O informante




- O que foi isso? – Gina perguntou, ao escutar um alvoroço nos andares abaixo.
- Não foi nada! – Malfoy disse, continuando a beijar Gina apaixonadamente.
Gina continuou a prestar a atenção. Havia várias vozes alteradas, entre elas, ela reconheceu a que mais emanava autoridade.
- Harry! É Harry! Ele chegou! – Gina respondeu, espalmando a mão no peito de Draco, e escapando de seus braços pulou da cama.
Draco deitou-se de costas, desanimado com a interrupção de Gina que parecia ser outra pessoa.
Ela desamassou o robe e olhou para Draco.
- Sinto muito, Draco! Mas Harry é meu marido. E eu o amo. – ela caminhou para porta, mas quando colocou a mão sobre a maçaneta, parou.
- Não faça isto! – Draco falou, num tom sombrio.
- Eu não posso ficar com você – Gina falou, sem se virar.
- Não faça isto com Harry e nem com você mesma!
- Harry é meu marido. Antes mesmo de Hermione ser dada como morta, Harry já era meu noivo. Eu o mereço mais do que ela.
- Não... não merece não. Você se esqueceu que eu estava aqui quando Hermione supostamente morreu? Eu vi tudo o que você fez para fazê-lo esquecer-se dela, mesmo que ele teimasse em procurá-la. Você praticamente forçou-o a casar-se com você. Um casamento fadado ao desastre. Ele nunca te amou... nem nunca vai amar.
- VAI SIM! ELE VAI ME AMAR MUITO! – Gina virou-se furiosa. – Eu não posso ficar sem ele depois de tudo o que eu fiz... eu preciso dele...
- Você precisa apenas de si mesma! – Malfoy sentenciou – Não vê? Você é uma garota forte e poderosa, não precisa de Harry para nada, você só precisa de si mesma. Eu vi como tomou a chefia e controlou a situação, você é forte, Gina, só precisa saber disso.
Gina abaixou a cabeça, refletindo sobre as palavras de Malfoy. Estava confusa pela primeira vez na vida. Ela não podia negar o que sentiu quando ele a beijou. Ela se entregaria facilmente a Draco há alguns segundos atrás, mas agora, ao escutar a voz de Harry, sentia ainda que não poderia desistir, não depois de tudo...
Gina levantou a cabeça e Draco viu em seus olhos um brilho intenso, quase obsessivo.
- Harry é meu! – ela disse. – Esqueça o que houve entre nós!
Gina abriu a porta e saiu ganhando o corredor. Ela desceu todos os lances de escada correndo a fim de rever seu querido marido novamente.
Quando enfim chegou ao pátio central, ficou emocionada ao ver Harry. Ele dava ordens aos aurores, inclusive Rony e Luna que só agora tinham chegado e aos outros que haviam retornado da estrada para Hogsmeade. Do outro lado, Dumbledore também dava ordens a Macgonagal, Snape e o restante dos professores.
Segundos depois, Malfoy surgiu atrás dela, com uma cara aborrecida.
- Harry! – Ela gritou, chamando a atenção do marido que se virou para eles, furioso.
- QUEM DIABOS DEU ORDENS PARA OS AURORES FICAREM FORA DE HOGWARTS? VOLDEMORT ESTÁ VINDO PARA CÁ! – Harry disse, olhando fixamente para Malfoy. Certamente tirar os últimos aurores de Hogwarts era idéia de Malfoy para facilitar o trabalho de Voldemort.
- Fui eu, Harry! – disse Gina, timidamente – Eu achei que você precisaria de ajuda quando aparatasse, então os mandei para lá. Eu fiz mal, não é?
Harry respirou fundo, mas não a repreendeu. Certamente, Gina estava preocupada com ele. Embora ainda achasse que tinha dedo de Malfoy na jogada.
- Eu não aparatei! – Harry informou – Eu vim de vassoura. Por isso demorei tanto.
- E Helen? – Gina perguntou. Apesar de ter uma rixa com ela, não queria que alguma coisa tivesse acontecido a suposta Hermione.
- Ela está na ala hospitalar. Não está muito bem. Está com uma infecção e além disto, desconfio que esteja com hipotermia. Não foi nada agradável a viagem até aqui. Achei que ela não resistiria ao frio do vento.
- Mas ela está bem, não está? – Malfoy perguntou.
- Por hora, está! – Harry assentiu, vendo na preocupação de Malfoy uma chance de ficar a sós com Gina e com Dumbledore – Aliás, Draco, gostaria muito que você ficasse com ela, para ver se ela está melhor.
- Claro, Harry! – Malfoy disse, e subiu as escadas, na direção da ala hospitalar.
Harry acompanhou enquanto Malfoy desaparecia no andar acima e chamou por Gina e Dumbledore que havia acabado de dispensar os professores.
- Gina, professor Dumbledore, eu posso falar com vocês? – Harry chamou-os a um canto.
- Eu mandei os professores organizarem os estudantes para a fuga... fugiremos pela passagem que você disse, Harry, aquela que dá no porão da dedos de mel. – Dumbledore disse, preocupado.
- Ótimo! – Harry concordou – Já mandei dois de meus melhores Aurores para a Dedos de Mel, a fim de garantirem a segurança dos estudantes. Os outros ficarão aqui para resistir ao ataque de Voldemort. Eu achei que a esta hora Voldemort já teria atacado.
- Se não atacou, certamente deve estar muito perto disso. – Dumbledore concluiu.
- Professor Dumbledore, o senhor já sabe como destruir o anel? – Harry perguntou, sua última esperança residia na sabedoria do diretor. Se não conseguissem destruir o último Orcruxe não haveria muitas chances para eles.
- Ainda não tenho idéia. – Dumbledore disse. – No momento, acho que você tem uma notícia mais importante para nos dar, não é mesmo?
- É verdade. Uma notícia terrível. A razão de Voldemort ter obtido sucesso nos últimos anos se deve às informações de um agente duplo. Há um informante entre nós... e eu creio que seja Draco.
Gina levou a mão à boca nervosamente. Dumbledore por outro lado, piscou calmamente.
- Eu já imaginava que havia um informante entre nós! – disse o velhinho.
- Eu só não consigo imaginar como ele fez isso! Ele não teve tempo para mandar corujas. Estava com a gente o tempo todo. – Harry se perguntou.
- Ele poderia fazer isto através de um orbe.
- Um orbe? – Gina perguntou, ainda mais nervosa.
- Sim, um orbe. – Dumbledore assentiu – Eu já vi um orbe muito pequeno que cabe na mão ou no bolso da calça. Um orbe que funciona exatamente como aquele aparelho que os trouxas chamam de telefone.
Gina tampou o rosto com as mãos. Ela estava tremendo.
- Você está bem, Gina? – Harry perguntou, estranhando o comportamento da esposa.
- Claro, claro! – Gina disfarçou.
- Certo! Eu vou ver como os professores estão indo! – disse Dumbledore e abandonou-os escada acima.
- Você quer me dizer algo, Gina? – Harry perguntou a Gina que estava cada vez mais e mais vermelha. – Draco não te fez nada, fez? Ele é muito astuto. Imaginei que ele tentaria seduzir você. Eu sinto muito por isso. Jamais deveria ter deixado que ele ficasse a sós com você.
- Harry... você tem certeza que é ele... ? – Gina perguntou, os olhos marejando...
- Eu não tenho certeza... esperava que você pudesse me dizer algo. Confirmar algum comportamento estranho.
Gina abaixou a cabeça.
- Teve uma hora que Malfoy me deixou sozinha na caverna. E, você tem razão... ele tentou me seduzir.... e quase conseguiu, Harry... eu sinto muito.
Gina afundou-se no peito de Harry, que alisou seus cabelos.
- Tudo bem, Gina. Não estou aborrecido. Estava preocupado. Eu gosto muito de você e não queria que nada de ruim lhe acontecesse.
- Mas não me ama, não é? – Gina levantou os olhos marejados para Harry que a olhou enternecido.
Ele balançou negativamente a cabeça, confirmando aquilo que Gina sempre soube.
-Você sabe que o nosso casamento estava no fim... – Harry disse, suavemente.
- Mas Helen me prometeu... ela me prometeu que não faria isto comigo.
- E ela cumpriu, Gina! Não aconteceu nada entre nós dois. Acho até que eu e ela fomos mais fiéis do que você e Malfoy.
Gina soluçou desanimada.
- Tudo bem, Gina. Já lhe disse que não estou aborrecido. Eu gostaria, enormemente, que Malfoy não fosse o traidor sujo que é. Assim ficaria feliz em vê-la com ele...
Gina ficou tensa de repente e parou de chorar.
- Você está bem?
- Sim.
- Bem mesmo? – ele repetiu.
Desta vez foi Gina quem somente balançou a cabeça, afirmativamente.
- Ótimo. – Harry disse, sem perceber a tristeza no rosto de Gina. – Depois que todos os estudantes tiverem fugido, Gina, quero que vá também. E quero que leve Helen com você, está bem?
Gina assentiu novamente.
Ela virou-se mecanicamente e começou a subir os degraus da escada em direção a ala hospitalar. Quando abriu a porta da enfermaria, Madame Pomfrey e Malfoy olhavam preocupados para Helen que estava tomando uma sopa quente.
- Será que eu posso falar a sós com Helen? – Gina perguntou, um tom sombrio saiu em sua voz.
Draco saiu da enfermaria, mas Madame Pomfrey foi para sua sala, fechando-a a atrás de si, deixando apenas Gina e Helen frente-a-frente.
Helen deixou o prato de sopa sobre a escrivaninha ao lado da cama e olhou firmemente para Gina.
- Já sei sobre o que quer falar comigo, Gina – disse Helen, decidida. – E quero que saiba que cumpri minha promessa. Seu marido é todo seu.
- Não é isso. – Gina falou, deixando as lágrimas escaparem de seus olhos – Eu preciso lhe dizer outra coisa...

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Malfoy esperou durante muito tempo do lado de fora da enfermaria, mas, como não viu sinal de vida de Helen ou Gina, decidiu descer a escadas para ver como Harry estava se saindo. Quando chegou ao pátio principal, Harry olhava pela janela preocupado. Não havia mais ninguém por ali, apesar de haver uma grande agitação nos andares acima.
- Harry... precisa de ajuda para alguma coisa – Malfoy ofereceu-se humildemente.
Sem tirar os olhos da janela, Harry respondeu sarcasticamente:
- Não mesmo! Você já ajudou muito por hoje!
- O que quer dizer? – Malfoy perguntou, aborrecido.
- Não precisa mais fingir, Malfoy, eu já sei de tudo.
- Sabe o que? – Draco indagou, confuso.
Harry virou-se para ele.
- Sei quem você é! Quando você se apaixonou por Hermione pensei que havia se convertido. Você enfrentou seu pai, achei que estava do nosso lado. Do lado do bem... mas eu estava enganado, não é mesmo?
- Do que você está falando?
- Você não estranhou de não ter recebido nenhuma informação de seu contato?
- Que contato, Harry.... do que diabos você está falando... eu não estou entendendo!
- Seu contato está morto! Helen o matou!
- Helen matou quem?
- Seu pai: Lucius Malfoy!
Malfoy ficou petrificado.
- Meu pai... meu pai está....
- MORTO! – Harry falou e gargalhou alto. A risada histeria ecoou pelo castelo. – Assim como você!
E estendeu a varinha para Malfoy.
- Eu confiei em você. Achei que você era meu amigo! – Harry disse.
- Harry... você está cometendo um erro. – Malfoy disse, nervoso, levantando as mãos em defesa.
- Eu cometi um erro há seis anos quando acolhi você! AVADA Q...
- EXPELIARMUS!
Harry escutou um grito de mulher e em seguida, a varinha voou de suas mãos.
- Gina? – Harry gritou para a garota, que segurava a varinha firmemente apontando para os dois. – O que diabos você está fazendo....? Malfoy é o informante. Eu sei que você gosta dele, mas precisamos matá-lo... não podemos correr mais riscos com ele entre nós...
- NÃO! – Gina gritou, e Harry viu um brilho estranho em seus olhos. – Malfoy não é o informante, Harry.
- Então quem é? – Harry perguntou aborrecido.
As lágrimas correram pelo rosto de Gina enquanto ela piscava incessantemente.
- SOU EU!

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