estava fazendo.


Aquela era sua tia favorita, porque ela era uma das únicas que sabia, que Hermione detestava cozinhar, ou ter os papos que suas outras rias e primas tem, então ela levava Hermione para a cozinha e deixava a garota lamber as colheres da sobremesa enquanto cuidava da refeição principal.


– Um dia, você vai encontrar um cara que, na hora, será perfeito... Você logo vai se ver apaixonada e querendo chamar a atenção dele – a tia começou. – Mas então você vai conhecer um outro cara que você não vai precisar se esforçar para chamar a atenção dele. Ele já vai te amar enquanto você quer conquistar o que você julga melhor... – a tia olhou para o que estava fazendo na panela, passou a colher e entregou para Hermione, que aprovou com um aceno – Não escolha o cara melhor Hermione – ela disse – Escolha o cara que faz de você uma garota melhor.


No momento, aquilo não era nada para a jovem de 13 anos com a tia na cozinha, provando sobremesas. E Hermione nunca achou que um dia precisaria daquilo; não era uma coisa que ela diria para Harry ou Ron. Nem chegou pensar que dali dois anos teria que refletir sobre. É, nem todas as respostas estão no livros.


A tia já deu vários conselhos aleatórios para Hermione e, assim como este, a morena também não chegou dar tanta importância.


<< Flash Back off >>


Mas que agora, ela entedia muito bem.


Na ultima tentativa de escrever em seu diário, ela pegou o livro velho debaixo do colchão, tinta e começou a escrever.


Querido diário,


É surpreendente como tudo muda em um mês, ou menos até.


Há algumas semanas atrás, eu não me via nesse dilema. E como é horrível! Não ter respostas, não saber o que fazer, onde ir, o que dizer, a quem dizer.


Desde o 2º ano, era apenas Harry. No terceiro era Harry, no quarto ano era Harry, no quinto ano era Harry, no sexto ano...


Consegue ser inacreditável a facilidade que Malfoy entrou na minha vida. Como de uma hora para a outra. Às vezes eu fico me perguntando se se eu fizesse tal coisa diferente daquilo, teria acontecido de outra maneira... Sei que não faz sentido nem pra mim, mas espero que quando eu estiver com meus 37 anos, em casa, arrumando as coisas no sótão e encontre esse diário, eu vou ler e talvez eu até concorde com o que está escrito.


Talvez eu faça piadinhas do tipo "Ah, eu achava isso?", "nossa, eu estava certa nisso" e até mostre para minhas filhas e para meu marido que até vai rir da ideia e dizer um "bons tempos" se referindo a Hogwarts. Aí vamos sentar na mesa na hora do jantar, e ficar conversando sobre como foi nosso dia.


Fui longe agora.


Enfim, muita gente, incluindo muitos trouxas, acreditam em destino. Acreditam que é uma coisa que nasce com a gente, que já está escrita, etc. Eu não acho isso. Mas eu também não achava que um dia estaria trancada no meu quarto na Grifinória porque estaria pensando seriamente na minha reação ao ver o Malfoy depois do que aconteceu. É, não queria admitir, mas Malfoy está me tirando o sono – encare como quiser essa frase. E, aliás, o que aconteceu – os motivos por eu estar aqui, emburrada, tentando escrever – também não passava pela minha cabeça.


Se alguém, algum dia antes disso, chegasse em mim e falaria uma coisa dessas, essa pessoa receberia minhas gargalhadas bem humoradas, porque "nossa, Malfoy e eu?! Tipo, nunca!".


E é aí que que quero chegar.


Inacreditável a forma que ele entrou na minha vida e bastante duvidaval o fato de ainda continuar. Ou a forma de ainda continuar, que seja.


Hermione parou de escrever, arrancou a folha do diário e jogou em seu malão, bem no fundo, para poder esquecer daquilo. Ela se deitou e apenas conseguiu dormir quando o teto e as paredes deixaram de ser tão interessante.


Hermione se lembra de uma vez que disseram para ela que quando você não consegue dormir é porque está no sonho de alguém. Uma ideia ridícula, ao ponto de vista de Hermione e bem gay para o ponto de vista Malfoy, e é por isso que devemos sublinhar que Draco Malfoy não estava sonhando com a Granger, mas sim pensando – o que dá na mesma, mas Draco não merece mais gente falando de como ele está gostando da Hermione.


O que ele não sabia é que essa garota estaria no dormitório da Grifinória, bem acordada.


Os garotos roncavam em suas camas, totalmente bêbados sem chances de levantarem no dia seguinte para as aulas. Nem ele tinha chances de levantar para o dia seguinte.


Isso porque começou com uma simples brincadeira. Era uma aposta, gente!, onde você tem que realizar o desafio senão perde a aposta... Simples. No começo, parecia fácil, mas Draco descobriu que além de sabe-tudo irritante, a Granger era teimosa, orgulhosa, autoritária e cabeça dura.


Vocês tem isso em comum.


Ok, tinham. Afinal, ele era um Malfoy, os adjetivos de teimosia, orgulho, autoridade e, hã, cabeça dura vinham no pacote.


Tão cabeça dura que não entende os próprios sentimentos. E ele não quer acabar com isso logo de uma vez. Sabe que a qualquer momento pode desistir da aposta porque enjoou da Granger, e pode ficar com qualquer garota sem dar explicações para Hermione... Como fez aquele sábado com Alice.


Foi uma das maiores canalhices dele com a Granger, só perde para o momento em que a beijou.


Não, ele não se arrepende do beijo que deu em Hermione na sala da monitoria-chefe, mas, para ser sincero, aquela não era a reação que ele esperava dela.


Quer dizer, Hermione deu um tapa nele. Aquele tapa ainda doía.


E Draco detesta saber que ela fez aquilo porque ele não era o Potter.


Potter. Por que este a faz sofrer tanto? Por que prefere a ruivinha água-com-açúcar? Qual a graça daquela menina? Com aquela cara de sono que ela tem, depois de uma noite bebendo... E por que Hermione ainda gosta dele? Potter tem aquele cabelo bagunçado e aqueles óculos redondos, francamente!


Draco chutou seu criado-mudo, irritado com seus pensamentos. Ele vestiu a capa da Sonserina e pegou a vassoura de Brian por não encontrar a sua. Saiu pela janela logo de uma vez, para não ter que atravessar o castelo. O problema não era Filch e a gata, o problema era a necessidade que ele teria que fazer isso.


É, ele foi até Hermione.


É simples amar alguém, Malfoy, mas é mais difícil saber quando é preciso dizer isso em voz alta.


Esse era o problema de Draco.


Não sabia o que iria fazer, ou o que iria falar quando a visse. Talvez estivesse dormindo ou talvez ele nem encontre o quarto certo, já que a Grifinória tinha inúmeras janelas naquela torre.


Ele tentou o quarto da monitoria da Grifinória, mas ela não estava lá. Quase desistindo da ideia de pagar de Romeu, ele deu uma volta na torre e a viu. Deitada na cama de frente para a janela, dormindo de lado, com testa frangida e com seu caderno ao lado.


Draco riu da cena.


Granger.


Ele se aproximou um pouco mais da janela e viu Lilá Brown dormindo, na cama ao lado estava Parvati Patil.


As duas sextanistas companheiras de quarto de Hermione que impedia Draco de entrar naquele quarto.


Ele se aproximou mais, abrindo a janela de vagar. Talvez a Brown ou a Patil não se importem se ele entrar para falar com Hermione.


Hermione se mexeu na cama, virando de lado, deixando seu livro cair aberto. Draco daria todo seu ouro para ler o que estava escrito naquele diário, e abriu mais a janela, quase entrando por inteiro no quarto.


Mas o Malfoy desistiu da idéia.


Não seria justo com ela. Ele ficou de perguntando qual seria a reação da morena se acordasse e não encontrasse o diário ali. Ele poderia ler e entregar ainda aquela noite quando terminasse, mas não queria arriscar entrar na Grifinória novamente, então foi embora logo depois de tirar do bolso da calça suas anotações e respostas para o trabalho de Poções e deixar no livro aberto. De alguma forma, ele queria que ela soubesse que ele esteve ali.


Ela tem que saber que ele esteve ali.


No dia seguinte, Malfoy e o resto dos garotos foram arrastados por Violet para a aula.


"Quem mandou beber tanto noite passada!?", e ela reclamava, "Como se a cerveja amanteigada fosse entrar em extinção. LAVANTA DAI, LARS"


"Francamente, que horas vocês foram dormir ontem? E você, Malfoy, onde estava?" e não parava.


– Draco?! – e assim ia.


– Que é?


– Aonde estava noite passada? – e falava e falava.


Draco suspirou, arrancou sua camiseta, pegou a toalha e foi pro banheiro, deixando uma Violet irritada no dormitório masculino da Sonserina.


"Homens...", ela murmurava ao sair do quarto.


Já no dormitório feminino da Grifinória, as garotas murmuram sonolento um "ahhhhhhuuunn" se recusando a se levantar da cama.


– Vamos nos atrasar – Parvati, que cobria o rosto com as mãos, se remexeu na cama – Quem deixou a janela aberta?


– Acho que foi eu – Lilá se virou na cama, fazendo com que a luz do sol que invadia o quarto desse no rosto dela. Ela cobriu o rosto com o travesseiro.


– Isso, fica desse jeito – Hermione cobriu o rosto com a coberta vermelha, mas a luz ainda dava no rosto dela.


– Estamos no outono, né? Não deveria estar chovendo ou sei lá?


– Outono é a época das secas, Parvati – Hermione murmurou.


– Que sejaaaaaa.


Hermione se remexeu novamente na cama, e deu de cara com o relógio que tinha no criado-mudo.


E aí Hermione despertou.


– Gente, vamos nos atrasar – ela deu um salto da cama, assim como Lilá e Parvati que também tiveram noção da hora.


As três sonolentas tentavam chegar no banheiro sem deixar a outra passar. Lilá caiu antes de chegar na porta, Hermione desistiu de tomar banho quando Parvati conseguiu entrar no chuveiro. Resolveu só escovar os dentes e tentar dar um trato em seu cabelo que parecia mais com uma juba de leão bem desarrumada. Ela nunca de sentiu tão grifinória quanto naquela manhã.


Lilá enfim entrou no banheiro, mas com um pequeno machucado na bochecha. Ela pegou papel higiênico e passou no machucado para limpar o sangue que escorria.


– Usa esse aqui – Lilá entregou um pedaço de pergaminho para Hermione.


Estava escrito um feitiço que a morena não conhecia, então ela perguntou


– É para arrumar o cabelo – Lilá disse impaciente, esfregando o machucado – É o que eu uso.


– Você me viu todas as manhãs nesses últimos anos, me matando e quebrando pentes de cabelo, e nunca me falou desse feitiço? – ela perguntou indignada, ainda olhando o feitiço.


Lilá riu: – É.


– Ah, muito obrigada – Hermione ironizou. Ela foi no quarto, pegou um pedaço de pergaminho e escreveu um feitiço. Entregou para Lilá – Ei, usa esse aqui.


– Para que isso?


– Para esconder esse machucado – ela disse saindo do banheiro.


– Fico me perguntando quantas vezes você usou esse feitiço...


– Use e fique quieta – ela disse do quarto.


Hermione se trocou rapidamente e deixou seu cabelo em perfeito estado com o feitiço de Lilá. Ela estava arrumando seu material quando Parvati saiu do banheiro toda arrumada e Lilá com o cabelo arrumado, mas de pijama ainda.


Ela esperou as duas e, juntas, foram para o Salão Principal, onde só se via os atrasados copiando trabalhos dos amigos para entregar. Para a não surpresa das meninas, Ron estava na mesa da Grifinória, os garotos estavam também, mas não copiavam um trabalho, eles riam do desespero de Rony.


Automaticamente, Hermione procurou o dono dos cabelos loiros na mesa da Sonserina e se arrependeu quando ele enfim a olhou... olhando ele.


Ei, não olhe agora! Estou olhando para você!


Draco balançou a cabeça e olhou para baixo, sorrindo, depois se virou para Niall e Samuel que mantinham uma conversa animada sobre Quadribol.


– Semana que vem começa os jogos de Quadribol – Lilá disse para Hermione, olhando para a mesa da Sonserina.


– É – Ron, que estava tentando terminar o trabalho de Poções, esticou o braço para pegar um pedaço de panqueca no prato. – Vamos jogar contra a Lufa-Lufa.


– "Vamos"? – Lilá fez aspas no ar.


– Pois é, loirinha, você está olhando para o mais novo goleiro da Grifinória – Rony sorriu.


Assim como Lilá, Hermione e Parvati gritaram, comemorando.


– Parabéns – Parvati jogou uma maçã para ele.


– É, Ronald, você vai ficar uma graça com aqueles uniformes de Quadribol – Hermine riu, apertando o braço de Rony.


– A Sonserina vai jogar no outro sábado – Harry respondeu a pergunta Lilá, que Hermione não tinha ouvido – Contra a Corvinal – Harry se inclinou um pouco mais na mesa para as meninas, ignorando Rony ao lado que podia ouvir – porque Rony não queria jogar contra a casa da Luna logo de primeira.


As garotas riram. Rony deu uma cotovelada em Harry e voltou a copiar a tarefa.


– Transfiguração? – Harmione perguntou olhando para o papel.


– Não, Poções – ele respondeu – Não entendo nada da letra de Harry! Sua letra é mais bonita, Mione, me empresta o seu?




Nem Draco nem Hermione foram as aulas que tinham juntos.


Hermione deu a desculpa de estar passando mal e conseguiu a autorização de Madame Pomfrey para faltar nas aulas.


Draco, diferente de Hermione, não foi para nenhuma aula, ficou o dia todo na sala da monitoria-chefe.


Os dois não se viram a quinta-feira toda, porque ambos resolveram se evitar e ir cada um para sua Sala Comunal passar a noite. Assim não teriam perigo de se topar no corredor.


De todos da Grifinória, Ron foi o único que teve coragem de perguntar para Hermione o que aconteceu por ela estar assim tão...


– Estranha – Ron disse por fim. Para o azar dele, Hermione estava lendo um livro na Sala Comunal e ele sabia o quanto Hermione odiava que interrompia ela.


– Como? – ela perguntou tirando a atenção do livro.,


– Faltou em quase todas as aulas hoje... E as que foi, ficou de mal humor – atrás de Rony, Harry bateu na testa, já sabendo a resposta de Hermione.


– Ronald – Hermione começou, trincando os dentes. Harry resolveu se manifestar


– Rony e eu só estamos preocupados com você, Hermione – Harry se sentou de frente para a amiga – Aconteceu alguma coisa?


Sem hesitar, ela respondeu:


– Não, Harry, não aconteceu nada.


– Mesmo? – ele perguntou de sobrancelha arqueada. Hermione assentiu e voltou a ler seu livro.


Harry pensou em pedir uma ajuda a Luna – anos de amizade com Hermione, ele descobriu que tinha coisas que apenas garotas conseguiam resolver, e o caso de Hermione era esse –, mas assim que viu Violet Mallette no corredor, parou a francesa e contou o que estava acontecendo.


A indiferença entre os dois estava deixando Violet doida. Ela detestava ver Draco assim porque ele conseguia chegar no máximo de sua arrogância quando algo parecido acontecia. Se estressava ainda mais com Hermione, que ficava tão insuportável quanto Draco.


Os dois eram tão parecidos quanto pensavam.


Disse que não iria se envolver, e que os dois poderiam se resolver sozinhos, mas quando Harry contou como Hermione estava, não teve como não se intrometer.


– Ok, eu vou tentar falar com ela – Violet passou a mão na testa, meio nervosa.


– Obrigado, Violet.


Violet suspirou e foi atrás de Draco na Sala Comunal. Tinha quase certeza que Hermione não contaria para ela logo de primeira, então lhe correu a ideia de conversar com Draco antes.


– Não tenho nada com a Granger – Draco disse depois que Violet lhe contou sobre Hermione – Se ela está de mal humor, não é da minha conta.


– Malfoy – Violet chamou, impaciente –, te conhece desde pirralho. Eu sei que tem alguma coisa errada.


– Por que você não pergunta para ela?


– É o que vou ter que fazer.


Draco revirou os olhos e voltou a jogar xadrez.


– Tá jogando sozinho, Draco? – Violet frangiu a testa.


– Vai jogar comigo? – ele perguntou impaciente.


– Ahh, não...


– Então tchau.


Violet saiu da Sala Comunal reclamando por Draco ser tão chato. Na esperança de conseguir falar com Hermione, ela foi pro sétimo andar, mas não tinha permissão de entrar na Grifinória – e nem queria, preferiria que Hermione saísse para elas conversarem. Ficou o dia todo sem falar com Hermione.


À noite, Parvati e Lilá conseguiram convencer Hermione de ir para a festa que acontecia num salão das Masmorras. Depois de um tempo lá, na rodinha com o sexto ano, conversando sobre nada de importante, ela resolveu voltar para o Salão Comunal.


Hermione atravessou as Masmorras lembrando de quando ficara mal por causa do Firewhisky quando fez monitoração com Draco. Ela agradeceu a Merlin por saber que não precisaria fazer monitoração naquela quinta-feira com Malfoy. Para a sorte dela, quem faria as monitorações era Luna e Jake Bauer, o monitor da Lufa-Lufa.


Sorte.


Era o que ela pensava pouco antes de esbarrar com ninguém menos que Draco Malfoy.


Ah, Merlin...


Foi uma cena bizarra, quando trombou com Draco, Hermione quase caiu para trás, mas Malfoy a segurou pelos ombros, deixando-na de frente para ele... com pouca coisa separando os dois. Ambos olhando com raiva para o outro.


Para a surpresa de Hermione, Malfoy apenas disse um "toma cuidado! Granger", a soltou e continuou seu caminho.


Com raiva, irritada, amaldiçoando Malfoy e com raiva, Hermione chegou na Grifinória e pegou seu diário.


Começou com o querido e já arrancou a página, escreveu presente de Gina Weasleye arrancou a página novamente, mais nervosa do que como tinha saído das Masmorras. Ela pegou alguns pergaminhos que tinha em seu quarto e tentou escrever sobre como foi o dia, mas todas foram amassadas e jogadas pela Sala Comunal. Sentia tanta raiva de Malfoy que nem escrever ela conseguia sem repetir aquela cena na sua cabeça.


O que a incomodava, mas ela nunca admitiria, é que o beijo de noite passada nem fazia diferença para Malfoy. Ela, infelizmente, seria apenas mais uma na lista de namoradas de Draco Malfoy.


Não, namorada não, ela entrava na categoria de "lances" do Malfoy.


Ele estava numa aposta para conquista-lá, talvez nem isso chegava a categoria de "lances". Isso a irritava mais ainda.


Bem, era o que Hermione pensava.


Na Sala Comunal da Sonserina, Draco Malfoy se jogou no sofá, se perguntando por que de quantas pessoas que estavam nas Masmorras, ele foi encontrar justo com Hermione.


Não tinha sido uma boa ideia ter saído do quarto para ir na festa da Sonserina, mas ele foi porque Violet não parava de perguntar o que tinha acontecido e, quando ele não respondia ou respondia emburrado que não tinha nada com a Hermione, ela reclamava de como ele estava chato aquele dia.


Mas ele foi na festa da Sonserina. Percebeu que não estava mais com vontade de ficar lá, falando da vida dos outros, reclamando de alguma coisa, fazendo piadinhas, bebendo e paquerando Pansy Parkinson. Ele resolveu voltar para a Sala Comunal, sem saber que a Grifinória estava no salão das Masmorras. Se soubesse que era ali que os grifinórios estavam e que possivelmente toparia com Hermione, teria ido para a Sala da Monitoria-chefe.


A realidade é que ele viu Hermione quando ele estava nas escadas e poderia ter dado meia-volta, mas ele se encostou numa pilastra e ficou observando a Granger.


Foi só um dia, algumas horas até, mas a sensação é que foram meses que ele não a via. Estava como noite passada: cansada e nervosa.


Como ela beija ele, depois corresponde e aí saí nervosa? Sem querer falar com ele? E ainda xinga ele?


No final das contas, eles acabaram se esbarrando no corredor.


As boas coisas que Draco pensou em dizer para ela, que não disse noite passada, quase saíram, mas pensou bem e a soltou, de mal humor.


– Toma cuidado, Granger – e ele continuou seu caminho sem esperar uma resposta dela.


Ele arranjara uma bola de espuma no meio da Sala Comunal, que ficou jogando na parede para que voltasse para ele e assim se divertia. Imaginou que aquilo seria a cabeça fresca da Hermione, e jogava com força.


A cena do beijo deles se repetia várias vezes na cabeça do loiro, e ele lembrava que logo em seguida, Hermione o empurrava e se trancava no quarto, se negando conversar com ele.


– Teimosa – ele murmurou jogando a bola na parede com força.


– Quem é teimosa?


Draco se virou para trás e viu Paul e Violet entrando na sala abraçados, atrás deles estavam o resto dos garotos – exceto Samuel, que deveria estar com a Brown.


– Quem você acha? – Draco se virou novamente e voltou a jogar a bola na parede.


– E aí? Quando vai contar pra gente o que tá acontecendo? – Brian se jogou numa das poltronas verdes de frente ao sofá que Draco estava


– Não tá acontecendo nada – ele respondeu.


– Acho que é esse o problema – Draco se virou para onde Violet estava e viu a francesa sentada com Paul numa das poltronas.


Draco não respondeu e voltou a jogar a bola na parede.


– Olha só, Malfoy – Brian pegou a bola de espuma e a quardou no bolso da calça. Draco o olhou irritado – Seja qual for o seu problema com a Hermione...


– Granger? Quem te disse essa asneira? – Draco perguntou irônico.


Os olhares naquela sala foram dirigidos a Violet, que bateu na testa e se afundou no peito do Paul.


– Traidores – ela murmurou.


Augustus resolveu se manifestar: – Seja qual for o seu problema com a Hermione, é melhor resolver logo.


– E não estamos falando porque apostamos grande parte da nossa mesada não – Brian afrouxou a gravata, meio nervoso.


– Nem porque perder para a Violet seria embaraçoso demais – Paul balançou a cabeça.


– É – Gus concordou.


Draco olhou para Violet novamente. Ela se ajeitou ao lado de Paul e encarou o Malfoy.


– Você sabe que eu adoraria ganhar essa aposta, né? Não só por causa do dinheiro mas também pela honra, já que vocês pensam que podem ficar com a garota que quiserem, quando quiserem e como quiserem...


– Pula essa parte, Violet.


– Mas também acho legal da sua parte resolver isso – ela disse por fim. Respirou fundo e continuou: – Tipo, logo de uma vez. Hermione não tem que ficar esperando sua vontade, loiro. Se você estiver gostando dela...


Draco pigarreou. Violet revirou os olhos.


– SE estiver – ela disse.


– É, mas acontece que eu não estou afim da Granger.


– Sim, e minha mãe é virgem – todos olharam para Paul, que parou um instante para falar – Foi um trocadinho, gente... Ah é, sou adotado.


– Mas isso não significa que sua mãe... – Niall foi calado com uma cotovelada de Violet.


– Podemos voltar ao assunto? – ela perguntou impaciente.


– Gente, a ultima coisa de que preciso é uma lição de moral sobre o que aconteceu com a Hermione – Draco disse mal humorado.


Brian se levantou, triunfante.


– Então admite que aconteceu alguma coisa que envolve você e a Hermione?


Draco respirou fundo e se jogou no sofá novamente.


– Ela é tão teimosa.


– Vocês tem isso em comum – Augustus disse.


Draco bufou.


– É, acho que a Granger é a mulher da sua vida – Brian disse.


– E não estamos falando porque apostamos grande parte da nossa mesada não – Gus continuou.


– Nem porque perder para a Violet seria embaraçoso demais – Niall disse.


– É – Paul concordou. – Ou seja, vocês precisam se resolver.


– Malfoy – Violet trincou os dentes –, se você admitir que gosta dela, acabamos com essa aposta... E vocês podem viver juntos e felizes para sempre.


O silêncio na Sala Comunal foi porque todos ali esperavam a resposta de Draco, mas ela não veio. Draco apenas encarou Violet e respondeu:


– Você anda lendo muitos romances ultimamente.


– Estou falando sério!


– Violet, já não basta o Paul com essa ideia, agora você? – Draco frangiu o cenho.


– AAAARGGHHH!


Anos de amizade, Draco descobriu que após aquele som que as garotas fazem quando estão estressadas, elas saem revoltadas de onde quer que estiverem. E às vezes você até pode querer ir atrás delas, mas isso realmente seria uma tremenda idiotice. Por isso o Malfoy nem se mexeu quando Violet se levantou do sofá e saiu da Sala Comunal, batendo a porta com força.


– TPM? – Niall perguntou.


– É provável – Paul se acomodou mais no sofá, mas voltou aquela posição quando Violet voltou para a Sala Comunal, mais irritada do que tinha saído.


– E não, não estou na TPM! – e novamente a francesa saiu pela Sala Comunal, batendo a porta com mais força que o necessário.


Draco revirou os olhos.


– TPM – ele concordou. Brian jogou a bola de espuma para o Malfoy, que voltou a jogar na parede, sem algum ânimo.


– Não vai dizer pra gente por que você e a Hermione estão... Dramionando por Hogwarts, não?


Draco riu: – Dramionando?


– Dramione... sabe? O shipper de vocês – Brian fez careta – Nossa, que gay. É coisa da Violet, eu juro.


– Mentira – Paul riu.


– Alguns dias sem eu e vocês já estão juntando nomes – Draco riu.


– Faz o que? Você e Hermione formam o tipo de casal que minha tia quer ver junto naquelas novelas mexicanas... – Brian transfigurou duas garrafas de cerveja amanteigada e entregou um copo cheio para cada um.


– Amor Bueno? – Niall se levantou, animado.


– É – Brian respondeu surpreso.


– Você acha que a Herlinda vai ficar com o Henrique ou com o Dante? – ele perguntou.


– Ahh, acho que já foi a vez do Henrique – Gus tomou um gole de cerveja e fez uma reverência exagerada – Não passa da amizade.


– Eu acho que ela deveria escolher o Dante – disse Paul.


– Gente... – Draco chamou, balançando a mão na frente dos amigos.


– Ah, vai dizer que nunca assistiu Amor Bueno?!


– Não...


Os garotos exclamaram um "hãn" exagerado e puxaram as poltronas verdes para perto do sofá de Draco.


– Então, querido amigo, prepare-se para a melhor história de amor de todos os tempos – Paul deu um longo gole antes de continuar – entre Herlinda e Dante.


Draco tomou um gole de sua cerveja amanteigada e deixou os amigos falarem. Fazia um tempo que eles não tinham um momento daqueles, com direitos a cerveja e risadas.


No dormitório feminino da Grifinória, a ultima coisa que Hermione esperava naquela quinta-feira a noite, era uma carta de Violet.


Corujal. Agora.


Violet.


Ok, não era bem uma carta, mas parecia urgente. A letra de Violet, que geralmente é cuidadosa, numa caligrafia que se via nos livros escritos a mão de antigamente, estava mais parecida com um dos garranchos de Ronald.


A Granger colocou uma blusa de frio por cima do pijama e foi, esperando não ver ninguém chegando para que peguem ela saindo esse horário.


– Violet? – Hermione chamou.


– To aqui – ela sussurrou, saindo de uma das pilastras.


Hermione viu uma coruja sair pela janela carregando uma carta, ela imaginou ser da Violet, mas não perguntou.


– O que aconteceu? – Hermione perguntou.


Hermione se surpreendeu quando Violet começou tagarelar em francês, mas ela entendia tudo muito bem, as viagens à Paris nas férias serviram para alguma coisa.


– Eu não deveria contar, mas ele está me irritando de um tanto que você nem imagina – ela começou, em francês – Draco ficou todos os dias lá na Ala Hospitalar. Ia sempre nas horas vagas, no almoço, na janta, até no café-da-manhã. Ele até pegou amizade com a Lovegood, um dos motivos pelo Weasley e ela terem se revolvido lá.


– Malfoy foi o motivo? – Hermione perguntou surpresa. Mais perplexa do que surpresa, na verdade.


– Sim, você pode achar que a Ala Hospitalar foi um mar de rosas nos leitos de morte, mas houve muitas brigas antes de formarem os casais. O Weasley entrou nessa categoria – Violet continuava falando em francês.


– Categoria?


– É, ele e Luna brigaram um pouco antes de se resolverem.


Hermione assentiu, esperando Vilolet continuar.


– E foi o Draco que fez ele se resolver com a Lovegood.


– Nãããooo – Hermione riu.


– Siiimmm – Violet balançou a cabeça.


Graças ao Malfoy, Rony conseguiu conquistar Luna.


– E por que ninguém me contou isso?!


– Porque aí teríamos que dizer por que Draco estava lá na Ala Hospitalar e...


– Por que mesmo?


– Por você – Violet balançou a mão na frente do rosto, coisa que Hermione já estava acostumada em ver no meio das conversas delas. Mas Violet dizia aquilo como se comentasse as horas, como se aquilo não gerasse mais um motivos para Hermione e Draco brigassem. Era aquilo. Era aquilo que faria Hermione sair da "desvantagem" com Malfoy. – Mas você ainda estava desacordada, então não o via. Ele não saia de lá, Hermione. Estava sempre nos levando comida que pegava na cozinha, ficava lá conversando com a gente, esperando você acordar para contar as novidades.


Violet revirou os olhos, e sorriu.


– Ele nos pediu para não te contar. – Violet parou e olhou para Hermione. Ela estava encarando Violet, como quem olha para um professor quando não está entendendo a matéria – Tá tudo bem?


Hermione balançou a cabeça, saindo do seu transe: – Claro.


Depois de um longo silêncio, Violet finalmente disse:


– Hermioneprecisodeumconselho.


– Quê?


– Precisodeumconselho.


– Precisa...


– Deumconselho.


– Coelho? O que você vai fazer com um coelho?


– Conselho! Preciso de um conselho.


– Ahh sim – Hermione coçou a nuca; era péssima com conselhos – Pode falar.


– É o Paul – Violet admitiou, olhando as próprias mãos – Achei que daríamos certo, mas... Não deu certo. Quer dizer, já passamos por tantas coisas juntos que não consigo vê-lo além de um amigo.


– E que amigo...


– Aquela vez na Ala Hospitalar não foi a primeira. – Violet ignorou o comentário de Hermione, mas deu risada – Já tínhamos ficado umas vezes antes, mas não assumimos nada por causa do Brian e tal... E eu era gamada no John... Acho que ainda sou. Mas ele está namorando aquela garota e... Paul é melhor pra mim, não é?


– Não escolha o cara melhor – Hermione respondeu, olhando pela janela. Já tivera uma conversa dessas com sua tia trouxa quando mais nova. – Escolha o cara que faz de você uma garota melhor.


Hermione não acreditou no que disse e nem imaginou, naquele momento, no Corujal conversando com Violet, que aquele conselho logo serviria para ela.


Violet finalmente a olhou. Um instante antes de se levantar, dar um abraço forte em Hermione e arrastar a amiga para fora do Corujal, onde, saltitando, foi pra Sonserina. Parece ter funcionado.


Graças ao Malfoy, estou com supostas amizades sonserinas, o que não é tão ruim assim.


Ao chegar na Grifinória, ainda rindo pelo que aconteceu com Violet, ela teve uma pequena dose de Gina&Harry. Há alguns meses atrás, ela se incomodaria com aquilo e choraria no quarto, mas ela apenas se sentiu feliz por Harry estar muito bem com a garota que ele amava.


– Olááá – ela disse ao entrar na Sala Comunal.


Gina ficou corada; Harry se remexeu no sofá.


– Oh, podem voltar ao que estavam fazendo... Eu to ali no quarto caso precisem de alguma coisa – ela sussurrou para Harry. Ele balançou a cabeça sorrindo – Caso Ron apareça...


É, graças ao Malfoy, não sinto mais nada por Harry e agora ele pode ser feliz para sempre com Gina que, graças ao Malfoy, não sinto tanta raiva como antes.


Novamente, ela se encontrava em seu dormitório na Grifinória, deitada na cama e tentando dormir sem muito sucesso.


<< Flash Back on >>


– Hermione, escuta essa.


Sua tia, de meia-idade, divorciada e com três filhos já casados, encontrava-se na cozinha, prestando mais atenção no programa de TV sobre culinária italiana, do que na comida que estava fazendo.


Aquela era sua tia favorita, porque ela era uma das únicas que sabia, que Hermione detestava cozinhar, ou ter os papos que suas outras rias e primas tem, então ela levava Hermione para a cozinha e deixava a garota lamber as colheres da sobremesa enquanto cuidava da refeição principal.


– Um dia, você vai encontrar um cara que, na hora, será perfeito... Você logo vai se ver apaixonada e querendo chamar a atenção dele – a tia começou. – Mas então você vai conhecer um outro cara que você não vai precisar se esforçar para chamar a atenção dele. Ele já vai te amar enquanto você quer conquistar o que você julga melhor... – a tia olhou para o que estava fazendo na panela, passou a colher e entregou para Hermione, que aprovou com um aceno – Não escolha o cara melhor Hermione – ela disse – Escolha o cara que faz de você uma garota melhor.


No momento, aquilo não era nada para a jovem de 13 anos com a tia na cozinha, provando sobremesas. E Hermione nunca achou que um dia precisaria daquilo; não era uma coisa que ela diria para Harry ou Ron. Nem chegou pensar que dali dois anos teria que refletir sobre. É, nem todas as respostas estão no livros.


A tia já deu vários conselhos aleatórios para Hermione e, assim como este, a morena também não chegou dar tanta importância.


<< Flash Back off >>


Mas que agora, ela entedia muito bem.


Na ultima tentativa de escrever em seu diário, ela pegou o livro velho debaixo do colchão, tinta e começou a escrever.


Querido diário,


É surpreendente como tudo muda em um mês, ou menos até.


Há algumas semanas atrás, eu não me via nesse dilema. E como é horrível! Não ter respostas, não saber o que fazer, onde ir, o que dizer, a quem dizer.


Desde o 2º ano, era apenas Harry. No terceiro era Harry, no quarto ano era Harry, no quinto ano era Harry, no sexto ano...


Consegue ser inacreditável a facilidade que Malfoy entrou na minha vida. Como de uma hora para a outra. Às vezes eu fico me perguntando se se eu fizesse tal coisa diferente daquilo, teria acontecido de outra maneira... Sei que não faz sentido nem pra mim, mas espero que quando eu estiver com meus 37 anos, em casa, arrumando as coisas no sótão e encontre esse diário, eu vou ler e talvez eu até concorde com o que está escrito.


Talvez eu faça piadinhas do tipo "Ah, eu achava isso?", "nossa, eu estava certa nisso" e até mostre para minhas filhas e para meu marido que até vai rir da ideia e dizer um "bons tempos" se referindo a Hogwarts. Aí vamos sentar na mesa na hora do jantar, e ficar conversando sobre como foi nosso dia.


Fui longe agora.


Enfim, muita gente, incluindo muitos trouxas, acreditam em destino. Acreditam que é uma coisa que nasce com a gente, que já está escrita, etc. Eu não acho isso. Mas eu também não achava que um dia estaria trancada no meu quarto na Grifinória porque estaria pensando seriamente na minha reação ao ver o Malfoy depois do que aconteceu. É, não queria admitir, mas Malfoy está me tirando o sono – encare como quiser essa frase. E, aliás, o que aconteceu – os motivos por eu estar aqui, emburrada, tentando escrever – também não passava pela minha cabeça.


Se alguém, algum dia antes disso, chegasse em mim e falaria uma coisa dessas, essa pessoa receberia minhas gargalhadas bem humoradas, porque "nossa, Malfoy e eu?! Tipo, nunca!".


E é aí que que quero chegar.


Inacreditável a forma que ele entrou na minha vida e bastante duvidaval o fato de ainda continuar. Ou a forma de ainda continuar, que seja.


Hermione parou de escrever, arrancou a folha do diário e jogou em seu malão, bem no fundo, para poder esquecer daquilo. Ela se deitou e apenas conseguiu dormir quando o teto e as paredes deixaram de ser tão interessante.


Hermione se lembra de uma vez que disseram para ela que quando você não consegue dormir é porque está no sonho de alguém. Uma ideia ridícula, ao ponto de vista de Hermione e bem gay para o ponto de vista Malfoy, e é por isso que devemos sublinhar que Draco Malfoy não estava sonhando com a Granger, mas sim pensando – o que dá na mesma, mas Draco não merece mais gente falando de como ele está gostando da Hermione.


O que ele não sabia é que essa garota estaria no dormitório da Grifinória, bem acordada.


Os garotos roncavam em suas camas, totalmente bêbados sem chances de levantarem no dia seguinte para as aulas. Nem ele tinha chances de levantar para o dia seguinte.


Isso porque começou com uma simples brincadeira. Era uma aposta, gente!, onde você tem que realizar o desafio senão perde a aposta... Simples. No começo, parecia fácil, mas Draco descobriu que além de sabe-tudo irritante, a Granger era teimosa, orgulhosa, autoritária e cabeça dura.


Vocês tem isso em comum.


Ok, tinham. Afinal, ele era um Malfoy, os adjetivos de teimosia, orgulho, autoridade e, hã, cabeça dura vinham no pacote.


Tão cabeça dura que não entende os próprios sentimentos. E ele não quer acabar com isso logo de uma vez. Sabe que a qualquer momento pode desistir da aposta porque enjoou da Granger, e pode ficar com qualquer garota sem dar explicações para Hermione... Como fez aquele sábado com Alice.


Foi uma das maiores canalhices dele com a Granger, só perde para o momento em que a beijou.


Não, ele não se arrepende do beijo que deu em Hermione na sala da monitoria-chefe, mas, para ser sincero, aquela não era a reação que ele esperava dela.


Quer dizer, Hermione deu um tapa nele. Aquele tapa ainda doía.


E Draco detesta saber que ela fez aquilo porque ele não era o Potter.


Potter. Por que este a faz sofrer tanto? Por que prefere a ruivinha água-com-açúcar? Qual a graça daquela menina? Com aquela cara de sono que ela tem, depois de uma noite bebendo... E por que Hermione ainda gosta dele? Potter tem aquele cabelo bagunçado e aqueles óculos redondos, francamente!


Draco chutou seu criado-mudo, irritado com seus pensamentos. Ele vestiu a capa da Sonserina e pegou a vassoura de Brian por não encontrar a sua. Saiu pela janela logo de uma vez, para não ter que atravessar o castelo. O problema não era Filch e a gata, o problema era a necessidade que ele teria que fazer isso.


É, ele foi até Hermione.


É simples amar alguém, Malfoy, mas é mais difícil saber quando é preciso dizer isso em voz alta.


Esse era o problema de Draco.


Não sabia o que iria fazer, ou o que iria falar quando a visse. Talvez estivesse dormindo ou talvez ele nem encontre o quarto certo, já que a Grifinória tinha inúmeras janelas naquela torre.


Ele tentou o quarto da monitoria da Grifinória, mas ela não estava lá. Quase desistindo da ideia de pagar de Romeu, ele deu uma volta na torre e a viu. Deitada na cama de frente para a janela, dormindo de lado, com testa frangida e com seu caderno ao lado.


Draco riu da cena.


Granger.


Ele se aproximou um pouco mais da janela e viu Lilá Brown dormindo, na cama ao lado estava Parvati Patil.


As duas sextanistas companheiras de quarto de Hermione que impedia Draco de entrar naquele quarto.


Ele se aproximou mais, abrindo a janela de vagar. Talvez a Brown ou a Patil não se importem se ele entrar para falar com Hermione.


Hermione se mexeu na cama, virando de lado, deixando seu livro cair aberto. Draco daria todo seu ouro para ler o que estava escrito naquele diário, e abriu mais a janela, quase entrando por inteiro no quarto.


Mas o Malfoy desistiu da idéia.


Não seria justo com ela. Ele ficou de perguntando qual seria a reação da morena se acordasse e não encontrasse o diário ali. Ele poderia ler e entregar ainda aquela noite quando terminasse, mas não queria arriscar entrar na Grifinória novamente, então foi embora logo depois de tirar do bolso da calça suas anotações e respostas para o trabalho de Poções e deixar no livro aberto. De alguma forma, ele queria que ela soubesse que ele esteve ali.


Ela tem que saber que ele esteve ali.


No dia seguinte, Malfoy e o resto dos garotos foram arrastados por Violet para a aula.


"Quem mandou beber tanto noite passada!?", e ela reclamava, "Como se a cerveja amanteigada fosse entrar em extinção. LAVANTA DAI, LARS"


"Francamente, que horas vocês foram dormir ontem? E você, Malfoy, onde estava?" e não parava.


– Draco?! – e assim ia.


– Que é?


– Aonde estava noite passada? – e falava e falava.


Draco suspirou, arrancou sua camiseta, pegou a toalha e foi pro banheiro, deixando uma Violet irritada no dormitório masculino da Sonserina.


"Homens...", ela murmurava ao sair do quarto.


Já no dormitório feminino da Grifinória, as garotas murmuram sonolento um "ahhhhhhuuunn" se recusando a se levantar da cama.


– Vamos nos atrasar – Parvati, que cobria o rosto com as mãos, se remexeu na cama – Quem deixou a janela aberta?


– Acho que foi eu – Lilá se virou na cama, fazendo com que a luz do sol que invadia o quarto desse no rosto dela. Ela cobriu o rosto com o travesseiro.


– Isso, fica desse jeito – Hermione cobriu o rosto com a coberta vermelha, mas a luz ainda dava no rosto dela.


– Estamos no outono, né? Não deveria estar chovendo ou sei lá?


– Outono é a época das secas, Parvati – Hermione murmurou.


– Que sejaaaaaa.


Hermione se remexeu novamente na cama, e deu de cara com o relógio que tinha no criado-mudo.


E aí Hermione despertou.


– Gente, vamos nos atrasar – ela deu um salto da cama, assim como Lilá e Parvati que também tiveram noção da hora.


As três sonolentas tentavam chegar no banheiro sem deixar a outra passar. Lilá caiu antes de chegar na porta, Hermione desistiu de tomar banho quando Parvati conseguiu entrar no chuveiro. Resolveu só escovar os dentes e tentar dar um trato em seu cabelo que parecia mais com uma juba de leão bem desarrumada. Ela nunca de sentiu tão grifinória quanto naquela manhã.


Lilá enfim entrou no banheiro, mas com um pequeno machucado na bochecha. Ela pegou papel higiênico e passou no machucado para limpar o sangue que escorria.


– Usa esse aqui – Lilá entregou um pedaço de pergaminho para Hermione.


Estava escrito um feitiço que a morena não conhecia, então ela perguntou


– É para arrumar o cabelo – Lilá disse impaciente, esfregando o machucado – É o que eu uso.


– Você me viu todas as manhãs nesses últimos anos, me matando e quebrando pentes de cabelo, e nunca me falou desse feitiço? – ela perguntou indignada, ainda olhando o feitiço.


Lilá riu: – É.


– Ah, muito obrigada – Hermione ironizou. Ela foi no quarto, pegou um pedaço de pergaminho e escreveu um feitiço. Entregou para Lilá – Ei, usa esse aqui.


– Para que isso?


– Para esconder esse machucado – ela disse saindo do banheiro.


– Fico me perguntando quantas vezes você usou esse feitiço...


– Use e fique quieta – ela disse do quarto.


Hermione se trocou rapidamente e deixou seu cabelo em perfeito estado com o feitiço de Lilá. Ela estava arrumando seu material quando Parvati saiu do banheiro toda arrumada e Lilá com o cabelo arrumado, mas de pijama ainda.


Ela esperou as duas e, juntas, foram para o Salão Principal, onde só se via os atrasados copiando trabalhos dos amigos para entregar. Para a não surpresa das meninas, Ron estava na mesa da Grifinória, os garotos estavam também, mas não copiavam um trabalho, eles riam do desespero de Rony.


Automaticamente, Hermione procurou o dono dos cabelos loiros na mesa da Sonserina e se arrependeu quando ele enfim a olhou... olhando ele.


Ei, não olhe agora! Estou olhando para você!


Draco balançou a cabeça e olhou para baixo, sorrindo, depois se virou para Niall e Samuel que mantinham uma conversa animada sobre Quadribol.


– Semana que vem começa os jogos de Quadribol – Lilá disse para Hermione, olhando para a mesa da Sonserina.


– É – Ron, que estava tentando terminar o trabalho de Poções, esticou o braço para pegar um pedaço de panqueca no prato. – Vamos jogar contra a Lufa-Lufa.


– "Vamos"? – Lilá fez aspas no ar.


– Pois é, loirinha, você está olhando para o mais novo goleiro da Grifinória – Rony sorriu.


Assim como Lilá, Hermione e Parvati gritaram, comemorando.


– Parabéns – Parvati jogou uma maçã para ele.


– É, Ronald, você vai ficar uma graça com aqueles uniformes de Quadribol – Hermine riu, apertando o braço de Rony.


– A Sonserina vai jogar no outro sábado – Harry respondeu a pergunta Lilá, que Hermione não tinha ouvido – Contra a Corvinal – Harry se inclinou um pouco mais na mesa para as meninas, ignorando Rony ao lado que podia ouvir – porque Rony não queria jogar contra a casa da Luna logo de primeira.


As garotas riram. Rony deu uma cotovelada em Harry e voltou a copiar a tarefa.


– Transfiguração? – Harmione perguntou olhando para o papel.


– Não, Poções – ele respondeu – Não entendo nada da letra de Harry! Sua letra é mais bonita, Mione, me empresta o seu?


Hermione abriu a boca para falar, mas se lembrou de que não tinha feito esse trabalho de Poções. Só tinham ajudado ela em alguns, e sobrara um ainda. Ela gemeu, balançando a cabeça, se levantando.


– Não terminou aquele? – Harry perguntou, dessa vez preocupado.


– Não – ela balançou a cebeça e foi em direção a porta, mas o sinal da primeira aula já tinha soado pelos corredores. Estava ferrada. Ou era o trabalho de poções ou era perder a aula de História da Magia, uma aula que ela também não era uma das favoritas do professor.


Argh, Snape e esse fantasma devem particicipar de algum tipo de clube Faça Hermione Granger Reprovar.


Hermione só parou de correr quando trombou com algo... Ou alguém.


MAS QUE DROGA! POR QUE TINHA QUE SER ELE???


– Granger – a serpente disse, numa fingida animação.


– Malfoy – ela trincou os dentes. – Sabe, eu adoraria ficar para conversar, mas... Ah, por favor, Malfoy, eu não adoraria.


– É, sabe, prevejo que meu dia vai ser tão entediante como ontem, então... Como está seu dia, Granger?


– Esqueci de fazer o trabalho de Poções e...


– Não seja boba, eu não me importo.


Hermione ficou olhando para Malfoy, esperando, mas Draco não disse mais nada. Mas já estava acostumada com aquilo, então não se importou muito


– Te odeio – ela disse.


Ok, talvez eu me importe um pouco.


– É recíproco, querida.


Draco acompanhava Hermione pelos corredores, como se tivesse feito aquilo todos os dias. E aquilo estava irritando Hermione.


– Qual seu problema? – ela perguntou impaciente.


– Tenho muitos, um deles é você.


– Sério? Eu fui promovida do meu cargo de perturbante?


– Perturbante? – Draco tentava não rir.


– Você entendeu. Então... Sou seu problema agora, Malfoy?


– Na verdade não, eu só estou proibido de perturbar primeiristas, segundistas, terceristas, quartanistas, grifinórios... E assim vai.


– Eu sou grifinória, caso tenha esquecido.


– Você é a Granger, sempre vai ter uma exceção para você.


– Fico me perguntando se isso é bom ou ruim.


– Afinal, onde estamos indo mesmo? – Draco perguntou.


– Eu estou indo pra Grifinória para fazer meu trabalho de Poções. Você eu não...


Hermione foi interrompida pelas gargalhadas que vinham do irritante loiro ao seu lado. E como era irritante as risadas dele! Odiava hienas porque elas lembravam o Malfoy.


Se Salazar Slytherin não gostasse tanto de cobras, Hermione acreditaria que o mascote da Sonserina seria uma hiena.


– Que foi?


– Você não fez mesmo o trabalho de Poções?


– Eu esqueci! Faz parte! – ela gritou, dando um tapa no braço de Malfoy para ele parar de rir. – E se não notou, estou tentado chegar na Grifinória para fazer o maldito trabalho.


– Ah, tá, que seja – Draco passou a mão no lugar que ela bateu, segurando a risada.


Draco observou Hermione subir as escadas da Grifinória impaciente. Ele riu ao saber que aquilo ainda tinha efeito na Granger e só a chamou quando ela estava no meio do caminho para a sua Sala Comunal.


– Te aconselho procurar no seu diário.


– O quê? – Hermione parou.


– Tenha um bom dia.


Draco, com as mãos nos bolsos da calça, voltou para o Salão Principal. Tinha aula de História da Magia dali a pouco com a Grifinória.


"Te aconselho procurar no seu diário". Mas que raios?!


Hermione vasculhou seus livros de Poções e suas anotações, jogou tudo na cama e começou escrever sobre a poção que Snape pedira. Antes de concluir um parágrafo, ela viu pelo canto do olho, o diário caído perto do seu criado-mudo.


Um pergaminho era usado como marcador de página.


Hesitante, ela abriu o diário e pegou o papel. Tinha a elegante caligrafia de Malfoy


Ela leu o que estava escrito, duvidando do que achava, e descobriu que aquilo era as respostas do trabalho que estava fazendo.


– Entregar ou não entregar. Entregar ou não entregar. Entregar – Hermione olhou para o pergaminho e o largou na cama – Não entregar. Ahh, só tenho 10 minutos... Entregar... – ela pegou o pergaminho – Ok, mas o Snape pode desconfiar... – Hermione voltou a escrever no pergaminho que tinha começado. Mas, novamente, ela se interrompeu, pegou o pergaminho de Malfoy, jogou os livros de Poções e os pergaminhos na bolsa e foi para a aula de História da Magia – Certo, 8 minutos...


Por sorte, quando chegou na sala, o professor ainda não tinha dado início a aula e estavam todos conversando. Ela se sentou no canto da mesa – história da magia: a única aula que tinha duas mesas cumpridas para a turma como no Salão Principal. Sendo que a sala sempre ficava dividida em Sonserina e Grifinória, era meio raro ver alguém mudando de mesa, mas naquela aula isso aconteceu.


Pouco antes do fantasma começar a falar e falar sobre como era o Antigo Regime no Mundo Mágico, Violet Mallette pegou suas coisas e foi para a mesa onde estavam os grifinórios.


O silêncio que ocorre geralmente naquela aula é por causa dos preguiçosos que dormem nas explicações do professor, e nunca houve um silêncio com todos bem acordados como aquele.


– Não me olha assim – Violet colocou suas coisas em cima da mesa, ficando de frente para Hermione no canto da mesa. – Um Potter já basta para manchar meu histórico de amizades, não preciso de mais grifinórios.


Hermione deu de ombros, rindo.


– Resolveu aquele problema com o Paul, né – ela adivinhou.


– É, mas eu esperava conversar com ele na Sala Comunual e não aqui


– E por que não esperou para conversar com ele na Sala Comunal e deixou para conversar aqui?


– Ele estava me fazendo perguntas! Entrei em pânico! Foi num impulso!


– Ah, claro.


Logo, todos ali voltaram para suas conversas animadas sobre noite passada. Lilá fez questão de incluir Hermione e Violet numa discussão sobre por que mesmo as garotas assistem Quadribol. No começo foi estranho para Violet, já que os assuntos com os garotos na Sonserina eram diferentes desse, mas logo ela se viu conversando animadamente com Lilá e Parvati sobre os times de Quadribol que gostava por causa dos jogadores.


Hermione e Violet só tiveram Poções juntos naquele dia, o ultimo horário antes do almoço.


Esperava estar enganada, mas Hermione viu o Malfoy sorrir de lado quando Snape entregou o trabalho para ela corrigido, sem criticar algo.


Graças ao Malfoy, consegui não reprovar em nenhuma matéria


As aulas depois do almoço foram mais tranquilas. Algumas era com a Corvinal, e ela aproveitava o momento para conversar com Luna enquanto Rony conversava com os corvinos sobre... Quadribol.


No meio da aula de Transfiguração, Hermione e o resto da turma foram lembrados pela professora McGonagall que Dumbledore resolvera voltar com o Clube de Duelos e que iria acontecer um depois do ultimo horário.


Hermione foi por insistência de Lilá e a morena ainda insistiu que Harry e Rony fossem.


Devido ao animo para o baile no dia seguinte, algumas garotas não compareceram, e as que compareceram foram para ver os garotos duelando com outros garotos. Vulgo Lilá e Parvati.


Os professores não ensinaram nada que Hermione não sabia e, para ela, aquilo parecia mais com uma Armada Dumbledore Liberada para Sonserinos – já que eles estavam ali, e isso incluía Draco.


Quando a aula terminou, Hermione correu para seu quarto na Grifinória, pegou seu diário e começou escrever.


Porque ela já tinha o que escrever.


Tudo graças ao Malfoy.





 

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