Quando o Universo conspira





IMPORTANTE: ** Capítulo dedicado a Diênifer Santos Granger ** Ok, podem começar. Boa leitura :)


Capítulo 8: Quando o Universo conspira contra você

Draco acordou com um grito vindo do quarto ao lado. Levantou sonolento e assustado e foi até o quarto de Hermione com a varinha armada.


Pensando em que infeliz ele amaldiçoaria por tê-lo acordado, Draco entrou no quarto e apenas viu Hermione socando o travesseiro. Ao se aproximar, viu que a Granger dormia, mas tinha lágrimas nos olhos e ainda gritava.


Ótimo, ela está tendo pesadelos.


O Malfoy balançou a cabeça e cutucou Hermione para ela acordar.


– Ei, Granger.


Ela se levantou assustada, os olhos castanhos inchados e vermelhos encaravam Draco sem entender.


– Você estava gritando – Draco disse mal humorado com a expressão de Hermione.


– Desculpe – ela disse, e se deitou, olhando o teto – Pesadelos.


– Tudo bem – disse ele balançando a cabeça.


– Você pode... Ah, deixa pra lá.


– Quer que eu fique aqui com você?


Hermione o olhou sarcástica.


Draco, que já adivinhava os pensamentos dela, suspirou entediado.


– Você ainda está chorando – ele disse. Hermione respirou fundo e deu espaço para Draco se deitar, ficando no canto da cama.


– Você pode querer abusar de mim – Hermione disse. Draco riu.


– O contrário seria o mais provável – ele respondeu encarando a porta, mas se virou para olha-la. – Você pode querer planejar minha morte.


– O contrário seria mais o provável – ela disse rindo.


– Sempre há essa opção – ele ouviu a risada da Granger e riu junto.


Depois de um longo silêncio, Draco se inclinou para o lado de Hermione; a Granger dormia tranquilamente.


Por que tem que ser assim, Hermione?


Ele voltou para seu lado e pode analisar a cena: Hermione dormindo com parte da coberta vermelha e sua mão estendida para o espaço que havia entre os dois; e ele lá, quase caindo e coberto com grande parte da coberta vermelha-grifinória.


O Malfoy se levantou e, no seu quarto, pegou seu travesseiro e sua coberta verde-sonserina. Voltou para o quarto de Hermione, colocou a coberta verde sobre ela e puxou a vermelha para se deitar no sofá que tinha ali no quarto.


Como prometido, ele ficou ali com ela, mesmo que do sofá, e a noite toda.


**


Querido diário,


A primeira coisa que vi ao acordar essa manhã foi uma figura loira deitada no meu sofá.


Sentei-me rapidamente e me vi com o cobertor – que, aliás, era muito quentinho – verde da Sonserina.


Esse tipo de coisa me fez lembrar que noite passada eu tive pesadelos e Malfoy meio que veio me consolar.


E a lembrança dos pesadelos me fez lembrar que eu saí ontem da Sala Comunal da Grifinória emburrada e passei a noite na sala da monitoria-chefe.


Mas, para me acalmar, eu vim para a sala da monitoria-chefe e acabei ficando por aqui mesmo.


Então acabei sonhando que estava numa sala totalmente sinistra e uma comensal torturava eu e... Gina.


Pelo que me lembro, eu estava gritando por Gina, o que foi pior que a ideia de torturação.


Sou uma infeliz mesmo.


Até mesmo sendo torturada preciso me preocupar com Ginevra Weasley. Mereço.


Tentei esquecer esse pesadelo e fui acordar Malfoy.


Ele estava deitando de qualquer jeito, encolhido, quase caía do sofá. E estava com a minha coberta da Grifinória – tentei não me importar com esse detalhe.


Aqueles cabelos loiros estavam completamente desarrumados, que eu senti a necessidade de arruma-los.


Mas acho que foi com essa vontade que eu tirei uma mecha do olho dele, e me deixei observar aquele ser dormindo.


E como era lindo, Merlin!


Tá, parei.


Mas ele é lindo e ninguém pode negar isso.


Que coisa, estou discutindo com meu próprio diário.


ATÉ MEU DIÁRIO ME CONTRARIA.


Enfim, ignorem os parágrafos acima. Agora vamos lá... Onde eu parei? Ah, sim, Malfoy dormia incrivelmente lindo no meu sofá.


– Acorda, Bela Adormecida.


Me recusei a continuar olhando aquela serpente loira e resolvi fazer algo que prestava: abrir minhas cortinas.


Quando me virei para olhá-lo, Malfoy já não estava mais ali. E ele tinha saído com a minha coberta vermelha.


"Esse sofá", eu ouvi da serpente, "é mais confortável que o meu. É algum tipo de preconceito..."


Não faz muito tempo que eu descobri que aquela serpente albina me apostou, mas eu deixei passar porque "ele tinha desistido da aposta", então não tinha mais motivo para xingar e acabar com ele. Mas aí eu descobri que o projeto verde de comensal foi desafiado novamente e aceitou novamente.


Grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr!


Mas eu tive uma ideia de gênio: entrar nessa aposta também, mas sem Malfoy saber que estou nela. Maravilha. Ia ser fácil, na minha cabeça, eu só precisava fazer ele desistir da aposta – e depois de uma noite pensando como eu iria fazer isso, descobri que, bem, eu iria ter que virar uma putinha. Uma coisa que está fora de questão.


É, esse era meu plano com Violet, mas esquecemos de um detalhe que não deveria ter passado despercebido de forma alguma: estamos falando de Draco Malfoy.


Minhas táticas de vencer essa aposta estão saindo uma pior que a outra, e, segundo minhas contas de sabe-tudo, não vai demorar muito para ele entender que eu sei dessa e que estou nela.


Mas uma das grandes vantagens de ter o Malfoy como adversário, é que aquela criatura só é linda e não inteligente. Pode ser esperto, mas não é inteligente... Isso faz algum sentido?


Que seja, isso aqui é meu diário, não tem que fazer sentido.


E, para ser sincera, esse diário anda meio desatualizado.


As últimas páginas dele falavam do que rolou em Hogwats enquanto eu estava em coma (!) e depois eu não falei de mais nada.


Então lá vai.


– Vão com quem? – Harry perguntou jogando o Profeta de Hogwats na mesa, onde anunciava que seria um baile de máscaras.


– Convidei Luna – Ron disse.


Harry olhou para mim.


Dei de ombros em resposta e peguei o jornal.


– E você? – perguntei.


Ele balançou a cabeça.


Voltei a ler a interessantíssima coluna que falava do Baile de Outono.


“Quem será que Draco Malfoy levará para o Baile de Outono?”


Aff


– E Gina? – levantei a cabeça e vi Ron de boca cheia encarar Harry.


– Gina e eu não...


– Harry, eu sei que ainda gosta dela – Ron murmurou.


Tá aí uma coisa que eu nunca pensei que ouviria vindo de Rony.


De repente, o bolão que estavam fazendo para saber quem Malfoy levaria para o baile não estava mais tão interessante.


Harry se virou para mim e eu afundei no banco, meio envergonhada por aqueles olhos verdes terem efeito sob mim ainda.


– Acha que devo chamar ela?


Me virei para onde a ruiva se encontrava e a vi sentada sozinha no canto da mesa, com o Profeta de Hogwarts na mão. Depois dei uma garfada em um bolo de chocolate na minha frente e respondi:


– Acho que sim. – Eu queria dizer "não, claro que não", mas sabia que seria errado.


Murmurei um "vai lá" para Harry.


– O que eu falo? – ele perguntou, meio nervoso. O vi afrouxar a gravata.


Dei risada: – É só chamá-la.


– Ah, Hermione, ambos sabemos minha experiência para chamar as garotas para ir ao baile.


– Vai logo, antes que eu desisto da ideia de permitir isso – Ron disse. Dei uma cotovelada nele.


– Não é você que decide isso, Ronald.


– Você está do lado de quem?


Apertei o lábio.


– Cale a boca, Rony – ele se limitou a balançar a cabeça e comer mais um pedaço de bolo. – Se você não chamar – eu disse para Harry, olhando em direção a Gina, onde vi um garoto da Corvinal se sentado de frente para ela – outro chama.


– Eu falo com ela na sala comunal – Harry bufou.


– Nem pensar! Vai lá! – quase gritei, mas ele não se mexeu então eu gritei – Agora!


– É, vai lá e faz o favor de tirar o Woldy de perto dela – Rony disse.


– Woldy?


– É o nome do cara.


– Ah – então vi que Harry ainda continuava sentado – Harry...


– Tá, estou indo – ele se levantou, e depois de um tempo pensando parado, voltou a se sentar – Não acha melhor mais tarde?


– É, Hermione, podemos arranjar Firewhisky para ele.


– Nem pensar! – falei já irritada – E onde iríamos encontrar firewhisky, Ronald?!


– Com os alunos da... – e Rony se calou. – Deixa pra lá. Vai logo, Harry.


– Depois vamos conversar sobre isso – eu disse para Ron.


– Tá, tá, vamos focar no problema do Harry aqui.


– Tudo bem, eu vou – Harry disse, meio nervoso – ... Agora. Você não pode arranjar firewhisky agora pra mim, Rony?


Olhei para ele irritada, isso fez com que ele se levantasse para ir até onde a ruiva estava – dessa vez sozinha.


Rony e eu observamos Harry até ele se sentar de frente para ela, e dizer alguma coisa.


– Nosso menino está crescendo – Rony choramingou.


– É, parece que foi ontem que ele estava nervoso para convidar a Cho.


– E quando ele contou do beijo deles.


Eu apertei o lábio, mas acabei rindo junto com Ron.


Quando parecia que o papo entre Gina e Harry estava bom demais para Harry voltar para nós, eu arrastei Ron para a aula de Transfiguração – que era com a Corvinal, então eu fiquei de vela até Harry chegar.


– Er... Hermione... quando eu perguntei o que você achava... era para saber... se talvez... você já... ainda...


Foi nessa ordem, diário, que Harry falou comigo.


– Se...


– Aquele assunto... – ele disse.


– Sim...


– Você sabe!


– Ah, sim... Hã – aquele assunto lá de gostar do melhor amigo. Aquela zona de clichê. Aquele lance da “friendzone”. Aquele lá. – Já superei, Harry.


QUE MENTIRA!!!


INFELIZMENTE, EU NÃO CONSIGO SER EGOÍSTA A PONTO DE PRENDER HARRY EM MIM COMO JÁ PENSEI EM FAZER. MAS A VIDA SEGUE NÉ?


Está aqui, diário, um dos motivos por eu ainda gostar de Harry: ele é sempre tão atencioso.


– Ah, claro, fiquei com medo de chamar Gina por causa disso.


– Sério? – SÉRIO???


– É.


Foi o que ele respondeu um instante antes da professora começar a aula.


– O que vai fazer depois da aula? – Harry perguntou.


– Nada – eu respondi prendendo o riso – Lago Negro?


– Lago Negro – ele respondeu. Anotou alguma coisa no pergaminho e guardou no bolso da calça.


Tentei observar isso sem esquecer que era com Gina que ele estava, era a Gina que ele levaria para o baile e... era da Gina que ele gostava.


Nada passaria do amor de amigo que ele sente por mim.


– Ok – eu respondi sem olha-lo.


Dalí algumas horas, eu me sentaria com meu melhor amigo e conversaríamos como dois amigos devem conversar. Coisa que não fazíamos desde que viemos a Hogwarts.


Engoli em seco com a ideia e tentei prestar atenção na professora.


Os acontecimentos seguintes fizeram com que eu concluísse que o universo conspira contra minha pessoa.


Por conta do meu suposto coma (!), eu perdi muitos dias de aula. E, mesmo que o Malfoy tenha ido lá à Ala Hospitalar levar as anotações dele, eu me dei mal em uns trabalhos.


Para poupar palavras, fiquei de recuperação.


Ah, mas no que isso agiria no encontro com Harry?


Para você ter ideia, caderno velho, a última aula era Poções.


Snape falava como se eu quisesse e adorasse o fato de que fiquei sete dias desacordada (sete dias e uma noite, para ser mais exata).


Tipo, por favor, não me julgue, eu sei que foi culpa minha, que eu não deveria ter ido atrás de Harry naquela Floresta, mas, nossa, de todos os professores, por que sempre é o Snape que complica as coisas?


– Por conta das aulas perdidas e do seu péssimo desempenho nos últimos trabalhos entregue, a senhorita vai ficar de recuperação e quero os três trabalhos corretos na minha mesa na segunda-feira, Miss... Granger – palavras do morcego oleoso. E ele teve a audácia de torcer aquele nariz anormalmente grande dele ao falar meu sobrenome. E AINDA DISSE ISSO NO MEIO DA AULA, COM TODO MUNDO LÁ.


– Professor, a Hermione estava em coma – na hora, eu até agradeci Brian mentalmente por dizer isso pro Snape, mas depois vi que foi uma péssima ideia.


– Defendendo grifinórias agora, Sr. Lars? – Brian abriu a boca para responder, mas Snape não estava meio que interessado na resposta. Apenas fechei os olhos. Não é com você, não é com você – O que será que seus pais acham disso, hein?


Novamente, ele não esperou a resposta, e foi tagarelando a aula toda sobre grifinórios e sonserinos “agirem juntos”.


Preciso registrar esse comentário aqui: muitos professores elogiaram isso. Falaram que foi uma boca coisa o que fizemos (embora nenhum tenha tirado as detenções né) e que estava sendo ótimo esquecermos a rivalidade entre Godric e Salazar (???). Mas, Severo Seboso Snape reclama disso.


Então eu pergunto novamente por que sempre é o Snape que complica as coisas.


– Soube que agora vocês estão se juntando com a srta. Granger – e ele não parava – que decepção, esperava mais de vocês.


Do outro lado da sala, Violet balançava a cabeça e murmurava um “ignore ignore” pra mim.


Não estou a fim de contar o resto do discurso do Seboso, porque ai eu teria que adicionar os comentários que fiz mentalmente e acho que isso não seria muito seguro colocar isso aqui.


No final das contas, Snape apenas me disse que se os trabalhos não estivessem de acordo, eu reprovaria em Poções.


E ele teve novamente a audácia de torcer novamente aquele nariz anormalmente grande dele ao falar meu sobrenome. E AINDA DISSE ISSO NO MEIO DA AULA, COM TODO MUNDO LÁ.


Então, diário, você já deve ter entendido. Harry, todo preocupado e atencioso, adiou nosso suposto encontro no Lago Negro para outro dia.


Eu fiquei de terminar esses trabalhos na Sala Comunal da Grifinória, onde Ron e Harry se juntaram para me ajudar.


Depois chegou Lilá e Parvati, que ajudaram também e ainda fizeram Simas e Dino ajudarem com as poções. Gina também ajudou (preciso lembrar de verificar a parte que ela fez, porque vai que a ruiva faz mesmo que eu faria com ela, o que eu sei que não seria nada honesto, eu admito... Tá, parei). Já Neville, que disse que não era muito bom com poções, me ajudou com Herbologia – não fui muito bem com o trabalho de Herbologia, mas a professora disse que eu poderia fazer outro e entregar na próxima aula.


Até que foi engraçado ter ficado ali na Sala Comunal com eles me ajudando. Não foi o tédio de sempre, quando eu fazia os trabalhos sozinha na biblioteca e, quase nunca, Harry e Ron apareciam – na maioria das vezes, para copiar.


Isso durou até o jantar.


E seguimos todos juntos para o salão, rindo da cena que acabara de acontecer no Salão Comunal.


– Tá aí uma coisa que não se vê todo dia – Ron disse, rindo.


– É, hoje ajudamos Hermione com os trabalhos de Poções e você finalmente concordou de Harry sair com Gina – Lilá disse.


– Quem te contou isso? – Gina perguntou surpresa, e corada.


– Ah, não tem segredos na Grifinória, Weasley.


Gina olhou para Harry, que balançou a cabeça, ainda rindo com Parvati e Rony.


Depois da janta, fui cumprir as detenções com Violet, já que erámos as únicas que precisassem se recuperar antes para cumprir as detenções com Filch.


Tivemos que ajudar a Professora McGonagall com a sala dela e depois ilustrar troféus na mesma salinha que tive detenção com Malfoy. (Francamente, quantos prêmios há em Hogwarts para serem ilustrados?)


– Planos para o baile? – Violet perguntou passando o pano num dos troféus de serviços prestados a Hogwarts.


– Nem sei se vou para o baile.


– Como assim não vai? – ela disse brava – É claro que vai!


– Ok, e você tem algo em mente, gênio maléfico? – eu perguntei jogando o pano no balde.


– Nem tudo que eu faço é por essa aposta, sabia? Às vezes quero que você só se divirta, sei lá.


Massageei as têmporas: – Eu quero matá-lo.


– Mate depois do Halloween, porque você vai nesse baile sim.


– Violet, eu não tenho par – falei por fim.


– Isso não é desculpa...


– Violet, eu não tenho roupa – insisti.


– Eu dou um jeito nisso.


Ah.


Ah.


Ah não.


Quando enfim terminamos, fui para a Sala da Monitoria Chefe e Violet para a Sala da Comunal da Sonserina. Graças a Merlin, não era quinta-feira e eu não tinha monitoração.


Meu plano era deitar na minha cama e dormir tranquilamente, sem sonhos e pesadelos com Gina, mas é como se a vida esfregasse um HA-HA-HA na minha cara.


“Você quer dormir tranquilamente, Hermione? HA-HA-HA” e assim vai.


Como o teto já não parecia mais interessante e eu já estava ficando com fome, resolvi ir até a cozinha de Hogwarts porque tinha quase certeza de que haveria alguém lá – minha primeira tentativa foi a cozinha da monitoria-chefe, mas lembrei que a aquela hora os elfos estariam dormindo


Só que eu não imaginei que esse alguém seria ele.


Quando vi aquela figura loira sentada de costas para a porta pensei em fechar a porta, recuar e ficar no meu quarto mesmo, com fome. Sem problemas. Mas, claro, aquela doninha foi mais rápida que eu.


– Isso porque dividimos a mesma sala comunal, hein, Granger?


“Ha.


Ha.


Ha.


– Ria a Vida”


Minha expressão, mesmo no escuro, não era das melhores. Não dava mais para recuar e voltar para meu quarto; Malfoy já tinha me visto.


Lembro-me de quando encontrei ele no Salão Principal jantando sozinho e de como eu tive vontade de voltar, mas acabei ficando por lá mesmo. Deveria ter ido embora, porque me lembro de como saí nervosa de lá.


Mas eu atravessei aquela cozinha e me sentei de frete para ele na cumprida mesa.


– Fiz café – disse ele emburrando uma garrafa de café para mim. O olhei sarcástica, ele sorriu – É, eu sei fazer café.


Me virei para pegar leite na geladeira e encontrei uns pães num prato perto de um armário. Peguei também.


– Estou muito curiosa – eu disse passando um pão para ele. Não queria olhá-lo, então o percurso do leite sendo derramado na minha caneca pareceu muito interessante.


Malfoy esticou o braço para pegar a manteiga, depois me entregou um pão já feito e passou manteiga em outro enquanto falava.


Aí eu tive que olha-lo, e me arrependi totalmente. Peguei o café e coloquei na caneca, mas aí o processo do café sendo derramado na caneca não parecia tão interessante assim.


– Dois dias antes de chegarmos a Hogwarts, no terceiro ano – ele começou –, eu lembrei que os professores passaram vários trabalhos para fazermos...


– Ah, eu lembro, meu ano favorito.


Escurei uma risada, mas não quis olha-lo novamente.


– ... e fiquei o dia todo tentando terminar, mas tinha muita coisa, e eu já estava com sono, muito sono. Então fui até a cozinha e acordei um elfo para fazer café pra mim, e como não tinha nada para fazer naquela cozinha, eu fiquei observando o elfo fazer café. Na noite seguinte – eu ainda não tinha terminado todos os trabalhos – acordei o mesmo elfo, mas dessa vez eu pedi que me ajudasse com o café. E foi o que ele fez. Meu primeiro café ficou horrível, claro, mas o elfo acabou fazendo outro para que eu terminasse os trabalhos. Bem, desde aquele dia eu venho treinando para que fique bom.


Cada sílaba que sai da boca dele flertava comigo. Era irresistível, uma vez que ele teria que ser resistível pra mim, diário. É como se ele se gabasse para o mundo de como era lindo e perfeito e como era fácil se apaixonar por ele.


E é por isso que odeio ele.


É isso que odeio nele.


– Você pode ter envenenado o café – eu consegui dizer e ainda dei uma mordida no pão para tentar disfarçar. Tentei me controlar quando fiz a comparação minha com essas meninas que são totalmente apaixonadas por Malfoy.


– O contrário seria mais provável – disse ele – Mas você pode ter envenenado o pão.


– Sempre há essa opção – eu ri me lembrando de noite passada. Malfoy riu comigo e isso me fez lembrar que deveria agradecer ele – Obrigada – sussurrei mais pra mim do que para ele – por noite passada...


Isso soou mais estranho do que eu imaginava.


– O quê? – ele perguntou. Eu senti a necessidade de xingá-lo por tentar se fazer de desentendido mas acabei sussurrando novamente – O quê?


– Obri-ga-da – eu disse de má vontade e um pouco alto – por noite passada... E nem vem pedir para eu falar de novo, porque não vou repetir.


– Tsc, tsc, tsc... Você é inacreditável – ele disse sorrindo. – Não foi nada, Granger.


Depois de um silêncio que parecia eterno, Malfoy disse:


– Aquele sofá...


– É, eu sei – dei risada – confortável.


– Não fique surpresa se um dia chegar no seu quarto e não ver ele lá.


Revirei os olhos e me apoiei na mesa.


– Isso prova que as coisas da Grifinória são melhores.


– Errado! Aquele cobertor não é tão quente assim quanto o da Sonserina.


– Ah, isso é uma verdade.


– E, se não se importa, eu vou pega-lo de volta – ele apoiou os cotovelos na mesa, assim como eu estava. Uma mesa nos separava e eu detestei o fato de ter adicionado esse comentário mentalmente.


– Para ser sincera, eu me importo sim – no momento eu que disse aquilo, me arrependi. Tentei soar o mais sarcástica possível, como se só estivesse provocando ele, mas Malfoy já tinha entendido. Ele chegou rir de lado, aquele sorriso canalha dele que eu odeio e se aproximou mais. Uma garrafa de café nos separava. – E, aliás, você tem um estoque cheio daquelas cobertas na Sonserina.


Poderia estar escuro, mas eu vi ele contrariar o maxilar... E que maxilar, Merlin.


– Ok, já que insiste – ele foi um pouco para trás e depois cruzou os braços na mesa. Me xinguei por observar cada detalhe. – E já que vamos fazer essa troca, vou ficar com aquela coberta mesmo.


– Ah, então você não se importa em usar algo da Grifinória?


– Só não conta pra ninguém.


Dei de ombros, rindo.


– Ok.


Não sei dizer exatamente quando tempo ficamos ali na cozinha conversando e tomando café. E conversamos sobre tanta coisa, diário! Teríamos ficado lá conversando mais, sem lembrar que dividíamos a mesma sala comunal, mas o meu primeiro bocejo fez Malfoy me arrastar de volta para a sala da monitoria-chefe.


O filho da mãe ficou um tempo parado me encarando. E AQUILO ERA TÃO IRRITANTE QUE EU TIVE QUE PERGUNTAR.


– Que foi, Malfoy?


– Eu achava que verde era sua cor, mas você fica bem melhor de azul.


Dá para imaginar como estava minha cara, né?


Tive que olhar para meu pijama, o que foi a pior coisa que eu fiz, porque aquela serpente loira só riu ao ver isso. Fechei meu roupão, corada.


– MALFOY!!!


E com esse meu grito, ele parou na porta da sala da monitoria-chefe e murmurou um "corvinas...".


O que eu fiz a seguir conseguiu ser mais estúpido do que olhar para meu pijama, mas acho que não consegui me conter.


Minhas pernas, aquelas traidoras, resolveram não agir para sair correndo dali, o meu coração disparou enquanto meu subconsciente gritava para eu esquecer aquilo e ir para meu quarto logo de vez. Mas com aquele par de olhos cinzas me encarando, pela primeira vez em anos, eu deixei de dar atenção ao meu subconsciente.


É, eu o beijei.


Foi estranho, num momento eu estava xingando ele, no outro nos encarando e aí eu o beijei. Não sabia quem xingava.


Quando tive noção do que fiz, o larguei rapidamente, mas... ah, acho que aquilo na bastava para um Malfoy.


É, ele me beijou.


Aí eu correspondi e soube quem xingar. Em minha defesa, Malfoy que tentou aprofundar o beijo, e eu até tentei impedir, mas, como já foi notado, eu entrei em estado beta só dele encostar aquele lábio no meu. Senti minha cabeça virar lentamente, mas sem desgrudar nossos lábios.


Eu me afastei um pouco, mas aí já tinha tomado impulso e o beijado de novo. Aquilo era viciante. Dessa vez, eu subi minha mão até sua nuca e realizei uma vontade que toda garota tem quando vê Malfoy: passar a mão naquele cabelo. É, eu fiz isso, e pensando agora, foi uma tremenda infantilidade. Mas Malfoy pareceu nem se importar. Ele disse algo que eu não me dei ao trabalho de prestar atenção, já que estava ocupada demais abusando daquela boca.


(AGORA SIM A COISA FICOU SÉRIA. EU ESTAVA BEIJANDO AQUELE LOIRO CANALHA PORQUE QUERIA, OLHA SÓ. EU NÃO TO BEM.)


Não faço ideia do que estava acontecendo ao meu redor, só dei conta disso quando me encostei em alguma parede fria e rezei por Merlin e todos os santos quando Malfoy mordeu meu lábio inferior.


É, eu não estava nos meus estados normais não.


Felizmente isso me fez ter uma noção da realidade. Num impulso, me afastei novamente, gaguejei a senha e, assim que a porta se abriu, eu corri para meu quarto sem olhar para trás.


Para ser sincera, meu medo era olhá-lo depois disso. Estou com tanta raiva.


Minha, dele, do universo, de Gina aquela pirralha, de Harry por nunca enxergar que eu amava ele, de Rony que me estressou noite passada e eu tive que me socorrer na sala da monitoria-chefe E AGUENTAR MALFOY, PARA GERAR ASSUNTO ESSA NOITE.


E é isso, diário, eu não paro de chorar e gritar no travesseiro.


Volto a escrever amanhã se eu levantar da cama para gerar alguma história.


**


Mas o que Hermione não quis contar no diário foi que Draco tinha ido atrás dela.


Draco bateu várias vezes na porta do quarto de Hermione, mas ela não disse nada. Pensou em usar um feitiço, mas talvez isso só pioraria as coisas. Seria como da ultima vez: ela corresponderia e ficaria com raiva dele.


– Não pode me beijar e depois fugir, como se nada tivesse acontecido – Draco cansou de chamar por ela, colocou a mão na massaneta já pensando no feitiço, mas dessa vez Hermione respondeu.


– Não pode me beijar quando já te larguei, como se pudesse fazer tudo que quisesse – ela respondeu do quarto.


Draco sentiu um embrulho no estômago ao notar que ela estava chorando.


– Abre essa porta, Hermione, vamos conversar.


– Conversar? Eu conversei com você na cozinha e olha o resultado!


– É por isso que quero conversar.


– ARGH VOCÊ NÃO PRESTA!


– VOCÊ FOI ATRÁS DE MIM, HERMIONE, NÃO PODE NEGAR ISSO – ele gritou de volta, já irritado com a situação. Hermione ficou quieta – Na noite do ataque, noite passada, hoje mesmo na cozinha – Draco tentou usar ênfase no que dizia, porque talvez aquilo convencia ela, mas aquilo só fez com que Hermione ficasse mais irritada.


– VOCÊ PEDIU PARA EU NÃO IR ATRÁS DO HARRY! VOCÊ FOI NA ALA HOSPITALAR ME VER, MALFOY!


– Eu ainda estou em vantagem nisso.


– É assim que você chama o que temos? Está agindo como se o que tivéssemos fosse um joguinho de vantagem e desvantagem.


– Ah, e o que temos, Hermione? – ele encostou a cabeça na porta, tentando manter a calma para não usar o feitiço logo de uma vez e entrar naquele quarto.


– Não... – e ela não disse o que queria. Pensou melhor, já tinha feito muitas bombeiras aquela noite – me chame pelo nome, Malfoy. Não somos amigos.


Draco respirou fundo, se encostou na porta e deslizou até o chão.


Por que ela não admite logo de uma vez?


– Inimizade? É isso que temos? – Draco pergutou irônico.


– Não muda de assunto, Malfoy.


– Quem está fazendo isso é você, Hermione.


– VAI EMBORA! – ela gritou.


– Ok, conversamos amanhã.


Aí Hermine abriu a porta.


Draco levantou rapidamente e olhou para ela.


Hermione não parecia que tinha chorado, como ele imaginou, mas ela estava brava. Muito brava. Dá ultima vez que a viu tão brava assim foi aquela noite na Torre de Astronomia, onde ela escrevia naquele livro velho dela, e então se lembrou que tinha a beijado naquela tarde.


Ela não disse nada, nem Draco disse. Os dois ficaram se encarando na soleira da porta, esperando o outro falar, mas nenhum dos dois sabia o que falar. Draco tentou, mas se calou rapidamente, não adiantava mais argumentar; ela não iria ceder.


Os dois se viraram para seus quartos no mesmo instante, e ambos olharam para trás antes de fecharem a porta.


Hermione ouviu de seu quarto uma coisa sendo jogada na parede e se chocar no chão. Aconteceu isso várias vezes antes dela começar chorar no travesseiro e finalmente dormir.


Se arrependeu de dormir com a coberta verde da Sonserina, pois tinha o cheiro dele, e o cheiro de Malfoy era a última coisa que ela precisava naquele momento, mas não teve pesadelos naquela noite.


Continua...




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N/A: Ois você 
A ideia do título do capítulo e todo o drama da Hermione surgiu quando eu estava com um capítulo magnifico (o melhor que eu tinha feito, sério) para terminar e aí o Google Documentos resolveu travar fazendo com que eu perca TODO o capítulo (fiquei put* da vida)!!!
É, se não tivesse acontecido isso, vocês teriam o capítulo terça-feira, mas enfim, esse foi o meu melhor.
HA! MAS EU TENHO UMA BOA NOTÍCIA! Enquanto eu reescrevia esse cap., eu pensei na 2ª Temporada! SIIMM, VAI TER SEGUNDA TEMPORADA AEEEEE. Só uns dois capítulos e eu já começo ela rsrsrsrs 
Deixem um comentário aí.
** Capítulo dedicado a Diênifer Santos Granger ** Bjs ;)





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Comentários (1)

  • Diênifer Santos Granger

    Segunda temporada? Ai meu Mérlin! Amando essa história! Tem que ter mais que só beijos roubados!Obrigada pela dedicação do capítulo está D-I-V-I-N-O! Anciosa pelo próximo! No aguardo! Bjs! 

    2014-07-10
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