Podemos usar seu sorriso







 Narrado por Marlene McKinnon


 


 - EU AVISEI! EU AVISEI! – repetia Kate, pelo que parecia ser a septuagésima vez (sem exagero). – Eu disse para não fazerem isso! Disse que ia dar tudo errado! Mas será que alguém me escuta?! – era, com certeza, uma pergunta retórica, mas eu tinha uma resposta para ela. Não, Kate. Não escutamos você. Inclusive, não estamos escutando agora. Sim, você está falando com as paredes. – Não! Ninguém me escuta! Parece que estou falando com as paredes! – nossa, acho que Kate acabou de ler meus pensamentos! Será possível, minha gente?


 Que absurdo. Não se tem mais privacidade nessa fanfic.


 - Agora as duas estão em uma enrascada gigantesca! Tiveram sorte de não serem expulsas! – prosseguiu Kate, enquanto eu tentava não bocejar. – Eu disse que não precisavam fazer esse escarcéu todo, mas vocês tinham que ir lá e explodir a Terceira Guerra Mundial!


 Dramática? Que isso, gente. Impressão de vocês.  


 Bom, para começar a narração com o pé direito (ou seja lá qual for o pé que faz as coisas darem certo), acho que todos vocês querem saber onde estamos. Bem simples, meus queridos... Estamos na Sala Comunal da Grifinória [aplausos]! ‘Tá. Que novidade [ironia pesada].


 Como todos devem ter notado (ou pelo menos aqueles que prestam a devida atenção na leitura), Katherine está dando uma bronca em mim. O que, obviamente, inclui Lily. O que, obviamente, inclui uma de nossas traquinagens. O que, obviamente, inclui Jack (já as armas de Paint Ball eram dele [ainda me pergunto por que ele traz uma coisa dessas para Hogwarts]), embora ele não esteja aqui para escutar um pouquinho do discurso de Katherine. Farei questão de repassar tudo à ele mais tarde.


 O fato é que Minerva nos pegou com a boca na butija e agora eu e Lily temos uma semana de detenção pela frente. Sem contar que levamos uma bronca daquelas e duas cartas de reclamação foram enviadas para os pais da Lily (que também são meus atuais responsáveis, de modo que não entendo o propósito de duas cartas). Ah, e também tivemos que limpar o corredor todo, que estava todo rosa por conta da tinta e todo brilhante por conta da purpurina.


 Nem é preciso mencionar que deu uma trabalheira danada. Mas valeu mais do que a pena. A cara da Blake foi impagável! MUAHAHAHAHAÁ [risada maléfica]! Sou mesmo muito má [barulho de trovão].


 De qualquer modo, estamos ganhando a segunda bronca do dia, como foi dito anteriormente pela minha incrível pessoa.


 Lily gemeu, jogada no sofá, olhando para o céu, provavelmente pedindo à Merlin que acabasse com aquela tortura.


 - Kate, por favor, nós já entendemos! – resmungou ela. – Você tinha toda razão, ok?


 Katherine nos jogou um olhar superior.


 - É bom que reconheçam isso. – disse. Falou, então, Vossa Senhoria! – Espero que não voltem a aprontar mais esse ano, porque, eu juro, mais uma dessas e o currículo de vocês vai ficar acabado!


 Meu currículo já foi para as cucuias, minha amiga! Mais uma ou duas detenções não farão muita diferença à essa altura do campeonato! Pretendo terminar a escola, compor músicas e torcer para a Kate usá-las como porta de entrada para a carreira dela como cantora. De modo que não preciso do meu currículo para ser bem sucedida, preciso do currículo da Kate!


 Se nada der certo, vou casar com um velho rico e dar o golpe do baú. Nada como um futuro confortável.


 Credo, do que eu ‘tô falando? Esse é o futuro das irmãs Blake. Com certeza Kate fará um baita sucesso. Ou talvez eu possa morar com os pais da Lily para sempre!


 - Acho que ouvir ela falar tanto é parte do castigo pelo que fizemos. – opinei, inocentemente, como quem não quer nada.


 Katherine resmungou algo sobre eu ser “uma cachorra incorrigível” e que da próxima vez “vai nos picar em pedacinhos e nos dar de comer para os peixes do Lago Negro”.


 Gente, mas que maldade!


 - Bom... – disse Lily, se sentando. – Vou ganhar outra detenção hoje, de qualquer jeito.


 Kate olhou para ela como eu olharia para quem acabou de xingar os pais da Lily (sim, porque se fossem meus pais eu não daria a mínima).


 - E posso saber como?  - questionou minha amiga loira, cruzando os braços.


 Lily deu de ombros, indiferente.


 - Ainda tenho que cantar para o James, ‘tá lembrada? – comentou, como quem diz “é óbvio”.


 Mais essa agora!


 As sobrancelhas de Katherine se ergueram em descrença.


 - Se pensa que eu vou deixar você cantar na frente do Salão Principal inteiro hoje à noite, está muito enganada!


 Suspirei, cansada daquela discussão que parecia não acabar nunca. Eu estava cansada de limpar o corredor, estava com fome e louca para tomar um banho. Será que não dava para adiar essa coisa toda até amanhã de manhã? Com certeza vou estar mais disposta para ouvir Katherine ralhando conosco.


 - Kate, a Lily vai cantar hoje, você querendo ou não. – contei, porque ela parecia não se tocar disso. – Até parece que não conhece a amiga que tem.


 Katherine bufou, indignada. Claro que ela sabia disso. Ela estava longe de ser estúpida.


 - Lily, será que não pode adiar essa maluquice até acabar de cumprir essa semana de detenção? Pelo menos não fica com detenção acumulada e teremos mais tempo para ensaiarmos sua música. – tentou ela.


 Lily fez que não com a cabeça.


 - Não. – teimou. Kate gemeu de desgosto. Não é para me gabar, mas eu bem que avisei. – Melhor eu cantar logo, antes que o James decida fazer outra palhaçada e eu desista de vez.


 Ui, ela tem razão. Pela primeira vez em, digamos... Uns dois anos?


 Nós três nos entreolhamos. Acho que sabíamos que James daria mais algumas mancadas. Eu não me surpreenderia nada se isso acontecesse, porque ele já havia mostrado ser um idiota de primeira.


 Observei Kate fechar a cara em uma carranca chateada, que nada tinha a ver com o fato de Lily ganhar outra detenção. Ela com certeza estava se lembrando da grande burrice de James de alguns dias atrás, quando ele agiu feito um completo energúmeno (não que eu saiba o que é isso, mas enfim...). O engraçado é que o maldito continuava agindo como se estivesse certo e nós (TODOS NÓS!) estivéssemos errados.


 E, pelo visto, Kate continuava magoada. ‘Tô começando a achar que devíamos ter jogado tinta rosa nele e não na Blake. Se bem que ambos merecem. Concorda? Pois é.


 - Tudo bem. – ela se rendeu. – Acho que tem razão. Faça o que quiser.


 Eu e Lily trocamos um olhar daqueles cheios de significados. E eu tive que reparar que Lily também estava chateada. Mas, o que ambas realmente achávamos importante no momento, era consolar Kate (a não ser que a transmissão dos nossos olhares esteja começando a pifar e eu entendi tudo errado).


 - Kate... – chamei. Ela olhou para mim, tentando parecer normal. Eu ia começar um discurso enorme sobre como ela tinha que ignorar gente que não fazia bem para ela e blá, blá, blá (essas coisas que a gente diz quando quer animar alguém). Mas não deu nem tempo de começar, porque o quadro da Mulher Gorda girou e por ele entrou ninguém mais, ninguém menos do que... [rufar de tambores]


 James Potter.


 Foi só falar no individuo que ele aparece. Devia ter jogado um Avada nele quando tive chance.


 Se bem que ele não ia demorar muito a aparecer, afinal, jogamos bolinhas de Paint Ball na namorada dele. Até que levou um tempo para ele se pronunciar. Quase um dia inteiro.


 - EVANS! – berrou Potter, como se Lily fosse surda e não fosse escutar se ele falasse em um tom de voz normal.


 Como acontece todas as vezes que Lily vê James (estando ele errado ou certo), minha amiga abriu um sorriso enorme.


 - Eu! – disse ela, se levantando de um pulo, como quem se apresenta, disposta a fazer o que ele pedir.


 Porque as pessoas ficam desse jeito quando se apaixonam? Sério, não faz o menor sentido.


 James chegou perto de Lily, parecendo raivoso até o último fio de cabelo. Eu podia imaginar o porquê.


 - O. Que. Você. Fez? – perguntou ele, pausadamente, dando ênfase em cada palavra, trincando os dentes.


 Lily sorriu, inocente, como uma garotinha pega no flagra fazendo algo errado. Preciso dizer que ela não pareceu nada inocente? Não? Que bom.


 - Não fiz nada, meu ruivo. – disse ela, levando a mão aos cabelos. – Mas posso fazer, é só me pedir.


 Ri pelo nariz, revirando os olhos. Paquera? Numa hora daquelas? Quando ele obviamente estava ali para dar uma dura nela?


 - Não fez nada? – desconfiou James. – Pois não foi isso o que eu fiquei sabendo.


 Lily se fez de desentendida.  


- Não deveria confiar em tudo o que ouve. – aconselhou ela, dando um passo à frente para ficar mais próxima dele.


 James se afastou um passo, mantendo uma distância segura.


 - Ah, então quer dizer que não foi você quem acertou a Anne com bolinhas de Paint Ball?


 Se ele sabia o que tinha acontecido, porque diabos veio perguntar?


 Fiquei me perguntando quem tinha contado à ele... Provavelmente Anne. Ou, quem sabe, a notícia já tenha se espalhado (o povo dessa escola adora um fuxico).


 - Oh! – fez Lily, parecendo se lembrar do ocorrido apenas agora. – Então é disso que você está falando...


 - Então se lembra? – desafiou James, com uma expressão assassina. Não temi pela vida de minha amiga. Do jeito que o James é banana, Lily ganharia fácil dele em uma briga.


 - Claro, claro... – disse ela, fazendo pouco caso. – Uma brincadeirinha à toa. – e fingiu examinar as unhas.


 O rosto de James começou a ficar vermelho de raiva ao ouvir isso. Ui, ele tá nervosinho!


 - “BRINCADEIRINHA À TOA”?! – berrou ele. Kate pulou de susto ao meu lado, assim como eu e o restante do povo que prestava atenção na conversa-quase-discussão.


 Lily não alterou o tom de voz.


 - Pois é. Sua namorada fez uma dessas brincadeirinhas com uma amiga minha. Uma tal de Katherine McCanzey, conhece? – perguntou, irônica. – Até uns dias atrás ela também era sua amiga. E já que a Blake fez questão de tratar tão bem nossa amiga, achamos que deveríamos devolver o favor, não é, Lene?


 - Sem sombra de dúvida. – confirmei de imediato. – Não podíamos deixar que uma gentileza dessas passasse em branco.


 O garoto ficou ainda mais vermelho e fechou as mãos em punhos.


 - VOCÊS FICARAM LOUCAS?! Ela foi parar na Ala Hospitalar!


 Lily levantou a sobrancelha. Fiz a mesma coisa.


 - Mesmo? – perguntamos juntas. - Não me diga que ela ainda está fazendo drama. – comentou Lily sozinha.


 - Drama?! Ela está cheia de manchas rochas! Graças às bolinhas de Paint Ball que VOCÊS jogaram nela!


 Nosso trabalho foi bem feito no fim das contas!


 Lily pareceu tão satisfeita quanto eu. E começou a rir, provavelmente imaginando a cena de Anne Blake cheia de tinta rosa, purpurina e penas (ou seja, não muito diferente do normal).


 - Poxa, então acho que nossa brincadeira foi bem mais eficaz do que a dela. – e Lily riu de leve, com a mão tapando a boca. – Com certeza ela vai pensar duas vezes antes de fazer a próxima. – e riu com mais vontade, dessa vez em alto e bom som.


 Comecei a rir também, só que bem discretamente. A última coisa que eu queria era ouvir mais um sermão, ainda mais de James Potter. Não tinha tanta paciência assim, sabe?


 - Não tem graça, Evans! – rebelou-se James.


 Lily fez que sim com a cabeça, compreensivamente, segurando o riso.


 - Talvez não tenha. – admitiu. – Mas acho que tenho o direito de rir, assim como sua namorada riu quando humilhou minha amiga. Aquilo também não teve graça.


 Ela bem que tem razão, sabe? E pela segunda vez no mesmo dia! O que é isso? Um universo paralelo?


 James levou ambas as mãos à cabeça, como se tentasse impedir que ela explodisse.


 - Não dá para comparar! Foram duas coisas diferentes! – ele argumentou, parecendo convicto. – Anne é minha namorada!


 - E Katherine é sua amiga! – rebateu Lily.


 - Me diz que importância isso tem comparado à Anne!


 Lily jogou ambos os braços para o alto, finalmente perdendo a paciência. Até aquele momento, ela obviamente estava tentando evitar uma briga, mas creio que para ela (tanto quanto para mim) aquela tinha sido a gota d’água.


 Fechei os olhos e comecei a contar até dez. Calma, Marlene. Lembre-se de que o Avada Kedrava é imperdoável e te leva direto para Azkaban.


 - Droga, James! – gritou Lily. – Vê se acorda! Me diz uma única vez em que a Kate te deixou na mão desde que a amizade de vocês começou! Me diz que importância tem a sua namorada perto disso! Porque, francamente, eu não consigo entender!


 James riu sarcasticamente.


 - Essa não é a primeira vez que você deixa de entender alguma coisa!


 - E nem vai ser a última! Mas se existe uma coisa que eu entendo é o valor de uma amizade! E se há alguém aqui que deixou entender isso, esse alguém é você!


 Katherine com certeza tinha consciência de que era o assunto e o motivo da briga, mas ela não opinava e nem dava a entender que se importava. Porém eu vi o quanto ela estava magoada com as maldades que James dizia sobre amizade.


 Não sei vocês, mas eu estava com uma vontade louca de virar um soco na cara dele!


 - Você quer parar de falar sobre isso?! – rugiu James. – Pare de puxar o assunto para “amizade”, porque não tem absolutamente nada a ver com o que eu vim falar com você!


 Lily parecia cada vez mais descrente a cada palavra que James dizia.


 - É claro que tem a ver! – discordou ela. – Você está nervoso porque eu e Marlene demos o troco na sua namorada! Está nervoso porque estávamos defendendo uma amiga, coisa que você foi incapaz de fazer!


 Por um minuto, James pareceu sem saber o que responder. Ele apenas encarou Lily, como se sentisse raiva dela por ter razão.


 Olhei em volta e notei que a discussão, mesmo sendo curta, tinha atraído todos os olhos da Sala Comunal. Esse povo não tem mesmo o que fazer! Fica cuidando da vida dos outros o tempo todo!


 Katherine suspirou, cansada. Olhou para mim e deu um sorrisinho triste, como quem diz que odeia ser a razão da discórdia. Eu queria dizer à ela que, na verdade, a razão da discórdia era James. Mas pensei que aquilo não devia fazer a menor importância. 


 - Quer saber? – disse James, enfim, dessa vez sem gritar. – Eu não espero que você entenda.


 Lily cruzou os braços.


 - Ótimo. Porque eu realmente não entendo.


 - E também não vim aqui discutir com você.


 - Eu nem cogitei essa hipótese.


 - Só vim aqui avisar que da próxima vez que fizer, disser ou insinuar qualquer coisa sobre a Anne, vai se arrepender.


 - Mande a mesma mensagem para a sua namorada. – disse Lily e chegou bem perto de James para acrescentar: - Se ela sequer olhar torto para a Kate no corredor, vou deixa-la ainda mais roxa. E não será por causa das bolinhas de Paint Ball.


 James estreitou os olhos.


 - Sabe, nunca pensei que fosse dizer isso, James. Mas acho que encontrei uma parte de você que eu detesto. – prosseguiu Lily.


 - Continue procurando. Tenho certeza de que achará muitas outras partes em mim que detesta. Quem sabe assim não me deixa em paz?


 Dizendo isso, ele deu as costas à Lily e subiu as escadas em direção ao dormitório. Katherine relaxou ao meu lado e fechou os olhos. Toda Sala Comunal voltou para o que estava fazendo antes.


 Lily se voltou para mim, parecendo chateada.


 Sorri para ela, pensando que minha amiga merecia um garoto melhor. Agora mais do que nunca.


 


 Narrado por Remus Lupin


 


 Existem várias maneiras de superar um pé-na-bunda. Uma delas é fingir que nada aconteceu, como Lily faz todas as vezes que leva um fora de James, tentando novamente no dia seguinte. Uma outra, é ficar tão mal à ponto de não conseguir nem sequer olhar para a pessoa, o que provavelmente está acontecendo comigo. A última delas é agir com dignidade, como quem não se importa.


 Só o que posso dizer é que gostaria ardentemente de me enquadrar na última opção. A indiferença parecia ser o melhor remédio nessas horas. Mas a verdade é que eu não podia evitar lançar um olhar magoado para a Kate todas as vezes em que a via. Parecia inevitável.  


 Eu tentei sentir raiva dela. Tentei com todas as minhas forças odiá-la. Porém, quando eu a via, só conseguia pensar no quanto os olhos dela eram misteriosos, no quanto seu sorriso era lindo (mesmo que não aparecesse sempre), no quanto o cabelo dela esvoaçava no rosto... No quanto eu amava aquele jeito tímido, de quem fica vermelha sem razão. E pensar que nunca poderia tê-la.


 Sem poder sentir nada de ruim por Kate, acabei guardando todo o meu rancor para aquele desgraçado do Stephan O’Shea. Não que a culpa fosse dele. Até porque, Kate tinha todo o direito de gostar de quem ela quisesse e não havia nada que eu pudesse fazer a respeito disso.


 Embora estivesse perfeitamente ciente das circunstâncias, eu várias vezes me pegava imaginando o que Kate havia visto naquele panaca. O que ele podia ter de especial?


 Já haviam começado as aulas do período da tarde, sendo que duas delas já haviam passado desde o almoço. Depois dessa aula, eu tinha um período livre, o qual usaria para me esconder no dormitório masculino (onde não havia perigo de encontrar Katherine) e fazer meus deveres, já que precisava de alguma coisa para me distrair.


 E foi pensando nisso que virei em um dos corredores que levavam até a sala de História da Magia, minha próxima aula. Levando em conta meu estado de espirito, acho que não estava propriamente preparado para a cena que vi.


 Kate estava encostada na parede do corredor, folheando um livro grosso qualquer. Até esse ponto, nada de novo. O fato é que o O’Shea tinha um dos braços apoiado ao lado do corpo da Katherine, sendo que ele só não a estava prensando na parede, por causa do livro que separava os dois.


 O maldito dizia alguma coisa à ela, que respondia com “hum” e “ah” nos momentos certos, mas parecendo mais interessada no livro.


 Franzi a testa, incomodado. Eu conhecia Kate o suficiente para saber que estava apenas sendo educada e que, na verdade, estava louca para sair dali. Mesmo assim, tive muito tempo para sentir ciúmes. Ainda mais quando, se aproximando mais, o imbecil sussurrou alguma coisa no ouvido dela.


 Me peguei vasculhando a varinha nos bolsos, tentando lembrar da pior azaração que conhecia.


 Kate colocou a mão no peito do O’Shea, como que para afastá-lo, sem nem me dar tempo de lembrar minha azaração.


 Que estranho. Se ela gostava dele tanto quanto diz, não deveria estar mais satisfeita? Mais feliz? 


 Fiquei pensando sobre isso por uns minutos, a varinha entre os dedos, os olhos na cena. Talvez não gostasse dele TANTO assim... E talvez eu esteja inventando desculpas para negar a realidade.


 O’Shea disse qualquer coisa que fez Katherine levantar os olhos do livro. Ela sorriu com os lábios fechados, parecendo tímida. E então corou, baixando os olhos novamente para o livro.


 Incomodado por Kate não olhar para ele, O’Shea retirou o livro da mão dela e jogou em qualquer lugar. Kate pareceu ficar sem saber o que fazer com as mãos, e muito menos para onde olhar.


 Para piorar (como se precisasse), bateu uma brisa que veio sabe-se lá de onde, fazendo uma mecha loira do cabelo da Kate voar em seu rosto. Quando ela levantou a mão para retirar, O’Shea a impediu. Ele mesmo fez isso. E então começou a brincar com os fios da mecha, enrolando-os nos dedos.


 Senti uma coisa quente subindo pelo meu estômago e soube que estava furioso. Aquele era um gesto que eu fazia. Brincar com o cabelo da Kate, sentir a textura das mechas, colocá-las atrás da orelha. Fui eu quem sempre fez isso.


 Uma mistura de raiva e mágoa fez com que eu fechasse os punhos. Eu reconheci o ciúmes de novo. Ficou pior quando ele soltou a mecha de cabelo no ombro dela, usando o movimento para chegar até a nuca.


 Eu sabia o que viria a seguir. O’Shea a puxaria pela nuca na direção dele, para que pudesse beijá-la. Beijar Katherine. Minha Katherine.


 Quando dei por mim, já estava andando na direção deles. Larguei a bolsa no chão na metade do caminho e chamei:


 - O’SHEA!


 Vi Katherine olhar para mim de olhos arregalados, parecendo assustada. Mas não tive tempo de pensar sobre isso. Assim que o garoto olhou, parecendo raivoso pela interrupção, eu já estava a dois passos dele.


 Puxei o braço para trás e joguei-o para frente com a maior força que consegui reunir. Meu punho atingiu o nariz do O’Shea antes que ele pudesse prever o que estava para acontecer.


 Kate tapou a boca com as mãos.


 O garoto caiu no chão com um baque, segurando o nariz que sangrava e gemendo de dor.


 - REMUS! – repreendeu-me Katherine, ainda encostada na parede. – Ficou louco?!


 Eu a ignorei. Esquecendo que poderia usar a varinha, peguei o garoto pela gola da camisa com uma mão, enquanto desferia outro soco no rosto dele, preferindo acertar o olho. Dessa vez ele rolou para longe, tentando se manter afastado de mim. Fiz menção de ir para cima do banana de novo, mas Kate foi mais rápida:


 - PROTEGO!


 O feitiço me separou do O’Shea, nos jogando longe. Bati a cabeça no chão ao cair.


 - Ai. – resmunguei, esfregando o local.


 Assim que se recuperou da queda (talvez nem tão literalmente), o garoto pegou a mochila o mais rápido que pôde, ainda segurando o nariz, e correu para fora daquele corredor. Ainda assim, mesmo com a cabeça latejando, pude me deliciar com a visão de um olho roxo e uma camisa suja de sangue, causados por mim.


 Não tive muito tempo para me vangloriar (nem mesmo me levantar), porque uma onda de cabelos loiros me abraçou. Eu ainda estava no chão, de modo que Katherine se debruçou sobre mim.


 - Remus. – sussurrou, parecendo aliviada.


 Eu sei que deveria estar bravo com ela. Mas assim que aquelas mãos me envolveram, senti a raiva e todo o ciúmes se esvaindo. Só o que pude fazer foi abraça-la de volta. 


 Longe. Ela estava longe do O’Shea e perto de mim.


 Acariciei os cabelos dela, tendo em mente que nunca mais deixaria ninguém, além de mim, fazer isso.


 - O que deu em você? – ela perguntou, se afastando, apoiando as mãos nos meus ombros.


 - Aquele idiota ia te beijar. – respondi, simplesmente, enquanto me sentava.


 Katherine suspirou.


 - Eu sei. – resmungou. – Mas você não tinha nenhum direito de interromper.


 Então ela queria ser beijada por ele. Senti uma pontada incômoda no estômago.


 - Eu sei. – repeti, dando a mesma resposta que ela, só que sendo infinitamente mais grosso. – Mas estava com muita raiva. Precisava descontar em algum momento. – ou em alguém. Sem contar que não havia momento mais propício.


 Kate segurou meu rosto entre as mãos, me fazendo olhar nos olhos dela.


 - E bater nele fez com que se sentisse melhor? – perguntou, e tirou alguns fios de cabelo da minha testa.


 Senti um arrepio.


 - Nem tanto. – respondi, sendo sincero. Afinal, ele podia beijá-la em uma outra hora, em que eu não estivesse olhando. – Mas ficaria, se estivéssemos juntos.


 A expressão de Kate se tornou dura. O assunto com certeza a incomodava.


 - Quer mesmo falar disso? – e retirou as mãos do meu rosto.


 Suspirei.


- Parece que não.


 Os braços de Katherine me envolveram de novo. Não a abracei de volta, embora quisesse. Tinha certeza de que ficaria remoendo a lembrança daquele abraço mais tarde. Não tinha como isso ser saudável.


 - Remus. – sussurrou ela, escondendo o rosto no meu pescoço. – Não faz mais isso, ‘tá? Você me assustou.


 Eu não conseguia entender porque ela estava preocupada comigo, sendo que quem estava realmente machucado era Stephan O’Shea.


 - Eu gostaria muito que pudéssemos ser amigos. Como a gente era antes. – prosseguiu Kate.


 Não, Kate. Por favor, não me pede isso.


 Peguei os braços dela e a afastei de mim, indo contra toda a minha vontade. Eu queria mesmo era que ela continuasse ali, me abraçando. Mas não como amiga.


 - Acho que você já arranjou um novo amigo.


 Katherine abaixou os olhos, recolhendo os braços que eu segurava para perto do corpo. Parecia triste.


 - Remus. - disse ela. O fato de que ela estava repetindo meu nome pela terceira vez naquele dia não me passou despercebido. – Você já deveria saber que é insubstituível.


 Olhei para Kate, sério. Se ela tivesse dito isso antes de toda aquela confusão, eu me sentiria o cara mais sortudo do mundo. Mas agora eu só conseguia pensar nas coisas que ela havia dito quando discutimos. Não acho que, depois de tudo o que ela me disse, eu possa acreditar que sou um amigo insubstituível.


 E pior: um amigo. Amigo. Só um simples amigo. 


 - Não. – fiz eu, balançando a cabeça negativamente. – Não, Kate. – e me coloquei de pé. – Não faz isso.


 Katherine me olhou, ainda no chão, com um olhar triste.


 - Remus... – chamou, de leve. – Eu sei que está magoado comigo. Eu mesma estou magoada comigo. Mas... Podíamos tentar ser amigos.


 - Não. – eu disse de novo. – Você sabe como eu me sinto. Não vou fingir que não sinto por você mais do que amizade.


 - E-eu entendo. Mas... – Kate pausou, também se levantando. – Remus, eu só queria que...


 Eu a interrompi.


 - Katherine, você disse que queria ficar com o O’Shea. – disse, as palavras ardendo na minha garganta. – Então fique com ele. Mas não me peça para assistir isso. Não me pede para ser seu amigo. Você não tem direito de me pedir uma coisa dessas.


 Antes que ela pudesse responder, eu virei as costas e segui pelo corredor, pegando minha bolsa no caminho e jogando nos ombros.


 Amigos! Como Kate tinha coragem de me pedir amizade depois de tudo o que eu havia dito sentir por ela!


 Cheguei à esquina do corredor, quando ouvi Katherine me chamar.


 - R-Remus... – ela estava chorando?


 Me virei para olhá-la. Ela estava abraçando a si mesma, a expressão torturada. Senti um ímpeto quase incontrolável de correr até ela, mas não o fiz.


 - Por favor... – Kate arfou. – Não me julgue. Você não entende.


 Não, Katherine. Eu entendo muito bem.


 Segui meu caminho e não olhei mais para trás, com medo de voltar correndo para consolá-la.


 


 Narrado por Marlene McKinnon (de novo)


  


 Imagine comigo: uma garota linda (alta, com cabelos negros e compridos, um corpo perfeito) andando por um corredor em câmera lenta, um vento batendo, o violão na mão. Percebe-se que é graciosa tanto na forma quanto nos movimentos.


 Imaginou? Legal! Agora adivinhem quem é essa criatura divina. Não conseguem? Ora, pessoal, é óbvio que...


 ... SOU EU! ‘Tá, Marlene. Acho que todo mundo já tinha percebido esse pequeno detalhe.


 Gente, eu tinha que compartilhar minha beleza com alguém! E não é porque sou metida (embora, talvez, pareça que sim), mas sim porque eu estou com o humor renovado!


 Sim! Tomei banho e dormi a tarde toda (matando todas as aulas [mas isso é o de menos]), o que melhorou muito meu estado de espirito. Ah, vocês já sabem? Como assim eu estava uma chata na primeira parte da minha narração? Deixe de drama! Experimente limpar um corredor todo sujo de tinta rosa antes de falar de mim, ok? Vai por mim, isso acaba com qualquer um!


 E agora, horário em que o jantar está prestes a começar (acabando com o mundo com minhas rimas), a minha linda pessoa está indo em direção ao Salão Principal. Será que alguém sabe porque?


 LILY VAI CANTAR [fogos de artificio]!


 Eu sei. Não tem motivo nenhum para ficar feliz. Desculpem, desculpem. É, eu sei que provavelmente perderemos nossos tímpanos essa noite. Mas eu tenho que estar feliz por ela, afinal, Lily é minha amiga. E mesmo cantando mal à beça, eu tenho que apoiar. Se bem que ela tem melhorado muito, principalmente com a ajuda da Katherine. Algo me diz que, dessa vez, as coisas vão dar certo.


 Virando na esquina de um corredor, saltitante, vi um garoto sentado no chão, com as mãos perto da boca, da qual saia um som curioso. Não é novidade para ninguém que eu sou meio lerda das idéias. Eu até admito isso. Tanto que quando vi o garoto, percebi que ele tocava alguma coisa, mas demorei uns segundos para associar o som com o instrumento.


 Até que finamente... BAM! Não, não fui atropelada por um ônibus. Pelo contrario... Eu raciocinei (o que normalmente não acontece). Pois é, meu raciocínio faz esse barulho mesmo. Lily diz que é por falta de uso.


 Mas, enfim... Eu raciocinei e descobri que o garoto tocava gaita! GAITA! Um instrumento pequeno e de fácil manuseio, que era tão simples e tão legal! Foi uma surpresa (e das bem grandes), porque, tipo, um bruxo tocando gaita?! Improvável. Ainda mais um bruxo bonito? Mais do que improvável.


 E foi justamente por isso que eu achei tão DEMAIS!


 Então uma idéia maluca me ocorreu. Eu podia perfeitamente ir falar com ele (assim, como quem não quer nada), fazer um amigo (só amigo, mais nada) e, de quebra, arrumar alguém para tocar gaita na apresentação da Lily. Gaita no meio da minha música ia deixar tudo fantástico!


 Corri até onde o garoto estava sentado, ainda sem notar minha presença, e praticamente me joguei ao lado dele, pensando que assim tinha chamado a atenção dele.


 Engano meu. Ele nem sequer se assustou com minha aparição repentina.


 - Oi. – eu disse então, anunciando minha presença, sorrindo com todos os meus dentes.


 O garoto me olhou, parecendo meio irritado, provavelmente se perguntando quem diabos o tinha interrompido. Ao ver que era eu, sua expressão mudou completamente, de modo que ele pareceu bem mais amistoso.


 - Oi. – respondeu, sorrindo de volta.


 - Desculpe chegar assim, do nada. É que eu te vi tocando e achei o máximo. – falei, na maior cara de pau.


 - Ahn... Obrigado. – agradeceu, sem jeito. – Não é o melhor instrumento do mundo, mas é dos que eu mais gosto.


 Fiz que sim, concordando.


 - Também gosto de gaita. O som é interessante. – comentei.


 - Até que, para uma bruxa, você tem bom gosto para instrumentos trouxas.


 Eu ri, de leve.


 - Nem tanto. – então estendi a mão. – Sou McKinnon. Marlene McKinnon.


 O garoto aceitou meu cumprimento, apertando minha mão amigavelmente.


 - Eu sei quem você é. Aliás, todos sabem. – abaixei a cabeça com esse comentário, sem graça. - Sou Josh Gunter. – se apresentou.


 Franzi a testa. Eu já ouvi esse nome em algum lugar...


 - Já nos conhecemos? – questionei, olhando-o de cima a baixo, tentando me lembrar.


 Ele riu.


 - Sim. Sou do time de quadribol da Grifinória.


 AHÁ! Eu sabia.


 - Mesmo? Como foi que nunca falei com você antes? – perguntei, descrente.


 Josh (nome recém descoberto) deu de ombros.


 - É uma boa pergunta, já que até com o Jack você já falou.


 - Você e o Jack são amigos?


 - Melhores amigos. – Josh me corrigiu. – Desde sempre.


 Puxa, o Jack nunca tinha me falado do Josh. E olha que tivemos bastante tempo para conversar. Mas chega de papo. Lily vai se apresentar daqui a pouco e eu tenho que enfiar esse garoto no meio da bagunça.


 - Josh... – comecei. – Eu sei que acabamos de nos conhecer, mas preciso que me faça um favor.


 Josh me encarou, com certeza se perguntando o que diabos eu tinha em mente.


 - Que tipo de favor? – desconfiou.


 - Bem, minha amiga Lily vai cantar daqui a pouco no Salão Principal. Será que você podia tocar gaita na apresentação?


 Josh abriu um sorriso descrente, erguendo a sobrancelhas.


 - ‘Tá brincando? Dumbledore vai mandá-la para detenção! E eu com certeza iria junto.


 Bom, ele tinha razão.


 - Eu sei. Mas posso tirar seu nome da reta, entende? – sugeri. Ele não pareceu entender. Ah, tenha a santa paciência! - Posso dizer ao Dumbledore que você pensava que era uma apresentação autorizada. – expliquei. - Se confirmar a história, tenho certeza de que sairá limpo. – garanti, torcendo para que ele aceitasse. Seria tão legal!


 Josh pareceu pensar a respeito.


 - O que eu ganho com isso?


 Nossa, que garoto mais oportunista!


 - O que quer ganhar? – cedi, me perguntando qual era meu saldo de galeões de emergência.


 Observei a expressão de Josh se transformar. Ele me lançou um olhar malicioso.


 - Depende do que estiver disposta a me dar. - ah. Entendi qual é a dele. – Daqui a duas semanas tem passeio a Hogsmead. Quer me dar a honra de sua companhia?


 Sou uma risada.


 - Fechado. – concordei. Eu ainda não havia recebido nenhum convite, de qualquer forma. - Porque não? – dizendo isso, me levantei e peguei Josh pela mão. – Vamos. Te explico no caminho sua parte na música.


 


 Narrado por James Potter


 


 Não dá para acreditar no que os meus olhos estão vendo. Quer dizer, eu sei que está lá! Mas simplesmente não consigo acreditar. Afinal, o que diabos a Evans, a McKinnon e um garoto qualquer estão fazendo em frente à mesa dos professores?!


 ‘Tá. Você pode até dizer que isso não é lá grande coisa. Eu também pensava assim, até que eu reparei que a Evans carregava um microfone, McKinnon carregava um violão e o garoto carregava uma gaita.


 Agora admite. É ou não é estranho?


 Ficou ainda pior quando os três se sentaram em banquetas, de costas para os professores e de frente para as mesas dos alunos. Evans tirou a varinha do bolso e fez um feitiço que eu não consegui ouvir.


 McKinnon tirou uma nota do violão, apenas para teste. O som reverberou por todo o Salão Principal. O garoto desconhecido testou a gaita e o resultado foi o mesmo. Ambos fizeram sinais de positivo para Evans, que deu uns tapinhas no microfone, testando.


 - Oi. – disse ela, com um tom normal de voz, mas sendo ouvida por todos. – Parece que os instrumentos estão ok. O microfone também está funcionando. – comentou, parecendo satisfeita. – Quem diria? Lily Evans fez um feitiço que funciona!


 Algumas pessoas riram, achando divertido.


 Senti um mal pressentimento subindo pelo meu estômago.


 McGonnagal fez menção de se pronunciar, mas foi detida por Dumbledore com um sorriso. Ele não parecia incomodado.


 Evans apoiou o microfone em um suporte, de modo a não precisar segurá-lo.


 - Bom, o negócio é o seguinte. – prosseguiu ela. – Eu venho tentando conquistar um garoto a quase um ano. – todos os olhos de todas as quatro mesas se viraram para mim. O professores também olharam. Evans também olhou. Senti meu rosto corar. – Acho que não preciso dizer quem é, já que as notícias correm rapidamente nessa escola. – e deu de ombros. – Não que eu tenha sido muito discreta. – e riu de si mesma.


 Muitas pessoas a acompanharam.


 Isso. Não. Podia. Estar. Acontecendo. Comigo. Enterrei o rosto nas mãos, me negando a acreditar.


 - Já que não tenho tido muito sucesso, achei que não faria mal mudar um pouco de tática. Não que minhas cantadas não sejam boas, muito pelo contrário! – então fez uma careta divertida. – Por falar nisso, James... – começou ela. Ah, não! Por favor, me diz que ela não vai... – Se o Sol não sair amanhã, podemos usar seu sorriso. - e me jogou uma piscadela.


 Toda a população feminina da escola fez um coro de “ooowwnnn, que fofo”, enquanto a única coisa que eu queria era um buraco para me esconder.  


 Só pode ser um pesadelo.


 - Enfim... Dessa vez, decidi fazer algo diferente. Marlene e Sirius escreveram uma música – o pessoal começou a aplaudir os dito cujos. -, Katherine tentou me ensinar a cantar – mais aplausos. Até tú, Kate? -, e eu estou aqui, pronta para pagar o maior mico do ano. É bom todo mundo prestar atenção, porque eu não vou fazer de novo. – risos.


 Ah, Merlin, não! NÃO! Era pior do que eu imaginava!


 Fiz menção de me levantar, pronto para dar o fora dali o mais rápido possível, mas alguns alunos acharam que seria legal me segurar ali.


 TODOS ESTÃO CONTRA MIM!


 Ah, droga! Eu vou matar aquela biltre desmiolada!


 Marlene começou a tocar o violão, a melodia se espalhando por todo o Salão.


 - I had no choice but to hear you. You stated your case time and again. I thought about it. - (Eu não tive escolha a não ser ouvir você. Você contou sua história sem parar. Eu pensei sobre ela.) - You treat me like I‘m a princess. I‘m not used to liking that. You ask how my day was. – (Você me trata como uma princesa. Eu não estou acostumada a gostar disso. Você me pergunta como foi meu dia.)


 Evans cantou a primeira estrofe, parecendo incerta sobre a própria voz. Assim que viu que estava afinada o suficiente, sorriu, confiante.


 Não sei porque essa cara satisfeita. Isso tudo é uma bela droga, isso sim!


 - You‘ve already won me over in spite of me. Don‘t be alarmed if I fall head over feet. Don‘t be surprised if I love you for all that you are. I couldn‘t help it. It‘s all your fault!  - (Você já me conquistou mesmo contra a minha vontade. Não se assuste se eu me apaixonar da cabeça aos pés. Não se surpreenda se eu lhe amar por tudo o que você é. Eu não pude evitar. É tudo culpa sua!)


 Bom, mesmo quando a gente acha que não dá para ficar pior, alguma coisa acontece. É de lei. No meu caso, aquela coisa de “serenata” tinha espalhado feito merda no ventilador, porque, de repente, o Salão Principal inteiro começou a bater palmas no ritmo da música.


 Acho que estou pagando meus pecados de uma vez só.   


 Espera só um instante... A Evans disse que era tudo MINHA CULPA?! Só pode ‘tá de brincadeira comigo! Eu NUNCA que me responsabilizo pela paixão falsa dessa garota!


 - Your love is thick and it swallowed me whole. You‘re so much braver than I gave you credit for. That‘s not lip service. – (Seu amor é enorme e me engoliu inteira. Você é muito mais corajoso do que eu pensava. Isso não é da boca pra fora.)


 Mas é claro que não é da boca para fora! Desde quando mentiras são da boca para fora?!


 Eu sei que a Evans adora uma mentirinha. Mas mentir para mim (dizendo que me ama e toda aquela história que você já conhece) é uma coisa, já mentir na frente da escola inteira (jogando a mesma ladainha de sempre) é muita cara de pau!


 - You‘ve already won me over in spite of me. Don‘t be alarmed if I fall head over feet. Don‘t be surprised if I love you for all that you are. I couldn‘t help it. It‘s all your fault. - (Você já me conquistou mesmo contra a minha vontade. Não se assuste se eu me apaixonar da cabeça aos pés. Não se surpreenda se eu lhe amar por tudo o que você é. Eu não pude evitar. É tudo culpa sua!) - You are the bearer of unconditional things. You held your breath and the door for me. Thanks for your patience. – (Você é o mensageiro de coisas incondicionais. Você segurou a respiração e a porta para mim. Obrigada pela sua paciência.)


 E soltou um risinho nessa última parte, parecendo envergonhada. AH! Ainda bem que ela reconhece que eu tive que ter muita, mas muita, mas muita paciência mesmo nos últimos tempos!


 De repente, surpreendendo a todo mundo, inclusive a mim, o garoto desconhecido entrou fazendo um solo com a gaita! Um solo de gaita! GAITA! Quem foi que teve essa idéia patética?!


 Até que, não como, reconheci o garoto que tocava a gaita... Josh? Josh Gunter? Membro do MEU time de quadribol?!


 - O QUE?! – berrei, no meio daquela barulheira toda, tentando compartilhar minha indignação.


 Ninguém me ouviu. E nem precisava, porque, obviamente, a escola inteira estava curtindo aquele showzinho que aquele projeto de pessoa da Evans tinha programado.


 Como eu sei que o pessoal ‘tava gostando? Ah, bem simples. O Salão Principal inteiro se levantou (alguns até subiram nos bancos), batendo palmas no ritmo da música, rindo e torcendo adoidado. E isso incluía Sirius, que, inclusive, tinha montado um tipo de torcida organizada para fazer uma dancinha tosca.


 O solo de gaita acabou (finalmente!) e Evans voltou a gralhar no microfone:


 - You‘re the best listener that I‘ve ever met. You‘re my best friend. Best friend with benefits. What took me so long? – (Você é o melhor ouvinte que eu já conheci. Você é meu melhor amigo. Melhor amigo com vantagens. O que me fez demorar tanto?)


 Evans deu de ombros com a própria pergunta.


 EI! Desde quando somos amigos com vantagens?! Ela só me beijou uma vez e foi à força! E nunca, nunca fomos amigos!


 - And I‘ve never felt this healthy before. And I‘ve never wanted something rational. And I am aware now. And I am aware now. – (Eu nunca tinha me sentido tão bem assim. Eu nunca quis algo racional. Eu sei disso agora. Eu sei disso agora.) - You‘ve already won me over in spite of me. Don‘t be alarmed if I fall head over feet. Don‘t be surprised if I love you for all that you are. I couldn‘t help it. It‘s all your fault. - (Você já me conquistou mesmo contra a minha vontade. Não se assuste se eu me apaixonar da cabeça aos pés. Não se surpreenda se eu lhe amar por tudo o que você é. Eu não pude evitar. É tudo culpa sua!)


 Evans parou de cantar. McKinnon e Josh continuaram tocando por mais alguns segundos, antes de pararem também. Mas o que deu real fim à música foi um último som prolongado feito pela gaita.


 Foi o necessário para a multidão de alunos explodir em aplausos. Alguns garotos começaram a assoviar alto. Muita gente berrava. E até os professores pareciam tentar conter os próprios sorrisos, batendo palmas educadamente.


 Os três idiotas se levantaram das banquetas, deram as mãos (Josh ficou no meio das duas) e agradeceram, sorrindo muito. McKinnon abraçou Josh pelos ombros e deu um beijo na bochecha dele. Sou bom o suficiente em leitura labial para saber que ela disse “obrigado”.


 Evans e McKinnon trocaram um abraço, enquanto Josh sumia com as banquetas.


 O pessoal todo ainda vibrava. Ô gente que adora um fuzuê! Vou te contar, viu?


 Aproveitando o fervo, decidi que já estava mais do que na hora de sair daqui, ainda mais agora que não havia ninguém para me segurar. Me virei em direção à saída, antes que a Evans alcançasse o microfone outra vez e decidisse cantar outra música. Vi Sirius olhando para a McKinnon com uma expressão estranha, mas não tive tempo de pensar a respeito.


 Corri pela porta do Salão Principal e só parei quando estava à uns bons dois corredores de distância.


 


 Narrado por Lily Evans


 


 - JAMES! – berrei, enquanto corria ao seu encontro.


 Gente, ele já está à dois corredores de distância! Como assim?! Ele tinha acabado de sair do Salão Principal, como conseguiu ir tão longe em tão pouco tempo? Que rapidez!


 Porque eu não consigo parar de encontrar qualidades nele? Sério, não é possível que existam tantas assim! Beleza, coragem, confiança, lealdade, talento, inteligência, generosidade, humildade, gentileza... [um bilhão de qualidades depois]... e agora tenho que acrescentar ‘velocidade’.


 É muita perfeição para uma pessoa só! Se bem que, ultimamente, eu venho encontrando alguns defeitos. Mas isso não faz diferença nenhuma agora!


 James se virou, surpreso. Ao ver que era eu, fez uma careta, como se eu tivesse acabado de rolar em uma poça de estrume, e apertou o passo.


 O que, pelas pulgas de Merlin, tem de errado comigo?! Não é como se eu transmitisse algum tipo de doença!


 - James! – chamei de novo e saí correndo atrás dele.


 A pior parte de ser nanica é que suas pernas são curtas, o que torna impossível ser rápida. Como se eu precisasse de mais um defeito para colocar na minha lista.


 James dobrou um corredor e desapareceu da minha vista. Ah, que ótimo! Ele bem que me viu correndo atrás dele, mas nem se importou em parar para ver o que eu queria. Educação mandou lembranças!


 O mais engraçado é que ele conseguiu me despistar apenas andando, enquanto eu corria, ofegante, pelo corredor. Quer saber? Existem maneiras mais produtivas de conversar. Já que James não quis por bem, logo minha única alternativa é...


 Retirei a varinha das vestes e apontei, confiante, para qualquer lugar.


 - Accio James! – exclamei, em alto e bom tom.


 Não foi preciso esperar muito. No máximo uns cinco segundos depois, eu já podia vê-lo virando o corredor, andando duro na minha direção, olhando assustado para os braços e as pernas, que pareciam se mexer sozinhos, como se tivessem vida própria.


 E não é que o feitiço funcionou, minha gente?! Hoje eu estou cheia de feitiços que funcionam! Morram de inveja, reles mortais!


 Quando James parou em frente a mim, abri um sorriso, feliz por ele ter voltado. ‘Tá. Eu sei que é ridículo, já que fui eu quem o convocou por meio de um feitiço. Mas não consigo evitar! Simplesmente fico radiante quando ele está por perto!


 - Não sabia que Accio funcionava com pessoas. – comentei, alegremente, como quem não quer nada.


 James ficou vermelho de raiva, finalmente entendendo o que tinha acontecido.


 - EVANS! – gritou, ralhando comigo. Ele fica tão lindo quando está bravo!


 - Ow, calma, ruivo! – eu ri, divertida.


 - NÃO ME CHAME ASSIM! – gritou de novo. Sabe, eu estou bem perto dele... Não há necessidade de usar esse tom elevado de voz.


 Levantei as mãos, me rendendo.


 - ‘Tá bom. – então dei de ombros. – Desde que não estoure meu tímpano.


 James ia gritar de novo (dava para ver pelo grau de irritação dele), mas se conteve. Ao invés disso, grunhiu:


 - Eu? Estourar SEU tímpano? – estranhou. – Acho bem mais fácil você ter estourado metade dos tímpanos de toda a Hogwarts à uns minutos atrás.


 Nossa. Não canto tão mal assim, né?


 - O pessoal parecia estar curtindo. – retruquei.


 - Estavam só sendo educados. – rebateu ele.


 - Todos de uma vez? – estranhei. – É bem provável. – completei, irônica. James bufou e não respondeu. - Admita que você adorou minha apresentação. – provoquei, e encostei a mão no ombro dele.


 James agarrou meu pulso com força. Que brutalidade! Eu ‘tô conversando numa boa, ok?


 - Sabe qual é o seu problema? Você é tão cheia de si que mal consegue enxergar quando faz alguma coisa errada! – ele praticamente cuspiu as palavras.


 Fiz cara de inocente, não me importando nem um pouco se ele estava prendendo minha corrente sanguínea ao segurar meu pulso daquele jeito. Já me fazia feliz o fato de ele estar encostando em mim.


 - E o que eu fiz de errado dessa vez? – perguntei, levantando a sobrancelha.


 - Preciso mesmo mencionar?! Porque, francamente, me parece óbvio. E eu não estou a fim de me lembrar.


 Suspirei.


 - Não gostou mesmo? – perguntei, começando a ficar decepcionada.


 - Porque eu gostaria daquela palhaçada? – e soltou meu pulso, com violência. Minha mão formigou quando o fluxo de sangue voltou.


 Olhei para meus próprios pés. Mordisquei o lábio e passei a mão direita pelos cabelos, meio nervosa.


 - Bom, todo mundo fez tudo o que pôde para dar certo... – argumentei, baixinho. – Marlene e Sirius ficaram horas compondo a música. Katherine se empenhou ao máximo para me ensinar a cantar. E eu dei meu melhor para aprender.


 James deu um sorrisinho enviesado. Nunca o vi sorrir assim. Que incomum. Ele costumava dar sorrisos radiantes, até mesmo quando estava bravo comigo.


 - Me parece que seu “melhor” – fez aspas com os dedos, frisando a palavra. – não foi o suficiente. Aliás, nada do que você faz é bom o suficiente.


 Meu estômago deu um nó. É meio doloroso ouvir isso da pessoa que você gosta. É verdade que eu já devia estar acostumada com esse tipo de coisa, mas os insultos doíam sempre na mesma intensidade.


 Sorri para disfarçar meu desconforto.


 - Merlin, que maldade! – e ri de leve. – Mas, já que achou tão horrível... Já sabe o que dizem sobre os presentes: o que vale é a intenção.


 James riu alto. Espera ai. James riu alto?


 - Talvez deva escolher melhor seus presentes, Evans. – sugeriu. – Quem sabe, assim, ninguém precise te ouvir cacarejar de novo.


 Senti meu sorriso se apagar e minhas sobrancelhas se unirem.


 - Porque está sendo tão mal? – perguntei, magoada. Acontece sempre, Lily, acontece sempre... Respire. Ele sempre diz essas coisas para você quando está nervoso. Não há razão para se chatear.


 - Porque faz séculos que estou tentando fazer com que você me deixe em paz! – que exagero. Não faz séculos. Faz quase um ano, nem é tanto tempo assim. – Já disse um BILHÃO de vezes que eu não gosto de você! Eu mal te aturo! Mas parece impossível para você entender isso!


 Cruzei os braços e revirei os olhos.


 - Não pode simplesmente me pedir para não lutar por você! – exclamei, começando a ficar realmente chateada.


 - Isso não é lutar por alguém, Evans! – negou ele. - É perseguir, infernizar, ou seja lá como quiser chamar!


 Eu sei que James via minhas tentativas dessa forma, mas isso é só porque ele se recusava a tentar enxergar por trás disso.


 - James... – comecei, disposta a lhe explicar minhas intenções, mas fui interrompida.


 - Potter. – me corrigiu.


 Bufei.


 - Que seja. – cedi. – Eu fico te “perseguindo” – fiz aspas com os dedos. - desse jeito, porque não tenho mais o que fazer. Já tentei de tudo, mas você não me dá espaço. Mal consigo ter uma conversa comum com você, porque sempre que tento, você fica na defensiva! – desabafei, frustrada. - Do que tem tanto medo?


 James pareceu ultrajado.


 - Não tenho medo! – gritou. – Só quero ficar longe de você! É tão difícil para você entender que eu nunca vou me apaixonar por você?!


 - Se tem tanta certeza disso, porque fica fugindo de mim?! – questionei, também gritando.


 - Porque eu não te suporto, Evans! Você é uma completa imbecil! Todas as vezes em que você chega perto de mim, sinto vontade de vomitar! São incontáveis declarações de amor e cantadas idiotas! Você parece incapaz de não se jogar em cima de mim à cada minuto do dia!  


 Dei um passo para trás, meio zonza com as palavras dele, tão cheias de ódio e de veneno.


 É normal, Lily. Não preste atenção nisso. Não se deixe magoar.


 - James... Eu... Eu só...


 - NÃO QUERO SABER! – berrou, descontrolado. – Já se olhou?! – e apontou para mim. Apertei os olhos e me recusei a olhar para mim mesma. Continuei encarando-o. – Acha mesmo que eu, algum dia, ia querer alguma coisa com você?! – ele disse a última palavra como se fosse um palavrão. – Você é o contrário do bom! Adora diminuir as pessoas! Acha que é melhor do que todo mundo, mas não se toca de que você é uma garota qualquer! Continua sendo arrogante e mesquinha!


 Senti meu peito se contrair. Não, Lily. Não se magoe.


 - Eu ‘tô fazendo o que eu posso para mudar tudo isso, James. – tentei dizer, parecendo normal, mas minha voz soou embargada. Pigarreei. – Vou mudar por você.


 James jogou a cabeça para trás e gargalhou alto.


 - Pare de falar como se isso fosse verdade. – debochou. – Você quase me faz acreditar que se importa mesmo comigo, a ponto de mudar por mim.


 Mas... Mas...


 - Eu me importo com você! – afirmei. – Me importo com você e com o que pensa de mim!


 - Se importa nada! – declarou James e me preparei para a próxima rodada de insultos. Mas não aconteceu. James respirou fundo algumas vezes, tentando se controlar. Esperei. Ele contorceu as mãos e passou-as pelos cabelos logo em seguida. Então começou a falar novamente. – Olha... Já estou cansado de gritar com você.


 Finalmente concordamos em alguma coisa!


 Meu peito começou a se acalmar. Chega de brigar.


 - Acho que já está mais do que na hora de colocarmos tudo em pratos limpos. – sugeriu. Eu não tinha nada a dizer sobre isso. Ele já sabia dos meus sentimentos. – Primeiramente, quero pedir que pare de mentir para mim. Sou inteligente o suficiente para saber que você não é apaixonada por mim. O nome do que está sentindo é orgulho ferido e...


 - O que?! – interrompi, meio alto demais. - Eu não...


 Fui interrompida.


 - Evans, por Merlin! – exclamou James, jogando os braços para o alto. – Estou tentando conversar com você! – então agarrou meus ombros, me sacudindo de leve. - Chega dessa história! Nós dois sabemos que é mentira!


 - Não é mentira! – tirei as mãos dele dos meus ombros. – Eu amo você, James.


 James bufou.


 - Você não me ama. Se amasse, respeitaria o fato de que eu não te retribuo. Se amasse, me deixaria em paz, como eu venho te pedindo a quase um ano, ainda mais agora que estou com a Anne. Se amasse, não faria mal à minha namorada. Se amasse, ficaria feliz pelo simples fato de eu estar apaixonado.


 Senti uma pontada no peito.


 - Você é egoísta, Evans. Pensa tanto em si mesma e no seu próprio bem estar, que não consegue ver que a única coisa que me falta para ser feliz é ficar longe de você.


 Meus olhos começaram a arder.


 - Na sua cabeça, não importa o que eu quero, ou o que eu acho que é bom para mim. Você só se importa com o que é bom para você. Não te importa que suas investidas me deixem infeliz, desde que você consiga o que quer.


 Reprimi um soluço.


 - Seu egoísmo é tão grande, que você acaba envolvendo gente que não tem nada a ver nos seus planos ridículos. Ou acha mesmo que a Malerne, a Katherine e o Sirius mereciam punições quando a culpa é totalmente sua? Até o Josh, Evans! Você nem o conhece.


 Eu conseguia sentir o choro subindo pelo meu estômago.


 - Se você realmente se importasse com qualquer coisa além de você, deixaria não só a mim, mas todo mundo em paz. – James finalizou. – Chega. Vai viver sua vida. Me deixa viver a minha. E nunca mais se atreva a chegar perto de mim.


 Uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Eu a senti, quente, descendo pela bochecha.


 - Dói ouvir a verdade, não é?


 Então James virou as costas e saiu pelo corredor, rápido, como se não suportasse ficar nem mais um segundo do meu lado. Fiquei observando, parada, enquanto ele desaparecia, sentindo um bolo enorme na garganta e uma pressão do lado esquerdo do peito.


 Foi o que bastou para outras lágrimas caírem. Pela primeira vez em muito tempo, eu estava chorando. Soluços subiam pela minha garganta e eu não tentei suprimi-los. Eu chorava porque sabia que James tinha razão. Chorava porque as palavras dele quebraram meu coração.


 Forcei minhas pernas a se moverem e corri para longe dali.


 Finalmente, eu estava desistindo.


 


N/A.: oi. Bom, é isso ai. Postei esse capítulo de 30 páginas. Espero que alguém tenha paciência de ler (ou que alguém ainda se lembre dessa fanfic).


 De qualquer modo, para quem leu, deixe um comentário.


 Um agradecimento mais do que especial para Letícia Horan e L.Oliveeira que deixaram o comentário e parecem querer o resto da fanfic. Muito obrigado, sério. Muito obrigado mesmo. Espero que gostem do que eu fiz nesse capítulo, tentei deixa-lo o melhor possível.


 Um grande beijo,


 Thomas.  

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Comentários (4)

  • isa b. pontas

    Capítulo perfeito como sempre...  gente, esse James tá me deixando louca, eu tenho uma vontade imensa de, tipo, arrancar os cabelos ruivks da cabeça desse garoto, coitada da Kate! Coitada da Lily! Continua, pq está muuito boa....

    2014-04-17
  • Gabi O. Potter

    Descobri essa fic ontem, e devorei ela! To amando, adoro ver a Lily como uma guria de atitude! O James já ta me dando nos nervos, arght! Tu escreve muito bem, continua assim!!! 

    2014-03-25
  • Leticia Horan

    OI Thomas, não precisa agracer em nada, sério! As suas fics são maravilhosas e não merecem ficar paradas no pen-drive kkk Eu queria te dar os parabens porque pela primeira vez na vida eu estou dizendo isso: Como o James pode ser tão FDP??? Quando começou a namorar a vaca loira, começou a palhaçada! Nâo gostei James! Volta a ser o amor da minha vida kkk E cara, o que foi aquilo que ele disse pra Lily???? Se eu fosse ela deixaria de dar bola e partiria pra outra, não olhava mais na cara do idiota humpf! Muita sacanagem você mexer com os meus sentimentos desse jeito. Não gostei, achei ofensivo! kkk Bom é mais ou menos isso, não demore POR FAVORRRRRRR caso contrário eu sequestro o Black! Será que vão sentir falta dele? Bjs Le  

    2014-03-22
  • MariSchaffor

    Muito boa essa fic! To apaixonaaaaadaa!Adoro as palhaçadas da Lily e da Marlene, mas odeiooooo esse James, acorda logo, meu filho!!Achei a história hilária e ao mesmo tempo cativante, você escreve muito bem, quero ver o final logo!bjos e parabens! 

    2014-03-19
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