Vale-Beijo I





Narrado por Katherine McCanzey


 


 - Lily, é uma péssima ideia. – eu declarei veementemente, cruzando os braços com força no peito, esperando que (PELO AMOR DE MERLIN!!!) essa baixinha me escutasse.


 Lily, por sua vez, abriu um enorme sorriso com o meu comentário, como se o que eu tivesse dito simplesmente não fizesse diferença. E acho que realmente não fazia. O que é um pé no saco.


 - Só porque você disse que é uma péssima ideia, tenho certeza de que vai dar certo. – ela afirmou, sorrindo marota para mim, tendo certeza de que seu plano era brilhante, quando na verdade era mais apagado do que a Lucy Snape quando usava preto.


 Eu gemi de desgosto.


 - Marlene, me ajude! – implorei. – Diga à ela que é uma péssima idéia!


 Marlene, que estava sentada de pernas cruzadas no chão da Sala Comunal, trocou um olhar significativo com Lily, que dizia claramente: vamos armar um motim contra a Katherine.


 - Eu acho que tem chances de dar certo. – disse, concordando, é claro, com Lily.


 Francamente, será que eu sou a única pessoa aqui mentalmente equilibrada?


 A resposta é sim.


 Estávamos eu, Lily, Marlene e Sirius amontoados na Sala Comunal. Eu sentada no sofá, Sirius jogado na poltrona, Lily deitada de bruços no chão, com os tornozelos cruzados no ar, com Marlene ao lado.


 Posições diferentes? SIM! Opiniões diferentes? MAIS OU MENOS (já que eu sou a única que é contra essa ideia maluca)! Mas TODOS discutindo o mesmo assunto: Lily aprender a cantar, fazer uma serenata para James na frente da escola toda e, consequentemente, desbancar a Blake.


 Agora, me diga você, isso lá tem chance de dar certo?!


 - Sirius, por favor, diga a essas duas que essa história de serenata é idéia de hipogrifo! – implorei (de novo).


 Sirius soltou uma risada.


 - Ora, Kate, o que é a vida sem o risco?


 O que ele quis dizer com isso, ninguém até hoje faz idéia, mas quem é que liga? Eu não contava muito com a colaboração dele mesmo...


 Deitei no sofá, jogando a cabeça para trás e abrindo os braços, derrotada.


 - Oh, Merlin! – exclamei, fazendo um draminha básico. – Porque?! Porque?!


 Os três babacas se entreolharam e resmungaram ao mesmo tempo:


 - Dramática.


 Eu aqui tentando ajudar, todo mundo me ignorando e ainda falam mal de mim na minha presença. Respeito tirou férias.


 Me sentei de novo.


 - Tudo bem. – cedi. - Vamos analisar os fatos. – sugeri, tentando enrolá-los. Não sei porque ainda perco meu tempo fazendo isso, nunca dá certo mesmo!


 Marlene levantou as sobrancelhas, como sempre faz quando eu tento enrolá-la.


 - Está perdendo seu tempo. – acusou, lendo meus pensamentos.


 É, eu sei. Mas não me custa nada tentar, né? E, de qualquer modo, eu acabei ignorando o comentário dela totalmente.


- Primeiramente – comecei, como quem começa um discurso. Lily, Sirius e Marlene reviraram os olhos ao mesmo tempo. Cara, essa eles devem ter ensaiado. – Não há possibilidade de Lily aprender a cantar.


 E, novamente juntos, os três abriram a boca para retrucar.


 - Nem tentem! – cortei, levantando o dedo. – Eu ainda não terminei. – assinalei, autoritária. Eles fecharam a cara em uníssono. – Não há possibilidade de Dumbledore permitir que um absurdo desses ocorra em pleno café da manhã.


 - E quem diabos disse que vamos fazer isso no café da manhã? – perguntou Marlene.


 - E quem diabos disse que vamos pedir a permissão de Dumbledore? – perguntou Lily.


 Sirius ia dizer alguma coisa que eu não sei o que era, mas ele foi interrompido por uma onda de gargalhadas que explodiram da garganta dele ao ouvir o que Lily dissera. Não sei o que ele viu de engraçado.


 Eu bufei.


 - Podemos sim mudar toda a programação para uma outra refeição. – disse Marlene. Além de falar besteira, ela ainda fala besteira rimando! - Como o almoço, ou o jantar. – continuou ela, pensativa.


 - E eu nem tinha em mente perguntar nada a Dumbledore. – essa foi Lily. – Eu nunca pergunto mesmo. – e deu de ombros.


 Me diz, Merlin, porque foi mesmo que eu me tornei amiga dessas anencéfalas?


 - Vão acabar levando uma porrada de detenções. – murmurei comigo mesma, lamentando.


 Os três deram de ombros juntos.


 - Como se a gente se importasse. – disseram Lily e Marlene ao mesmo tempo.


 Sirius apontou o indicador para elas.


 - Como se elas se importassem.


 Ah, é. Tinha me esquecido que elas fazem coleção de detenções!


 Bati na minha própria testa.


 - Espero que esse não tenha sido um gesto em vão, porque deve ter doído um bocado... – comentou Lily, se referindo ao meu tapa.


 Doeu mesmo um bocado. Mas isso não vem ao caso agora.


 - Lily – implorei, juntando as mãos como uma perfeita idiota. – Vamos esquecer essa loucura, ok?


 Ela abriu um sorrisinho maroto para mim. Acho que isso foi um ‘não’.


 - Me dê um bom motivo. – pediu.


 Ah, eu tinha vários, mas metade deles era sem fundamento nenhum, então achei melhor jogar o básico:


 - Que tal o fato de você não saber cantar?! – exclamei, em desespero.


 Marlene trocou um olhar significativo com Sirius e depois olhou para mim sugestivamente.


 - Essa foi fraca. – resmungou Lily. – Você vai me ensinar. – e lançou o mesmo olhar de Marlene para mim. – Me dê outro bom motivo.


 - Eu não vou te ensinar! – isso foi tanto uma recusa como também um bom (ótimo!) motivo.


 - Ah, vamos, Kate, seja generosa! – pediu Sirius.


 - As pessoas generosas são péssimas comerciantes. – assinalei, tentando mudar de assunto.


 - Desde quando quer ser comerciante? – perguntou Lily, com uma sobrancelha levantada.


 - Ela não quer! – respondeu Marlene, sem me deixar nem chance de falar. – Não há motivo para ela não te ajudar.


 Grunhi, revoltada.


 - EU NÃO VOU ENSINAR! – exclamei.


 Isso fez com que eles parassem e olhassem para mim em dúvida. Finalmente alguém parou para escutar a Katherine! Merlin existe!


 - Porque não? – perguntou Sirius, parecendo realmente decepcionado. Eu não ligo, ele é um bom mentiroso [olhar desconfiado]!


 - Porque eu me recuso a confraternizar com as besteiras de vocês. – respondi, convicta.


 Marlene abriu a boca, chocada.


 - ‘Besteiras’?! – arfou. – Sua melhor amiga está tentando conquistar o garoto dos sonhos dela e você diz que isso é uma besteira?! – ela está tentando fazer jogo duro, mas eu me recuso a sentir culpada!


 - Kate, vai mesmo me deixar pagar mico na frente da escola inteira? – sussurrou Lily e fez a cara arrasadora que ela usa quando quer alguma coisa: os olhos ficaram enormes e cheios de lágrimas, o lábio inferior começou a tremer ligeiramente.


 Tenho uma novidade para você, Lily! Esse truque só funciona com os seus pais!


 - Nem me venha com chantagem emocional. – ralhei. – Não vai funcionar.


 Marlene bufou, irritada.


 - McCanzey, não é você que vai cantar. É a Lily. Você só precisa ensiná-la, só isso. – exclamou ela, agitando as mãos. – É muito simples. Ninguém precisa saber que você se envolveu. Não vamos citar seu nome para Dumbledore, caso ele queira nos dar uma detenção. – finalizou, cheia de marra.


 Me enfezei. COMO É QUE É?!


 - Acha que estou negando só por medo de sujar minha ficha escolar?! – falei, talvez um pouco alto demais. Mas eu não ‘tô nem ai para tom de voz! Estou zangada, então é melhor fugirem, reles mortais!


 Kate, você precisa se lembrar de tomar seus remédios. E precisa parar de falar em terceira pessoa.


 - É o que parece! – magoou-se Lene, virando a cara.


 - “Tenho que manter minha ficha escolar intacta! Danem-se os amigos!” – disse Sirius, usando uma voz falsete que era para ser parecida com a minha. Como ele conhece a palavra “intacta”?


 EI, EU NÃO FALO ASSIM!


 - Covarde. – resmungou Lily.


 ‘Tá legal, agora a coisa virou uma questão de honra! Tipo, eu sei que eles estão só me irritando para que eu caia na deles e faça o que pedem. Mas não adianta resistir por muito mais, porque eu sei que o final vai ser sempre o mesmo: eu fazendo o que eles querem. Primeiro porque se eu recusasse acabaria pirando de culpa mais tarde. Segundo porque se eu aceitar logo, acabo economizando tempo.


 - Tudo bem. – digo, completamente rendida.


 Os três olham para mim com os olhos brilhando.


 - Tudo bem? – perguntam juntos.


 Dou um sorriso leve com a infantilidade deles. Não sei porque querem tanto assim minha participação, não é como se eu fosse mãe deles ou algo assim.


 Se bem que me sinto bem maternal às vezes. Mas é bom isolar esse pensamento. Merlin me livre de ser mãe desses três.


 - Eu ajudo vocês. – disse eu, já pensando em quando eu ia começar a me arrepender.


 


 Narrado por Marlene McKinnon


 


 Desci as escadas do dormitório com meu violão nas mãos, saltando pelos degraus alegremente como uma criança do primeiro ano, totalmente ridícula e mentalmente inativa. Mas, mesmo assim, quando pulei os três últimos degraus e quase cai, todos os garotos da Sala Comunal se viraram para olhar, me jogando sorrisos.


 Esse povo adora distribuir simpatia, não? Fico impressionada.


 Eu, como estou extremamente bem humorada hoje, joguei uma piscadela para todos os seres masculinos que me olharam. A gente tem que ser educada às vezes, sabe? Principalmente quando se leva um belo tropeço e ninguém ri da sua cara.


 Andei até um sofá e me joguei ao lado de Sirius.


 - Voltei. – declarei, feliz, quase quicando de empolgação. E sabem porque, caros leitores? Simples! Eu e Sirius vamos compor a música que a Lily vai cantar [dancinha da felicidade]!


 Ele revirou os olhos para mim, mas sorriu, brincalhão. Um sorriso bonito.


 - Você sabe que eu nunca compus uma música. – disse. – Não sei exatamente como vou poder te ajudar.


 Eu bufei.


 - Deixe disso. – resmunguei, me ajeitando de pernas cruzadas e posicionando o violão no colo. – Não é nada tão difícil.


 Sirius chegou mais perto de mim e nossas pernas se tocaram. Ele se curvou sobre o violão, curioso, e passou o braço pela minha cintura. Senti uma coisa se remexendo no meu estomago. Uma sensação engraçada.


 Droga, será que eu ‘tô passando mal?


 - O que eu preciso fazer? – ele me perguntou. – Ou essa é a primeira música que você vai compor? – e me olhou, desconfiado.


 Fiquei sem graça.


 - Não, eu... eu já fiz isso antes. – e ri para mim mesma. – Quer dizer, várias vezes.


 Sirius pareceu surpreso. Muito surpreso. Super mega surpreso. Não entendi o motivo. Por um acaso eu não posso ter um lado culto?


 - Já compôs outras músicas? – ele perguntou, de um folego só.


 Fiz que sim com a cabeça.


 - Dezenas de músicas. – comentei e me concentrei em tirar uma nota do violão, caso ele não recebesse a notícia muito bem.


 Sirius suspirou, parecendo aliviado.


 - Então será mais fácil do que eu imaginei.


 Eu ri com o comentário.


 - Mas é mesmo fácil. – garanti. – Só é preciso bastante imaginação. – e tirei outra nota do violão. – E tem que ser significativo.


 Não precisei olhar para saber que a testa dele estava franzida em confusão.


 - Significativo?


 - Sim. – confirmei. – Tem que ser importante. Tem que significar alguma coisa que valha a pena. – tirei mais uma nota. O som me pareceu ruim. Tirei outra nota, experimentando. Essa me pareceu melhor. – Tem que ter um motivo. – juntei as notas, uma por uma, e depois todas juntas e fiz delas uma melodia. Sorri, satisfeita. – Tem que fazer sentir.


 Será que ele estava sentindo? Sentido a vibração das cordas, as notas no ar? Será que ele estava se sentindo tão vivo quanto eu me sentia?


 Eu estava feliz. Era a música ou era sua mão na minha cintura? Achei melhor acreditar que era a música.


 - “Eu não tive escolha a não ser ouvir você” - fez Sirius, baixinho, no ritmo da melodia que saia do violão. Era impressão minha, ou ele estava meio tímido?


 Sorri, sabendo que ele tinha entendido o que eu tinha dito.


 - “Você contou sua história sem parar. Eu pensei sobre ela” – fiz eu, medindo as palavras com cuidado.


 Sirius sorriu para mim. Ele vasculhou as coisas em busca de alguma coisa que não sei. Retirou de lá um pedaço de pergaminho e colocou-o no braço do sofá. Pegou a varinha, equilibrou a ponta dela de pé sobre o pergaminho e murmurou um pequeno feitiço.


 Então as palavras que dissemos antes apareceram escritas.


 Gente, ‘tô chocada.


 - Onde aprendeu isso? – perguntei, com os olhos arregalados.


 Sirius deu de ombros.


 - Não me lembro. – e se acomodou de novo perto de mim.


 Corri os dedos pelo violão novamente, fazendo voar as notas pela sala. Vi Sirius observando, parecendo ansioso e meio surpreso, olhando para minhas mãos correndo pelo violão. Sorri e agarrei a mão dele e coloquei em posição nas cordas do violão, fazendo com que tocasse comigo.


 - “Você me trata como uma princesa e eu não estou acostumada a gostar disso” - prossegui. – Acha que isso combina com Lily? – perguntei, em dúvida.


 - Acho sim. – ele respondeu. – Talvez fosse bom acrescentar algo como… - pigarreou. – “Não se surpreenda se eu te amar por tudo o que você é”.


 - “Eu não pude evitar. É tudo culpa sua”. – prossegui.


 Paramos os dois para pensar, como se estivéssemos analisando o que tínhamos até ali. O que não era muito.


 - Talvez fosse bom jogar essas duas últimas frases no refrão. – sugeri. – O que acha?


 Sirius deu de ombros.


 - Mas teríamos que acrescentar alguma coisa, ou vai ficar um refrão mixuruca. - e fez uma careta.


 Eu ri.


 - Mixuruca?! – estranhei, achando graça.


 Ele revirou os olhos para mim.


 - Foco na música. – ordenou.


 Veja bem, ele que diz palavras estranhas e sou eu que tenho que focar na música?


 - A gente compõe com a pessoa por cinco minutos e ela já se acha no direito de mandar em você. – resmunguei.


 Sirius riu pelo nariz.


 - A música, McKinnon. – lembrou-me, beijando minha bochecha.


 Suspirei. Não sei porque, exatamente...


 - “Você já me conquistou mesmo contra a minha vontade”. – fiz eu, e logo ouvi a varinha riscando o pergaminho. E as palavras se enroscaram na situação. Me senti meio tensa.  – Hum... Que tal? – perguntei, tentando convencer a mim mesma que não tinha nada a ver.


 Sirius fez que sim com a cabeça.


 - “Não se assuste se eu me apaixonar da cabeça aos pés”. – cantou ele.


 ‘Tá, ele não tinha dito isso para mim. Mas eu senti como se fosse.


 Marlene, você anda sentindo muita coisa ultimamente. Acho bom parar com isso, não pode ser uma coisa boa. Lembra do que aconteceu com a Lily? Pois é, você não quer acabar igual à Lily, quer?  


 - “Eu nunca tinha me sentido tão bem assim” – continuei, entre dentes, falando exatamente o contrário do que eu sentia. Ou talvez fosse realmente o que eu sentia.


 Quer saber? Eu não ‘tô entendendo mais nada.


 A mão livre de Sirius ainda estava na minha cintura e os dedos dele faziam círculos por cima da minha blusa. Senti que estava me arrepiando.


 Esse negócio de arrepio não pode ser boa coisa, não é legal... Quando Lily começou a falar muito sobre arrepio, as coisas saíram do controle.


 - “Eu nunca quis algo racional” – grunhi, irritada. – “Eu sei disso agora”.


 A respiração de Sirius roçou meu pescoço e senti meus olhos se fecharem automaticamente. Não estou gostando nada disso... Abra os olhos, McKinnon!


 - “Obrigado pela sua paciência” – toquei o violão com força e a melodia saiu meio errada.


 Senti as mãos dele tomando o violão de mim. Abri os olhos. Nossa, eu tinha começado a tocar sem ele e nem percebi...


 - Essa frase não tem nada a ver com a música. – disse Sirius. – Você errou algumas notas, então acho melhor eu manusear o violão daqui para frente. – E desde quando ele conhece a palavra “manusear”?! Sirius apoiou o violão no colo e virou o rosto para baixo, encarando as cordas enquanto tocava.


 O rosto dele fica tão bonito visto desse ângulo. Já mencionei que aceito sugestões de suicídio? Não? Bom, agora que sabe, se quiser me enviar alguma, é mandar sua coruja aqui para Hogwarts ou para a casa da Lily.


 Abracei as pernas.


 - Parece que tinha alguma coisa te incomodando. – comentou Sirius.


 Talvez fosse verdade. Mas só talvez, não fique animado, ok?


 - Acho que fico assim quando começo a compor. – sussurrei para mim mesma, lembrando de que deveria mentir melhor às vezes.


 Sirius me jogou um sorrisinho amigável.


 - Acho que acabo de perceber isso. – e colocou minha mão no violão também e voltamos a tocar juntos. Me senti levemente melhor. Mas só levemente, não foi nada importante. – “Você é o melhor ouvinte que eu já conheci”.


 Eu não achava que essa frase tivesse alguma coisa a ver com a relação de James e Lily, porque ele não a escutava em nenhum momento, mas a frase me pareceu se encaixar livremente na música. Soou bem.


 - “Você é meu melhor amigo”. – cantei baixinho, experimentando as palavras. – “Melhor amigo com vantagens” – acrescentei, dando de ombros. – “O que me fez demorar tanto?”.


 Parei para pensar (e fiquei meio assustada, porque isso normalmente não acontece). Me dei conta de que precisávamos de uma estrutura para continuar, porque ficar só jogando frases não estava ajudando. E eu estava precisando muito me distrair.


 Virei a cabeça para sugerir ao Sirius que começássemos de novo (e que começássemos direito dessa vez [e que ele se sentasse mais distante]) e percebi que ele me olhava fixamente.


 - Porque não me contou?


 Franzi a testa.


 - Sirius, acho que isso não encaixa na música. – opinei, fazendo uma careta.


 Ele riu de mim.


 - Não estou falando disso. – explicou. – Porque não me contou que escrevia canções?


 Avaliei meus motivos. Não achei motivos. Será que eu tinha algum motivo?


 Acabei rindo, meio nervosa.


 - Porque pensei que você soubesse. – disse, incerta. Na verdade, eu sempre soube que ele não sabia. Mas nunca foi uma coisa que eu escondesse de ninguém.


 Sirius fez cara de incredulidade.


 - Mas você nunca me disse. – exclamou. – Como pode pensar que eu sempre soube?


 - Bem, porque... – comecei com a voz meio rouca e pigarreei. – Eu nunca escondi isso de ninguém. Pelo contrário, escrevia músicas em todos os lugares, para quem quisesse ver. Inclusive perto de você.


 Ele não olhou para mim. Pareceu pensar, passando os dedos pelas cordas do violão.


 - Nunca escondi de ninguém. – repeti. – Foi você que custou a reparar.


 


 


 Narrado por Remus Lupin


 


  Odeio namoradas. Eu sei que isso é uma coisa meio estranha para um garoto se dizer (principalmente se esse garoto sou eu, ou seja, muito másculo), mas é a mais pura verdade. E sabe porque, meus caros? Porque é um LIXO quando você tem que ficar segurando uma TOCHA OLIMPICA para o seu AMIGO, que, por um acaso, tem uma NAMORADA (se é que dá para se chamar aquilo de namorada)!


 Sabem de quem eu estou falando? Sabem? Pois é, minha gente, JAMES POTTER [chuva de vaias] e sua namorada grudenta ANNE BLAKE [chuva de Avada Kedavra]!


 Esses dois estão no maior agarro desde que eu e James paramos no corredor para conversar em um horário livre e a filha da mãe da Blake chegou para atrapalhar. É o fim da picada!


 Quer ficar de agarração? Fiquem de agarração! Mas não façam isso em público e deixem o Remus falando sozinho ao lado!


 Odeio namoradas. Principalmente quando são chatas, burras e pegajosas.


 Mas, entendam, não dá para generalizar essas coisas, porque, afinal, nem toda namorada é assim. Eu espero que a Kate, pelo menos, não seja. Não que eu a considere minha namorada, porque eu não considero. Bom, vocês entenderam.


 De um jeito ou de outro, acho melhor eu sair daqui. Porque, francamente, ninguém merece.


 


 Narrado por Lily Evans


 


 - Remus! – exclamei quando vi o loirinho vindo na minha direção pelo corredor.


 Ele sorriu para mim. Ai, ele não é uma gracinha? Vocês também acham? Certo, certo, mas não contem para a Kate.


 - Lily. – cumprimentou.


 Dei um beijo no rosto dele, porque, vocês sabem, eu adoro uma troca de carinhos. Só que sem malicia. ‘Tá me olhando assim porque? Eu sei que o Remus é um gato e que você, nessa situação, provavelmente estaria abusando do coitado, mas meu coração já foi fisgado por outra pessoa! Sejam compreensíveis.  


 - O que faz por aqui? – perguntei, sorridente. Porque, tipo assim, da ultima vez que eu o vi, ele estava com James. E agora está sozinho. O que me deixa chateada, pois eu estava torcendo para que ele estivesse com o James agora. Porque, se estivesse, eu também estaria. Deu para acompanhar?


 - Estou fugindo do James. – justificou-se.


 Como alguém podia querer uma coisa horrível dessas?!


 - Porque? – questionei, abismada. Nunca que eu fugiria do James.


 Remus deu de ombros.


 - Não estava muito a fim de presenciar mais um de seus amassos com a namorada. – reclamou.


 Fiz uma careta. Bom, nesse caso, eu também fugiria do James.


 - Eca.


 Nós dois paramos um minuto para imaginar a cena. Não sei você, mas a minha visão não foi nada agradável.


 - Que nojo. – resmunguei, deixando bem claro minha repugnância para com aquela lacraia loira ambulante que estava agarrando meu James (MEU!).


 Remus riu de leve.


 - Sabe, eu preferia muito mais que fosse você a namorada dele.


 Sabe que eu também?!


 Abri um sorriso.


 - Obrigado, Remus. – agradeci. E estava realmente agradecida. – Queria que ele pensasse assim também.


 - Se conhecesse umas cantadas melhores, acho que suas chances aumentariam. – ele comentou divertido.


 Dei um soco no ombro dele. Ninguém fala mal das minhas cantadas na minha presença!


 - Babaca. – xinguei.


 Remus riu. Começamos a caminhar distraidamente pelo corredor.


 - Minhas cantadas são ótimas. – aleguei, fielmente. O que não era verdade. Minhas cantadas eram ótimas de se jogar fora, isso sim. Mas eu estava longe de admitir isso. – E eu posso provar.


 O garoto ao meu lado arqueou a sobrancelha, provavelmente duvidando da minha pessoa. Poxa, um pouquinho de confiança às vezes é bom!


 - Como? – ele perguntou.


 Eu sorri, marota.


 - Posso fazer com que a Kate te perdoe e vocês voltem a ser amigos.


 Remus pareceu muitíssimo mais interessado. Não me admira, ele é louco por ela. E ela por ele. Não sei porque não ficam juntos. QUAL É O PROBLEMA DESSA GENTE?!


 - É mesmo? – perguntou, tentando parecer desafiador. A pergunta saiu bem mais esperançosa do que ele esperava, imagino.


 Fiz que sim com a cabeça, sem responder.


 - Como? – Remus me instou a continuar.


 Me virei para ele, me aproximando secretamente, como que para contar um segredo.


 - Ah, é simples. – comecei, sussurrando. – Vá atrás dela e se desculpe uma vez. Com toda certeza isso não vai dar certo e ela vai acabar dando no pé, então, quando ela estiver prestes à sumir de vista, corra atrás dela. Pegue-a pelo braço, fazendo-a olhar para você.


 Parei, deixando Remus absorver a informação. Não demorou muito.


 - E depois? – ele perguntou, sussurrando também.


 - Se xingue de todos os nomes que conseguir imaginar. Assuma a culpa de toda a discussão e se desculpe de novo. Então largue-a antes que diga qualquer coisa e dê as costas à ela. Se lembre de parecer bem triste nessa hora, ou não vai funcionar. – alertei. Digo por experiência própria.


 Remus concordou com a cabeça.


 - E depois? – perguntou de novo.


 Suspirei.


 - Nada. – declarei. – Acabou ai. Só lembre de se afastar bem devagar, para dar tempo de ela te alcançar. O resto ela vai fazer por você.


 Ele fez que não com a cabeça.


 - Isso não vai dar certo. – concluiu, parando de sussurrar.


 Será que ninguém acredita que eu sei fazer coisas certas?


 - É claro que vai! – exclamei, jogando os braços para cima. – Acredite, só existe uma pessoa que eu conheço que é imune aos meus métodos.


 - James?


 - Pois é. – resmunguei, chateada.


 Remus riu e passou o braço pelos meus ombros, confortador.


 - Acho que está na hora de partir para outra, Lily. – sugeriu. – Já pensou nisso?


 Ignorei a sugestão, mas passei o braço pela cintura dele. Andamos assim, por um tempo, como bons amigos.


 


 Narrado por Katherine McCanzey


 


 - Lembre-se de respirar. – instrui. – Respirar é o mais importante.


 Observei Lily respirar fundo algumas vezes, seguindo o que eu dizia. É a primeira vez que ela faz o que eu mando! Que emoção!


 - Se não respirar, a voz não sai. – expliquei. – Tem que respirar o tempo todo enquanto estiver cantando, porque o intuito é deixar a voz livre, entende?


 - Sim. – concordou Lily e respirou fundo de novo, para enfatizar.


 Estávamos sentadas no chão da sala vazia, que Lily sempre usava quando queria dançar, à mais de um hora. Eu estava tentando ensiná-la a cantar, mas estava mais difícil do que eu imaginava.


 - Ótimo. – eu disse. – Agora cante o primeiro verso.


 Lily respirou fundo e começou:


 - An old man turned ninety-eight… - e olhou para mim, procurando aprovação. Fiz que sim com a cabeça, encorajando-a. - He won the lottery and died the next day… - respirou de novo. - It's a black fly in your Chardonnay, It's a death row pardon two minutes too late, Isn't it ironic... don't you think?


 Aquela música era de Marlene e nós havíamos pegado emprestado para treinar, porque a melodia era fácil e a letra também. E, pela primeira vez na ultima hora, Lily não havia desafinado nos primeiros versos.


 Eu estaria pulando animadíssima, se não estivesse tão cansada de ter passado tanto tempo só nos primeiros versos.


 - É isso ai. – confirmei.


 Lily caiu para trás, deitada no chão, feliz.


 - YEAH! – comemorou. – Finalmente.  


 Eu ri.


 - Não fique tão animada, mocinha. – cortei. – Ainda falta tentar o refrão.


 Ela se levantou, a testa franzida.


 - E tem alguma diferença? – perguntou.


 Porque foi mesmo que eu aceitei ensinar esse garota?


 - É claro que tem! – exclamei. – É óbvio.


 Lily fez uma careta.


 - Ah, não... – resmungou. – Não pensei que fosse ser tão difícil.


 Revirei meus olhos para ela. Bem que eu tentei avisar, mas será que alguém aqui me escuta? Não!


 - Vamos. – eu disse. – Vai ter que cantar mais alto e respirar mais vezes. – instrui. – Quem sabe até eu aumente seu tom, se precisar.


 Lily se sentou. Parecia bem disposta.


 - Ok. – hum, até que ela aceitou numa boa... Queria que ela fizesse isso com os deveres também.


 - Primeiro verso do refrão. – disse. – Se precisar parar um pouco na mudança de verso, pode, mas lembre-se de que na hora em que for cantar de verdade, não vai poder fazer isso, ‘tá bem?


 Ela fez que sim com a cabeça.


 - It's like rain on your wedding day… - começou. Saiu meio baixo.


 Eu a cortei.


 - Mais alto.


 Lily repetiu o verso, dessa vez mais alto. Saiu meio desafinado.


 - Não ficou bom, não. – ela mesma comentou, franzindo o nariz.


 Concordei com a cabeça.


 - Tente respirar mais fundo quando for prolongar as sílabas. – sugeri, sabendo que era isso o que eu faria.


 Lily repetiu o verso mais umas cinco vezes até encontrar o momento certo de puxar o ar. Saiu um pouquinho melhor.


 - Continue. – pedi.


 - It's a free ride when you've already paid, It's the good advice that you just didn't take, Who would've thought... it figures.


 Nós duas paramos para analisar a última parte.


 - Acho que você desafinou um pouquinho no final... – disse eu, finalmente.


 - É, não ficou bom, não... – ela repetiu. Então suspirou. – Eu realmente não nasci para essas coisas, né?


 Sorri para ela, confortadora.


 - Só precisa de um pouquinho de prática, Lil’s. – assegurei. – Você está indo bem.


 Lily deitou no chão de novo.


 - E você é muito gentil, mas eu sei quando o negócio ‘tá um fiasco. – retrucou. – Queria ter nascido com o seu talento, Kate. Você não faz esforço nenhum e sai perfeito.


 Eu corei.


 - Não se desvalorize. – soltei, constrangida. – Você é dançarina, não cantora.


 Ela riu pelo nariz e não respondeu.


 - Você é uma ótima dançarina. – observei. – Fez isso a vida toda. Não pode mudar assim, de uma hora para outra, e querer que saia sem erros. – parei, deixando-a absorver o que eu disse. – Não entendo porque quer tanto cantar. Você nunca quis esse tipo de coisa.


 Lily olhou para mim, parecia chateada. Como assim, minha gente? Eu disse alguma coisa errada?


 - James não gosta de dançarinas. – sussurrou.


 Eu bufei e deitei ao lado dela.


 - Importa tanto assim do que o James gosta?! – revoltei-me. – Porque não o manda ir à merda?! – é o que eu teria feito.


 Lily riu.


 - Não é nada sobre o que o James gosta, Kate. – observou. – É sobre o que eu gosto.


 Como é que é? Não era isso o que eu estava vendo. Lily gostava de dançar, não de cantar. E se tudo isso se resumia à ela, porque era tão importante cantar?


 - E do que você gosta? – perguntei, pensando se assim ela não refletia um pouco sobre o assunto.


  - Eu gosto do James.


 Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Marlene entrou feito uma louca na sala, batendo a porta. E eu aqui, preparando um discurso sobre como gostar de alguém que faz você não gostar de si mesmo era uma coisa imbecil, fui interrompida. Assim, diante dessa criatura estupida, o que eu acabei dizendo foi:


 - Isso mesmo. Quebre tudo. Acorde toda Hogwarts. Estou louca para ser expulsa. – comentei, irônica.


 Lily soltou uma gargalhada.


 Marlene bufou e revirou os olhos para mim.


 - Não me venha com ironias, falou? – resmungou, parecendo irritada. – Não estou com humor para besteiras.


 Eu e Lily nos entreolhamos, surpresas.


 - Bom, isso é uma coisa que não se escuta todo dia. – essa foi Lily, debochando.


 Marlene lançou um olhar matador para ela. Dei-lhe uma cotovelada nas costelas, para que se calasse. Lily levantou os braços, se rendendo.


 - Ei, para que esse mal humor todo? – exclamou.


 Eu nunca soube se ela estava perguntando isso para mim ou para Marlene, mas quem acabou respondendo foi a Lene, então...


 - Aquele babaca ainda me paga. – foi o que ela disse.


 Lily fez cara de pensativa e se apoiou no cotovelo direito.


 - Posso presumir que o ‘babaca’ é o seu irmão?


 Marlene fez que não com a cabeça, o que só podia significar uma coisa...


 - Sirius. – dissemos eu e Lily juntas. – O que ele fez dessa vez? – acrescentei sozinha.


 Observei uma Lene meio doida se jogar no chão, ao meu lado. Isso é meio imprevisível. Tomara que ela não comece a chorar. Nunca me aconteceu de ter que consolar Marlene. Nem Lily. Acho que eu fui a única que precisei ser consolada aqui.


 - Nada! Ele não fez nada! – exclamou, parecendo agoniada. - É esse o problema!


 Eu e Lily nos entreolhamos, confusas.


 - Sei... – fez Lily. – E você queria que ele tivesse feito alguma coisa?


 - Não. – respondeu Marlene, como se dissesse ‘é óbvio’.


 Isso é que é garota complicada! Fica brava quando Sirius não faz nada, mas não quer que ele faça alguma coisa. Quem é que entende? Viu só o que eu tenho que aturar diariamente?


 - Então o que houve? – me impacientei.


 Marlene bateu o punho no chão.


 - Não sei! Foi todo aquele lance de sentir, e tocar o violão enquanto você sente, e compor uma música enquanto você sente! – mas o que ela ‘tá dizendo? – E sentir a melodia, sentir a letra, sentir o momento... Quando eu vi, estava sentindo tudo, inclusive enjoo e aqueles arrepios doidos que a Lily sente! – ela estava ficando meio histérica. – E então o Sirius deu o fora para chamar aquela loira idiota da Susan Blake para sair e me deixou sentindo toda aquela bagaça sozinha! Eu senti muito mais do que devia e não foi legal!


 Acho que ela ‘tava precisando desabafar um pouquinho. Olhei para Lily e notei que ela estava com um sorrisinho distraído no rosto, como se soubesse de uma coisa que Marlene não tinha ideia.


 Na minha opinião, o ciúme tinha batido na porta da minha amiga. Mas eu não ia dizer isso em voz alta, tinha muita coisa para viver ainda.


 


 


 


N/A: eita, capítulo grande, mas não aconteceu absolutamente nada... Eu sei. Mas não é culpa minha, ok? Eu fui escrevendo e quando fui ver o capitulo já estava grande pra caramba e ainda não tinha acontecido nada do que eu havia planejado. Foi mal.


 21 páginas de pura enrolação. A boa notícia é que já tenho o próximo capítulo pronto (já que tive que dividir esse em dois). Então, não percam as esperanças.


 O humor desse capítulo foi passear e mandou lembranças, mas não fiquem muito bravos comigo, por favor [Thomas ajoelha e pede piedade]...  


 Não vai dar tempo de responder aos comentários, então faço isso na próxima, eu juro. Mas obrigado à todos que comentaram, eu tenho um alto grau de palpitações do lado esquerdo do peito por todos vocês.


 Abraços

Compartilhe!

anúncio

Comentários (5)

  • L.Oliveeira

    Adooooro! Lene se apaixonando pelo Six... Ajude-a, Lily, porque ela não sabe o que está sentindo kkkkkkkkkkk preciso dizer que eu ri pacas do Remus? Coitado, ele está sempre pagando pato kkkkkkkkkkkkkkk "Chuva de Avada Kedrava!" A-M-E-I! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK e eu sei que a Lily vai conseguir cantar e... o James é um tolo de não gostar de dançarinas, só porque a vaca da Blake acha que sabe cantar... Concordo com Remus, deveria ter rolado uma chava de Avada para aquela biscate u.u 

    2013-07-26
  • maria clara pereira garcia

    Gente,eu amo muito essa fic...Tava demorando muito  o capitulo hein?

    2013-07-18
  • Neuzimar de Faria

    Marlene descobrindo, muito contrariada, sua "quedinha" (ou seria um baita tombo de cara no chão ?) pelo Sirius. Logo ela, tão descolada, logo, logo estará fazendo uma bela dupla (espero que não sertaneja) com a Lily! Vamos ver no que vai dar ...

    2013-07-16
  • Lana Silva

    Claro que existe algo que Lily sabe... Marlene também está com aquele "mal" que elas não queriam nem ouvir falar o nome.  Eu adorei o capitulo. E ri bastante aqui... E o capitulo não foi só enrolação nada... Foi bom, vai por mim. Eu estou aqui, concordando plenamente com Remus. Porque os amigos acham divertido nos fazer de vela ? Não gosto de ser tocha olimpica não. Lily... Agora Marlene... Realmente, as Marotas estão se rendendo, Kate nem conta, porque ela já gosta do Reminho *-* Bem, eu espero mais em breve... Porque quero ver como vai ser essa serenata da Lily ... *-* Se ela vai conseguir conquistar James ou vai se encrencar ainda mais...Beijoos! 

    2013-07-15
  • Maria _Fernandes_99

    LOL

    2013-07-13
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.