Molhada



Molhada. Era como eu atravessei o castelo naquela tarde até chegar na sala da monitoria-chefe onde tinha certeza que aquele imbecil estaria.


Encontrei Malfoy saindo da sala com aquele ar descontraído dele. Idiota. Tive mais raiva daquele loiro aguado quando ele me viu e deu risada.


Não sei quantas vezes, nesses 6 anos de Hogwarts, eu deixei claro meu ódio pelo Malfoy e não entendo mesmo como alguém consegue duvidar disso.


Não, eu não o amo. Não, eu não vou adquirir esse sentimento.


Empurrei ele pra dentro na sala da monitoria, pois não queria fazer um escândalo ali, no meio do corredor, com aquela plateia.


– Seu idiota! Cretino! Palhaço! Por que fez isso, seu filho da mãe? Não iria me deixar em paz?


– Ah?


– Ah?! AH? AH?! – tentei fazer minha melhor imitação daquela babaca, mas foi em vão.


– Do que você tá falando, Granger? – filhodamae se fez de desentendido!


– ESTOU FALANDO DISSO, MALFOY! – eu gritei – NÃO SEJA ESTÚPIDO! EU SEI QUE FOI VOCÊ!


– Ah, deixa eu ver – ele se sentou no sofá de forma desleixada – Eu já te chamei de sangue-ruim no segundo ano, desejei que o basilisco te levasse pra câmara, fiz aquele feitiço no quarto ano que fez seus dentes crescem, fiz aquele outro feitiço no quinto ano, esse ano eu planejei com os meninos de explodir seus livros... Não, jogar água em você não está na minha lista.


Fiquei quieta por um tempo, encarando ele, quando por fim, decidi falar.


– Eu sei que foi você, Malfoy.


Malfoy deu risada, não... Ele gargalhou. Riu tanto que chegou deitar no sofá com a mão na barriga. E eu ficava mais irritada com cada risada.


– Pare de rir!


– Não – risadas –, não foi eu – mais risadas – Se você descobrir quem foi, me avise, para eu dar os parabéns.


Revirei os olhos.


– Tem mais alguma coisa pra falar?


– Eu te odeio.


– Ah, claro, claro. Mais?


– Foi você?


– Não.


– Mentira.


– ENTÃO POR QUE PERGUNTOU?


– QUERIA SABER SE VOCÊ IRIA TER A COMPETÊNCIA DE ADMITIR, SEU FILHO DA MÃE!


– TÁ, MAS NÃO FOI EU.


– CLARO QUE FOI, MALFOY! QUEM MAIS FARIA ISSO?


– NÃO SEI! VOCÊ QUER QUE EU TE AJUDE A DESCOBRIR QUEM FARIA UMA BRINCADEIRA COM A SABE-TUDO DA ESCOLA? EI, NÃO ME DE AS COSTAS, HERMIONE!


Me virei porque não conseguia abrir aquela maldita porta. Dei de cara com a serpente. A distância que estávamos era, tipo, de um palmo. Eu, toda encharcada, gritando com Malfoy, naquela distância pouco razoável.


– Se eu descobrir que foi você...


– Mas não foi eu!


Bufei e tentei abrir aquela bendita porta.


– Ei, Granger – a serpente chamou. Me virei lentamente. – Monitoração hoje. Não se atrase.


– Vai pro inferno.


Escutei uma risada antes de me virar na insana tentativa de ir para a Grifinória.


A primeira que resolveu perguntar foi Lilá, quando cheguei na sala comunal.


– O que aconteceu com você?


– Draco – eu murmurei.


Simas assobiou.


– Draaaco – ele riu – Então agora você chama o Malfoy pelo nome, Hermione?


– Quem Hermione chama pelo nome?


Eu me virei e vi Ron entrando pela porta.


– Ninguém.


– Draco – Lilá respondeu ao mesmo tempo que eu, sorrindo. FILHA DA MAEEEEEEEEE!!!!!


– Malfoy? – Ron perguntou de sobrancelha arqueada.


– Ele fez essa brincadeira idiota comigo! – levantei os braços para ver se alguém notava e deixava de lado o fato de eu ter chamando aquela barbie da sonserina pelo nome.


Por isso que o mundo está assim! As pessoas estão se preocupando com coisas inúteis. Heyyy, eu fui azarada por um sonserino, mas nãooo, não mereço atenção porque chamei o estúpido sonserino pelo nome! Ah, pro inferno!


Simas e Dino arrastaram Ron e Neville para fora da sala. Lilá e Parvati ficaram me irritado do quarto enquanto eu tomava um glorioso tão esperado banho quente. Depois me arrastaram para o Salão Principal onde as duas ficaram dizendo que, se eu não comesse, eu ia ter aquela doença trouxa anorexia. Ou bulimia? Ou distúrbio alimentar? Que seja, só pretendo deixar as revistas trouxas longe delas.


E então chegou o momento da monitoração.


Eu caminhei para fora do salão como um condenado caminha até a forca e encontrei com aquela figura loira parado na porta olhando o relógio de pulso.


– Você sabia que foi um trouxa que inventou o relógio de pulso? – provoquei.


– Sabia. Mas você sabia também que foi um bruxo, aliás, sonserino que melhorou o relógio de pulso?


– Sabia.


Malfoy revirou os olhos.


– Cada um de um lado ou você prefere a minha companhia? – ele perguntou sorrindo. Aquele sorriso cafajeste.


– Cada um de um lado, Malfoy.


Eu contaria mais sobre as rondas e esta noite, mas já está na hora de terminar a monitoração e nada aconteceu nas rondas. Então é isso, presente de Gina Weasley, Draco fez uma brincadeirinha comigo e eu pretendo revidar. Só não sei como.


**


Hermione fechou o diário e se deixou encostar na cadeira. Queria voltar escrever. Qualquer coisa. Uma história, uma música, um poema. Mesma que tenha que inventar.


Mas fora interrompida por uma figura loira se aproximando.


Ele estava com as mãos nos bolsos e ia em direção a janela, provavelmente não reparara na presença dela.


Malfoy era tão lindo.


Um lindo idiota.


Draco parou de frente com a janela e ficou observando seja lá o que for. Não tinha nada de interessante, de repente, tudo ficara chato e sem graça. Não irritava mais a Granger, nem mesmo o Potter ou os Weasley.


O sonserino frangiu o cenho por tal pensamento. Desde quando precisava do trio maravilha para... qualquer coisa que seja?


Sabe, Granger, é até engraçado ver você falando essas coisas quando já te vi chorando pelos cantos.


Queria ser menos idiota com a Granger. E, para ele, era horrível ter que se importar com ela.


– Vou te deixar em paz, Granger. Não vou mais te perturbar, Granger. Se quiser, é você quem tem que vir atrás, Granger – dizia ele irônico, baixinho. Tal pensamento gerou um soco na parede. Hermione frangiu o cenho ao escutar o sobrenome. – Bendito Potter!


Hermione não compreendia o que Draco queria. Nem mesmo Draco compreendia ou queria compreender.


– Precisa de ajuda, Malfoy?


Não, qualquer coisa, menos essa voz. Menos essa pessoa. Menos ela.


– Estava aí o tempo todo? – Draco perguntou sem olhá-la.


Hermione deu de ombros.


– Era minha parte do castelo.


Draco revirou os olhos.


– Que seja – ele notou Hermione suspirar e tentou ignorar, deu as costas e foi embora.


Bendito Potter.


Ao se virar, ele viu, de relance, a figura verde no céu. A Marca Negra. A marca iluminava o céu com sua luz verde, bem notável. Até mesmo das masmorras seria possível vê-la. E, bem, também era possível ver um garoto correndo em direção a Floresta Proibida. Apostaria todo seu ouro no Potter.


Draco suspirou entendido e se virou para Hermione. Mas a grifinória já havia saído pelo corredor.


Puta merda, Granger


**


Das poucas coisas que me lembro da noite passada foi de uma quase discussão com Malfoy e de ter saído correndo ao ver a Marca Negra. Com Malfoy logo atrás.


**


Sem hesitar, ele foi atrás da Granger e a segurou pelo braço.


– Não me diga que você vai atrás dele – Draco deu uma risada sarcástica, mas mal conseguiu disfarçar sua raiva.


– Harry não pode ir sozinho! – Hermione insistiu, tendo dificuldade em se livrar da mão de Malfoy.


– Ah claro, se o Potter quer assinar a sentença de morte que leve seus leais escudeiros junto. Amizade sempre. Amor eterno. Viva o santo Potter!, o melhor amigo que alguém desejaria ter – Draco ironizou. Hermione fez careta. – Acorda, Granger! Potter pode sobreviver aos comensais, mas você não!


– Grande coisa – Hermione respondeu tentando se livrar de Malfoy – Já enfrentei comensais antes, Malfoy. E, surpresa: SAI VIVA!


– Vão te pegar.


– Que peguem!


– Você pode morrer.


Hermione parou e se arrependeu ao olhá-lo.


Draco estava sério, ela nunca o viu desta maneira... tão autoritário e preocupado.


– Não quero que isso aconteça, Granger – Hermione quase acreditou no lado sentimental do loiro – E se você for...


– Por favor, Malfoy – Hermione quase gritou.


 Não vai – ele trincou os dentes.


Hermione balançou a cabeça.


– Nada vai acontecer! Eu vou ficar bem.


– Eu sei que alguma coisa vai acontecer.


– Não posso deixar Harry.


– Dane-se, o Weasley vai atrás dele!


– Malfoy – Hermione levantou a cabeça para encara-lo – por favor.


– Se você – ele a soltou, ergueu o indicador para ela – voltar com um arranhão...


– Não vou – ela balançou a cabeça.


Draco suspirou. Mal começou a falar e viu Hermione sair novamente pelo corredor. No caminho para a floresta, descobriu que Grifinorios amam um suicídio. Mas ele não era obrigado a aturar isso.


Amaldiçoou mentalmente Potter por ter nascido tão cabeça dura e foi para a Floresta Proibida.


**


Encontrei com Rony assim que sai do castelo. Neville, Lilá, Parvati e o resto dos alunos do sexto ano da Grifinória. Luna e Padma estavam também.


**


– Onde você estava?


– Monitoração, Rony – Hermione respondeu meio eufórica. A corrida até ali havia cansado. Ela viu Lilá, Parvati, Padma e Luna ali.


– Já resolveu aquilo com Malfoy? – Dino perguntou, quase sorrindo.


Lilá bufou: – Não é hora para isso, Dino. Vamos!


Hermione esperou até ficar para trás com Rony e perguntou ao amigo:


– Por que estão aqui?


– Foi uma cena bem interessante, sabe? Eu explico – disse ele ao notar a expressão de desentendida de Hermione. Ron bufou – Harry ficou doido quando viu a Marca, tão doido que resolveu ir atrás. Mas aí a Gina tentou fazer com que ele ficasse e eles brigaram porque "se você for, Harry, eu vou junto!" – Ron revirou os olhos ao fazer a imitação da irmã – Mas ele foi, e tentamos fazer com que Gina ficasse. Mas você conhece a Gina, né...?


Ron calou-se quando viu quatro comensais se aproximando. Ele e Hermione prepararam as varinhas, mas não fora necessário já que Lilá estava bem empenhada quando lançou um feitiço.


– Enfim, a Gina veio pra floresta e eu tive que vir atrás dela. Encontrei com Luna no corredor e acabei descobrindo que quase toda grifinória estava atrás de mim. E aí te encontramos – o ruivo finalizou ao olhar para Hermione.


Hermione bufou.


– Nem sabemos onde Harry se meteu.


– Se soubermos onde os comensais estão, saberemos onde Harry está – Parvati disse lá da frente.


– E como vamos saber onde estão os comensais? – Simas perguntou.


– Estão no centro da floresta.


Ron parou de andar.


– Que foi? – Hermione sussurrou.


– Aragogue – ele disse baixinho. – Você sabe... Aragogue.


– Ah, Rony, não acredito que os comensais marcaram uma reunião no ninho de Aragogue – ela disse puxando Rony para continuar andando.


Ao se virar, Hermione viu dois comensais.


Ela foi atingida por um feitiço e batera numa árvore. Se levantou rapidamente, com uma dor de cabeça e um machucado na bochecha, que preferiu ignorar ao atingir um feitiço em um dos comensais.


Neville lançou um feitiço no segundo comensal, Lilá acertou o terceiro e Dino e Simas cuidaram do quarto comensal. Deixaram todos os comensais desacordados, exceto por um que Rony prensara na árvore com uma varinha apontada para ele.


– Diga onde está o resto de vocês.


– Você não pode me obrigar, Weasley – o comensal sorriu, mas ficou sério quando viu as varinhas de Dino e Simas apontadas para ele. – Não seriam alunos do sexto ano da Grifinória que me obrigaram a falar.


– Diz logo e até poderíamos pensar em te deixar sem fraturas – Rony encostou a varinha no pescoço do comensal.


Hermione revirou os olhos e tentou não prestar atenção naquilo, ele não iria falar e, mesmo se falasse, não saberiam se era uma informação verdadeira. Sua cabeça doía. Ela queria estar na sala comunal da Grifinória, com os meninos, conversando sobre nada em especial. Como fazim nos velhos tempos onde não tinha ataques de comensais para se preocupar, Gina para se importar, Draco para perturbar seus pensamentos. E, pensando bem, ela descobrira que o trio nunca tivera mesmo um momento normal, sem preocupações.


– Então...? – Parvati perguntou, o que fez Hermione sair dos seus desvandeios e prestar atenção a sua volta. Estava na floresta proibida, onde vários dos comensais estavam reunidos, Harry e Gina estavam perdidos e Malfoy supostamente estaria ai. Maravilha.


Onde está Draco?


– Clareira – Simas disse.


Ele ficou no castelo?


– Acha mesmo? – Padma perguntou.


Será que veio?


– Provavelmente – Dino respondeu e seguiu em frente – Vocês acham que Lucius Malfoy está aí?


Está com o pai?


– Ou Lestrange – Ron o seguiu.


Junto com os comensais?


Uma gargalhada fez com que todos se silenciassem. Aquela risada era inesquecível para Hermione.


Não. Ele não veio.


Hermione sacou a varinha, assim como todos ali.


– É ela – Neville disse – É a Lestrange.


Ela pensou em correr, mas não queria deixar o resto ali e, mesmo que corresse, logo veria que estaria pedida, o que é pior. Ela pensou em Draco, em Gina, e em Harry, aqueles que ela esperava encontrar caso se perdesse. Mas desistiu quando viu a figura de cabelos cacheados se aproximando.


Bellatrix parou na sua frente, em uma distância razoável.


– Ora, ora – disse ela, com um sorriso – olha o que temos aqui.


**


– Espero que seja muito importante – Draco disse ao se aproximar do pai.


– E você acha que eu conjuro a Marca atoa?


– Acho.


– Não, sua tia que faz isso – Lucius respondeu.


– O que aconteceu dessa vez, pai? – Draco perguntou.


– O ritual – Draco mudou de posição, sério – O Lorde acha que já está na hora. Poderia acontecer no Halloween, mas seria arriscar a sorte te tirar da escola, então será nas férias do Natal. Você vai pra casa e receberá a Marca.


– Você tem certeza disso, pai? – Draco perguntou esperando ouvir um questionamento.


– É claro! Não vai me dizer agora, Draco, que desistiu.


Draco suspirou entediado.


– Claro que não, pai.


– Perfeitamente.


– E qual vai ser minha missão?


– No dia você vai descobrir – Lucius disse.


Draco coçou a cabeça e olhou para os lados, viu a Weasley caçula e quase todos os professores, incluindo McGonagall desacordados. Ele se virou para o pai, que mantinha uma conversa com um comensal.


– Qual a necessidade de conjugar a Marca?


– Era o único jeito de chamar sua atenção.


– É, e estou imaginando a quantidade de grifinórios que vieram atrás dessa Marca – e Hermione,adicionou mentalmente.


– Por tolice! Soube que Potter já está na floresta e que os amiguinhos deles estão atrás. Já mandei comensais atrás deles, mas ainda não tive respostas. Alias, sua tia está doida para encontrar aquela Granger.


Draco sentiu se transformar num iceberg quando percebeu que sua tia estava ali, depois percebeu que sua tia estava ali e atrás da Granger. Desejou ter ouvido errado. Desejou que seu pai estivesse apenas brincando.


– ... Mas você nunca teve pena deles, não é mesmo? – Lucius dizia, sem nem perceber que Draco havia entrado num transe.


Não, Bellatrix não tinha motivos para ir atrás de Hermione... Mas Bellatrix precisava de motivos para querer alguma coisa? E se ela queria Hermione, ela iria conseguir.


Mas que diabos Hermione tinha que vir para essa maldita Floresta, por causo do maldito Potter, que resolveu ir atrás a maldita Marca Negra???


Antes que Draco pudesse responder ao seu pai, um comensal chegou trazendo com dificuldade uma garota – que era uma das bruxas não desacordadas ali além das comensais. Por um instante, pensou em Hermione, mas aquele sotaque não passava despercebido pelo Malfoy nunca.


– Me soltem! – a garota gritou.


– Violet?


– Mallette? – Lucius perguntou de testa frangida – Soltem-na! Agora!


– Mas...


– Soltem-na!


Violet foi jogada no chão pelo comensal que se afastou. Ela fez careta para ele e Draco riu ao se aproximar.


– O pai dela vai ficar sabendo disso! – Draco disse para o comensal, depois de virou para Violet – O que aconteceu?


Violet se levantou, nervosa.


– Como assim o que aconteceu? Viemos atrás de você!


– O quê?


– Os outros estão aí e... – ela disse.


– Você viu ela? – Draco perguntou, passando a mão na testa, impaciente.


Violet se inclinou um pouco para ver se Lucius estaria ouvindo, e se voltou a Draco:


– Vi sim. Ela tá bem. Desacordada, mas bem.


– Como assim desacordada?


– Olha só, príncipe encantado, você estava com ela quando a Marca apareceu. Por que não a impediu?


– Eu tentei, mas falar com a Granger é o mesmo que falar com uma porta!


Ambos foram interrompidos quando Bellatrix chegou, irritada. Violet se escondeu atrás de Draco, temia que a tia a reconhecesse pelo ataque que planejara com os meninos. Draco perguntou o que aconteceu, mas ela se limitou a balançar a cabeça e mexer os lábios num "te explico depois".


**


Acordei na Ala Hospitalar. Sem lembrar do que aconteceu depois de ter encontrado Lestrange.


**


Sete dias depois do ataque. Ala Hospitalar.


– Tudo bem, me expliquem novamente essa história.


Brian suspirou entediado e se sentou na beira da cama.


– Você e os corajosos grifinórios resolveram ir atrás do Potter e da Weasley fêmea e, no meio desta aventura, encontram com uma bruxa má chamanda Bellatrix – ele disse calmamente.


– E quando tudo parecia perdido para os grifinórios, chegam os sonserinos e os ajudam – Paul revirou os olhos, dei risada. – Bem, só não deixamos vocês saírem ilesos, mas, fora isso, terminou tudo bem.


– Discordo – Violet murmurou. Ela não estava mais machucada que eu, mas parece que ganhou um ferimento na cabeça durante um duelo e mais uns dias na Ala Hospitalar. Os meninos a arrastaram para uma maca perto da minha para podermos conversar – Porque quando Bellatrix descobriu que foi derrotada por um bando de alunos do sexto ano, ela foi pra clareira e eu já estava na clareira.


– Onde? – perguntei, meio lenta.


Acho que o remédio estava fazendo efeito em mim, porque eu enrolei um pouco as palavras e troquei algumas. Acordei com dor no corpo e uma maldita dor de cabeça, como se tivesse virado a noite tomando firewhisky. Queria eu ter tomando firewhisky ao invés de ter ido para aquela floresta, assim estaria menos machucada.


– E o Potter chegou para salvar o dia – Paul disse me ignorando, com uma fingida animação.


Os garotos tinham, pelo menos cada um deles, um machucado no rosto. Paul, por exemplo, ganhou uma cicatriz no canto do lábio. Mas isso não seria o tipo de coisa que se nota quando está dopada.


– E depois?


Augustus abriu a boca para falar, mas Madame Pomfrey chegou com meu almoço e praticamente expulsou os garotos de lá.


Durante esse intervalo, Harry e Rony vieram me ver.


Quando perguntei por que eles não ficaram na Ala Hospitalar assim como eu, Ron disse que eu fui atingida por um feitiço e bati a cabeça. E agora que ele está falando, eu me lembro vagamente. A dor foi horrível depois, mas não dei muito importância na hora. Eu tinha mais machucados do que eles, resultado de um duelo com uma comensal. E, bem, Lestrange não foi muito dócil comigo naquela noite. Por isso a dor no corpo.


Harry conseguiu um duelo com Lucius, e ele conseguiu fugir com o resto dos comensais na Floresta. Eu me contive a perguntar de Malfoy mesmo quando os garotos da Sonserina estavam aqui, mas Ron disse que ele chegou meio machucado aqui na Ala Hospitalar.


O resto dos grifinórios estão bem, só Dino que machucou um braço, mas fora isso, o máximo que conseguiram foram machucados nos rostos. Nada que vá cicatrizar.


Lá pelo meio da tarde, Luna, Lilá, Parvati e Padma vieram me ver. Elas me contaram algumas coisas que aconteceu e que não me lembro. Posso registrar aqui no meu diário depois. Elas contaram que Gina saiu ilesa da Floresta quando os comensais fugiram e também me contaram que esse ataque está sendo investigado e que o nosso "ato de heroísmo" ganhou um artigo no Profeta Diário (não quero nem imaginar como foi colocado esse acontecimento) e no Profeta de Hogwarts (muito menos nesse), só que ganhamos umas detenções por termos saído do castelo. A vida é assim, você salva seu melhor amigo e a suposta namorada dele e ainda ganha uma detenção por sair do castelo depois do horário permitido.


Bom, eu fiquei uns dias em coma, então perdi algumas novidades por aqui. Algo do tipo Ron e Luna oficializarem um namoro.


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Ron me contou que eles se viram depois do ataque, na mesma noite e, bem, eles se beijaram. Tentei não me importar com o fato de que o beijo aconteceu no meu suposto leito de morte e fiquei super feliz por eles.


De qualquer forma, parece que meu coma gerou muitos casais – nota: os casais citados daqui para frente, se conciliaram na Ala Hospitar; nota 2: no meu leito de morte, literalmente – porque agora Padma está saindo com Brian e PAUL COM VIOLET.


SIM, ISSO MESMO! AQUELES DOIS ESTÃO SAINDO!!! E PAUL VAI LEVAR VIOLET PRO BAILE DE OUTONO. AQUELE QUE EU NÃO FUI CONVIDADA POR NINGUÉM JÁ QUE ESTAVA EM COMA, SABE? MAS O QUE IMPORTA É A FELICIDADE DOS MEUS AMIGOS, NÉ?


Estão todos bens, com seus pares, felizes, tentando se recuperar dos machucados para o grande baile enquanto eu estou aqui, deitada nessa cama de hospital-bruxo, escrevendo os acontecimentos da semana em um livro que Gina Weasley me deu. É a vida né? Falta tipo, uma semana para o Baile e eu não tenho a) par e b) roupa para a noite. Nunca acreditei em Carma mesmo. Para ser sincera, estou pensando seriamente se vou ou não.


Enfim, McGonagall veio me ver e depois dela, os sonserinos voltaram trazendo chocolates. Eles foram embora quando terminou a ultima aula. Vai entender.


Malfoy veio na hora da monitoração. Ele chegou trazendo um caderno de capa preta que me entregou com um sorriso sarcástico e irônico estampado naquela cara de puto dele.


– O que...?


– Minhas anotações, se quiser – ele disse mexendo no cabelo.


Olhei de relance para a maca de Violet e ela estava dormindo. Não sei se isso seria uma vantagem ou não para mim. Queria falar com Malfoy, mas não sabia por onde começar. "Você estava certo?" Ah, por favor, mesmo dopada eu tenho minha dignidade.


– Obrigada – eu respondi de má vontade.


– Então... Como se sente? – olhei para ele meio sarcástica, ele sorriu – Sei que vai me xingar, mas... Eu avisei.


É, ele avisou.


Já registrei isso, e agora vou registrar novamente: a vida é uma put* ironia.


**


Hermione parou de escrever para verificar de Malfoy continuava dormindo.


Parecia coisa de filme. Se contassem para Hermione, ela riria da cara da pessoa que dissesse isso, ninguém acreditaria sem ver uma cena daquela, onde Draco Malfoy fora até a Ala Hospitalar ver se Hermione Granger estava bem.


Ele também trazia suas anotações, já que sabia que Hermione deveria ter tido um surto ao saber que perdeu uma semana de aula – afinal, uma vez sabe-tudo, sempre sabe-tudo – e Draco ficou ali com Hermione, conversando, até um momento em que o silêncio que se seguira fora preenchido pela respiração forte de Draco.


Ele dormira de qualquer jeito na maca que estava ao lado da de Hermione. E ela sorriu ao ver a cena. Se levantou com dificuldade de sua maca e ajeitou o Malfoy na cama, o cobrindo até. Depois, ainda com dor, voltou para a sua maca e tentou pegar no sono. O que, para a ingenualidade de Hermione, era inútil.


– Gostaria de saber o dia em que vocês vão se assumir.


A Granger olhou para a maca de Violet, a única que estava ali ocupada na Ala Hospitalar. Ela viu a amiga se sentar encostada na parede e mudou a posição para poder conversar com Violet. Não iria conseguir dormir mesmo.


Como Hermione não respondeu, Violet murmurou, sonolenta:


– Você sabe da aposta, né.


Hermione assentiu.


– Sei.


Violet balançou a cabeça se lembrando da noite em que desafiou Draco para conquistar Hermione. Apostas e desafios eram o tipo de coisa que acontecia em uma Sala Comunal da Sonserina quando estão todos bêbados. Para sua surpresa, Draco concordou e os meninos entraram na brincadeira, fazendo apostas escondidas de Malfoy, para saber se ele conseguiria ou não. Violet era uma das poucas que estava no time do NÃO.


– E você vai acabar com ele agora ou quando estiver saudável e em forma? – Violet perguntou com a voz fraca.


– Acho que quando estiver saudável e em forma. Você tem alguma ideia? – Hermione perguntou rindo.


Violet ficou em silêncio e Hermione se levantou para saber se a amiga tinha dormido, quando enfim Violet perguntou:


– Você gosta dele, Hermione?


Por essa a Granger não esperava. Ela olhou para Draco deitado de qualquer jeito na maca, como um menino de 5 anos cansando de tanto encher os vizinhos.


Hermione respirou fundo antes de responder.


– Ele me irrita tanto, Violet – disse – Por que simplesmente não se contenta com a paz mundial? Sabe? Poderia ser um mundo bem melhor se ele não fosse assim comigo.


– Porque ele é um Malfoy. E dar paz a garota que supostamente ama, não é da natureza masculina, muito menos a de Draco.


– Por que acha que ele – Hermione fez aspas no ar – "supostamente" me ama?


– É meio notável, Hermione.


A Granger suspirou.


– Não está fazendo isso só pela aposta, está?


– Na verdade, eu fui uma das poucas que apostaram contra ele – Violet disse. – Só acho, Hermione, que isso pode ser recíproco.


– Não me apaixonaria por Malfoy – Hermione resmungou.


Violet riu.


– Sei, sei. Draco também disse que não se apaixonaria por você.


Hermione revirou os olhos.


– Você me ajuda? – ela perguntou.


– Em que? – Violet se ajeitou na cama para olhar Hermione, que já estava sentada.


– Não estou querendo ver Malfoy ganhar essa aposta – ela disse. – E, caso ninguém tenha notado, eu já faço parte dela.


– Você conhece Malfoy melhor que qualquer pessoa – Hermione continuou – Sabe como posso fazer isso.


– Então você pretende... Entrar nessa maldita aposta? – Violet sorriu ao ver Hermione assentir. – É... Ok. Eu tenho mesmo que dar um troco nele. Conversamos amanhã sobre isso.


Violet se deitou e Hermione fez o mesmo, olhando para Malfoy.


Ou Malfoy ou a parede.


– Hermione? – Violet chamou. Ela só murmurou um "oi?" sem se mexer – Não foi Draco que fez aquilo no Lago Negro. Fiquei com ele a tarde toda e, bem, não foi ele.





< Flash back on >


Como estava banida da biblioteca, fiz Ron ir buscar alguns livros para eu estudar, mesmo que seja na Sala Comunal, o que foi uma burrada já que resolveram se reunir na sala para falar de qualquer coisa. Então fui para meu quarto, mas o barulho da sala estava incomodando. Entãooo resolvi sair da Sala Comunal, e dei de cara com a Sala Precisa mas/portanto/porém, ela estava meio... Ocupada. Então me sobrou uma pedra de frente ao Lago Negro.


Outra burrada.


Lá estava eu, encostada na pedra, tentando me concentrar e fazer anotações, quando uma onde me atinge.


Eu fiquei encharcada.


Sabia muito bem quem tinha feito aquilo, porque já havia acontecido isso antes e, ah que droga, eu ajudei essa pessoa a aperfeiçoar esse feitiço.


Encharcada, eu fechei os livros emburrada – o que me fez mais uma vez saber que foi Malfoy, porque, supresaaaaa, OS LIVROS NÃO ESTAVAM MOLHADOS, OU SEJA, O FEITIÇO FOI FEITO EXCLUSIVAMENTE PARA EUZINHA – e fui para o castelo. Imaginando as várias formas de matar uma serpente loira sem deixar suspeitas.


Molhada. Era como eu atravessei o castelo naquela tarde até chegar na sala da monitoria-chefe onde tinha certeza que aquele imbecil estaria.


Encontrei Malfoy saindo da sala com aquele ar descontraído dele. Idiota. Tive mais raiva daquele loiro aguado quando ele me viu e deu risada.


Não sei quantas vezes, nesses 6 anos de Hogwarts, eu deixei claro meu ódio pelo Malfoy e não entendo mesmo como alguém consegue duvidar disso.


< Flash back off >


Hermione deu risada e assentiu.


Aquilo não diminuía muito a raiva que sentia dele.


Ela se virou para a parede e dormiu, tranquilamente.
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N/a: I‘m back! Sentiram saudades? Eu tomei vergonha na cara e resolvi escrever um capítulo. Enrolei muito para terminar esse, que eu confesso, tá uma merdinha, mas foi o melhor de todos os rascunhos.
Eu fui escrevendo ele em dias diferentes, então tinha ideias diferentes quando terminava uma parte (e cada parágrafo era baseada no meu humor, então imaginem). O título do capítulo como sempre tá aquela maravilha de metáfora, né? Mas, enfim, eu peço muitas desculpas para vocês pela demora, pelo final mimimi (foi necessário isso, gente) e pelas partes complexas (tinha parte que nem eu entendia, cara).  

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