Voltando para Hogwarts



Harry acordou muito cedo, estava ansioso demais para continuar deitado. Olhou para o lado e viu que Draco ainda dormia. Por um momento, se impressionou por Rony já ter levantado, mas lembrou-se que ele e Hermione ficaram n’A Toca para voltarem ao Largo Grimmauld com Gina, e daí partirem para King’s Cross. Levantou, pois não agüentava mais rolar na cama, e saiu do quarto sem nenhum cuidado em fazer barulho, pedindo que Draco acordasse para lhe fazer companhia, o que não aconteceu, pois o menino estava curtindo um sono muito pesado.

Desceu as escadas lentamente, para passar o tempo. Chegando a sala, se aproximou da janela e grudou seu rosto no vidro, vendo que o dia ainda não amanhecera. Decidiu ficar ali para ver o nascer do sol.

- Ansioso, Harry?

Harry se virou rapidamente ao ouvir aquela voz, e se deparou com Sirius parado ao seu lado. Sequer havia reparado que ele chegara ali.

- Um pouco. Acho que não deveria voltar.

- Claro que deve! – Sirius fez cara de espanto – Acha que se não voltar seus problemas vão se resolver? Pelo contrário...
- Sirius... – Harry fitou o padrinho – Olha, desculpa pelo que eu te disse...

- Não precisa se desculpar, Harry – Sirius o interrompeu – Eu que deveria te pedir desculpas pelo tapa. Mas...

Sirius não completou a frase, e se pôs a olhar para fora, como Harry o fazia antes. Deu um longo suspiro e Harry ficou o olhando, esperando que ele completasse a frase.

- Na época de Hogwarts, Harry, eu tive muitas namoradinhas, sabe? – Sirius tinha um sorriso melancólico no rosto – Eu não era como seu pai, que gostava da conquistar as mais difíceis... E sem querer me gabar, chovia meninas pra mim...

- Ah, eu imagino... – Harry riu – Você era um cara bonitão... Quero dizer... Ainda é...

- Bom, mas eu me apaixonei pela mais complicada delas... Não sei por que, Harry, mas Amanda era tudo pra mim. No começo, eu nem olhava para ela. Era amiga da Narcisa e da Bela, e eu tinha raiva dela. Mas, um dia eu a vi chorando... Eu tinha 14 anos. Ela foi tão sincera comigo, se abriu, disse o que sentia, pois não tinha amigos de verdade. Ela era da Sonserina, mas ninguém a entendia. Depois desse dia, começamos a nos encontrar escondidos. Eu, por causa do seu pai, ela por causa da Ciça e da Bela. E foi aí meu erro.

- Não é erro, Sirius, a gente não escolhe por quem se apaixona – Harry falou como se fosse um ótimo conselheiro amoroso – Não vê o exemplo da Gina? Se apaixonar logo pelo Draco... E o mais engraçado, Draco me contou uma história meio parecida com a sua, Gina o amparou enquanto ele chorava... Será que seu chorar eu consigo uma namorada? – E riu, tentando descontrair a conversa.

- Não sei, tenta! – Sirius riu – Você tem razão, Harry, não escolhemos... Amanda só é uma lembrança que eu vou guardar para sempre. Hoje, ela nem deve se lembrar de mim.

Harry olhou para o padrinho, que ainda mantinha os olhos na janela, e agora via o sol nascendo num céu ainda em tom azul-escuro. Sentiu uma pontada de pena, mas desejou que Sirius esquecesse aquela mulher. Estava ali sentindo pena de Sirius, mas lembrou-se que ele também era um derrotado no quesito amor.

- Agora, você volta para Hogwarts, e essa casa volta a ser o deserto que sempre foi – Sirius falava amargurado, sem tirar seus olhos do sol que se erguia – Estava tão feliz com a casa cheia, até do Draco eu aprendi a gostar.
- Eu volto, Sirius! – Harry tentava animar o padrinho – Eu não penso em sair daqui!
- Você é maior de idade, Harry, tem sua vida...
- Mas eu não tenho mais ninguém, senão você! – Harry o interrompeu – Você é minha família, lembra?

- E você é a minha... – Sirius encarou Harry – Quando eu olho para você, Harry, eu lembro porque ainda não desisti da vida. Porque seu pai me pediu para cuidar de você se algo acontecesse com ele. Eu só não consegui te ensinar Quadribol... É mais fácil você me ensinar do que eu a você!

- Pois é... – Harry tentou rir, mas não conseguiu – Eu sinto muito por tudo que te aconteceu, Sirius... Foi tanta injustiça!
- O passado não importa, o que importa agora é que eu e você estamos bem e vamos ficar bem depois que esse terror passar.

Sirius abriu os braços, sorrindo para Harry, que o abraçou forte. Harry sentiu vontade de chorar, não entendia como conseguiu brigar com Sirius, que sempre foi tudo para ele. Se havia alguém no mundo que ele admirava, talvez até mais que a Dumbledore, era o padrinho. Ficaram um bom tempo abraçados, sem falar nada, até que escutaram murmurinhos no andar de cima. Draco e Daniel já estavam acordados, e desciam rindo para o café da manhã.

- Dobro utro... – Draco parou de falar e ficou pensativo – Err...Esqueci o resto! Eu queria dizer “Bom dia, como estão?” Mas só saiu o “bom dia”! Ah, espera! Kak si? Lembrei! De novo... – Draco pigarreou – “Dobro Utro! Kak si? Es se kasvan Kurt Andriev!”

- Draco... Para um búlgaro, você é um legítimo Lord Inglês! – Daniel ria.
- Respeito! – Draco tentava imitar o sotaque de um búlgaro – Você estar falando com Kurrt Andrriev!
- Nossa, que horrível... – Harry caiu no riso – Draco, desiste... Esse sotaque está péssimo.
- Gente, o que eu faço? – Draco começou a rir – Eu não consigo de jeito nenhum imitar o sotaque!
- Finge que você é fluente em inglês, só puxa o “r” das palavras como Hermione falou – Daniel opinou.

- Estarr bem... – Draco piscou para Daniel – Vou torcer para ninguém me mandar ler aquelas letrinhas loucas do alfabeto búlgaro... – E tremeu só de pensar na hipótese.

- Então, vamos ao café? – Sirius sorriu para os meninos – Temos que aproveitar nossos últimos momentos juntos aqui... Agora só no natal.

- Aliás... – Draco se antecipou – Sirius, eu nem sei como agradecer por tudo o que você fez por mim...
- Imagina, Draco! Foi um prazer ter você aqui com a gente.
- Não, Sirius, vocês salvaram minha vida e a da minha família! Eu os devo minha vida!

- Não exagera, Draco! – Sirius sorriu – Não nos deve nada, você foi corajoso em nos ajudar também.

- Também acho, Draco – Daniel completou. – Você tem sido uma peça fundamental na Ordem.

- Isso mesmo – Harry concordou para não ficar de fora do papo – Draco, eu estou tão orgulhoso de você!

- Potter... – Draco olhou Harry – Eu nunca pensei que você fosse o amigo que eu sempre quis ter... Eu hoje entendo porque a Granger e o Weasley morreriam por você.
- E porque eu morreria por eles, não é? – Harry riu sem graça – O nome disso é amizade.

- Agora, vamos para de papo e comer? – Sirius apontou a mesa, já posta por Monstro – Saco vazio não para em pé, como já dizia minha doce mãezinha...

Os meninos riram e foram se sentar à mesa. Aquele café da manhã foi realmente agradável e Harry tentava não demonstrar seu nervosismo em regressar a Hogwarts. Tudo o que ele queria era voltar, mas estava com medo de como seria essa volta. Enquanto ainda comiam, Hermione, Rony e Gina apareceram pela rede de Flu, seguidos por Arthur e Molly Weasley.

- Chegaram! – Sirius se levantou da mesa apressado e foi ao encontro dos que chegavam – Que bom, como vai, Arthur?
- Sirius, que prazer em revê-lo! – Arthur apertou a mão de Sirius com um largo sorriso no rosto.
- Imagina, o prazer é sempre meu! – Sirius disse se dirigindo a Molly – Vamos, estamos tomando café da manhã, sentem-se conosco!
- Não, obrigada! Já tomamos café em casa, querido! – Molly sorria ao abraçar Sirius.
- Fale pela Sra. mãe... Eu não dispenso comida! – Rony passou pelos dois, dando um tapinha de “oi” no ombro de Sirius e se dirigindo à mesa – Pois eu vou comer mais!

- Credo, Rony! – Hermione olhava abismada – Você não cansa de comer?
- Não mesmo! – Rony gritou da mesa, onde se sentava ao lado de Harry, se servindo – Então, rapazes, animados? Não vejo a hora de jogar Quadribol!

- Não lembra... – Draco sorriu sem graça – Eu não posso jogar, não é mesmo? Eu não, Kurrt Andrriev...

- Ih, é mesmo... – Rony falou com a boca cheia – Foi mal, Draco, esqueci desse detalhe.

- Daniel, joga Quadribol? – Harry lembrou que nunca se deu ao trabalho de perguntar isso a Daniel e procurou quebrar o clima chato que estava entre eles desde a última briga.

- Jogo sim... Quer dizer, jogava. Era artilheiro. – Daniel respondeu sorrindo.

- Poxa! E nem jogamos nessas férias, heim? – Rony comentou pesaroso – Poderíamos ter ido à Toca, temos um campo improvisado lá! Fred e Jorge são batedores, Harry apanhador, eu goleiro e Draco e Gina poderiam te acompanhar como artilheiros! Vamos ver se armamos o time para o natal!

- Boa idéia! – Draco se animou – Eu era apanhador, mas sei jogar como artilheiro também.
- Não vai dar... – Daniel balançou a cabeça – Eu não estarei aqui no natal.
- Não? – Harry arregalou os olhos – Não vai voltar com a gente?

- Não vou, não – Daniel falou um pouco triste – Eu preciso resolver uns assuntos nas férias de natal.
- Ah... – Harry ficou curioso, mas não achou pertinente perguntar que tipo de assuntos ele tinha a tratar.

- Meu amor! – Gina chegara à mesa, dando um beijo em Draco e se sentando ao seu lado – Saudade! Eu nem acredito que vamos ficar na mesma sala comunal!
- Pois é... Só tem um problema... – Draco olhou sério para Gina – Eu não sei como será esse tal de “Kurrt” e se ele for um horroroso?
- Eu não me importo, porque saberei que é você por trás dele – Gina falou acariciando os cabelos de Draco – Por tanto, acho bom esse Kurt Andriev dar em cima de mim...
- E ele vai dar, querida... Você ser a garrota mais linda de Hogwarts, lembra?
- Ah, mas os búlgaros adoram a Hermione também... – Rony comentou olhando Hermione que se sentava à mesa – Sabia, Draco?

- Rony, passa amanhã... – Hermione o olhou, irritada.

- Crianças... – Molly veio até a mesa – Partiremos dentro de meia hora, não queremos imprevistos ou atrasos, entendido? Quanto a Draco e Daniel, Remo e Dora já estão a caminho... Eles foram buscar Sophie primeiramente.

- Sophie? – Daniel olhou curioso – Mas, não seria eu quem a buscaria? Tinha ficado combinado que iríamos juntos com os diretores das outras casas?

- Ah, querido, Remo achou melhor irem todos juntos... Então, você, Draco, Sophie e Juan irão junto com ele...

- Quem é Juan? – Harry sentiu que perdeu alguma parte da história.

- Desculpa, acho que não comentei... – Daniel olhou para Harry – Juan Diego Ramirez será o rapaz que irá para Sonserina como aluno de intercâmbio. Será o aluno da Espanha.
- Então, irá mais um aluno? – Harry perguntava sozinho e reparou que era o único que não sabia da história.
- Isso... Ele tem ajudado a Ordem também, em troca de proteção.

- Nossa, obrigado por me informarem... – Harry fechou a cara.
- Isso não é hora para ficar chateado, Harry – Molly a olhou séria – Remo e os demais membros da Ordem estão fazendo o melhor para todos em Hogwarts!

- Eu estou vendo, Sra. Weasley... Hogwarts vai virar um centro de alunos estrangeiros, ninguém vai entender nada... Nunca tivemos intercâmbio em Hogwarts... Essa história não vai dar certo, mas... Quem sou eu para opinar, não? – Harry se levantou com estupidez da mesa – Dêem licença, eu vou me arrumar...

Harry deixou todos boquiabertos com sua saída da mesa. Subiu as escadas pisando duro e se trancou no quarto, irritado. Começou a se arrumar, se arrumou tão rápido que nem acreditou. Então, decidiu descer com seu malão e com a gaiola de Edwiges, para deixar o quarto livre para Draco. Ao chegar no topo da escada, ouviu novas vozes vindas da sala.

- Ora, acabamos de falar em vocês! – Molly falava animada.
- Pois é, tivemos que mudar planos novamente – Harry ouviu a voz de Lupin sumindo, certamente entrando para cozinha – Mas também achei melhor irmos todos juntos.
- Pois é, eu disse isso desde o começo! – Tonks comentou descontraída.

- Casa legal, no és? – Harry ouviu uma voz que não conhecia – Mui bella... Así como tu tambiem lo és, Sophie!
- Merci beaucoup – Sophie falou rindo – Eu já conhecia aqui...
- Ah, ya? Vieste aqui cuando?
- No aniversário do Harry...
- No digas nada más, ya lo sé... – aquela voz desconhecida já não agradou a Harry.

- Você precisa falar tudo em espanhol mesmo? Estamos só nós dois aqui.. – Sophie comentou com ar de riso.

- Estoy ensaiando... Yo no creo en las brujas, pero que ellas existem, existem!
- Bobo! – Sophie deu uma gargalhada.

Harry estava parado no topo da escada ouvindo aquela conversa sem sentindo, mas decidiu aparecer, afinal, ele também era o dono da casa, não tinha fundamento ficar escondido. Saiu arrastando seu malão e deu de fronte com Sophie na sala. Ela estava linda como sempre, mas não estava sozinha. Um rapaz alto, de cabelos escuros e olhos claros, feições finas e ar ligeiramente displicente estava ao seu lado. Harry o olhou e o odiou por ser tão bonito. Sophie, ao ver Harry, ficou corada.

- Olá, Sophie... – Harry a olhou com indiferença – Quanto tempo, não?
- Oi... – Sophie falou sem graça.

- Mira... És el Harry Potter... – O rapaz comentou com um sorriso no rosto.
- Não, não sou Harry Potter não, sou Nicolau Flamel – Harry respondeu com ignorância.

- Flamel! Yo jurava que usted era más viejo! Que engraçadinho... Então o nosso herói tem senso de humor... Menos mal. – O rapaz não tentou forçar sotaque para falar dessa vez e olhou para Sophie com um risinho irônico no rosto.

- E você, é o famoso quem? – Harry o olhou com raiva.
- Eu? Sou o famoso “não é da sua conta” – Respondeu o rapaz com ar irônico.

- Juan...- Sophie o recriminou – Não fale assim...
- Ah, desculpa, Sophie, mas eu só trato as pessoas como elas merecem... – respondeu o garoto sem tirar os olhos de Harry.

- Juan, Sophie venham aqui, por favor... – Remo apareceu novamente na sala, fazendo sinal para os dois o acompanharem até a cozinha – Vamos combinar a chegada em Hogwarts.

- Entonces... Com licença, estressadinho... – Juan passou esbarrando em Harry – Depois terei prazer em escutar suas patadas, mas agora tenho assuntos mais urgentes para tratar...

Harry se segurou para não esmurrar o garoto. Mas, ao invés disso, se ligou em Sophie que passava de cabeça baixa ao seu lado, nitidamente constrangida. Harry se antecipou e a segurou pelo braço, forçando a menina a levantar a cabeça.

- Você sumiu... Por quê? Eu fiz algo que...
- Não tem nada a ver com você, Potter – A garota falou rispidamente – Agora, pode me soltar, por favor?

Sophie encarou Harry, que não acreditou na maneira como falara com ele. Pensou em dizer algo, mas foi interrompido por Juan, que voltara a sala ao perceber que Sophie não o acompanhara até a cozinha. O rapaz chegou a tempo de ver que Harry ainda segurava o braço de Sophie e não pensou duas vezes ao falar.

- Se eu fosse você, Potter, soltaria o braço dela agora, antes que eu faça você a largar a força.
- Jura? E como você vai fazer isso? – Harry o encarou decidido a brigar se preciso, e sem soltar o braço de Sophie.
- Não queira saber... – Juan se aproximou – Eu não ligo para quem você é, garoto, só vou falar uma vez... Se afasta da Sophie...

- Juan, por favor... Sophie forçou seu braço e se soltou de Harry – Ele já entendeu, agora... Vamos...

- Não! – Harry se meteu na frente – Quem você pensa que é para me desafiar dentro da minha casa?
- Eu penso que sou alguém que não se importa se você Harry Potter, ou seja lá quem você é, estou te avisando, fique bem longe da Sophie!

- Que acontece aqui, heim? – Sirius apareceu, acompanhado de Remo e Tonks, todos com cara de confusos – Será possível?
- Qual o problema, Juan? – Remo olhou apreensivo para o rapaz.

- O heróizinho aqui estava chateando a Sophie, Remo...
- Mentira! Estava conversando com ela, ele que se precipitou! – Harry se defendeu.

- Harry, será que podemos ficar um minuto sem brigas? – Sirius o encarou, sério.
- Mas, Sirius! Eu não fiz nada...

- Sirius? – Juan arregalou os olhos para Sirius e olhou dele para Sophie, confuso.

- Quê? – Sirius olhou sem entender – Que foi?
- Sirius... Black? – Juan ainda estava com os olhos arregalados.
- Sou eu sim... Qual o problema?
- Ah... É... Eu pensei que... – O rapaz olhava para Sophie, como se buscasse socorro.

- Pois é, ele foi o único que conseguiu escapar de Azcaban, Juan... Ele mesmo... – Sophie tentou ajudar como pôde. – Mas ele está aqui em segredo...

- Ah... E de onde ouviu falar em mim? – Sirius não se convenceu.
- Isso não é hora... – Remo interrompeu – Vamos, estamos perdendo tempo, andem.

Sophie passou apressada para a cozinha, ao passo que Juan ainda encarou Harry antes de seguir. A vontade de Harry era de sacar a varinha e estuporar ele ali mesmo, mas antes da vontade de estuporá-lo, ficou pensativo quanto a surpresa dele ao ver Sirius. Logo deixou de pensar nisso, já que todo o mundo bruxo morria de medo do “sanguinário assassino” e esse Juan devia ser só mais um covarde. Harry viu Rony, Hermione e Gina vindo da cozinha para sala, e logo atrás o Sr. e a Sra. Weasley.

- Já estamos em cima da hora, garotos, vamos? – Arthur comentou olhando para o relógio de pulso.
- Eu queria falar com Sirius antes... – Harry falou se aproximando da cozinha
- Rápido, querido... – Molly o dirigiu um olhar carinhoso.

Harry entrou na cozinha e viu que Draco, Daniel, Sophie e Juan estavam atentos ao que Lupin e Tonks os falavam. Sirius viu Harry ali e se antecipou em sua direção. Se despediram e trocaram um abraço carinhoso. Harry reparou que Juan não mais prestava atenção no que era de seu interesse, mas sim na despedida dele e Sirius. Não perdendo a oportunidade de provocar, encarou o rapaz, que não desviou o olhar, tampouco, até que Sophie reparou a cena e fez com que Juan voltasse a atenção novamente para Lupin e Tonks.

- Então, até o natal, Harry, e me escreva... – Sirius sorria.
- Claro... Se cuide – Harry se despediu e voltou à sala.

Ao regressar à sala, Harry rapidamente junto aos demais saíram do Largo Grimmauld, entrando no carro que Sr. Weasley havia conseguiu emprestado do Ministério para levá-los à estação em segurança. Era um carro sem sinalização de oficial, pelo contrário, estava protegido por feitiços desilusórios. A viagem não foi longa, como sempre, e no carro Harry teve certeza que Rony e Hermione estavam firmes no namoro, estavam entre risinhos e de mãos dadas. Gina cantarolava com o rosto grudado no vidro do carro e Harry estava nervoso, como se fosse a primeira vez que ia para Hogwarts. Ao chegarem, Harry saiu do carro olhando para os lados, e como já era de se esperar, todos os olhos o enxergaram. Não tentou ser simpático com ninguém e pegou seu malão com estupidez, queria entrar logo no expresso e não ver mais ninguém.

- Vamos logo, eu não estou a fim de ser o centro dos olhares... – Cochichou com Rony e Hermione.
- Claro, não é nem seguro ficar muito tempo aqui... – Hermione achou que com essa frase tranqüilizaria Harry, mas ele ficou mais nervoso ainda.

Entraram na plataforma 9 ¾ e foi pior ainda. Ali, Harry se sentia metralhado não só pelos olhares de todos, mas também pelos murmurinhos e risinhos. Olhou para quem pôde com cara fechada e sem pensar duas vezes se enfiou no trem, sem ao menos se despedir direito do Sr. e da Sra. Weasley.

- Não liguem, ele está estressado... – Rony comentou ao se despedir dos pais.
- Harry está um poço de ignorância! Merlin nos livre... – Gina comentou ao abraçar a mãe.
- Não fale assim ,querida, Harry está passando por momentos difíceis, ele precisa mais do que nunca dos amigos – Molly falou sabiamente.
- Concordo com a Sra. – Hermione abraçou a Sra. Weasley – Bom, até o natal!
- Até, cuidem-se, crianças... – Arthur acenou ao vê-los embarcando no trem.

Rony e Hermione também estavam sob a mira dos olhares curiosos ao entrarem no trem. Gina os acompanhava, falando gracinhas para quem os olhavam (“Não me olha assim, sei que sou linda, mas desse jeito vou secar...” ou então “Está olhando o quê? Ah, já sei, ouviu falar das minhas habilidades com a varinha e quer me por a teste? Só se for agora!”). Estavam procurando por Harry, olhando para dentro de todas as cabines pelas quais passavam. Por fim, o encontraram sentado com a bochecha grudada no vidro. Entraram e sentaram-se sem dizer nada.

- Se quiserem, podem ir para outra cabine, eu vou entender...
- Deixa de ser babaca, Harry... – Gina logo revidou – Ninguém vai sair daqui, a menos que você resolva nos expulsar.

- Estamos juntos nessa, companheiro – Rony falou piscando para Harry.
- Eu não sei o que seria de mim sem vocês... – Harry sorriu.
- Pois é, o que seria de Harry Potter sem a gente... – Gina repetiu.

- Seria só Harry Potter, e não Harry Potter, amigo de Rony, Hermione e Gina Weasley... – Hermione riu.

- Você também é Weasley, Hermione? – Rony a olhou com brilho nos olhos.
- Ah... – Hermione corou – Eu... Foi modo de falar...
- Mas... Quando nos casarmos... Você será Weasley! – Rony ficou vermelho também.

- Pára o mundo! – Gina riu – “Lá vem a noiva, toda de branco...”

- Rony, você pediu a Hermione em casamento? – Harry estava boquiaberto.
- Harry! – Hermione sentiu vontade de se esconder.
- Qual o problema? Eu amo Hermione, eu vou casar com ela... Claro, se ela quiser... Mas não agora, depois que terminarmos Hogwarts e... – Rony não sabia ao certo o que estava falando – Ah, vocês entenderam...

- Entendemos sim! – Gina disse ironicamente – Isso aí, Harry, separe seu melhor traje de gala, temos um casamento à vista!
- Eu quero ser o padrinho! – Harry ria.
- E eu a dama! – Gina falou com ar sonhador.

- Dá para pararem com isso? – Hermione não tinha mais para onde ficar vermelha.

Gina olhou para Harry e deu uma piscadinha. Harry retribui e acharam melhor não zoar com a situação dos dois amigos. Tentava segurar o riso e agradeceu quando viu duas cabeças muito conhecidas surgirem na porta da cabine onde estavam.

- Harry! Rony, Hermione! Gina! – Neville apareceu sorrindo – Podemos ficar aqui?
- Claro, Neville! Oi Luna! – Hermione sorria.
- Oi gente! – Luna entrou na cabine sorrindo – Tudo bem com vocês? Como foram de férias?

- Já tive melhores... – Harry respondeu com um sorrisinho sem graça.
- Pois é, eu também... – Neville olhou de Rony para Harry. – Mas eu fico feliz por vocês estarem juntos de novo! Então, se acertaram, não foi?

- Ah, sim, Harry e eu já nos entendemos... – Rony sorriu.
- Eu fui estúpido, Neville, mas soube admitir meu erro – Harry comentou.
- É isso que eu admiro em vocês, a fidelidade de amigos! – Neville sorria.

- Nossa... – Gina olhava Luna – Luna, você está tão... Tão...
- Bonita! – Hermione também a olhava.
- Isso, está diferente! – Gina concordou.
- Imaginem... Eu não mudei nada... – Luna falou lentamente.
- Mudou sim! Está muito bonita mesmo! – Gina insistiu – O que você fez no cabelo?

- Nada... – Luna mexeu nos cabelos – Foi só uma experiência com babosa e saliva de gnomos...

- Uau! Eu quero saber disso! – Hermione se aproximou das meninas para conversarem.

Neville se aproximou de Rony e Harry, olhando de relance para as meninas que ainda queriam saber de Luna o que havia acontecido nas férias que a deixara tão bonita. De fato, Rony e Harry também repararam, Luna estava muito diferente, não tinha nenhum daqueles apetrechos estranhos que espantavam Nargulés ou qualquer outro bicho do qual nunca ouviram falar, tinha os cabelos loiros-platinados brilhosos e devidamente penteados, a pela rosada e com aspecto saudável, bem diferente daquela face desbotada que eles conheciam.

- Que Hermione não escute, mas Luna realmente está muito melhor, não acham? – Rony comentou maldosamente.
- É verdade... O que será que aconteceu? – Harry a olhava.
- Eu não sei... Mas, Luna sempre foi bonita, não é? Não precisava mudar... – Neville a mirava com ar sonhador. Rony e Harry se entreolharam abafando risinhos.

- Ah... Neville... – Rony tentava esconder o riso – Você e Luna... Fariam um belo casal, não acha?
- Como? – Neville desviou o olhar de Luna para Rony – Não... Nada a ver... Eu não...

- Esquece, com isso você já respondeu – Rony riu.

Harry estava se sentindo melhor por não ter que esbarrar com outros alunos e estar em companhia daqueles que ele tinha certeza que eram seus amigos. Tivera provas suficientes da amizade de Neville e Luna, e podia dizer que neles ele confiava sem pensar duas vezes. Vez ou outra, algum aluno curioso passava pela cabine, erguendo a cabeça para olhar os amigos, mas Harry relevou aquela situação. Depois das últimas notícias n’O Profeta Diário, sobre ele ser o eleito, sobre a aparente calma no mundo bruxo e sobre o possível medo que o Lord das Trevas tinha dele, era normal que todos o mirassem com mais curiosidade do que o normal.

- Como será Hogwarts sem Dumbledore, heim? – Harry comentou distraído.
- O QUÊ? – Neville estava boquiaberto – Dumbledore não estará em Hogwarts?
- Opa... Acho que falei demais... – Harry lembrou que isso era assunto da Ordem.
- Não, McGonagall será a diretora... Dumbledore achou por bem se afastar de Hogwarts... – Rony comentou tentando amenizar o estrago.
- Mas... Ele está fugido? – Neville estava incrédulo.
- Não, só está distante... – Harry comentou – Mas, isso a própria Minerva vai explicar...

- Mas, Hogwarts sem Dumbledore estará menos segura, não acham? – Neville ainda estava perplexo.
- Ele estará administrando tudo, só não estará lá em corpo presente! – Rony já estava impaciente com as perguntas – Vamos confiar nele e na McGonagall?

A viagem ia chegando ao fim, os alunos já trajavam suas vestes das respectivas casas e um frio percorreu a espinha de Harry ao pensar no desembarque. Decidiu não se importar com isso, erguer a cabeça e desembarcar como se nada tivesse acontecido. O trem parou e todos começaram a desembarcar, e Harry resolveu se demorar mais. Foram praticamente os últimos a desembarcarem. Quando estavam caminhando para a saída, viram saírem de uma cabine três alunos da Sonserina, entre eles, Pansy Parkinson falava irritantemente, sem notar a presença de mais ninguém.

- Eu sabia que aquele covarde do Malfoy não voltaria esse ano, não depois do mico extraordinário que ele pagou, não é? – e a garota ria extravagantemente.

- Logo você, Pansy? Achei que você era a fim do Draco... – Uma menina alta e gorda comentou maldosamente e Harry viu Gina cerrando os dentes com raiva.

- Cala sua boca, Emília! Eu achava Draco interessante, mas ele não passa de um covarde, traidor! Ele e aquele Snape! Mestiço desgraçado! Traidor do Lord das Trevas! Mas, o que é deles está guardado... E, ousadia do Potter voltar, não acham?

- Ousadia por quê? – Harry falou em alto tom, para que as garotas o ouvissem – Não é ousadia, eu não tenho o que temer.

- Não é? – Pansy deu uma gargalhada – Olha, o Potter... Como é corajoso! Se acha, não é? Pois bem... Quando você estiver acabado, veremos quem está com a razão!
- Fica calada, sua vadia! – Gina se meteu – Ou melhor, ria mesmo agora! Depois, você vai ter muito o que chorar!

- Se limite a sua insignificância, traidora do sangue, sua Weasley piranha! – Pansy ficou vermelha de raiva ao ouvir Gina.

- Eu te monstro quem é piranha aqui... – Gina sacou a varinha com ódio, mas Harry segurou seu punho.
- NÃO! Está louca? – Harry estava com um quê de desespero na voz.
- Ela está me provocando! – Gina encarava Pansy e a vira sair correndo do trem com as outras duas garotas da Sonserina – Olha lá, que covarde! Saiu correndo! Como Draco pode ter namorado essa desgraçada? Ai, que ódio do passado do Draco!

Gina guardou a varinha nas vestes, contrariada. Tentou se acalmar e Harry ainda segurava sua mão. Ao perceber que a menina se acalmara, Harry a largou e os quatro seguiram para a saída, desembarcando do trem. Harry virava o pescoço procurando por alguém, nem se importava com os olhares curiosos que lhe eram dirigidos, e logo perguntou, com tom de nervosismo.

- Onde está Hagrid, gente?

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.