O canto romeno



38º capítulo – O canto romeno


 


 O enorme carro era dividido em três partes. Na última, estavam Gina e Colin, dormindo. No meio Luna e Star conversavam e cantavam, na frente Draco (dirigindo) tinha uma conversa séria com Blaise. A estrada era razoavelmente boa, mas tinha alguns buracos. O rádio tocava baixinho, uma música romena de doer os ouvidos, então Luna e Star cantavam algo em francês que ninguém além delas conhecia.


 A paisagem era tão linda quanto a da Sérvia, mas tinha algo melancólico que Draco não conseguia descobrir. Talvez fosse ele mesmo.


 


-Liguei para o Pietro ontem – Blaise falou, mexendo no rádio e procurando algo bom – Ele disse que está tudo em ordem e que ninguém mais o procurou.


 


-E a carta? – Draco perguntou. A manhã era tão azul, cristalina, que parecia zombar dele – Pansy recebeu?


 


-Recebeu e respondeu. Pietro não enviou para nós porque Pansy colocou um feitiço rastreador na carta – Blaise deu uma pequena risadinha – Ela não é tão burra assim, hein?


 


-Não seja idiota – Draco revirou os olhos.


 


-Só estou sendo sincero Draco – Blaise cruzou os braços, lançando um rápido olhar irritado para o rádio, agora desligado – Você é o único idiota que está com a garota errada, quando sabe que a certa está bem do seu lado.


 


-Não é tão simples assim...Não mais. Ela já deixou explicado que não vai me dar outra chance. O que eu posso fazer Blaise? Nós dois sabemos que as coisas não são tão fáceis, então não insista no assunto.


 


-Você está sendo idiota – era uma grande afirmação.


 


 Draco olhou Gina, pelo retrovisor. O ciúmes de ver o rosto dela tão perto do loiro maldito o consumiu em dois segundos, transformando seus lindos olhos em duas fendas negras. Draco odiava Colin a cada segundo.


 E odiava a si mesmo, como odiava...Por ser um idiota covarde.


 


 ***


 


-Para Chambinho? – Star pediu para Blaise, que era o motorista da vez. Já passava das quatro da tarde e eles tinha almoçado bem rápido, em um posto decadente. Foi o único momento da viagem em que Gina ficou acordada.


 


 Assim que voltaram para o carro ela dormiu.


 


-Vem Gi – Colin cutucou ela – Vamos comer alguma coisa.


 


-Sem fome Col – ela murmurou – Vou dormir.


 


-Você está dormindo demais – ele balançou a cabeça, mas decidiu não incomodá-la.


 


 Gina abriu os olhos assim que Colin fechou a porta. Ela tirou os óculos de sol e se esparramou nos dois bancos. Não queria dizer aos outros que estava seriamente preocupada com a Romênia. Seu irmão, Carlinhos, morava lá há anos e em suas visitas ao país, Gina conhecera dezenas de amigos deles.


 Carlinhos, seu irmão terrivelmente protetor e excessivamente preocupado. Não seria bonito encontrá-lo naquele momento. Principalmente porque assim que ele colocasse seus olhos nela, veria que algo estava errado.


 A porta do motorista se abriu e ela olhou, era Draco.


 


-Se seu problema sou eu...Eu fico Gina, está tudo bem. Pode ir lá com eles, espero no carro – ele nem se deu ao trabalho de olhar pra ela.


 


-Deixa de ser egocêntrico FDB – uau, uma piadinha! Estavam evoluindo? – Eu tenho outros problemas, e eles não são...Você.


 


-Seu irmão está em Londres – Draco se virou para ela. O carro não era grande o suficiente para que ele estivesse afastado...Mas ainda assim a distância criava uma barreira intransponível. Pelo menos por enquanto – Você sabe disso.


 


-Na verdade, eu não sei Malfoy – ela suspirou pesadamente, ainda deitada de mau jeito no banco – Caso não saiba, eu estou meio afastada dos Weasley. Carlinhos pode muito bem ter voltado para Londres ou morar aqui.


 


-Ele mora no campo, não é? – Draco perguntou.


 


-Bucareste.


 


-A capital? – Draco arregalou os olhos – Esses bruxos são idiotas? Criam dragões na capital do país?


 


-Não seja idiota – Gina revirou os olhos – Os dragões ficam no campo, mas Carlinhos tem um cargo no Ministério da Magia romeno.


 


-Escuta Gina...Eu... – Draco começou a falar, devagar, quase gaguejando.


 


-Eu sabia! – Colin exclamou, abrindo a porta do lado de Gina com tanta força que ela quase saiu em sua mão – Vem Gina. Sabia que esse verme ia aproveitar o momento.


 


-Colin! – Gina gritou quando ele praticamente a carregou para fora do carro.


 


 Draco também saiu do carro, batendo a porta com força. Ele estava pronto para quebrar a cara do maldito loiro Creevey. Mas era tarde demais, Colin já tinha levado Gina para longe.


 Com raiva, Draco chutou uma pedra. E quase quebrou o pé.


 


 ***


 


 Para minha felicidade, estávamos longe dos trens quentes e da alienação. Meu caderninho, de volta a ativa, também parecia satisfeito. A Romênia, perto da Sérvia, era relativamente grande. Nossa grande parada seria Bucareste. Sainda da Sérvia e entrando na Romênia, passamos por Arad, Lugoj, Hunedoara, Deva, Alba Iulia, Cluj, Napoca, Turda, Reghin, Tirgu Nures, Odorheiu, Gheorge, Sfintu Gheorge. Já estávamos no dia vinte de março. Não sei quanto a vocês, mas o tempo parece voar na velocidade da luz.


 


 ***


 


-Um hotel! – Luna apontou, maravilhada. Não devia ser mais de oito da noite, mas eles estavam exaustos. Sfintu Gheorge não era uma cidade grande, mas também não era minúscula. De qualquer forma, só passariam a noite, então o tamanho da cidade não era relevante.


 


-Estou quadrado! – Blaise desceu do carro, um minuto depois. Ele abriu a porta para Star e a puxou, beijando-a ali no meio da calçada.


 


-Eu te ajudo – Colin esticou a mão para Gina – Não se preocupe com as malas.


 


 Luna e Draco desceram do carro e encararam os dois. Era meio irritante ver Colin dedicando todos os segundos de seu dia para ver se Gina estava bem. Luna suspirou, como é que Colin não percebia?


 


-Eu levo – Draco pegou a mochila de Luna – Vamos. Pelo visto vai demorar aí.


 


-Quem diria que Draco Malfoy não conseguiria controlar o ciúmes? – Luna lançou um risinho na direção dela enquanto entravam no hotel – Você deveria falar pra ela como se sente. Seria um começo.


 


-Até você tem uma opinião formada sobre a minha vida? – Draco ergueu uma sobrancelha – Meio frustrante hein?


 


-Na verdade...Você é que é uma pessoa totalmente frustrante – ela deu de ombros – Mas tudo bem. Vou pegar quartos para nós.


 


 Draco deu uma olhadinha para fora do hotel, tentando visualizar Gina. A única coisa que viu foi Star e Blaise correndo na calçada. Mal sentia o peso de sua mochila e da mochila de Luna. Meia hora depois estavam acomodados em dois quartos.


 


 ***


 


-Ganhei! – Luna gritou. Ela puxou os dois pacotes de bolacha e sorriu vitoriosa. Pôquer não era seu jogo preferido, mas ela sempre tinha sorte nele.


 


-Não ganhei nada hoje – Blaise resmungou, voltando a embaralhar as cartas – Só você Luna. Só você.


 


-Minhas balas de maçã verde acabaram – Star anunciou – Todas elas. Estou em completa revolta.


 


-Junte-se a mim – Gina suspirou, levantando-se do chão. Para o jogo, os seis tinham formado uma roda no chão do quarto das meninas – Perdi minhas balas preferidas e ganhei essas horríveis de canela.


 


-Não vou nem falar – Colin olhou desolado para suas mãos. Tinha conseguido um miojo...Cru. Que delícia!


 


-Cuidado com o miojo Creevey, não vai engasgar – Draco falou cínico, um sorrisinho maldoso nos lábios.


 


 ***


 


 Deixamos Sfintu Gheorge na manhã seguinte. A lista de cidades pelas quais passávamos continuou. Brasov, Galati, Braila, Buzau, Ploiesti e finalmente...Bucareste! Devo confessar: eu mal agüentava meu coração. Estava morrendo de medo de encontrar meu irmão. Não seria nada agradável. O cheiro de drama era palpável no ar.


 


 ***


 


-Dois dias! – Hermione falou, revoltada – Há dois dias os quatro estão com os olhos pregados na TV. Violet, eu não agüento mais.


 


 Hermione e Violet estavam almoçando no Sisterhood, o melhor restaurante trouxa nas redondezas do Ministério da Magia.


 


-E a loja dos gêmeos? – Violet perguntou.


 


-Os funcionários estão cuidando. E o irmão mais novo do Colin, um amigo de Hogwarts. Dennis está tomando as rédeas enquanto eles não conseguem desligar aquela maldita TV.


 


-Uma competição de videogame? Meus Deus, Hermi! Quantos anos eles têm?


 


-Sinceramente? Esse isolamento total de Hogwarts acabou com a infância deles. Não é hora de se preocupar com videogame.


 


-Acho que isso só está acontecendo porque o Harry e o Rony estão de férias – Violet ponderou. Por mais que achasse Hermione boa demais para aqueles dois, não queria magoar os sentimentos dela.


 


-Então eles terão essa odisséia todas às vezes? – Hermione suspirou pesadamente – Eu não agüento isso outra vez. Juro Violet! Isso de novo não dá mais.


 


 ***


 


-Lá Bucareste! Mia Bucareste! Tua Bucareste! – Star, Luna, Blaise e Colin cantavam alto enquanto Draco rodava de carro, procurando um hotel.


 


 Draco estava tendo o cuidado de prestar atenção em possíveis bruxos, tudo para evitar o irmão imenso de Gina. Ele não queria vê-la infeliz e também esperava tempo para reconquistá-la. Se a viagem acabasse agora, ele sabia que não poderia ver Gina nunca mais. Seria o fim.


 


-Eu decididamente não sei o que é pior – Gina riu – Essa música que vocês inventaram da Romênia ou vocês berrando.


 


 Draco e Blaise estavam na frente e Gina e Star no meio. Luna e Colin dividiam o último banco. Gina fechou os olhos e tentou fugir da gritaria, já que não conseguia entrar no clima de alegria total.


 Não deu certo.


 


 ***


 


 Começamos nosso passeio pelo Boulevard Calea Victoriei. Na caminho vimos o rio Dambovita e  o Parque Cismigiu. Depois fomos para o centro. Fomos até a Piata Revoluntiei, Ateneul Roman, Biblioteca Central Universitária, o Museu de cerâmica, o Museu Colectilor de Arte, o Palácio da Republica, Museus de Belas Artes e a Igreja Cretulescu. Bucareste me lembrou Paris em alguns aspectos. Talvez fosse a calma das pessoas que passavam por nós, ou as belíssimas praças.


 Não sei ao certo. Eu só me senti voltando no tempo.


 


 ***


 


 Enquanto caminhavam pela cidade, naquela tarde, Draco teve um rápido momento a sós com Gina. Ele se aproximou dela e sussurrou.


 


-Sabia que o Danúbio ressurge aqui na Romênia? – era uma piadinha só, mas ele não sabia a profundidade de suas palavras. Para Gina, foi quase uma premonição.


 


 ***


 


-Parece simpático – Blaise espiou o bar – E não tem ninguém perigoso. Pelo menos eu acho. Vamos entrar.


 


-Seus critérios são ótimos. Ninguém perigoso, é? Será que já apanhou por aí? – Luna zombou. Ela estava radiante em um vestido azul e delineador da mesma cor.


 


-Não vejo a hora de conhecermos um vinhedo – Colin falou para Gina, guiando-a pelo bar – Ainda não bebi um vinho realmente bom nessa viagem.


 


-Eu já não sei te falar qual é o melhor vinho europeu – Gina sorriu – Todos eles são ótimos. Não tem erro.


 


-Com medo de encontrar o seu irmão?


 


-Morrendo – ela olhou nervosamente para os lados – Fico o tempo todo pensando que ele vai entrar no hotel e me arrastar até Londres. Não seria impossível.


 


-Sei que não – Colin suspirou, passando o braço sobre o ombro dela – Só precisamos tomar cuidado. Muito cuidado – os dois foram atrás de uma mesa, alheios ao grupo.


 


-Foi só um probleminha – Blaise estava falando – Nós estávamos em Bilbao, na Espanha. Uns garotos foram em cima das minha Little e da Foguinho, e nós fomos resolver a briga.


 


-Nós? – Luna perguntou.


 


-Nós dois – Draco respondeu no lugar do amigo – O Blaise é um covardão. Mexeu com o grupo e me colocou na roda pra apanhar.


 


-E apanharam hein? – Star zombou, ela e Luna rindo alto.


 


-Achamos uma mesa! – Gina gritou para o grupo, que ainda estava na porta do bar.


 


 ***


 


 Saíram do bar três horas depois, a acabaram no Boulevard Calea Victoriei, lugar que tinham visitado naquele dia. Gina carregava uma garrafa de vinho quase vazia, estava levemente apoiada em Colin.


 


-Você supostamente não deveria estar se divertindo – Luna observou. Draco arqueou as sobrancelhas, sem entender aonde ela queria chegar – Não faça essa cara de surpreso Malfoy, eu ainda não pude me acostumar com você de bom humor.


 


-Eu sempre tenho bom humor – Draco falou, dando uma golada em sua cerveja – Sou o bom humor em pessoa.


 


-Com certeza! – Star e Blaise falaram juntos, gargalhando.


 


-Você é o cara mais estressado do mundo – Gina falou, sem olhar pra ele. No momento estavam atravessando uma bonita e iluminada praça. Um daqueles momento em que as pessoas sentem que nada de ruim pode acontecer – Em Hogwarts só sorria quando fazia alguém chorar.


 


 Era uma brincadeira, e todos riram. Mas Draco percebeu a cruel verdade, vindo da boca das pessoas que mais o conheciam no mundo. Ele nunca tivera muitos amigos, verdadeiros amigos. A multidão que o cercara a vida inteira, lhe era totalmente estranha.


 


-Você é uma ótima pessoa – Luna murmurou, vinte vezes mais sonhadora agora que estava levemente bêbada.


 


 Draco riu. Luna tinha um jeito peculiar de transformar as cores do mundo, de preferência na cor do delineador que ela estava usando. Ele se perguntava, agora, como podia ter sido tão cruel com ela durante anos?


 


-Você também é uma ótima pessoa Luna – Draco riu e apoiou o braço no ombro dela.


 


-Quem é você? – Blaise gritou afetadamente, arrancando risos de todos – Cadê o DRACO?


 


 Algumas pessoas na praça olharam assustadas.


 


-Quieitinho Blaise – Draco revirou os olhos – Quietinho, por favor.


 


-Agora sim – Star respirou fundo, fingindo estar aliviada – Por um momento você nos assustou Draco.


 


-Pensei que tivéssemos perdido você – Blaise suspirou, ainda afetado. Star, Colin e Luna riram mais ainda.


 


 Gina não riu, não conseguia. Ela ficou olhando para ele, chocada. Suspirou e fechou os olhos, deixando que Colin a guiasse. Ela estava sendo estúpida, só isso. Até parece que Draco mudaria, ninguém muda a essência. E Draco Malfoy seria Draco Malfoy até o fim.


 Certo?


 


 ***


 


 Estávamos tão cansados que saímos do hotel quase dez e meia da manhã. Pegamos um táxi e fomos para o sul. Por Calea Victoriei chegamos ao Museu de História (uma coleção magnífica de jóias e pedras preciosas). Logo depois visitamos a Igreja Savropoleos, Velho Palácio da Corte, Igreja do Príncipe Mircea. Finalmente chegamos no Bulevard Unirri. Lá fomos para a Casa da República (uma visão a parte. É o segundo maior edifício do mundo, então imaginem...) e a Igreja do Patriarca.


 Pegamos um outro táxi e seguimos para o norte de Bucareste. Conhecemos a Piata Victoriei, a sede do Governo da Romênia, o Museu da Aldeia (fica no Parque Herastrau, é um museu a céu aberto e nós compramos muita coisa), Arco do Triunfo, Palácio de primavera, Jardins Botânicos de Bucareste e o Museu de História Romena. Foi, de longe, um dos dias mais cheios da nossa viagem.


 


 ***


 


-Star! – Blaise exclamou, caindo deitado na grama macia do Parque Cimigiu – Você vai ter que me carregar até o hotel.


 


-Você é que vai me carregar – ela suspirou, deitando do lado dele.


 


 Draco suspirou, infeliz e cansado, e se sentou em um banco de pedra. Um pouco a frente, perto das estátuas que adornavam o pequeno lago, Gina, Colin e Luna corriam e jogavam água um no outro. Não era algo muito inteligente para se fazer, já que a temperatura não era como a de Barcelona, mas ele não ia dizer nada.


 Colin, graças a Deus, estava deixando de ser tão estúpido e pelo menos dava um pouco mais de atenção a Luna e Star, o que deixava Gina relativamente sozinha por alguns segundos. Não que Draco fosse sequestrá-la ou coisa assim...Mas a nada amigável relação dele com Colin não estava ajudando muito. Draco planejava uma aproximação rápida, certeira. No entanto, era só ver a cara de Colin e ele percebia que queria socá-lo com toda a sua força.


 Gina parecia perceber isso também, e se afastava cada vez mais de Draco.


 


-Você está frustrado – Star observou, sua voz soando um murmúrio. O parque não estava cheio, algumas crianças ao norte, namorados ao sul...Mas ali no centro, onde estavam, parecia deserto.


 


-Pare de tentar ler meus pensamentos – Draco olhou bravo pra ela – Blaise, controle sua namorada.


 


-Ela só está sendo sincera – Blaise abriu um sorriso debochado, ainda de olhos fechados – Todo mundo sabe que você está frustrado e desesperado. Chega a ser triste, na verdade.


 


-Vocês estão se transformando naqueles casais chatos – Draco revirou os olhos e cruzou os braços – Sem falar na consulta barata de psicologia fajuta. Não vou me dar ao trabalho de responder o que vocês merecem ouvir.


 


-A verdade dói – Star suspirou, balançando os pés. Sua cabeça estava bem ao lado da cabeça de Blaise – Só não sei porque você continua sofrendo. Agora que todos sabemos que você foi um idiota e saiu com a Gina quando estava noivo da Parkinson, você pode dar o pé naquela sonserina nojentinha e ficar com a minha amiga.


 


-Você faz parecer tão fácil – Draco respirou fundo e se recostou no banco. Ele tinha desistido de bancar o durão e ia ouvir o que Star e Blaise tinham a dizer. Com o maldito loiro atrapalhando sua vida, toda ajuda era bem vinda – Eu tentei falar com ela, mais de uma vez.


 


-Não é chegar e falar com ela...É mostrar que se importa – Star olhou desconfiada pra ele – Mas não me diga que você e a Parkinson ainda estão juntos.


 


-Estão – Blaise respondeu, abrindo os olhos – Tenho certeza.


 


-É complicado – Draco deu de ombros, tentando transformar a situação em algo mais agradável.


 


-Você é um babaca – Star concluiu.


 


-Concondo – Blaise lançou outro sorriso debochado para Draco.


 


 ***


 


-Vamos comprar vinho! – Star gritou, parada no meio do corredor – Não se esqueça amor! Vinho!


 


 Os seis estavam visitando e fazendo compras no Mercado das Pulgas de Talcioc, a beira do rio Dambovita.


 


-Não vou esquecer! – Blaise gritou.


 


 Draco e Luna olharam envergonhados para as pessoas no mercado. Ninguém ali, além do casal, estava gritando. Especialmente em uma língua estrangeira.


 


-Vamos ser linchados em Bucareste – Draco suspirou pesadamente, balançando a cabeça – Já fez suas compras Luna?


 


-Nada a vista – ela deu de ombros – Talvez um delineador diferente...Ou um vestido. Eu tinha pensado no vinho, mas como todo o mercado sabe agora, graças a Star, Blaise está pegando o vinho.


 


-Sabe se a Gina quer alguma coisa daqui? – ele deu uma olhada rápida nela. Gina e Colin estavam parados em uma barraquinha que vendia óculos de sol colorido e queijo. Estranho, é verdade, mas também divertido.


 


-Ela quer que você termine com a Parkinson – Luna falou rápido, correndo para longe de Draco assim que acabou de falar. Draco colocou as mãos nos bolsos de suas calça jeans preta e balançou a cabeça.


 


 Poucas pessoas no mundo eram como Luna Lovegood.


 


 ***


 


 Pegamos estrada no dia seguinte, bem tarde. Star quis dirigir e Luna foi com ela. Draco e Blaise dividiram o banco do meio e eu e Colin, mais uma vez, ficamos na última parte. Eu já tinha lido muito sobre Bucareste, a Romênia em geral, mas não imaginava que iria encontrar tantos lagos. Trinta e quatro quilômetros depois de termos deixado Bucareste, chegamos a Snagov. Anoiteceria em duas horas no máximo, e o sol tinha aquele brilho dourado.


 


 ***


 


 Star estacionou o carro no gramado verde. O mosteiro Snagov estava a vista, mas um pouco distante. Todos desceram do carro para tirar fotos no impressionante lago. Era como estar em um pedaço intocado da natureza, uma beleza pura e simples. De tirar o fôlego.


 


-Apóia a máquina ali no tronco – Blaise instruiu Luna – Assim todos saímos nas fotos.


 


-Certo. Programei dez fotos em sequência – ela avisou, juntando-se ao grupo. Estavam todos sentados no chão, simplesmente felizes.


 


 Gina e Draco estava lado a lado, suas mãos quase se tocando. Tiraram as dez fotos, e mais dezenas de fotos. Meia hora depois Colin e Draco abriram três garrafas de vinho. O céu começava a ficar laranja, em alguns pontos vermelho até.


 Star e Luna falavam sem parar sobre o que comprar na Bulgária, Colin e Blaise discutiam os possíveis resultados da Copa Mundial de Quadribol, e Gina estava deitada na grama, ouvindo os pequenos bichinhos que moravam por ali e observando o céu.


 Uma melodia suave preencheu o ar e ela se sentou na grama para olhar o carro. Draco vinha andando até ela, um leve sorriso nos lábios. Ótimo, ele tinha colocado uma música.


 


-Oi – Draco falou baixinho, sentando-se do lado dela – Sei que você gosta de músicas regionais, mas o canto romeno é um lixo.


 


-Mentiroso – ela revirou os olhos, sorrindo levemento – Você nem conhece o canto romeno.


 


-Na verdade, eu conheço. É assustador – Draco falou exageradamente – É uma mistura de ópera russa com música cubana. Dá medo.


 


-O que está tocando?


 


-Keane – ele sorriu, feliz por saber o nome da banda – Luna comprou hoje cedo. Ela parece conhecer tudo de música americana e européia.


 


I dreamed I was drowning


in the river Thames


I dreamed I had nothing at all


nothing but my own skin


 


-Ela conhece mesmo. Luna é uma pessoa muito inteligente, só não é a mais focada. Ela vive dizendo que o mundo é cheio de informações, que ela não pode se dar ao trabalho de aprofundar-se em algo – Gina suspirou, evitando os olhos de Draco e se concentrando na música.


 


-Eu estava falando sério – ele murmurou – Quando disse que amava você.


 


-E eu também falei sério quando disse que sua chance acabou – Gina procurou Colin com os olhos, mas ele estava distraído demais com Blaise para tirá-la dali – Precisamos realmente voltar a isso?


 


-Eu não quero perder você – ele disse, com urgência – Eu amo você.


 


-Sinceramente Draco... – ela deu uma golada na garrafa de vinho – Mesmo se você terminasse seu noivado com a Parkinson hoje, ainda assim que não ia conseguir. É um defeito, verdade, mas imutável.


 


-Somos orgulhosos – ele pegou a garrafa das mãos dela e bebeu – Eu não tenho culpa. Não estava procurando por isso.


 


-Nem eu – Gina deu de ombros – Mas as coisas não acontecem como nós queremos.


 


Slipped away from your open hands


into the river


Saw your face looking back at me


I saw my past and I saw my future


 


-Feliz por não ter encontrado seu irmãos? – ele mudou de assunto.


 


-Só vou ficar feliz quando cruzarmos a fronteira – Gina se levantou – Vou conversar com as meninas. Pode ficar com a garrafa – ela não esperou uma reposta de Draco para se levantar e afastar-se dele.


 


 Draco ficou sentado, sozinho. Depois levantou e foi até Blaise e Colin. Os dias estavam passando com uma rapidez incrível, quase indolor. Mas a dor continuava, sutíl, esmagando seu coração. Observou Gina, sorrindo e conversando com as amigas. E então observou a si mesmo, sem ela.


 Deprimido.


 Patético.


 Sozinho.


 


You take the pieces of the dreams that you have


Cause you don't like the way they seem to be going


You cut them up and spread them out on the floor


You're full of hope as you begin rearranging


Put it all back together


But anyway you look at things


looks like


The lovers are losing


(The Lovers Are Losing – Keane)

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N/A - Viagem de última hora, correria, por isso não postei. Então mil perdões e o cap 39 não vai demorar. Eu sei q tah meio porre os dois brigados, mas eh totalmente necessário. Juro!!! O segredo do Blaise e da Star deve aparecer no próximo cap. Não sou a rainha dos mistérios e não sei guardar segredo nenhum, rssssssssssss. Cap 39 já tem nome: O Caminho para a Búlgaria. Amei todos os comentarios, sério, vcs são mais do que eu mereço.
Propagandinha: A fic Poker Face, da fofa da Mione já foi postada e eu sou a beta. Passem lá, tá muuito boa.
http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=34966

Espero q gostem do cap de Eurotrip e comentem bastante...

beijinhussssssssssssssssss

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