Duas Lágrimas



- Eu sou a informante, Harry! Esse tempo todo... fui eu! - Gina disse, deixando as lágrimas caírem livremente.
Harry e Malfoy estavam abismados. Olhando para ela, enquanto ela descia as escadas lentamente com a varinha erguida em ameaça.
- Por favor, querida, abaixe a varinha! – Harry pediu com firmeza.
- Não... eu não posso... meu amor... – Gina falou e sua voz se perdeu num sussurro.
- Gina... eu sei que você está nervosa, meu bem... abaixe a varinha e nós conversaremos.... – Harry pediu, sentindo-se cada vez nervoso.
Malfoy estava confuso, mas sabia que teria de agir logo, Gina estava se aproximando e Harry estava sem a sua varinha.
- Eu sinto muito pelo que eu tenho que fazer, Harry! Você jamais ficaria comigo mesmo!
Enquanto Harry e Gina discutiam, Malfoy ainda mantia as mãos levantadas, calculando mentalmente se teria tempo suficiente para abaixar as mãos e sacar a sua varinha que estava no bolso da sua calça. Enquanto refletia, viu Gina abaixando uma das mãos – a outra segurava a varinha firmemente – e tirar do bolso da calça uma pequena bola brilhante.
Harry sabia muito bem o que era aquilo e teve então a confirmação de que Gina era mesmo a informante.
- MESTRE! – disse Gina, falando perto do orbe – Pode vir, mestre...
Quando Gina abaixou os olhos para colocar o orbe no bolso, Malfoy abaixou lentamente a mão e a deslizou pelo corpo em direção à varinha.
- Estupefaça! – Ele gritou alto e Gina caiu para trás, insconsciente, o orbe rolando para longe de sua mão.
Malfoy correu para Gina e a segurou em seus braços, tirando alguns fios ruivos do seu rosto para ver se a garota estava bem.
- Meu Deus! – Harry disse, levando mão à cabeça. Depois de alguns segundos, pegou sua varinha que estava jogada no chão e explodiu o orbe que ainda brilhava. – Eu não posso... eu não consigo imaginar... meu Deus...Gina é a informante.
- O que? – Perguntou Rony, surgindo no alto das escadas, segurando a mão de Luna. - O que você disse? Que Gina é a informante? Que informante? Existe um informante entre nós?
- Rony... eu... onde você estava? – Harry perguntou, tentando desviar do assunto, não queria ter que dizer que Gina era uma traidora.
- Nós estávamos ajudando Dumbledore a tirar os alunos daqui... como nós... bem... conhecemos melhor o percurso, ajudamos todos a sair... mas voltamos para ver como vocês estão e avisar que está na hora de sairmos daqui... Todos já saíram... só falta alguns... o que aconteceu com Gina? Por que ela está desmaiada... ?
- É uma longa história, Rony, não há tempo... faça um grande favor para mim, sim... vá até a enfermaria e pegue Helen... e saiam daqui o mais rápido que puderem. Salve Helen... Rony... por favor...
- Como assim, Harry, você não vem?
Harry abaixou a cabeça e sem olhar para o amigo respondeu.
- Tire Helen e vá com Luna... eu e Malfoy iremos depois... e levaremos Gina... – Era mentira... eles ficariam... ele sabia que alguém teria que ficar para atrasar ou divertir Voldemort ou não haveria tempo suficiente para que Dumbledore se afastasse com os estudantes.
- Está bem...! – disse Rony e subiu as escadas com Luna.
Os cabelos de Luna caiam por sobre o ombro produzindo ondas adoráveis. Luna se transformara numa bela mulher... ela e Rony seriam muito felizes... e era um boa coisa para se pensar... pois Harry não queria pensar que aquela poderia ser a a última vez em que via seu melhor amigo e companheiro de aventuras por tantos anos.
Quando Rony finalmente sumiu no corredor do primeiro andar, Harry se aproximou de Malfoy que ainda segurava Gina com uma expressão de dar dó no rosto.
- Draco... eu tenho que lhe pedir perdão... eu pensei... er... que você era um traidor... eu pensei... ah... eu nem sei o que pensei... eu iria te matar... e se você quiser me matar agora... acho que mereço.
- Tudo bem, Harry! – Malfoy falou sinceramente, mas Harry notou uma nota de tristeza em sua voz... Draco estava muito triste... seu amigo desconfiara dele, quisera matá-lo... seu pai estava morto... e a mulher que amava era uma traidora.
Harry queria poder dizer alguma coisa, mas nenhuma outra palavra saía de sua voz.
O silencio reinou por alguns segundos somente, pois logo fora quebrado pelo professor Snape que vinha descendo as escadas...
- Harry... olhe lá fora... !
Harry olhou assustado para onde Snape apontava e viu, pela janela, que uma horrível nuvem esverdeada com a forma de uma caveira pairava há alguns metros de distância.
- Voldemort está chegando... – Harry começou a dizer, mas não terminou o que dizia, pois um grande estrondo fez-se ouvir em seguida: a porta principal do castelo, que pesava algumas toneladas, veio abaixo com uma grande explosão. Harry e Snape caíram para trás e Malfoy puxou Gina para um canto, protegendo-a com o corpo.
Em seguida, alguns comensais começaram a entrar.
Malfoy se virou e segurando firmemente a varinha, começou a atacar. Com agilidade, ele até conseguiu derrubar uns três comensais, mas logo foi atingido por um raio e caiu desacordado. Foi então que Harry conseguiu se levantar e atacar.
- CaucasiaNublem! – gritou Harry, conjurando uma grande nuvem que sufocava quem ousasse transpassá-la. Isto lhe deu algum tempo.
- Snape! – disse Harry, ajudando a levantar o professor – Vá e salve os outros!
Quando Snape sumiu no andar acima, surgiram no mesmo lugar dois aurores conhecidos.
- Stan, Wilen... venham e ataquem!
Salvos pela nuvem, os dois aurores e Harry começaram a atacar e conseguiram derrubar alguns comensais. Harry chegou a achar que talvez tivessem alguma chance, mas de repente, viu que um vulto negro entrou no castelo e começava a transpassar a nuvem sem dificuldade.
- Achou que iria me impedir, Potter? – Gritou Voldemort quando finalmente transpassou a nuvem. E com um só brandir de sua varinha, chicoteou os três homens com um raio brilhante.
Harry caiu, sentindo seu corpo ferver... o feitiço havia transpassado seu corpo, tirando todas as suas forças. Ele olhou para o lado, mas os dois homens (Stan e Wilen) estavam mortos.
- Maldito! – Disse Harry, mas antes que pudesse se levantar, Voldemort conjurou-lhe cordas que o amarraram firmemente.
A essa altura, a nuvem venenosa havia se dissipado e os outros comensais estavam entrando. Um deles tomou a frente e apontando a varinha para Harry, preparou-se para atacar...
- Avada Q...
- Estupefaça! – Gritou Voldemort, estuporando o comensal que tencionada matar Harry – Maldito idiota! Ninguém vai matar Harry a não ser eu... e ele não morrerá até que veja o que vou fazer com sua amada. – Voldemort sorriu, exibindo os dentes podres... – Vão! Invadam o castelo, matem quem cruzar o seu caminho, mas tragam-me Granger viva! VIVA! HAHAHAHA!
Os outros comensais, obedecendo seu mestre, invadiram o castelo, subindo as escadas.
Sem poder se mover, Harry somente rezou para que Rony tivesse tido tempo suficiente ter salvado Helen, pois sabia o que a esperava.
Enquanto Voldemort sorria, percebeu a presença de Malfoy que começava a voltar a si. Imediatamente o lord das trevas conjurou cordas e quando Draco ficou consciente, chutou seu estômago.
- Espero que saiba que seu pai está morto! Ele era meu melhor comensal... enquanto você é um traidor sujo! – Voldemort chutou várias vezes o estomago de Draco até que ele cuspisse sangue pela boca.
- Seu maldito! Covarde! – Harry gritou – Por que você não o enfrenta dignamente. Se existe alguém sujo aqui, este alguem é você!!
- Estamos num jogo de traições, não é mesmo, Potter? – Voldemort provocou-o, aproximando-se de Harry que tentava, inutilmente, livrar-se das cordas que o prendiam. - O filho de Lucius me traiu, mas com certeza a traição de alguém tão vulnerável quanto Draco não é nada se comparado à sua... esposa, não é mesmo? Gina e eu nos tornamos grandes amigos, desde que ela usou o meu diário para desabafar seus probleminhas de adolescentizinha boba! Ela escreveu em meu diário o quanto amava você, Harry... foi fácil convencê-la a vir para o meu lado... E quanto ela finalmente juntou-se aos comensais eu vi o quanto ela poderia ser importante: eu disse a ela o que fazer para conquistá-lo. Mate Neville e Harry terá pena de você... Convença Hermione de que você está em depressão, finja que quer se matar... Hermione largará mão de Harry para ajudá-la. Mas você insistia e insistia em ficar com Hermione... eu já admirava a Granger... uma grande mulher... líder dos aurores... forte e determinada... – disse Voldemort fazendo um gesto de poder com as mãos – Ela será minha... será a minha rainha...
- Maldito... maldito! – Harry balbulciava, debatendo-se cada vez mais e mais... sentiu então que a corda começava a ceder...
- Eu destruí o Ministério enquanto Gina capturava Hermione. Eu queria Granger para mim, mas Gina disse que a matara. Eu fiquei bravo... muito bravo... você não imagina a minha surpresa a encontrar Granger viva novamente... mas agora... nem por Gina eu a deixarei escapar...
Para a completa desolação de Harry, alguns comensais surgiram no alto da escada. Um trazia Rony e Luna abraçados e assustados. Outros dois traziam Snape e três estudantes, igualmente assustados e... outros dois traziam ainda uma outra pessoa: Helen, que ora andava, ora era carregada. Ela estava muito pálida e fraca.
- Tragam-na para mim! – gritou Voldemort.
Ele agarrou Helen pelos pulsos e forçou um beijo. Helen tentou se livrar, mas ele a segurava firmemente. Ele a puxou cada vez mais perto e quanto seus lábios estavam muito próximos, Helen se virou e com as unhas, fez um corte em seu rosto direito.

Tap.

Voldemort bateu em Helen que caiu com violência. Ela tentou escapar, mas ele a agarrou novamente. Ele bateu novamente nela, até que um corte na testa se abrisse.
- Largue ela, maldito! – Harry gritava, sem poder fazer nada, embora sentisse que as cordas estavam cada vez mais frouxas.
- Me solte! – Helen gritou, mas Voldemort bateu nela novamente. Ele era forte e a puxou com violência, agarrando-a pela cintura. Ele a ergueu de modo que ela ficasse a alguns centímetros do chão...
- Você será minha! E Harry Potter será testemunha! Mas minha rainha precisa de um anel... um anel de noivado...
Voldemort apontou a varinha para o bolso de Malfoy.
- Accio Admintus! – ele disse, e o anel saiu facilmente do bolso de Draco para ir para as mãos de Voldemort. – Tão pequeno e tão poderoso, não é mesmo Potter? Achou mesmo que poderia destruir esse anel? Esse anel foi feito especialmente para Salazar Sonserina e durante todos esses anos em que pertenceu à família dos Marvolos foi coberto com todos os tipos de feitiços das trevas: não há nenhum feitiço no mundo poderoso o suficiente para destruí-lo. Não vê, Potter? Eu sou imortal... você pode me matar quantas vezes quiser... minha alma sempre ficará protegida neste anel... para a toda a eternidade... ninguém será capaz de me derrotar... nenhum exercito do mundo... logo eu destruirei os trouxas... varrerei da face da terra todo aquele que nasceu bruxo... deixando apenas aqueles que quiserem ser meus escravos! HAHAHAHAHAH! Será um mundo maravilhoso, Potter, mas não se preocupe... você não estará aqui para ver... só o que quero que veja é o meu casamento com Hermione Granger...
- Ela não é Hermione! – Gritou Harry, tentando evitar aquilo que Voldemort queria fazer.
- Tarde demais, Potter! – Voldemort colocou o anel num dos dedos de Helen. Ele quase quebrou o dedo frágil da garota, mas quando o colocou, puxou-a para si e cobriu os lábios dela com os seus. Ela tentou esbofetea-lo, mas ele segurou o seu braço e a jogou no chão, deitando-se sobre ela. – Minha! Minha!

Gina acordou quando Harry gritou. Ela se levantou e ficou assustada com a cena à sua frente: Vodemort tentava violentar Helen, que mesmo muito machucada ainda lutava contra ele. Malfoy estava coberto de seu próprio sangue e gemia caído no chão. Harry debatia-se para se livrar de cordas. Rony, Luna, Snape e outros alunos estavam assustados, mantidos por Comensais que riam da cena toda.
E tudo o que vinha à mente de Gina era de que ela era a única culpada culpada. Seus amigos morreriam, seu irmão morreria... seu marido morreria... Malfoy... Malfoy morreria...
- RictuSempra! – conjurou Gina, levantando Voldemort para o alto. Ele foi rápido e no segundo seguinte, atirou um raio contra Gina que caiu para trás. Helen rolou para o lado, no momento que Voldemort cairia sobre ela e, juntando todas as suas forças, driblou de um comensal que estava ali perto e se jogou nos braços de Harry.
No mesmo instante, Harry se livrou das cordas com todas as suas forças e a abraçou. E eles se abraçaram tão forte e tão intensamente que quatro comensais não foram suficiente para separá-los.
- Tragam-na para mim! – Voldemort gritou, e novamente os comensais puxaram Harry e Helen para tentar separá-los. Harry segurou o próprio pulso enlaçando Helen e concentrou todas as suas forças para não desatá-la, da mesma forma que Helen se agarrava a seu peito, enterrando as unhas em seu robe.
Foi apenas um segundo, mas, vocês sabem, um minuto pode durar toda uma eternidade... e foi o que aconteceu com Harry e Hermione naquele instante. Ela levantou o queixo e olhou nos olhos profundamente verdes de Harry. Ele estava assustado e aquilo a enterneceu intensamente e ela sorriu. Harry também sorriu ao ver o sorriso adorável de Helen e mutuamente eles se entenderam... era o fim... o fim da vida... o fim da batalha... mas não era o fim para eles, pois as almas que verdadeiramente se pertencem vencem até a morte e se juntam para viverem eternamente e nem mesmo o poder das trevas é capaz de separá-las. E aquele momento foi tão intenso que Helen, já tímida no ser de Hermione, deixou-se morrer por completo.
- Harry – Hermione sussurrou em seu ouvido...- Eu lembrei de tudo...lembrei que sou Hermione Granger... lembrei que nos amamos mas é tarde, não é? Tarde demais para lembrar...

Harry era forte... tão forte que poucas vezes chorara em sua vida. Ele acostumou-se a uma vida difícil onde a morte o procurara tantas vezes, mas naquela hora, naquele instante, uma lágrima teimosa escapou de seus olhos e rolou por seu rosto. Quando a gota finalmente caiu, encontrou-se com outra gota de lágrima no caminho, uma gota de lágrima de Hermione e juntas – as duas gotas de lágrimas – caíram exatamente sobre a mão de Hermione que estava agarrada ao robe de Harry. O liquido escorreu de um dedo para outro e finalmente encontrou Admintus – o anel das trevas.
Uma luz brilhou no anel. Uma luz que ficou mais e mais brilhante e logo uma claridade e uma névoa branca os envolveu.
- O que está acontecendo? – Voldemort perguntou, levantando-se para se aproximar do casal.
Quando a nevoa se dissipou, Voldemort escutou um tilintar estranho e olhou para o chão: Admintus jazia jogado, o anel estava quebrado em dois.
- Não! – gritou Voldemort, arregalando os olhos endiabrados...- NÃO!!!!


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