Uma carreira de sucesso



Helen Smith era uma analista de negócios de uma importante empresa: a Datasoft Corporation sediada no centro de Londres, num antigo prédio vitoriano. Jovem, com apenas vinte e três anos, tornou-se a chefe do departamento de Engenharia da seção de Logística e Armazenagem e, na sua opinião, já havia atingido o sucesso em sua carreira. No entanto, concentrada à frente de seu notebook tentando fechar um projeto com um dos maiores clientes da empresa, Helen chegou a conclusão de que não era feliz como gostaria.

Parecia que estava faltando alguma coisa. Um vazio lhe dizia que faltava alguma coisa, embora Helen não sabia o que era. Antes, achava que era a faculdade, então, matriculou-se na renomada Universidade Charles Darwin aos arredores de Londres. Depois de formada, achou que precisava de algo no qual concentrar seus pensamentos. Decidiu que Datasoft Corporation era a empresa merecedora de seu talento, mas isto não lhe bastou. Nem mesmo o curso de mestrado conseguiu dissuadi-la destes sentimentos tão perturbadores.

Assim era ela, aficionada pelo trabalho, no entanto, de uma maneira fria, sem paixão, sem amor, sem sentimentos.

De repente, um barulho fez-se ouvir e a escuridão desabou sobre o prédio todo. As únicas luzes provinham dos notebooks acesos.

As pessoas se agitaram. Os empregados que não possuíam notebooks (que fazia a maioria) começaram a se levantar, curiosos para saber o que estava acontecendo. Isto, Helen não permitiria que acontecesse em seu setor. Quando alguns de seus subalternos ameaçaram levantar, Helen falou, de modo altivo:

- Quem lhes deu autoridade para levantar. Fiquem todos em seus lugares até segunda ordem. – Helen ralhou, irritada pela interrupção. – David, vá até a recepção. Veja o que aconteceu.

David era o único subalterno em que Helen confiava. Ele era tão rigoroso quanto ela, o que chamava a sua atenção. Os seus subalternos deram muxoxos, mas permaneceram em seus lugares, invejando os empregados dos outros setores que se levantam e tomavam cafezinhos, conversando animadamente.

Logo, David voltara:

- Srta. Smith, ninguém sabe ao certo o que aconteceu. O que se sabe é que houve uma pane geral nos sistemas elétricos e sobrecarregou o gerador e os No-breaks. Os prédios aos arredores também estão enfrentando estes mesmos problemas. O sistema telefônico também não está funcionando. Eles mandaram uns funcionários até a Central Elétrica para saber com mais detalhes o que aconteceu, mas por enquanto, ninguém sabe.

- Certo. Vamos aguardar então.

Helen continuou a se concentrar em seu projeto. Esperava acabá-lo antes que cessasse a bateria do seu notebook. Alguns minutos depois, um dos zeladores apareceu.

- Quem não tem notebook pode ir embora, o chefe liberou. – disse o zelador.

- Ora essa! – disse Helen, baixinho. – E se a energia retornar. Quantas horas de atrasos nos projetos!

- Eu vou ver como esta a situação na recepção. – disse David, o único subalterno seu que decidira continuar no trabalho para indignação de Helen.

Os outros funcionários já davam risadas e saiam animados.

- Bando de preguiçosos! – Helen reclamou.

David retornou um pouco abatido e cansado, afinal tinha que percorrer todo o trajeto pelas escadas, uma vez que a seção de Engenharia e Programação ficava no terceiro andar do prédio.

- Blecaute geral, Srta. Smith. A Central Elétrica disse que aconteceu um surto geral em tudo: até o aeroporto está parando suas atividades e olha que o gerador de lá é poderosíssimo.

- Deus do céu! E o hospital.

- Está no mesmo problema. Há milhões de pessoas que estão morrendo por que os geradores do hospital estão parando de funcionar. E pelo que eu escutei, vai ser difícil a energia retornar hoje, para falar a verdade, pelo que me disseram, a Central Elétrica, disse que vai levar dias até arrumar este problema. Eles vão precisar viajar até o continente para conseguir arranjar uma peça.

- Que droga! Imagine o prejuízo de nossos clientes e o prejuízo da nossa firma. Isto resultará em cortes, pode ter certeza disso! – disse Helen revoltada. – Acho que agora você pode ir, David. Não há mais nada para fazer aqui. Eu vou terminar este projeto, depois eu vou também.

- Certo! Se precisar de mim, pode me chamar pelo celular. Pelo menos os celulares estão funcionando.

David deu uma risadinha revelando os dentes brancos e alinhados. David era um belo rapaz e Helen gostaria muito de se envolver com alguém. Já fazia tanto tempo que estava sozinha. Mas infelizmente havia algo em seu coração que lhe travava cada vez que pensava em se envolver com alguém.

- Certo, David.

David fez uma cara de desapontado. Helen sabia que David esperava um envolvimento maior por parte dela, mas isto não aconteceria.

Helen apressou-se para terminar o projeto. Quando enfim terminou, fez uma última revisão. Depois de aumentar alguns valores que julgara baixos demais, enviou o email para seu cliente, rezando para este tivesse um notebook, também. Deu sorte, pois quando acabou de enviar o email com o projeto em anexo, seu notebook começou a apitar, sugerindo que a bateria estava acabando.

Assim, Helen não tinha nada mais a fazer do que ir embora.

Vestiu o casaco que havia pendurado na cadeira e verificando se estava alinhada, tomou a direção da saída. Já estava tudo escuro quando ela saiu para o estacionamento, depois de cumprimentar o segurança de plantão que estava extremamente aborrecido por não poder ligar sua televisãozinha de mão.

Ligou o carro e partiu em direção a sua casa que era a apenas alguns quarteirões da empresa. O trajeto, no entanto, estava estremamente desastroso. Como os sinaleiros não estavam funcionando, havia muitos acidentes no caminho e havia muitas brigas exaltadas. Helen tentou ficar paciente e tomou caminhos diferentes para chegar logo a sua casa. Quando estacionou bem em frente, viu uma coisa que chamou a sua atenção: dois homens estavam brigando, diziam algumas coisas em voz alta que Helen não entendeu, mas o que ela achou mais curioso foi o fato de eles usarem estranhas vestes. Pareciam mantos compridos e coloridos. Helen deu um sorrisinho contido e saiu do carro. Antes de abrir o portão, olhou mais uma vez para os dois homens. Agora eles apontavam um objeto de madeira pontudo um para o outro.

“Que ridículo!”, pensou Helen, divertida.

Helen colocou o carro para dentro da garagem e entrou na casa.

Acendeu algumas velas e tomou um gostoso banho. Estava tão estressada que o banho serviu para relaxá-la.

Quando finalmente quis dormir, sentiu pesarosamente a falta da televisão. Ela gostava de dormir com o aparelho ligado. Assim ouvia vozes e não se sentia tão miseravelmente sozinha quanto costumava se sentir.

Com a falta da televisão, Helen começou a pensar em sua vida. E aquele vazio voltou a lhe afligir. Sentia-se tão perdida e sozinha. Vivendo uma vida tão sem propósito! Quando se deu por conta, enterrada o rosto no travesseiro deixando as lágrimas fluírem livremente.



BUM!

Um barulho de explosão muito próximo fez Helen acordar em alarme. Ele escutava o grito de pessoas. Arrastou-se até a janela e tentou espiar pelas frestas da veneziana. Lá fora, as pessoas gritavam e corriam desesperadas de um lado para outro.

Havia outras pessoas, vestidas como aqueles dois homens que ela vira quando chegara em casa. Eles apontavam varinhas de madeira para outras e estas faziam expressões de medo.

- “Mas... o que...” – Helen perguntava-se, baixinho, quando da ponta de uma das varinhas surgiu um raio de cor vermelha atingindo algumas pessoas que caíram desarmadas.

Helen, desesperada, tateou no escuro por sua bolsa. Tentou desesperadamente achar seu celular e quando o achou ligou para a polícia.

Sem sinal.

Não havia mas nada o que fazer, então ela decidiu ligar para o celular de David, que logo atendeu.

- Alô? – ela escutou a voz de David falando.

- David! David, pelo amor de Deus, você precisa me ajudar.

- O que foi, o que aconteceu?

- Tem umas pessoas na frente da minha casa atacando a outras. Elas estão usando uma espécie de arma, eu não sei o que é.

Tu, tu, tu.... a ligação caíra.

- Merda! – gritou Helen, irritada, mas arrependeu-se por seu gesto impensado.

Olhou pela fresta novamente, lá fora, os homens que atacaram as outras pessoas aproximavam-se agora de sua casa.

- Oh, Deus do céu!



Helen correu para a cozinha, onde ficava a única porta de entrada. Estava fechada. Era uma porta pesa, de madeira de lei, não havia como eles a arrombarem. Não havia.

Ela escutou os passos dos homens lá fora. Eles havia pulado o portão e agora aproximavam-se da porta. Helen ficou em suspense, imaginando que a qualquer momento eles tentariam arromba-la, mas isto não aconteceu.

- ALOHOMORRA! – Ela escutou um dos homens gritar, e escutou o barulho da chave girando na fechadura.

Ela afastou-se com cuidado escondendo-se numa das sombras. Na escuridão, eles não a enxergariam.

Os homens entraram. Eram três. O primeiro brandiu a varinha de madeira que carregava na mão.

- Lumus! – Uma luz azul provinda da ponta da varinha daquele homem a ofuscou. Desesperada ela agora sabia que eles podiam vê-la.

- AVADA QUED...

- ESTUPEFAÇA!!! – Um quarto homem entrou na casa. Da sua varinha surgiam raios que atingiram os outros três.

A escuridão invadiu a cozinha novamente.

- LUMOS! – A luz azul novamente ofuscara Helen que já estava a beira do desespero.

- Por favor, por favor, não me machuque – Ela implorou para o homem que restara.

- DEUS.... – escutou o homem falar, mas como a claridade estava contra ela, ela não conseguia ver o rosto dele, mas ele conseguia ver o seu. - HERMIONE é você????































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