Uma breve visita.




N.A:

SALVE AMADOS E AMADAS!!! *sorriso de 360 graus*

Estou eu aqui, prostrada diante de vocês numa tentativa de redenção, para postar (ALELUIA) o tão esperado, adiado e etc... capítulo 21.




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Capítulo 21: Uma breve visita.




As habilidades culinárias de Molly Weasley sempre foram mais que evidentes e à prova de constatação, porém Harry julgou há tempos não experimentar um almoço tão saboroso. Ele sabia que, na verdade, há muito não apreciava uma refeição n’A Toca como nesse dia, onde a mesa estava ocupada por mais pessoas que poderia suportar e o ambiente era preenchido por vozes altas e animadas. Essa sim era uma típica refeição Weasley, e esse quadro fez sua mente involuntariamente regredir alguns anos, mergulhando-o no interior de lembranças jamais esquecidas, mas que jaziam quase inertes em seu subconsciente, onde recordava já ter compartilhado momentos agradáveis como esse junto a essa família. Todavia, mesmo com um cenário tão semelhante aos passados, era inútil esconder a grotesca mudança sofrida pelo fator natural mais audaz de que se tem conhecimento: o tempo. Há alguns anos, Fred com certeza estaria ali sentado ao lado de Jorge, o ajudando a pregar peças em Percy; Fleur provavelmente não estaria auxiliando a Sra. Weasley na cozinha com tanta habilidade, mesmo com a contrariedade da sogra que achava que a bela moça deveria repousar devido à gravidez; e Gui estaria conversando despreocupadamente com o pai como agora, porém não teria tantas cicatrizes marcando seu rosto jovem.

Mas o tempo também é sábio e generoso e carrega consigo a benevolente chama da oportunidade, onde o ser humano deve saber agarrá-la com afinco para assim evoluir e encontrar a si próprio. O exemplo estava ali também, representado pelas risadinhas de Jorge ao ver as bochechas de Percy começarem a murchar como um balão furado, ou no discreto sorriso de Molly ao apreciar a teimosia da nora que agora lavava a louça; talvez na felicidade de Gui, que mesmo marcado fisicamente por uma guerra cheia de perdas e dor, parecia irradiar felicidade em cada palavra que proferia ao pai; Rony, há um tempo atrás, com certeza não seguraria a mão de Hermione daquela forma e ela tampouco estaria dando sobremesa na boca dele; e certamente ele, Harry James Potter, não estaria passando a mão nos longos e cheirosos cabelos de Gina enquanto esta ninava Teddy em seu colo. Tudo isso, seguramente, torna qualquer refeição mais saborosa.

- Acho melhor levá-lo para cima. – sugeriu Molly com um sorriso bondoso, enxugando as mãos em um guardanapo – Ele brincou a manhã toda e deve estar exausto, o danadinho.

- Se quiser eu o levo. – disse Harry, que sempre se mostrava solícito a cuidar do afilhado.

- Não, ele pode acordar. É melhor eu mesma levá-lo! – disse Gina se levantando com cuidado.

Harry afastou a cadeira de trás dela para que ela pudesse sair e ficou observando-a caminhar com o afilhado no colo em direção às escadas e subir os degraus lentamente enquanto cochichava algo baixinho para o menino adormecido. Não soube por que, mas ver aquilo fez seu peito aquecer, lhe causando uma sensação confortável de segurança. Era quase como se estivesse caminhando por meses em um deserto sem perder a esperança de estar no caminho certo.

- Fecha a boca amigo! Eu vi uma mosca voando por aqui!

Harry acordou dos devaneios e se virou de frente para Rony, que tinha um sorriso cínico nos lábios.

- Não, acho que você a engoliu quando a Mione te deu comida na boca. – devolveu maldosamente.

Hermione riu abertamente ao ver Rony fazer cara de quem engoliu palha-fede. Harry, satisfeito, apenas voltou a comer seu pudim. Nenhum dos três deu muita importância a uma pequena confusão que se originava na outra extremidade da mesa, afinal, elas eram comuns quando a casa estava cheia ou quando Jorge estava presente.

- Ah, então? Quando vai contar a novidade? – perguntou o ruivo.

- Não sei... acho que hoje à noite! Preciso falar com a Gina antes! – respondeu Harry gesticulando com o garfo.

- E por que você tem que falar com a Gina antes? – indagou Rony estreitando os olhos perigosamente, mas Harry se manteve imune a um possível início de ataque de irmão ciumento.

- Olha, antes que você comece a ter idéias idiotas...

A frase de Harry foi interrompida pelos gritos da Sra. Weasley.

- Por Mérlin Jorge! Se você não encontrar essa bala agora mesmo, vou colar todos os seus dedos com um feitiço! – ameaçou Molly enquanto ajudava Percy a segurar o amontoado de peles que eram suas bochechas e lançando olhares mortais na direção de Jorge, que nitidamente segurava o riso enquanto enfiava as mãos nos bolsos.

- Oh querida, eu conheço um produto trouxa que é ótimo para colar coisas! – emendou o Sr. Weasley de maneira divertida.

- Papai, por favor! Não alimente mais ainda essas idéias da mamãe! Elas por si só já são bastante criativas... – pediu Jorge, ainda fingindo procurar algo nos bolsos – E o senhor conhece muito bem a maneira bruta com que ela nos educa.

- Arthur, que produto é esse? Se for bom mesmo, adoraria experimentar colando os lábios do seu filho. – rosnou a matriarca, que na opinião de Harry, não parecia estar brincando a julgar pelo olhar feroz.

Jorge pareceu achar que sua integridade física estava começando a correr riscos, pois parou de fingir no mesmo instante e disse fazendo sua melhor cara de surpresa:

- Ai! – deu um tapa na testa – Lembrei que deixei o kit de doces no quarto do Rony! Vou dar um pulo lá!

Assim que Jorge saiu como uma bala da cozinha, Rony sacudiu a cabeça.

- É mentira dele! – afirmou baixinho apenas para Harry e Hermione – Tenho certeza que ele tem um saquinho de doces nos bolsos. Só disse isso para fazer o Percy de bobo mais um pouco e para poder rir sossegado.

- Por acaso não seriam doces iguais aos que você me mostrou hoje pela manhã? – questionou Hermione, observando Percy que parecia muito entediado e resignado segurando suas moles e enrugadas bochechas.

- Sim. Exatamente os mesmos! Jorge e eu passamos dias trabalhando nesses doces.

Hermione virou de frente para Rony com as sobrancelhas quase unidas.

- E por acaso elas não estão nos seus bolsos nesse instante? – perguntou apontando para as calças dele, no que o ruivo confirmou com a cabeça tranquilamente. Harry começou a rir baixinho enquanto os olhos de Hermione começaram a soltar fagulhas – E por que motivo você não dá um para o Percy, Rony? Olhe o estado das bochechas dele! – ralhou baixinho, apontando para a vítima.

- Exatamente por isso! Olhe as bochechas dele! Hilário! – disse o ruivo se recostando na cadeira divertido, enquanto tomava um gole de seu suco.

Hermione ia protestar, mas ao olhar para a expressão de Harry e depois fitar Percy novamente, apenas sacudiu a cabeça com um sorriso inclinado nos lábios.

- O que eu perdi? – Gina havia retornado – Oh meu Deus! – correu para o lado de Percy assim que o viu.

A Sra. Weasley nem aguardou a pergunta que a filha iria fazer e já foi disparando:

- Seu irmão resolveu que jamais vai crescer...

Como Gina pareceu confusa, Gui simplificou.

- Jorge!

O entendimento se espalhou pela face de Gina, que tornou a olhar para Percy, mordendo o lábio inferior.

- Um novo doce? – perguntou.

- Lançamento nas Gemialidades! – informou Rony cheio de pompa.

- Espero que esse tenha sabor agradável. – disse a ruiva com um olhar de lamentação e diversão.

- Gina! – repreendeu Molly.

- Melanxia... – respondeu Percy calmamente, com a voz abafada pelas bochechas pelancosas. Parecia entediado e anormalmente tranqüilo, a julgar pelo estado deplorável de suas bochechas.

Gina sorriu para o irmão e lhe deu um beijo na testa.

- Ora vocês são inacreditáveis! – disse a Sra. Weasley exasperada – Será que só eu estou preocupada por aqui? E você, Ronald Weasley, avise seu irmão irresponsável que vocês estão proibidos de testar essas porcarias aqui em casa! Está entendido?

Rony apenas deu de ombros antes de dar mais dois grandes goles em seu suco.

- Acho que é esse aqui! – Jorge voltava segurando uma bala azul.

- Acha? – perguntou Molly – Pois você tem um minuto pra fazer as bochechas do Percy voltarem ao normal... Já pensou se ficam marcas? Ele se casa no fim de semana!

- Non creio que isso serria problema! – comentou Fleur – Non se Audrrey realmente amar o Percy. Veja só, eu me casei com Guilherrrme mesmo ele tendo todas essas cicatrrrizes...

- Bom, mas isso é diferente! – a voz de Molly soou baixa e ela parecia meio sem jeito – E as cicatrizes de Gui quase nem aparecem mais. – completou tentando amenizar a situação e fitando o filho mais velho com um olhar suplicante, como que se desculpando pelo comentário inoportuno.

- Ora mãe, se as bochechas dele voltarem ao normal já estará de bom tamanho! – brincou Gui despreocupado, arrancando algumas risadinhas devido o duplo sentido da frase. Risadinhas cuidadosamente ocultadas da aguçada sensibilidade de Molly.

- Não sejam dramáticos! Rony e eu planejamos muito bem esses doces. São infalíveis! – disse Jorge enquanto entregava o doce para Percy, que tratou de enfiá-lo na boca.

- É isso mesmo, Molly! Você sabe que, apesar de tudo, Jorge é bom no que faz! – contemporizou o Sr. Weasley, recebendo um olhar ameaçador da esposa e um falsamente indignado do filho.

- O que você quis dizer com “apesar de tudo”? – perguntou Jorge.

- Como assim “bom no que faz”? – perguntou Molly – Você por acaso aprova estas brincadeiras de mau gosto aqui em casa?

- Meu bem, não são tão de mau gosto assim! Vendo por outro lado, elas parecem até inofensivas...

- Inofensivas? – a Sra. Weasley parecia estar inflando. Suas orelhas começaram a colorir-se de um rosa ameaçador.

- Que tal vermos se o Teddy ainda está dormindo, hum? – Gina sussurrou no ouvido de Harry e nem aguardou resposta, fechou os dedos no braço dele e saiu o puxando até as escadas.

Subiram rapidamente, Gina à frente.

- Acho que ninguém notou nossa saída. – comentou a jovem enquanto girava lentamente a maçaneta da porta de seu quarto.

- Eu acho que aquela discussão ainda vai render. – Harry entrou no quarto logo depois dela e ainda da porta viu o corpo pequenino de Teddy sobre a cama.

- Exatamente por isso resolvi sair de lá. – comentou Gina com a voz um pouco mais baixa, sentando na ponta da cama e observando a respiração lenta e compassada de Teddy – Tenho tantas coisas pra te contar. E pra perguntar também. – emendou enquanto via Harry se abaixar próximo ao menino e afagar seus cabelos.

Passaram algum tempo calados, apenas observando a criança adormecida. Harry olhou para Gina e se aproximou dela, sentando ao seu lado e a puxando para um abraço. Mesmo com o calor lá fora, sentir o corpo morno dela o deixou mais confortável.

- Me desculpe não ter avisado que viria, mas queria fazer surpresa. – disse ela apertando mais o abraço.

- E conseguiu! – disse Harry tentando descobrir de onde um corpo tão pequeno e delicado conseguia tirar tanta força – Como conseguiu licença para sair do centro de treinamento às vésperas do jogo?

Gina o afastou um pouco para olhá-lo nos olhos e sorriu.

- Eu já disse lá embaixo! Acho que a vice-presidente do clube simpatizou comigo. Mas não fui só eu quem teve um dia de folga, todo o time foi liberado!

- E você tem certeza que não pode passar a noite aqui? – perguntou cabisbaixo.

- Infelizmente eu não posso. – a garota parecia realmente sentida – A presidente do clube foi bem clara quando disse que teríamos até as sete da noite para retornarmos ao centro, e disse ainda que nós não deveríamos nos acostumar com esse tipo de regalia e que só estava abrindo esta exceção por que foi um pedido especial de Joanne, a vice-presidente. A treinadora também não ficou muito satisfeita, pois disse que essa folga poderia por a perder todo nosso trabalho dos últimos dias, mas no final acabou cedendo.

- Mas e você? Está feliz por ter conseguido uma vaga como artilheira? – quis saber Harry enquanto passava uma mecha dos cabelos vermelhos para trás da orelha dela.

- Acho que um pouco assustada, pois foi tudo muito rápido. Mas estou feliz sim! Quem não estaria? – disse sorrindo – Mas sabe o mais gostoso de tudo isso? Ver a cara de assombro do Rony!

Harry riu junto com ela, lembrando da expressão do amigo quando soube a façanha da irmã. Chegou a contar as doze vezes em que Rony repetiu, alarmado, a frase “eu não acredito”.

- Eu estou muito orgulhoso de você!

- Eu sei que sim... – ela devolveu brincalhona.

- E posso saber como você pode afirmar isso, Srta. modéstia? – ele fez uma careta engraçada.

- Mas é claro que sim... – ela passou os braços ao redor do pescoço dele – Acontece que o Sr. amnésia já me disse isso hoje.

Ele ainda sorria quando experimentou o toque de seus lábios entreabertos nos dela. Ia aprofundar o beijo, mas sentiu-a se afastar rapidamente.

- Anh anh! – ela fez sinal negativo com o dedo – Nada de beijinhos! Eu já expliquei um monte de coisas pra todo mundo e recebi muito pouca informação em troca. Aliás, você ainda não me falou nada de você!

- E o que você gostaria de saber? – ele cruzou os braços em frente ao corpo – Que eu me lembre, já disse várias coisas na carta que te enviei ontem!

- Sim, mas na carta eu recebi ontem não estava escrito que você e seu casal de amiguinhos brigões chegariam horas atrasados para o almoço hoje. Também não contava detalhes sobre o tal treinamento de aurores e tampouco dava muitas informações sobre uma tal de Katheryn Calmon, que pelo que eu sei é, como é mesmo? – Gina fez uma expressão pensativa – Ah, “ela é muito jovem, parece ser inteligente, uma pessoa misteriosa, mas que parece ser legal”! – concluiu usando as mesmas palavras que Harry havia usado na carta – Fora isso, sei apenas que ela é a orientadora de vocês... nada mais!

Apesar da tranqüilidade da ruiva, foi impossível deixar de notar certa ironia e ansiedade na voz dela.

- Você está com ciúmes? – ele perguntou com uma sobrancelha erguida.

- Não sei se tenho razão para estar com ciúmes, mas quero saber mais dessa garota. Talvez, depois disso, eu possa ter motivos para ter ciúmes!

- Pois independente de qualquer coisa, você não precisa ter ciúmes, viu?

- Quem vai decidir isso serei eu Sr. Potter! E não tente me enrolar, pode começar a dizer tudo com detalhes, acho que temos tempo suficiente!

Gina cruzou as pernas e ficou olhando fixamente para Harry. Ele apenas balançou a cabeça suspirando e, sem saída, começou a contar tudo com detalhes pra ela, desde o esbarrão que ele e a auror deram no corredor até a conversa que tivera com a moça há algumas horas. Gina era uma boa ouvinte e não interrompeu em nenhum momento, apenas sorriu em algumas partes ou ficou exageradamente séria em outras.

- Eu acho que sei quem é o irmão do tal Neil Gibson. Ele chegou a me convidar para ir com ele à Hogsmeade uma vez, mas quando descobriu que Miguel e eu estávamos saindo, me pediu mil perdões e disse que não era sua intenção causar problemas. – ela riu – Ele era uma figura e falava pelos tornozelos. Foi engraçado.

- É, deve ter sido! – mentiu Harry, pois não achou a menor graça.

Gina, novamente séria, encarou Harry por alguns segundos. Ele olhava para Teddy e parecia perdido em pensamentos.

- Harry?

- Hum... – ele continuou fitando o menino.

- Por que você estava tão interessado em conhecer melhor a tal Katheryn?

Harry finalmente olhou para ela, mas não sorriu ou tentou tocá-la, apenas a observou seriamente. Ele não notou nenhum vestígio de desconfiança na voz dela ou qualquer tipo de insinuação do gênero, e sabia que Gina estava apenas curiosa. Ou pelo menos aparentava somente isso. Apesar disso, àquela altura, ele já sabia que precisava deixar toda essa história muito bem esclarecida para evitar futuros mal-entendidos.

- Pra ser sincero, nem eu mesmo sei exatamente o por que de ter feito aquilo. No fundo eu sabia que não deveria, até porque ela não era obrigada a responder nada, apesar de ter respondido a todas as minhas perguntas. – ele segurou nas mãos de Gina – Usando as palavras de Hermione, eu não sabia o que pensar dela. Me sentia desconfortável e confuso, pois ela é uma pessoa diferente. Tem tanta capacidade de ser brincalhona e descolada, quanto séria e profissional. Além do que, desconfiei que ela estivesse tentando ler a minha mente, e isso me incomodava.

- E agora você se sente melhor? Digo, vocês conversaram e ela esclareceu muitas coisas.

- Posso dizer que agora estou mais tranqüilo.

- Eu queria poder dizer o mesmo. – Gina afastou suas mãos das dele.

- Como assim? – Harry tentou disfarçar a preocupação com a reação da namorada.

- Não sei Harry! É tanta coisa acontecendo... está tudo sendo tão diferente do que eu imaginava... e essa distância toda não estava nos meus planos. Além do mais, não é muito confortável imaginar meu namorado sendo treinado todos os dias por uma auror bonitona e que ainda por cima toma certas liberdades com ele. – Gina disse a última frase quase em tom de brincadeira, mas Harry pareceu não ter gostado nem um pouco do comentário.

- Do que você ta falando Gina? – perguntou meio inflamado – A Katheryn nunca tomou nem um tipo de liberdade comigo!

- Ei, não precisa se alterar, okay? – a ruiva, mesmo contrariada por notar que ele se referiu a moça pelo primeiro nome, resolveu continuar mantendo a calma - Acontece que na carta que eu recebi da Mione ontem...

- Ah, claro! – disse sarcástico – A Mione deve ter...

- Nem começa Harry! Você mesmo disse que a tal auror te chama apenas pelo primeiro nome. – Gina continuava, a certo custo, mantendo a calma.

- Não só a mim, mas ao Rony e ao Gibson também! – disse, e já um pouco exaltado, partiu pra defensiva – E se fosse só comigo? Qual o problema? Por acaso você não confia em mim?

Os olhos de Gina brilharam e ela ficou repentinamente de pé, o que fez Teddy se mexer incomodado na cama. Assim que o menino pareceu relaxar novamente, ela tentou dizer o mais baixo possível, apesar de um ainda ameno aborrecimento ameaçar dominá-la.

- Não apela com esse papo, Harry! Isso não tem relação alguma com confiança!

- Então qual o problema? – Harry também se ergueu da cama sem muita cerimônia, mas felizmente Teddy pareceu não notar a movimentação dessa vez – Eu realmente não entendo por que você ta reagindo dessa forma por essa bobagem.

Gina respirou fundo e fechou os olhos, tentando recobrar o controle de si. Desde que recebera a carta de Harry no dia anterior, sentira-se estranha e não dormiu bem durante a noite. Isso, somado a outros fatores que tanto a importunavam, fizeram-na acordar tensa e agitada naquele dia. Melhorou bastante após a conversa com Joanne, e chegar em casa e receber o calor da família, da melhor amiga e do namorado dissipou por alguns momentos aquela sensação incômoda. Mas ouvir tudo que Harry lhe relatara há pouco, destrancou a porta que escondia sua inquietação. Aproximou-se de Harry lentamente e parou a apenas um palmo de distância dele, encarando-o.

- Eu também não sei por que estou agindo assim, Harry! – disse sinceramente – Acontece que desde ontem, quando li sua carta, senti algo estranho dentro de mim. Apenas não estou com um bom pressentimento, e isso não tem nada a ver com insegurança entre nós dois ou confiança sobre você.

Harry a puxou para si, a abraçou com força e sentiu o gesto ser devolvido por ela com a mesma intensidade. Não era comum vê-la tão vulnerável. Lembrava-se de tê-la visto em estado semelhante apenas após a morte de Fred.

- Não vai acontecer nada meu amor! Eu amo você e nada pode mudar isso! Depois de tudo que passamos e superamos para estarmos juntos, não é qualquer coisa que poderá nos ameaçar. Nada nem ninguém vai tirar você de mim!

- Voldemort já te tirou de mim uma vez. – disse ela com a voz abafada pela blusa dele.

Harry levou alguns segundos para responder.

- Mas agora ele está morto!

- Você está certo. – ela se afastou um pouco – Eu devo estar com ciúmes mesmo! Aliás, devo estar parecendo ridícula com essa ceninha!

Harry observou a expressão dela e mais uma vez se surpreendeu com Gina. Era extraordinário ver o quanto ela sabia lidar com as próprias emoções. Mesmo inquieta e incomodada, ela parecia firme e segura do que fazer e de como agir.

- Não pior do que foi Hermione... – disse Harry aliviado pela namorada parecer mais tranqüila.

- Ah, então minha cunhadinha também deu um showzinho, foi? – Gina estreitou os olhos - Acho que eu não devo estar exagerando tanto então! – ela deu um selinho nele – Sabe, talvez eu esteja um pouco assustada com toda essa mudança. Eu achava que teríamos mais tempo juntos, que eu poderia curtir melhor minha família... Eu queria tanto que vocês pudessem ir ao meu primeiro jogo...

Harry acariciou os cabelos dela.

- Eu também Gi! – ele sentiu seu coração apertar, pois dificilmente via aqueles olhos amendoados com um brilho tão opaco – Até agora não entendo por que Percy me escolheu pra padrinho. Se não fosse por isso eu iria assistir seu jogo. – lamentou.

- Foi a maneira que ele encontrou para se desculpar com você, Harry. – ela viu Harry revirar os olhos - Bom, digamos que também seria interessante pra ele ter Harry Potter como seu padrinho de casamento.

- Mas o jogo será pela manhã e talvez você pelo menos tenha tempo de ir à festa do casamento, não é?

- Oh, eu realmente espero que sim! Nem que eu mesma tenha que apanhar aquele pomo e encerrar a partida. – brincou a garota mais animada.

- Bom, eh... eu tenho que te contar mais uma coisa. – Harry soou misterioso, o que fez Gina olhá-lo desconfiada – Eu ainda não te disse o porquê de Hermione, Rony e eu termos nos atrasado para o almoço.

- Não, você não disse! E eu realmente espero, para seu próprio bem, que seja uma boa notícia. – Gina apontou-lhe o dedo indicador bem no meio do nariz, fazendo-o rir.

- Bom, depende... se você achar o fato de eu ter comprado um apartamento em Londres uma boa notícia...

Gina piscou algumas vezes, processando a informação. Lentamente, um grande sorriso maroto foi se formando em seus lábios.

- Tá brincando!? Poder passar noites inteiras do seu lado... é uma notícia maravilhosa! – vibrou a ruiva, fazendo Harry rir encabulado, mas absolutamente satisfeito.

- Foi por isso que chegamos atrasados para o almoço hoje. Eu fui mostrar o apartamento para Rony e Hermione.

- E o que eles acharam? – perguntou Gina ansiosa.

- Eu digo a opinião deles depois que eu souber a sua. – Harry a segurou pela cintura – O que acha de ir comigo até lá agora?

- Eu acho uma ótima idéia! – respondeu a garota com um sorriso.

E pela primeira vez naquele dia o casal se permitiu dar um beijo de verdade, sem receios, sem reprimir o desejo ou moderar a sede de sentirem-se mais próximos. Deixaram a saudade sobrepujar suas ações e a emoção conduzir suas reações.

Essa miscelânea de sensações fez com que Gina sentisse suas costas serem comprimidas contra a parede sem nem mesmo ter se dado conta de como foi levada até lá. Só o que conseguia entender era a maciez dos cabelos de Harry entre seus dedos, a torrente de eletricidade que as mãos dele em sua cintura lhe causavam e no calor que o corpo dele transmitia ao seu. Gina não entendeu porque, mas suas mãos teimaram em sair daqueles cabelos macios para escorregarem até as costas. Ela podia sentir os músculos dele se contraindo ali e essa movimentação a fez querer chegar ainda mais próximo. Apertou-o mais forte contra si e separou seus lábios dos dele, levando-os quase que involuntariamente até o pescoço. Sentiu Harry estremecer e descer um pouco uma das mãos até seu quadril. Gina teve falta de ar no momento que Harry pressionou mais seu quadril contra o dele, no mesmo instante que sentia uma gota de suor escorregar por sua própria costa. O ambiente ficava cada vez mais abafado, mas ela sabia que sua falta de ar não tinha relação alguma com isso. Beijou-o nos lábios novamente.

Harry não entendia mais nada, estava tudo nublado. Só o que havia em sua mente era uma nuvenzinha acinzentada que lhe embaçava os pensamentos. Não sabia mais onde estava. Só sabia com quem estava. Sabia exatamente de quem era aquelas mãos que lhe pressionavam as costas e reconhecia claramente aquele corpo que no momento estava praticamente colado ao seu, ansiando por mais contato do que era humanamente possível. A textura da pele dela, o cheiro dela, os suspiros que ela emitia, os tremores... tudo o fascinava. Gostaria apenas de deixá-la mais à vontade. Quem sabe se caminhassem até a cama... Foi então que a consciência de Harry voltou bruscamente, de maneira quase tão agradável quanto acharia alguém febril pulando em um lago congelado.

Gina sentiu Harry afrouxar o aperto e diminuir a intensidade do beijo, mas apenas seu corpo protestou, pois sua consciência parecia agradecida de estar sendo ativada novamente.

- Teddy!

Foi a única coisa que Harry, ofegante, conseguiu sussurrar quando cessou o beijo. Gina não fez comentários, apenas deitou o rosto no peito dele, satisfeita ao notar a velocidade das batidas do coração dele, que por sinal estavam em um ritmo semelhante as suas.

- Acho que essa história de apartamento não vai dar certo! – comentou a ruiva baixinho.

Harry riu.

- Acho que dessa vez vou concordar com você.

Quando se afastaram um do outro, os dois olharam para onde Teddy ainda usufruía de seu sono inabalável.

- Ele realmente devia estar muito cansado. – concluiu Harry.

Gina olhou para Harry e, sorrindo, começou a passar as mãos nos cabelos negros, que estavam mais arrepiados do que nunca.

- Acho que me empolguei. – disse a ruiva, sentindo um bem-estar que há algum tempo não sentia.

Harry não disse nada, apenas fitava o rosto de Gina e sentia o toque dela em seus cabelos, perdido em pensamentos. Era curioso pensar que há alguns anos ele mal conseguia falar na frente de uma garota, e agora estava ali, suado, arrepiado, desinibido e... sorrindo. Sim, estava feliz, mas apenas por que era a imagem de Gina que seus olhos captavam, era a presença dela que sua alma reconhecia. Apenas ela conseguia produzir esse efeito nele, disso tinha certeza. Segurou o queixo dela e a fez erguer o rosto. Poderia passar o dia contando cada sarda que enfeitava aquele rosto.

- Não vai mais embora. – falou antes que pudesse pensar ou conter as palavras.

Gina esboçou um sorriso e o abraçou carinhosamente. Sabia que ele estava sentindo a distância tanto quanto ela. Mas logo procurou pelos lábios dele, e se entregou a todas aquelas sensações inexplicáveis que apenas a proximidade com Harry lhe trazia.

- Gina!

A porta se abriu repentinamente e Gina e Harry foram parar a quase dois metros de distância um do outro.

- Será que toda vez que eu entrar no seu quatro vou ter que encontrar vocês dois se amassando? – disse Rony, parado na porta ao lado de uma emburrada Hermione.

- Bater na porta solucionaria esse seu probleminha, além de te tornar mais educado e bem menos inconveniente! – Gina disse furiosa.

- Eu não quero nem imaginar o que poderia acontecer se eu não tivesse chegado. – Rony a encarou duramente, parecia nem ter escutado o que a irmã tinha falado.

- Não seria necessário imaginar! Você sabe muito bem como e onde Harry e eu acabaríamos. – rosnou a ruiva e exultou ao ver a careta de desagrado do irmão.

- Eu quero acreditar que vocês não fariam isso! – disse Rony.

- Não faríamos o que? – Gina adotou uma postura fria e ao mesmo tempo desafiadora – Não faríamos o que você e a Mione fizeram? Por que não?

Se o objetivo de Gina era irritar o irmão, ela estava conseguindo, pois ele cerrou os punhos e deu um passo ameaçador na direção dela. Só não avançou mais porque foi contido por uma Hermione bastante corada, que o segurou pelo braço.

- Não distorce as coisas! – retorquiu Rony, sentindo um calor lhe escalar o pescoço – Acontece que essa é a casa da nossa família e...

- E esse é o meu quarto! – rebateu Gina – Aliás, se você não se importou com o fato desta ser a casa da nossa família, por que eu me importaria? – argumentou com sarcasmo.

- Parem vocês dois! – bradou Hermione ao sentir Rony estremecer de contrariedade – Essa discussão não vai levar vocês a lugar nenhum. E se continuarem falando alto desse jeito vão acordar o Teddy!

- Então diz pra sua amiguinha tomar um pouco de juízo! – bufou o ruivo cruzando os braços – Se nós dois não tivéssemos vindo atrás deles...

- Não me inclui nisso Ronald! - esclareceu Hermione - Você sabe muito bem que eu só vim porque estava tentando te impedir de entrar aqui! Eu sabia que a Gina e o Harry precisavam ficar um pouco sozinhos.

- É, mas se não tivéssemos vindo... eles estavam a ponto de cometerem uma besteira, principalmente com a casa cheia de gente e...

- Por Mérlin Rony! Foi só um beijo! – disse Hermione exasperada.

- De que besteira você está falando? – Gina revirou os olhos e passou a mão nos cabelos – E que eu me lembre, casa cheia também não foi empecilho pra você! E esse quarto parece ser um lugar bem oportuno!

Rony mais uma vez tentou avançar na direção da irmã, mas foi novamente bloqueado por Hermione, que teve que se colocar na frente dele dessa vez.

- Cala essa boca sua...

- Chega Rony! – disse Harry aparentando uma calma que contrastava grosseiramente com o clima que se instalou no quarto, mas que foi eficiente em acalmar Rony, que parou de esbravejar no mesmo instante.

Rony viu Harry se aproximar dele lentamente, mas apenas quando chegou bem perto foi que percebeu o quanto o amigo parecia cansado. Ele não estava calmo, e sim contido.

- Você não acha esses seus chiliques um tanto sem sentido a essa altura do campeonato? Quando você vai parar de tratar a Gina como se ela fosse uma menina ingênua? E mais uma coisa cara: Eu até aceito esse tipo de reação vinda de qualquer um dos seus irmãos, mas vinda de você chega a me magoar. Eu pensei que você já soubesse, mas caso não saiba, eu amo a sua irmã!

Dizendo isso, Harry girou nos calcanhares e saiu do quarto sem olhar pra trás.

Rony permaneceu imóvel, fitando o local onde há pouco o amigo esteve. Incapaz de pronunciar uma palavra, flagrou-se chocado com a reação de Harry. A personalidade explosiva do amigo não condizia com a atitude fria que ele adotara. Mas o que realmente despertou um sentimento incômodo na boca de seu estomago fora a nuvem de mágoa que vislumbrou nos olhos de Harry.

- Satisfeito agora, maninho? – Gina disse entredentes, já caminhando em direção à porta.

- Gina! – a ruiva parou com a mão sobre a maçaneta – Eu... eu... é melhor eu ir falar com ele.

- Claro, pois você é a pessoa mais indicada pra fazer isso! – ela continuou de costas para o irmão e carregou uma boa dose de ironia em suas palavras – Caso não tenha se dado conta, foi você quem causou tudo isso! – abriu a porta.

- Espera Gina! – Rony a segurou pelo braço – Eu realmente quero ir falar com ele. E também, acho que te devo desculpas.

Gina se virou rapidamente pra responder, mas o comentário sarcástico que estava pronto pra ser disparado morreu na ponta da língua quando viu o semblante do irmão. Observou-o por alguns instantes na intenção de confirmar o que via. Desarmou-se consideravelmente. Ela não estava delirando, Rony realmente estava envergonhado.

- Olha Rony, eu sinceramente já estou acostumada com essas atitudes, pois você não é o único a me azucrinar. Há uma leva de outros ruivos disputando o título de irmão mais chato e intrometido com você, e a concorrência é forte! – a jovem cruzou os braços em frente ao corpo – Acredite, eu realmente não ligo pra implicância de vocês com os garotos com quem eu saio, e apesar de me aborrecer, de certa forma até entendo o ciúme de vocês. Mas agora é diferente, pois quem você viu me beijando não foi o Miguel, o Dino ou outro qualquer, e sim o Harry. – Gina se aproximou mais um passo – Não o Harry Potter que derrotou Voldemort ou o que salvou minha vida, a do nosso pai e inclusive a sua... mas aquele que, por acaso, é seu melhor amigo! O Harry tem razão, você convive com a gente praticamente todos os dias e isso torna suas atitudes completamente ridículas.

- Eu sei disso! – confessou Rony, observando a irmã. Ele nunca havia percebido como os olhos dela eram parecidos com os de sua mãe – Mas ainda é muito incômodo ver vocês dois se agarrando!

- Se você acha que um dia vai ser agradável, pode esquecer! Nunca vai ser Rony! Bom, talvez deixe de ser tão constrangedor quando você aceitar que Harry e eu temos vontade de fazer as mesmas coisas que você e a Hermione!

O comentário de Gina foi completamente inocente, mas o efeito daquelas palavras em Rony foi arrebatador. Agora que os gritos tinham cessado, a pauta da conversa se mostrou excessivamente embaraçosa. Ele sabia exatamente o que tinha vontade de fazer com Hermione. Corou e sacudiu a cabeça, a fim de espantar esse pensamento antes que ele criasse raízes e desabrochasse ainda mais na sua cabeça.

Hermione pareceu notar exatamente o tipo de idéias que se formaram na cabeça do namorado, mas achou melhor não se manifestar. A situação já estava crítica demais para que ela fizesse comentários impróprios e desnecessários. Lembrou-se das últimas vezes que dormiram juntos e imaginou as caraminholas que circulavam na cabeça de Rony por imaginar Harry e Gina em situação parecida. Coçou o nariz para disfarçar uma risadinha que escapava de seus lábios ao ver Rony corar.

- Eu não sou mais uma garotinha! – ressaltou Gina com firmeza – Já ta na hora de você aceitar isso de uma vez! E mais uma coisa: você deveria confiar mais no Harry!

- Okay! Okay! – Rony ergueu os braços em derrota – Eu admito que agi como um idiota!

- E estúpido! – emendou Gina.

- E insensível! – completou Hermione.

Rony suspirou conformado.

- É, agora preciso consertar o estrago! Acho que posso começar pedindo desculpas, né? – perguntou o rapaz para a irmã com um sorriso acanhado.

- Acho que é um bom começo! – Gina o puxou para um abraço. Rony a ergueu alguns centímetros e lhe deu um beijo estalado na bochecha. – Seu projeto mal feito de trasgo! – brincou a ruiva – Agora vai atrás do seu amigo e trás ele de volta pra mim! Anda... – Gina empurrou-o até a porta.

- Certo! Tô indo... – ele disse já no corredor.

A ruiva fechou a porta e se escorou ali, olhando para Hermione.

- Ele é um idiota!

- É! – concordou Hermione.

- Por isso você gosta tanto dele, né?

Hermione sorriu um pouco acanhada.

- Eu amo o seu irmão, Gina!

- Puxa! – a ruiva soltou o ar dos pulmões – Acho que esse deve ser o grande charme dele então!

As duas riram. Hermione sentiu as bochechas esquentarem.

- Não sei como o Teddy não acordou com... - ia dizendo Gina - esquece! – completou assim que olhou em direção a cama e viu um garotinho de cabelos castanhos sentado na cama, muito quieto, com um par de olhos azuis bem abertos e atentos na sua direção.

- Ora, ora! – Gina se aproximou dele – Ouvindo a nossa conversa, não é Didinho?

O menino abriu um sorriso de reconhecimento para a ruiva e estendeu os braços para que ela o pegasse no colo. Gina sentou na cama e o acomodou em suas pernas enchendo-o de beijinhos.

- Não nega ser filho de um maroto! – comentou Hermione com um sorriso bobo, se sentando ao lado da amiga e recebendo um olhar atento do menino – Tomara que ele herde a inteligência do pai!

- Quero que meu primeiro filho seja uma menina! – comentou Gina subitamente.

- Por que?

- Porque se ela ganhar irmãozinhos, pelo menos será a mais velha.

Hermione riu.

- Você é muito dramática!

- Ah, você acha que é exagero? – Gina estreitou os olhos – Se quiser eu empresto um dos meus irmãos pra você fazer um teste. – brincou.

- Eu já tenho o Rony, esqueceu? – retorquiu Hermione divertida.

- Acontece que o Roniquinho parece ser um pesadelo apenas como irmão!

Hermione parou de rir e deu um meio sorriso com o comentário. Lembranças de um passado aparentemente muito distante afloraram em sua mente.

- Talvez... – disse vagamente.

Gina logo se deu conta do que havia dito e pareceu captar os pensamentos da amiga.

- Meu irmão é um cara de sorte! – disse, e Hermione olhou pra ela com um sorriso modesto.

Nesse momento, Teddy desceu das pernas de Gina e caminhou na direção do criado-mudo. Lá, uma foto bruxa que havia sido tirada no dia do aniversário de dezoito anos de Harry repousava sobre sua superfície e o movimento das pessoas na foto pareceu ter chamado a atenção do garotinho. Harry estava no centro sorrindo timidamente enquanto Gina o beijava na bochecha e em seguida sorria pra ele; logo ao lado da ruiva, Hermione e Luna acenavam animadamente; à esquerda de Harry, um emburrado Rony fazia caretas enquanto tentava empurrar Jorge, que insistia em acenar pondo a mão bem na frente do rosto do irmão; e ao lado dos dois, Dino e Neville faziam sinal de positivo com o polegar.

O pequeno Teddy, com certo desequilíbrio, se pôs na pontinha dos pés e apontou para o centro da foto.

- Pa-pa!

Gina e Hermione trocaram um olhar terno e sorriram.

























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Mesmo estando protegido do sol pela sombra que a copa da grande árvore projetava na grama, Harry mais uma vez pôde apreciar o calor incomum que fazia naquele dia. Lembrou da última vez que havia estado ali, embaixo daquela mesma árvore, mas o ambiente não poderia estar mais díspar que daquela enregelante noite de Natal.

Ao invés de sentir-se incomodado pelo clima abafado, Harry passou a contemplar a bela tarde. O sol brilhava imponente no alto, ignorando algumas nuvens que ameaçavam esconder seu brilho; um vento morno soprava preguiçoso, aliviando escassamente o calor; a grama estava alta como sempre, pra satisfação dos gnomos que tinham lugar suficiente pra se esconder; ao seu redor, um manto de folhas secas haviam abandonado os galhos da árvore, anunciando a chegada da nova estação.

Harry se surpreendeu desejando que Gina estivesse ali ao seu lado, deitada sobre aquelas folhas, e por um momento arrependeu-se de ter saído daquela forma do quarto dela, sem dizer nada. Se amaldiçoou por estar desperdiçando o pouco tempo que tinham juntos. Não foi preciso pensar muito para decidir entrar em casa e buscá-la, mas mal chegou a mover um músculo quando Rony entrou no seu campo de visão.

- E aí cara?!

Rony ficou parado, aguardando uma resposta que não veio. Achou que seria mais prático ser direto.

- Ah, quer saber... eu nunca fui muito bom nessas coisas, então acho melhor acabar logo com isso! – respirou fundo – Olha, eu sei que às vezes ajo como um babaca com você e a Gina e que pisei na bola ainda há pouco. Já me desculpei com ela e acho que preciso me desculpar com você também, não é? Pronto! Falei! – o fato de Harry estar sentado de cabeça baixa sem sequer esboçar uma reação lhe exasperou – Será que dá pra parar de agir como se estivesse petrificado e pelo menos fingir que me escutou?

- Tem razão... você realmente não é bom nesses coisas!

Rony deixou escapar uma risadinha nervosa, mas estava bem mais aliviado, principalmente ao notar que a frieza de outrora havia abandonado o amigo. Sentiu-se mais seguro e sentou ao lado de Harry, que esboçava um sorriso quando ergueu os olhos em direção ao horizonte. Rony fez o mesmo.

- Lembra quando nós subimos aqueles morros há alguns anos? – perguntou.

- E tem como esquecer? Naquele dia aconteceu tanta coisa... – disse Harry.

- É! Foi a primeira vez que você viajou via chave de portal, não foi?

- E foi o dia em que eu vi a melhor partida de quadribol da minha vida!

Os dois passaram algum tempo em silêncio observando as grandes colinas. Cada um estava imerso nas próprias recordações sobre aquele dia, que representava experiências boas e ruins na vida deles.

- Gina é minha irmã!

Harry desviou os olhos para Rony parecendo assustado e confuso com o inesperado retorno ao assunto, mas não custou a perceber o rumo que a conversa tomaria.

- Eu acho que sei disso. – comentou sem ironia, apenas para saber onde o amigo queria chegar.

- É estranho vê-la beijando alguém. Eu sei que é você, e isso de certa forma até me tranqüiliza, mas... – Rony passou a mão nos cabelos – Ela sempre vai ser minha irmã mais nova, independente do tempo que passe! Não consigo assimilar o fato de que ela já pode se defender sozinha!

- Acho que ela sempre pôde Rony!

Rony sorriu e olhou para Harry com uma sobrancelha erguida.

- Eu sei! Mas é inevitável que a gente acabe ignorando ou esquecendo disso, não?

A expressão sugestiva de Rony fez Harry enrubescer e baixar a cabeça novamente. Compreendeu instantaneamente a insinuação dele, afinal, há pouco mais de um ano ele próprio abrira mão de Gina em prol da segurança dela. Não que a achasse incapaz de se defender, mas o pânico que lhe corroia as entranhas só de imaginá-la em perigo fora mais forte.

- Acontece que você é meu amigo, Harry. Tenho certeza que você gosta da Gina de verdade e que jamais a faria sofrer e... – o ruivo bufou impaciente – Olha, eu só quero que você entenda que muitas vezes não consigo frear esses ataques súbitos de irmão ciumento.

- Eu sei muito bem do que você ta falando e não pensa que eu não compreendo, porque eu entendo melhor do que você imagina. Acho compreensível e até admirável o cuidado que seus irmãos e você tem com a Gina, mas se coloca no meu lugar. – Harry acomodou melhor os óculos no rosto – Eu moro na mesma casa que a minha namorada, então, conseqüentemente, moro junto com os pais e mais três irmãos dela. E se levarmos em consideração as reuniões de família, some mais dois ruivos aos outros tantos que eu já citei. São muitos pares de olhos vigiando Rony, isso às vezes importuna, mas eu sei que é uma questão de tempo até se acostumarem. Mas aí vem a questão principal: você! – Rony fez uma careta desgostosa, pois parecia já saber o que o amigo iria dizer – Eu muitas vezes ignorei seus chiliques, mas alguns realmente incomodavam, como o de hoje por exemplo. Mas, sabe... eu pensei que teria um pouco mais de compreensão da sua parte. E como se isso não bastasse, ainda tenho que me conformar com o fato de que, além do meu melhor amigo ser um dos irmãos da minha namorada, ele ainda é o mais ciumento de todos.

- E é tão ruim assim eu ser irmão da Gina? – Rony questionou ainda fazendo careta, parecia estar provando algo um tanto amargo. Mas ele parecia mais envergonhado do que incomodado.

- Não por você ser irmão dela, mas... – Harry pareceu pensar na melhor forma de explicar – Olha, lembra do dia que me contou sobre você e a Mione?

- Quando eu disse que gostava dela?

- Rony, você nunca me disse que gostava dela. – Harry argumentou com certo sarcasmo – Quando você resolveu assumir isso, fez de um jeito que dispensava qualquer explicação.

Rony sorriu meio sem-jeito ao lembrar do insólito beijo trocado em meio à guerra e que havia sido na presença de Harry.

- Então do que você ta falando?

- Eu to falando daquele dia... – Harry pareceu discretamente embaraçado – do dia de Natal!

- Anh... desse dia... – Rony tentou, sem muito êxito, parecer bastante confortável com o assunto.

Harry ignorou o tom vermelho intenso que coloriu as orelhas e as bochechas do amigo.




FLASHBACK


Era uma fria noite de Natal. A Toca já estava decorada e os quitutes para a ceia completamente prontos, apenas aguardando o início dos festejos.

Harry estava no quarto de Rony devidamente arrumado e tinha Teddy, também completamente pronto, sentado em seu colo, bastante distraído com o carrinho que ganhara de presente do padrinho. O brinquedo era enfeitiçado para emitir barulhos de motor quando manuseado, e era exatamente esse detalhe que parecia estar aguçando a curiosidade do menino, que virava e sacolejava o brinquedo de um lado para outro.

Harry olhava do afilhado para o amigo, divido entre qual a cara mais engraçada. Tinha vontade de rir da expressão curiosa de Teddy para seu novo brinquedo, mas também tinha o mesmo desejo quando via a cara de boboca de Rony, que ainda calçava as meias. Aliás, Harry sabia muito bem o motivo daquele sorriso permanente que havia sido tatuado no rosto do amigo. Rony passara o dia daquela forma, sorrindo bobamente, com o olhar distante e distribuindo um humor tão agradável que nem reclamou quando a mãe o mandou limpar as titicas da gaiola de Pichitinho. Mais incomum fora ver Hermione ostentando um sorriso quase idêntico ao de Rony e extremamente bem-humorada, tanto que havia sido levada as lágrimas enquanto ria de uma piada que Jorge havia contado. Isso seria até normal se a piada não fosse preconceituosa com elfos domésticos.

Gina e Harry passaram aquele dia fazendo um grande esforço para não rirem do casal, pelo menos na frente deles, e se divertiam imaginando o que os dois diriam se ao menos imaginassem que eles sabiam exatamente o que tinha acontecido no quarto da ruiva naquela manhã.

Como o dia passou e Rony sequer tocou no assunto, Harry já tinha sérias dúvidas se ele lhe diria alguma coisa sobre aquilo. Mas ele preferia morrer a ter que comentar, ou sequer insinuar algo sobre o assunto, afinal, era a vida particular do amigo e ele não era obrigado a lhe dizer nada.

- Galera, acho melhor se apressarem. – Jorge entrou no quarto sem bater - Molly Weasley já está mandando todo mundo descer.

- Bom, nós já estamos prontos, não é Ted’? – Harry se levantou e ajeitou o afilhado no colo, mas esse nem lhe deu atenção, continuou sacolejando o carrinho e quase acertou o rosto do padrinho.

- Já vai descer Harry? – perguntou Rony amarrando os cadarços.

- Vou. Você ainda nem vestiu a camisa! – observou, esclarecendo que não estava disposto a aguardá-lo.

- Eu visto rápido.

- Mas o Teddy já deve estar com fome. Acho melhor eu ir logo e dar algo pra ele comer. – argumentou Harry.

- Acontece que... bom... eu queria te falar uma coisa antes de descermos. – Rony gaguejou um pouco e Harry, quase incrédulo, sentiu-se estranhamente feliz por saber que o amigo resolvera, enfim, falar com ele.

- Ora, e não dá pra ser depois? – questionou Jorge.

- Não, não dá! Se não for agora, acho que não vou conseguir falar mais. – o tom rosado de suas orelhas denunciavam a importância do assunto.

- Puxa, essa fofoca deve ser das boas! – disse Jorge maliciosamente – Mas, como sei que esse é o momento em que vou ser enxotado daqui, acho melhor me retirar educadamente. E Harry, se quiser eu levo o Teddy e dou algo pra ele comer.

Harry teve um calafrio de desconfiança, pois tinha uma clara suspeita do que possivelmente Jorge daria para Teddy comer. Mesmo assim, entregou o menino a ele. Logo que fechou a porta, Harry se escorou ali e cruzou os braços. Dali ficou observando Rony, que estava sentado na cama com os braços apoiados nos joelhos e a cabeça baixa. Quase conseguia ver o dilema se formando dentro da cabeça do amigo.

- Então...? – disse.

- Eh, acontece que... eu...

Harry não sabia se deveria se condoer ou se deleitar com a situação de Rony. Imaginava o quão constrangedor seria falar aquilo, mas ao mesmo tempo, uma fagulha de malignidade o instigava a querer saborear o momento. Esqueceu de tudo isso ao ver o ruivo erguer o rosto decidido e lançar um feitiço de imperturbabilidade na porta, provavelmente pra se prevenir das orelhas extensíveis de Jorge.

- Eu passei o dia tentando encontrar uma forma de te dizer, mas percebi que a melhor delas é dizer de uma vez, então... – respirou fundo – Acontece que hoje de manhã, logo depois que eu entrei em casa pra mostrar a minha vassoura nova pra Mione, eu a encontrei sozinha no quarto da Gina e... – Rony não agüentou mais encarar o amigo e baixou a cabeça – bom, eu mostrei a vassoura.

Harry nunca julgou ser tão difícil segurar o riso, e achou que só conseguiu isso em solidariedade ao gigantesco esforço que Rony deveria estar fazendo.

- E então?

- Então eu... ela... nós... rolou um clima, sabe?

- Sei!

- Sabe? – Rony ergueu a cabeça tão rápido que achou que seu pescoço poderia quebrar.

- Claro que sei Rony! – Harry tentou parecer o mais casual possível – Vocês são namorados... é normal rolar clima...

- Não! Mas não foi esse tipo de clima! – Rony abanou uma mão impaciente, mas logo murchou e voltou a fitar o chão – Foi aquele outro tipo de clima, sabe?

- Não! Esse eu não sei!

- Aconteceu Harry!

Se grilos fossem resistentes ao intenso frio que fazia lá fora e estivessem circulando por perto, Harry tinha certeza que poderiam escutá-los até a certa distância, tamanho o silêncio que se instaurou ali. Chegou a ouvir claramente a canção, provavelmente “Seu feitiço arrancou meu coração” de Celestina Warbeck, que tocava no rádio da cozinha alguns andares abaixo.

- Aconteceu o que? – Harry amaldiçoou-se por estar sendo tão cruel.

- Você sabe cara... – Rony torcia uma mão na outra.

- É, eu sei!

- Sabe? – Rony tornou a erguer a cabeça velozmente, e dessa vez até Harry escutou o estalo agourento que deu o pescoço do amigo.

- Sei cara! – Harry achou que era a hora de encarnar novamente o papel de melhor amigo. Se aproximou de Rony e sentou na cama.

- Mas... como?

- Isso não importa! – desconversou, senão acabaria sobrando pra Gina – Mas e aí, como foi? – perguntou sorrindo e empurrando o amigo com o ombro.

- Ah, foi... foi perfeito cara! – Harry sorriu por ver os olhos de Rony brilharem. Nunca tinha visto aquele ruivo tão contente.

- Eu fico realmente feliz por vocês Rony! Mesmo que tenham assumido recentemente, sei que vocês se gostam há muito tempo. Além do mais, vocês são como meus irmãos, e vê-los assim, depois de tudo que tivemos que passar, é importante pra mim.

- Nós sobrevivemos, Harry!

- É!

Rony sorriu para Harry e lhe deu um tapa amistoso nas costas.

- Me sinto bem melhor agora! É bom ter um amigo pra dividir essas coisas!

- Mas me poupe dos detalhes, okay?

Rony riu.

- Idiota! – disse se pondo de pé.




FIM DO FLASHBACK.






- Você entende agora o porque de eu achar ruim o fato de você ser irmão da Gina? – perguntou Harry.

- Eu acho que te mataria se um dia você chegasse e me dissesse que vocês... bom... ah, você sabe! – disse Rony sinceramente.

- Eu sei! – respondeu Harry com simplicidade – Então, o mínimo que eu espero, é parar de ter aquela sensação de tudo que eu faço com a Gina é errado! Mas pra começar, a primeira coisa é você deixar de me fazer sentir isso!

Rony ficou calado por um momento.

- Eu não posso dizer que essa não era minha intenção. – confessou – Mas prometo que vou me controlar mais. E Harry... – Rony sorriu – eu continuo sendo seu amigo, acima de tudo!

Harry deu dois tapinhas nas costas do amigo em sinal de entendimento, já que aquela amizade era algo que sempre esteve acima de qualquer prova.

- Bom, digamos apenas que quando quiser conversar algo sobre a Gina, você pode me poupar de certos detalhes. – completou o ruivo de maneira brincalhona.

- Idiota! – disse Harry jogando um punhado de folhas secas em Rony.

- Vocês estão tão carinhosos comigo hoje... – comentou irônico - Acho melhor nós entrarmos, pois a Gina me intimou a te levar de volta!

Harry concordou na mesma hora, afinal, já tinham perdido tempo demais.


























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O restante do dia correu com uma velocidade impressionante. As horas passaram tão rápido que pareciam estar fugindo de uma maldição da morte.

No meio da tarde Harry levou Gina até Londres para mostrá-la o apartamento recém-adquirido, e para sua satisfação a garota adorou o lugar. Ele passou vários minutos a admirando enquanto ela, muito empolgada, dava sugestões de decoração passeando entre um e outro cômodo. O que mais pareceu encantar a jovem foi o fato do imóvel estar localizado em um local completamente trouxa. “Deve ser tão legal viver como trouxa!”, afirmou ela enquanto acendia e apagava a luz.

Quando o casal retornou à Toca, encontraram Rony e Hermione sentados no chão da sala brincando com Teddy. Logo que se juntaram a eles, os quatro passaram um bom tempo confabulando sobre a mudança de Harry.

Durante o jantar, Harry resolveu aproveitar a presença de Gina e da maioria dos membros da família para anunciar a novidade. Todos pareceram um pouco cabisbaixos com a notícia e, com exceção da Sra. Weasley, que fez questão de não esconder sua chateação, (“será que todos os meus filhos vão me deixar mesmo?”, desabafou com os olhos cheios d’água, o que emocionou Harry) deram apoio à sua decisão. O Sr. Weasley lhe repassou uma série de recomendações; já Percy não perdeu a oportunidade de dizer que foi apenas quando passou a morar sozinho foi realmente amadureceu como pessoa (“o peso da responsabilidade é árduo, mas necessário”). Jorge, no entanto, miseravelmente comentou que as garotas adoram homens que moram sozinhos, e quase foi mortalmente azarado pela irmã caçula.

Após a refeição, seguiu-se uma breve sessão de despedidas e Gina aparatou de volta ao centro de treinamento das Harpias. Para surpresa de todos, Teddy choramingou com a partida da “tia” e só se acalmou quando Jorge lhe deu um doce, muito suspeito na opinião de Harry.

Harry, durante o restante da noite, fingia não ver os olhares contrariados que a Sra. Weasley lançava na sua direção, mas não podia ignorar os resmungos de “jovens demais”, “morrer de preocupação” ou “mal sabe ferver uma água” que ela recitava insistentemente desde o fim do jantar. Resolveu conversar com ela, mas teve dificuldades. A matriarca Weasley insistia que era uma loucura ele morar sozinho sem ter um trabalho. Ele lembrou-a que aprendera a cozinhar nos anos em que fora obrigado a conviver com os Dursley, que levaria Monstro para morar com ele e que tinha dinheiro suficiente para se manter até começar a trabalhar, mas a bruxa só se acalmou um pouco quando ele disse que gostaria muito que ela o ajudasse a comprar os móveis e arrumar o apartamento. Mesmo um pouco mais convencida que a mudança de Harry não era uma loucura tão grande, Molly não se mostrou satisfeita até fazê-lo prometer que não iria embora enquanto o apartamento não estivesse completamente pronto e que ele viria almoçar n’A Toca todos os fins de semana.


A semana transcorreu trazendo novidades para Harry, Rony e Hermione. O treinamento de aurores se tornou uma atividade bastante produtiva e interessante com Katheryn no comando do grupo. A jovem auror pareceu ter, enfim, conquistado a confiança e o respeito dos rapazes, fato que estava gradativamente estreitando laços entre eles.

Dos três amigos, Rony parecia ser o mais sobrecarregado de tarefas, tendo que dar conta do treinamento, dos estudos e da loja de logros. Harry parecia estar estudando naquela primeira semana de treinamento mais do que nos sete anos que passou em Hogwarts, talvez para suprir a falta dos amigos e da namorada. Mas o esforço dos dois rapazes estava deixando Hermione extremamente orgulhosa. Porém, a maior novidade chegou junto com a sexta-feira. Hermione, assim que chegou no ministério, soube por seu chefe, Amos Diggory, que deixaria de ser estagiária para se tornar uma funcionária do Setor de Controle e Regulamentação das Criaturas Mágicas.

Eufórica, a morena, assim que pôde, não pensou duas vezes antes de correr até o departamento de aurores com um sorriso gigantesco no rosto. Assim que chegou à sala deles, abriu a porta rapidamente.

- Ora vejam... sabia que eu adoro suas entradas triunfais?

Hermione ficou excessivamente embaraçada com o comentário de Katheryn. Seu sorriso morreu em um estalo.

- Ah, eu... me desculpe!

- Não se preocupe! Pode invadir a sala sempre que quiser!

Katheryn deu um daqueles sorrisos que faziam Neil Gibson quase cair da cadeira, mas ainda assim Hermione não soube se estava sendo repreendida ou não.

- Hermione! – Rony se adiantou até ela parecendo preocupado – Aconteceu alguma coisa?

- Não, não... quer dizer, aconteceu! – a garota pareceu lembrar o que havia a levado até ali e tornou a sorrir.

- O que foi? – Harry também se aproximou aflito.

- Eu fui promovida! – disparou sem rodeios.

Os três amigos trocaram olhares bastante distintos. O de Hermione refletia emoção e expectativa, enquanto o de Harry transmitia surpresa; já o de Rony não demonstrava mais que uma grande confusão.

- Como eu pude ficar surpreso com isso? – Harry pareceu ter finalmente processado a informação e sorriu.

Hermione literalmente se pendurou no pescoço do amigo e recebeu um abraço apertado.

- Parabéns Mione! – disse Harry – Você merece!

- Mas foi tudo tão rápido... – ela se afastou um pouco do amigo – não sei se estou preparada!

- Qual é?! Você já nasceu preparada pra tudo! – quem fez o comentário foi Rony, que finalmente entendeu o que havia acontecido – Sabe por que? Porque você é a mulher mais brilhante de quem eu já tive notícias.

O olhar cheio de orgulho que Hermione captou nos olhos de Rony foi o melhor de tudo. Agora a garota entendeu o porque dela ter invadido aquela sala sem cerimônias. Ela sabia que precisava daquele olhar pra acreditar, pra entender tudo. Somente agora ela pôde se sentir realizada e verdadeiramente feliz.

Com apenas um passo, Rony se aproximou e a puxou para um abraço forte. Nenhum dos dois disse mais nada. A essa altura, o trio de amigos já tinha esquecidos onde estavam e que não estavam sozinhos.

- Bom, acho que podemos parar por aqui hoje! – Katheryn comentou olhando no relógio de pulso.

- Como assim? Nós mal começamos a atividade de hoje! – retorquiu Neil Gibson mais ao fundo da sala.

- E você acha que eu iria atrapalhar os três aqui de saírem para comemorar por causa de uma liçãozinnha simples como a de hoje?

- Mas... eu não estava pensando em sair para comemorar.

- Hermione, não diga uma bobagem dessas! Uma promoção não é algo que aconteça todos os dias, ainda mais para uma pessoa tão jovem! – contemporizou a auror.

- Pois eu posso garantir que pra Hermione isso será bem comum! – disse Rony se empertigando de orgulho – Ela é um gênio!

- Eu acho que você deve conhecer a sensação de se crescer cedo demais, não? – Hermione se esforçou pra que seu comentário não soasse como uma alfinetada, mas não soube se foi feliz na tentativa.

- Acho que você sabe o que anos de estudo e dedicação podem trazer, hum? – rebateu Katheryn com simpatia – Além do mais, sem querer ser pretensiosa, vejo minhas conquistas precoces como resultados merecidos de meus esforços. E acredite, eu comemoro muito cada uma delas!

De maneira alguma Hermione achou pretensioso o comentário, afinal, ela seguia uma linha de pensamento muito semelhante. Inclusive se sentiu mal por ter sido um tanto rude com a auror.

- É, acho que você está certa! – a morena deu um sorriso sincero.

- Mas isso não diminui em nada seus méritos. Não acho que vocês deveriam deixar passar em branco.

- Mas podemos esperar até o fim do treinamento.

- Os meninos estão indo muito bem! Tenho certeza que apenas um dia não afetará o desempenho deles nos testes. Além do mais, - Katheryn deu um meio sorriso – é por uma causa especial.

- Eu... não sei! – Hermione parecia relutante, o que para Rony e Harry não era nada incomum dado o assunto em questão.

- Apenas vão! – insistiu Katheryn.

Hermione olhou para Harry, que parecia dizer para ela que, por ele, a proposta estava aceita. Procurou buscar apoio em Rony, mas ele parecia estar pensando igual à Harry.

- Tudo bem então! – cedeu sem muita alternativa.

- Há! Legal! – vibrou Rony já abotoando o casaco e puxando Hermione até a porta; Harry acenou para Neil e Katheryn e seguiu os amigos.

- Espera Rony! – Hermione se virou para Katheryn – Você não gostaria de vir conosco?

A auror foi pega desprevenida com o convite, mas não tardou a se recompor.

- Não, não! – abanou as mãos – Não sei se minha presença seria conveniente.

- Seria bom se você viesse conosco. Você foi tão gentil comigo... Vamos, eu aceitei sua proposta, agora você aceita a minha!

Nesse instante, Hermione se sentiu incomodada com o olhar profundo que Katheryn lhe dirigiu, mas o sustentou firmemente.

- Bom, já que é assim, acho que não devemos mais perder tempo! – disse animada a jovem auror, já caminhando até a porta.

- Hei, Gibson! – Rony chamou – O que você ainda ta fazendo parado aí?

A figura alta que estava parada no centro da sala pareceu confusa.

- Mas...

- Cala a boca e vem logo! – concluiu o ruivo munido de toda sua peculiar sutileza.




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NB:

(Betando p. 15) Pois é, galera, depois desse tempo todo estamos de volta com o capítulo... Infelizmente não deu pra mandar betado antes, então acho que a essas alturas a Lore já postou o capítulo sem betar mesmo, já que queria muito que fosse postado hoje (28/08), ‘mesversário’ da fic. Esse capítulo, como sempre, ta ótimo (já está ficando chato dizer isso...). Gina nem um pouco ‘safada’ com a perspectiva de Harry ter um novo apartamento, né? Hehe... bom, essa nota já ta meio grande, depois eu comento mais.

Beijos para todos,

Isabella.


(Betando p. 32) Desculpa, mas voltei só pra comentar isso: Que fofo o Rony contando pro Harry de quando ele ficou com a Mione!!




***



N.A:

Aê aê aê Aê... Ei ei ei Ei... ô ô Ô ô Ô Ô ô...

Ai, to tão animada! Como é bom postar!!!! É maravilhoso postar!!!

E então gente, deu pra me perdoar um pouco depois desse presente de Niver?

Aliás, todos de pé e pra cantar um parabéns pra fic... Não, ainda não é um aninho, mas já são 10 meses... dez longos meses de dedicação, carinho, diversão, falhas (claro, ninguém é perfeito... Muito menos eu!), sorrisos, novas amizades... São dez meses com vocês... Tem coisa mais gostosa do que isso? Pra mim não! Então...

*autora rege o coral de leitores com a varinha*

"PARABÉNS PRA VOCÊ..."

Vamos gente, cantem...

Ah, tudo bem... *guarda a varinha no bolso resignada* Sei que vocês não estão muito a fim de cantar, mas espero que pelo menos estejam tão felizes quanto eu com essa data! Aproveito para parabenizar os aniversariantes de hoje... Sim, pois sei que tem gente aniversariando hoje! Parabéns, e espero estar dando um pouquinho de alegria nesse dia especial... SMACK!


Bom, mudando o rumo da prosa, então? *cara de ponto de interrogação*...

...

...

Ai gente, digam...

...
...

Pelo amor de Mérlin, claro que eu to falando do capítulo... Depois de muito tempo sem postar, estou com sede de comentários... (não que vocês não tenham comentado nesse tempo, pelo contrário... comentaram tanto que nem sei se terei condições de responder o batalhão de coments...). Mas faz tempo que não leio comentários sobre os capítulos... eu gosto tanto... principalmente daqueles bem GIGANTICOS que só os leitores da elite escrevem... Então... dedos à obra galera... vamos, quero ouvir os tec tec's do teclado...

Bom, pessoal, depois de mais uma Nota alopradíssima, daquelas que eu sou PHD e fazer, acho melhor dar tchau, afinal, ainda tenho um capítulo pra terminar...

Falando nisso, prometo um capítulo 22 gigântico, com muuuito R/H, cheio de novidades e bem mais agitado... Ta ficando bem legal, mas ainda tem muito trabalho pra mim, então...

*autora gira na ponta dos pés e solta um beijinho*

FUI!!!

CRACK!!

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Comentários (2)

  • Lore Weasley Potter

    Ahhh, meu caro Fagner.... Quem me dera a fic estivesse pronta! Tá não! Mas mesmo que estivesse, os comentários seriam extremamente importantes, em igual proporção. Obrigada mesmo por comentar! Aliás... meu shipper preferido sempre foi H-G, mas, aos poucos, descobri a maravilha que é escrever os momentos R-H. Sou fã deles hoje em dia, com certeza! E o Teddy é sim, um garotinho especial! Bjos e até a próxima!

    2011-08-16
  • Fagner Pinheiro

    Jah q vc quer q falemos do capítulo (apesar da fic estar pronta) eu to achando o Teddy um garotinho muito legal e que ainda promete muito... O casal R/H sempre foi meu predileto mas vc me ensinou a gostar do casal H/G também. Mais uma vez parabéns a vc (e à Beta também neh?). Ah e eu tenho um blog, adoraria ver um comente seu lá http://fagnerpin.blogspot.com/ Bjão e até o próximo capítulo

    2011-08-12
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