Iniciativas



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Parecia o fim de um pesadelo e o início de um sonho muito ruim. Achava que a qualquer momento iria acordar e se dar conta de que tudo aquilo não havia de fato acontecido, que se tratava apenas de mais uma peça pregada por sua mente brincalhona. Queria acreditar de verdade nessa hipótese e se agarrar a ela com toda a força que ainda lhe restava, mas não podia. Não precisava se beliscar para saber que nada disso era sonho, pois a dor em seu peito o lembrava a todo instante que tudo era a mais pura realidade e ele sabia que tentar fugir dela só tornaria as coisas ainda mais difíceis.

Tantas coisas incríveis haviam acontecido que, ao recordá-las não conseguia acreditar que tinha participado ao fundo delas e tampouco que havia sobrevivido a todas. Era tudo tão irreal que parecia fazer parte de um passado distante. Até que não seria errado dizer que foram aventuras, mas passaram longe de serem divertidas, principalmente quando o futuro do mundo bruxo dependia disso e cada segundo que permanecia vivo ou inteiro era uma vitória.

Passou por momento difíceis, alguns bastante dolorosos e outros de completo pânico, mas a cada obstáculo vencido procurava buscar forças para seguir em frente, mesmo tendo falhado miseravelmente em alguns casos. Ainda sentia vergonha e um grande remorso quando lembrava do dia em que deixou os amigos pra trás no meio da missão. Tinha raiva de si mesmo por ter abandonado Hermione e a feito sofrer e ainda lhe corroia por dentro ter falhado com Harry, seu melhor amigo, e tendo dito coisas tão duras. Justo pra ele, que sempre esteve ao seu lado e inclusive já havia lhe salvado a vida e de metade de sua família. Porém, o que mais o envergonhava era saber que Harry confiava plenamente nele e contava de verdade com ele. Tudo bem que o amigo já o havia perdoado, mas isso não apagava ou tornava menos grave o seu erro. Nesse momento jurou pra si mesmo que iria fazer de tudo para não decepcionar mais seus amigos. Não podia mais falhar dessa forma com eles.

Esse último pensamento o fez lembrar do por que estava ali, sentado em sua poltrona preferida do salão comunal da Grifinória e extremamente impaciente: Hermione.

Aguardava ansioso que a morena acordasse e descesse do dormitório, mas faziam horas que estava ali e nada. Precisava conversar com ela, dizer tudo que sentia e que já deveria ter dito há muito tempo. Precisava que ela soubesse que ele era um tapado completo e por isso não havia tomado uma iniciativa antes. Tinha uma enorme esperança de que se enfim se entendesse de verdade com Hermione, talvez conseguisse fazer com que um pouco desse sofrimento abandonasse seu peito, pois nunca, em toda sua humilde vida havia se sentido tão deprimido, e isso não melhorava ao ver sua família dilacerada pela dor.

Milhares de sentimentos distintos se misturavam dentro dele: tristeza, dor, alívio, incerteza, euforia, medo... um misto de sensações que ele não sabia qual deveria levar a melhor. Ele desejou não estar sozinho ali, isso não estava lhe fazendo bem. Precisava conversar com alguém e se distrair.

E como se Mérlin tivesse ouvido seus pensamento e se apiedado dele, ouviu passos na escada. Olhou para trás e viu que enfim Harry havia acordado e descia as escadas parecendo muito melhor e bem mais disposto do que no dia anterior. Pensou que a poção havia surtido mais efeito no amigo do que nele. Interrompeu abruptamente seus devaneios ao notar que seu amigo não estava sozinho e vinha de mãos dadas com sua irmã, que inclusive também parecia bem menos abatida que há algumas horas. Concluiu que algo bem mais eficiente que a poção havia os deixado tão bem. Cruzou os braços enquanto via os dois se aproximarem.

- Ora, ora! E eu aqui pensando que toda essa demora era por causa dos belos sonhos que você deveria estar tendo. Como sou ingênuo. – disse Rony cheio de sarcasmo.

- Impossível caro amigo! – adiantou-se Harry ao ver que Gina ia rebater o comentário do irmão – A começar pelo fato de eu ter tomado uma poção para dormir sem sonhar. – Concluiu sentando em uma larga poltrona com Gina ao seu lado.

- E eu posso saber o que vocês estavam fazendo lá em cima sozinhos todo esse tempo? – perguntou o ruivo inclinando o tronco pra frente com as mãos no apoio da poltrona e um olhar inquisidor.

Harry ia responder, mas dessa vez Gina foi mais rápida.

- Eu acho que realmente não é da sua conta maninho! – disse incrivelmente calma, mas em seguida emendou com a expressão mais maliciosa que conseguiu desenhar no rosto: - Mas se você fizer muita questão de saber, posso te contar com detalhes!

Rony ficou escarlate, só não se soube se de vergonha ou de raiva, porém tornou a ser encostar-se à poltrona coçando o pescoço e achando que seria melhor ter ficado calado.

Gina sorriu vitoriosa e Harry, também bastante vermelho pelo comentário, não sabia se ria ou se repreendia Gina. Afastou a última opção logo de cara, já que repreender a ruiva lhe causaria um efeito adverso, pois provavelmente aguçaria o gênio forte da garota e com certeza acabaria sobrando pra ele. E rir ficou fora de questão só de ver a cara nada feliz de Rony. Então optou por algo bem mais simples:

- Nós estávamos apenas conversando Rony. Gina estava me contando o que ocorreu por aqui durante a nossa ausência e... bom... também tínhamos outros assuntos pendentes. – terminou sorrindo pra ruiva.

- É, e pela cara de bobos de vocês posso concluir que finalmente se acertaram? – Rony olhava pros dois parecendo mais tranqüilo.

Ninguém respondeu, até porque não era necessário. Os sorrisos exultantes que estavam estampados no rosto nos dois já era uma explicação mais que satisfatória. Rony ficou realmente feliz com isso, mas não podia perder a chance de implicar com os dois.

- Vocês são bem rapidinhos, hein!? – disse em tom quase inocente, mas ao ver a expressão contrariada da irmã, completou rapidamente: - E já não era sem tempo! Fico feliz, muito feliz mesmo por vocês. E cara, cuida bem dessa gatinha, viu? – e deu uma piscadela cúmplice para o amigo que apenas sorriu e acenou com a cabeça.

Gina saiu do lado de Harry e sentou nas pernas do irmão lhe dando um beijo estalado na bochecha. Rony corou, mas a abraçou forte e em seguida começou a fazer cócegas nela.

- Estou perdendo alguma coisa? – perguntou uma bem disposta Hermione caminhando até uma poltrona ao lado da de Harry e se jogando lá.

- Puxa, até que enfim Bela Adormecida!- falou Harry enquanto Gina sentava-se ao seu lado novamente e o abraçava.

- Bela Adormecida? – questionou a ruiva intrigada.

- Ah, é uma história infantil trouxa. – respondeu Hermione olhando para Harry e Gina abraçados – E pelo visto eu realmente perdi muita coisa. – disse com um sorriso radiante nos lábios.

- É, perdeu algumas... – brincou Gina com um falso descaso, mas trocando olhares significativos com a amiga – Eu gostaria de lhe contar, mas agora o Harry tem algumas coisas pra resolver, não é? Então fica pra depois.

- E o que de tão importante você ainda tem pra resolver Harry? Uma guerra ainda não foi o bastante? – Rony olhava divertido para o amigo e a irmã, que estavam levantando de suas poltronas.

- Primeiro quero saber se seu pai recolheu o corpo de Snape da Casa dos Gritos como eu pedi e quero saber aonde irão enterrá-lo. E depois quero ver se conheço o Teddy. Eu ainda nem o vi pessoalmente. – falou com a voz fraca.

- Oh, céus! Eu nem me lembrava do pequeno Teddy! – disse Hermione pesarosa – Você é padrinho dele Harry, ele realmente vai precisar de você. Que ironia... vocês dois ficaram órfãos tão cedo.

- É, mas com algumas diferenças consideráveis. Teddy será muito amado por todos nós e sempre terá o Harry por perto. E não podemos esquecer que ele ainda tem a avó, que com certeza o ama muito. – disse Gina.

- E ela com certeza irá querer criá-lo. – acrescentou Rony.

- E ela irá, pois eu não pretendo impedir de forma alguma. Ele é tudo que restou a ela, e ela é a única ligação de sangue que ele tem. Eu só quero que ela saiba que poderá contar comigo no que for necessário, pois realmente quero ser presente na vida dele. – explicou Harry.

- E o que você pretende fazer no caso do Snape? – Hermione retomou o assunto.

- Apenas contar a história verdadeira e lhe dar um enterro decente! – falou Harry com simplicidade – Se é isso que eu ainda posso fazer por ele, então eu farei!

Rony e Hermione concordaram. Gina apenas observava.

- Quer que a gente te acompanhe? – se ofereceu Rony.

- Claro que não! – intrometeu-se Gina rapidamente dando um olhar significativo a Harry, que entendeu as intenções dela na mesma hora – Agora que eu estou na parada novamente você é completamente dispensável maninho. Pode deixar que eu vou com ele!

Rony e Hermione sorriram por ver os dois juntos novamente, mas o ruivo além de tudo agradeceu a ajudinha “involuntária” da irmã. Assim poderia finalmente conversar com Hermione de uma vez.

- Você sabe onde está seu pai Rony? – indagou Harry.

- A última vez que o vi ele estava no salão principal com a mamãe e a professora MacGonagall resolvendo algumas coisas sobre... sobre o enterro do Fred! – falou com dificuldade.

Harry se aproximou do amigo e seguro em seu ombro.

- Eu sinto muito cara!

Rony apenas fitou o chão e concordou com a cabeça. Hermione se aproximou dele e segurou em suas mãos, fazendo com que ele olhasse para ela e em seguida a abraçasse.

Harry achou que era o momento de deixá-los sozinhos. Sabia que Rony não podia estar em mãos melhores. Então sem mais pensar, segurou na mão de Gina e a conduziu para fora do buraco do retrato.


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Ao saírem do salão comunal, Harry notou que Gina estava muito quieta e ao olhar melhor para ela viu que parecia muito distante. Parou. E sem nem dar tempo para que ela o questionasse a abraçou com força, o que no mesmo instante ela retribuiu, deixando que o pranto que há muito a sufocava se libertasse.

A ruiva não podia mais segurar aquele aperto que lhe comprimia o peito. Precisava expulsar aquela dor de dentro de si, mas não sabia se conseguiria. Já havia chorado bastante em seu dormitório sozinha e pensou que não tinha mais lágrimas pra derramar. Enganou-se. Quanto mais ela chorava, mais seu peito se comprimia e a dor parecia se apossar de seu corpo. Mas agora era diferente. Ao sentir os braços de Harry a acolhendo, ela se sentiu protegida. Com ele ao seu lado ela se sentia mais forte.

Estava com o rosto enterrado no peito dele e suas lágrimas umedeciam a camisa dele, fazendo-a grudar em seu peito. Cada lágrima derramada era como uma porção de veneno sendo retirada de dentro dela e isso surpreendentemente a estava aliviando. Sentiu que ele lentamente a conduziu até uma escada, onde a fez sentar em um degrau logo ao seu lado e a aconchegou melhor junto a ele. Ela apenas se deixou levar, ainda soluçando compulsivamente.

- Chora meu amor! Eu estou aqui com você! – ela o ouviu dizer.

Por um momento se assustou, mas não soube dizer se por ele a ter chamado de meu amor pela primeira vez e de forma tão sincera, ou pelo tom embargado da voz dele. “Ele está chorando também?”, se perguntou. Delicadamente ela se afastou, apenas o suficiente para olhá-lo nos olhos e não soube o que realmente sentiu quando viu aqueles olhos vermelhos e o rosto dele manchado por lágrimas silenciosas. Não soube se foi tristeza por vê-lo daquela forma, ou alegria por ele não esconder aquelas lágrimas dela.
Gina apenas recostou novamente a cabeça no peito de Harry e bem mais calma disse:

- Eu também estou aqui, meu amor! – e em seguida sentiu-se novamente envolta naqueles braços tão protetores.



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Abraça-la! Era isso que sua mente gritava que ele fizesse assim que a viu tão próxima, e foi exatamente isso que fez. E sorriu ao constatar que ela retribuiu na mesma hora. Ele mesmo se assustou ao ver que esse pequeno gesto foi tão eficiente em acalmá-lo. Ainda permaneceu um tempo sentindo as mãos delas segurando firme suas costas e o perfume dela entrando por suas narinas e parecendo preencher todo seu corpo, lavando por um momento todas as incertezas de dentro dele e entorpecendo seus sentidos.

Abriu os olhos assustado quando percebeu que ela se afastava, e foi mais surpreso ainda que se deu conta que estava a sós com ela. Sequer reparou o momento em que o amigo e a irmã saíram.

- Você está melhor? – Hermione perguntava enquanto se sentava ao lado dele segurando em suas mãos.

Ele apenas acenou com a cabeça.

- Rony, eu...

- Eu sei Hermione! – cortou o ruivo a encarando – Você não precisa dizer isso e nem o Harry precisava. Eu sei que vocês também estão sofrendo. Não pense que serei egoísta a ponto de apenas pedir apoio a vocês, por que eu sei que vocês também precisam de mim. E eu estou aqui, ok? – falou com convicção apertando as mãos dela com firmeza.

Hermione sorriu.

- Você também não precisava ter dito isso! Eu sei, e tenho certeza que o Harry também sabe disso!

Rony ficou sério e tornou a baixar a cabeça, soltando as mãos de Hermione bruscamente, o que a assustou profundamente.

- Eu precisava sim Hermione. Eu não sei se ainda mereço a confiança de vocês, e você sabe por que. – o ruivo parecia novamente deprimido.

Hermione pareceu aflita por um momento, mas aos poucos o entendimento foi tomando conta de sua mente. Sentiu-se confusa, pois Rony a tinha magoado muito quando foi embora há alguns meses, deixando ela e Harry e abandonando a missão num momento crítico. “Mas ele voltou, não foi? Se arrependeu de ter partido.”, dizia uma vozinha em sua cabeça. E tanta coisa já havia acontecido depois disso que seria uma idiotice voltar a pensar nisso.

- Mione, eu sinto muito! Me desculpe por ter abandonado você e o Harry no meio do... – Rony parou assim que viu Hermione levantar de um salto da poltrona e se postar de frente pra lareira apagada, de costas para ele.

Pego desprevenido, Rony parecia bastante confuso, e já não tinha idéia do que dizer; não sabia se continuava a falar, se perguntava o que aconteceu ou se permanecia calado. Antes mesmo de tomar uma decisão ouviu a voz da morena novamente.

- Você sabe o quanto isso nos machucou, não sabe? – a garota permanecia de costas, mas sua voz saiu serena, sem raiva e sem mágoa nenhuma – Você sabe que isso ME machucou muito, né? – Rony tornou a baixar a cabeça – Foi muito difícil continuar sem você, sabia? Pergunte ao Harry que ele lhe dirá a mesma coisa. Era como se faltasse um pedaço da gente ali, e de fato faltava. Eu realmente chorei noites seguidas e Harry... eu nunca o tinha visto tão arrasado, e a maneira que encontramos de lidar com isso foi não tocarmos nesse assunto e não falarmos mais seu nome. Não porque queríamos te esquecer, até porque isso seria impossível! – nesse momento Rony levantou a cabeça tão bruscamente que sentiu o pescoço dar um estalo violento, mas não disse nada, apenas ficou olhando para as costas de Hermione – Queríamos apenas não pensar mais na sua ausência e em como aquilo era difícil pra nós.

Hermione se virou, deparando-se com os olhos azuis de Rony a fitando intensamente. Deu um suspiro lento e profundo numa tentativa de mandar mais oxigênio para seu cérebro, que pareceu entorpecido e tentou continuar falando normalmente, o que se fez uma missão muito difícil com aqueles olhos cravados nela. Pensou se não teria sido melhor ter permanecido de costas. Toda a coragem parecia estar lhe fugindo, então juntou toda sua determinação e resolveu continuar de uma vez. “Começou, agora termina!”, a vozinha ordenou.

- Mas se eu soubesse que isso te traria de volta logo, teria gritado seu nome aos sete ventos! Se eu soubesse que você estava nos procurando... mas... você voltou... e, bom, acho que fiquei tão surpresa e feliz de te ver de volta que me revoltei e fiquei muito furiosa e... – as bochechas de Hermione ficaram rosadas ao lembrar da recepção que fez ao ruivo quando o viu – acabei sentindo uma vontade incontrolável de te matar! – completou envergonhada.

Rony não se conteve e riu abertamente. Hermione o acompanhou ainda bastante vermelha, e depois acrescentou mais séria:

- Não teríamos conseguido sem você, Ron! Tenho certeza disso!

Rony parou de rir e tornou a encará-la.

- Você é muito importante pra nós! Vo-você é muito importante pra mim seu projétil de trasgo estúpido e insensível! – Hermione horrorizou-se com o que escutou sair de sua própria boca.

O ruivo apenas sorriu, levantou da poltrona e caminhou de encontro a ela, que parecia petrificada.

- Sabe, - começou ele ainda sorrindo e passando as mãos nos cabelos dela – eu sei que da primeira vez a iniciativa foi toda sua, - Hermione sentiu as pernas tremerem e o rosto esquentar; será que ele estava falando do que ela achava que ele estava falando?. Seus pensamentos foram interrompidos ao vê-lo pegar uma mecha dos seus cabelos e começar a enrolá-lo no dedo enquanto se aproximava mais – e que estávamos no meio de uma guerra, então foi tudo muito rápido, mas – aqui ele levou uma das mãos ao rosto e a outra a cintura da morena (que mal conseguia respirar), e começou a explorar com os olhos cada centímetro do seu rosto, se detendo algum tempo nos lábios e em seguida nos olhos – eu não me perdoaria se dessa vez não fosse eu a tomar uma atitude. Mas agora quero fazer as coisas direito, sem pressa, sem guerra, sem receio e sem Harry!

Hermione riu sem jeito ao lembrar que o primeiro beijo deles havia sido na presença do amigo, mas seu sorriso se perdeu em algum lugar assim que sentiu uma pressão em seu pescoço, e com um solavanco gostoso no estômago se deu conta de que era a mão de Rony puxando seu rosto de encontro ao dele. Seu pulmão pareceu sem forças de puxar ar, deixando sua respiração irregular e seu coração pulando descontrolado em seu peito. “Céus, ele fechou os olhos! Oh não, oh não... ele vai me beijar!”, pensou. E sem planejar fechou os olhos também, mas ao invés de sentir os lábios dele, ela o sentiu encostar sua testa na dele. Mesmo assim ela não abriu os olhos, pois aquela proximidade era extremamente confortável, sentindo a respiração morna dele em seu rosto, mesmo que seus lábios estivessem coçando.

- Mione – falou o ruivo em um sussurro – você quer ser minha namorada?

Um beijo. Era só isso que ela esperava. O susto que veio junto às palavras de Rony lhe roubaram momentaneamente as palavras e a fez abrir os olhos até que eles ficassem quase do tamanho de pires. Mas ela não ousou se afastar um milímetro sequer. Viu que o ruivo permanecia de olhos fechados e agora apertava sua cintura com força, como se tivesse medo que ela escapasse dali, coisa que ela nem cogitava a possibilidade de fazer. A outra mão dele, que estava em seu rosto, deslizou para sua nuca e começou a fazer carinhos ali. Aquilo definitivamente não a estava ajudando a ajustar os pensamentos. Não sabia se concentrava-se em sua respiração acelerada, em seu coração descompassado, em suas pernas bambas, em suas mãos suadas, em sua boca seca ou em seu cérebro temporariamente desativado. Pela primeiríssima vez Hermione Granger não conseguia raciocinar.

Ainda levou um tempinho para que ela conseguisse sair daquele torpor, e quando enfim as palavras dele pareceram se articular dentro dela, no mesmo momento em que um sorriso exultante se formava em seus lábios, ela percebeu que Rony tinha aberto os olhos e estava se afastando. O pequeno sorriso se apagou no mesmo instante que viu o olhar triste dele.

- Hermione, me desculpe! – Rony parecia ter entendido de outra forma o silêncio da garota - Eu não quis...

- RONALD BILLIUS WEASLEY, NÃO OUSE FAZER ISSO!!! – Hermione bradou repentinamente furiosa – NÃO OUSE ESTRAGAR ESSE MOMENTO!

Rony se sobressaltou com o susto e pareceu ainda mais confuso com a repentina indignação da morena.

- Mas, eu pensei que...

- Ah, você pensa? Isso sim é uma surpresa! E eu acho que quem tinha que pensar em algo aqui seria eu, hãn? Afinal, você me fez uma pergunta, não foi?

O ruivo enfim entendeu a grande burrada que fez e disse cabisbaixo:

- Droga, eu estraguei tudo como sempre e... – Hermione revirou os olhos.

- Rony, cala a boca! – falou decidida segurando o rosto dele entre as mãos e o beijando.

E pela segunda vez a iniciativa foi de Hermione. Mas o ruivo não pareceu nem remotamente chateado com isso, pois a abraçou pela cintura a suspendendo alguns centímetros. Foi um beijo delicado e ardente, calmo e desesperado, frio e quente, doce e salgado... foi um beijo completo, cheio de opostos, opostos que se completavam fazendo tudo ser mais gostoso e tornando aquele momento perfeito.

Relutante, Rony afastou-se arfante de Hermione, ambos ainda de olhos fechados como que para impedir que todas as sensações maravilhosas na qual estavam mergulhados fosse embora.

- Então sua resposta é...

- Sim, Rony! Sim, sim e sim! Isso é o que eu mais quero há muito tempo! – confessou a morena extasiada.

- Eu também Mione, mas eu sou um imbecil dos grandes e por isso nunca falei nada antes! Eu acho que eu era muito inseguro e sempre achei que você era demais pra mim e que...

- Hei! – interrompeu ela, pela milésima vez só aquela noite, colocando o dedo indicador sobre os lábios dele – Tudo já foi muito bem explicado quando você disse que era um imbecil dos grandes! Isso resume tudo, então acho que não preciso ouvir mais nenhuma bobagem! – Rony riu e beijou o dedo dela que estava sobre seus lábios.

- Você disse que seria impossível me esquece-er! – cantarolou o ruivo com um sorriso maroto a abraçando novamente pela cintura.

- Eu? Não, eu não disse isso! – respondeu mais vermelha que os cabelos dele.

- Sim, disse sim! E disse que eu era muito importante pra você! – disse ele cinicamente adorando o embaraço dela e a deixando mais vermelha ainda (se é que era possível).

- Oh, Mérlin, mate-me!! – dramatizou ela, cobrindo o rosto com as mãos e o escondendo no peito dele.

Ele riu descaradamente e a abraçou mais forte.

- Bom, tudo bem que em seguida você me chamou de trasgo estúpido e insensível, mas acho que o que vale é a intenção, né? – completou ele com uma careta, fazendo uma risada abafada sair por entre as mãos da garota.

Após um tempo, Hermione se afastou e olhou para Rony parecendo subitamente desanimada.

- Ron, muita coisa ruim aconteceu e isso ainda vai repercutir muito em nossas vidas, não é?

- Acho que sim! – respondeu sinceramente.

-Passaram alguns segundos em silêncio, apenas se olhando, até que a morena quebrou o silêncio novamente.

- Ron, você... você acha que um dia isso vai passar? Quero dizer, esse sofrimento todo, essa tristeza? Será que um dia vamos conseguir ser felizes de verdade?

Rony analisou aquele rosto delicado e abatido a sua frente e encontrou uma resposta ali. Não soube onde mas ela estava ali. Talvez no sorriso que se mantinha escondido por trás daquela angustia, ou no olhar outrora cheio de luz que se perdeu no meio das preocupações; mas estava ali! Talvez todas as respostas para suas dúvidas estivessem ali!

- Até pouco tempo eu estive com essa dúvida. Depois de toda essa guerra, depois da morte do meu irmão e a dor da minha família e após todo o sofrimento que vimos o Harry passar e pelas coisas que essa guerra tirou dele eu achei que não! Achei impossível! – de um suspiro e um leve sorriso e continuou – Mas ao ver o Harry hoje, mas forte e junto da garota que ele gosta, ao ver meus irmãos lutando acima de tudo pela felicidade... ao ver você. – disse acariciando o rosto dela – A cada minuto eu tenho mais esperança nisso. Ela virá na hora certa, Mione!

Hermione se sentiu profundamente tocada pelas palavras dele. Se sentiu igualmente esperançosa e com uma vontade descomunal de viver e ser feliz. Deu um sorrisinho enviesado.

- Eu ainda quero te fazer muito feliz!

Agora sim Hermione sorriu abertamente. Rony realmente a estava surpreendendo. Era verdade que ele havia amadurecido, mas sem perder seu jeito brincalhão e divertido e seu jeito turrão, e isso a encantava.

- Bom, contanto que cada vez que se sinta feliz ao meu lado você não tenha vontade de me matar como fez quando eu voltei para junto de você e do Harry...ai! – resmungou ao levar um sonoro tapa no braço.

- Essa é a minha maneira de demonstrar felicidade COM VOCÊ, querido! Pague pra ver! – ameaçou a garota com um olhar maquiavélico.

- Assim você me assusta! Hum... mas acho que você vale o risco!

Ela apenas lhe lançou um olhar desdenhoso, o fazendo rir.

- Vamos, o Harry deve estar precisando da gente. – disse Hermione puxando Rony pelas mãos.

- Ah, é! Mas não antes de uma coisinha! – e a puxou rapidamente, tratando de manter os lábios dela bem ocupados, e dessa vez, a iniciativa foi todinha dele.



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N/A:


Ó eu aqui de volta *sorriso delinquente*
Promessa é divida...olha a fic atualizada ai gentee...

Ja tava com saudades de voces galera...
Escrever vicia...Ô vício bom!!!

Eu tenho que abrir meu coração... *autora se prepara para desabafar*...Gente, eu sou uma fanática pelo shipper H/G, tanto que esse é o shipper principal dessa fic, mas nunca, nunca mesmo achei que fosse tão gostoso escrever um R/H.
Amei demais, tanto que ficou um pouquinho mais longo do que o planejado ( pra alegria dos R/H-hehe). Depois dessa podem ter certeza que outros momentos como esse virão desse casal!

Desejo que vcs realmente tenham gostado do cap.
qualquer sugestão é aceita nessa fic, ok?
A opinião de vcs é essencial pro desenrolar da história...

Agora vou dar uma de malvada e só vou postar o cap. 5 (que ja está quase pronto) se tiver muitooos coments., ok?
Estamos combinados???

Mil beijos galera...

Fuiii *joga um beijinho*

CRACK!




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Comentários (3)

  • Sheila Lopes

    Sua fic é linda, até parece continução dos livros, estou amando lê-las.espero que tema mais rony e hermione, amo este casal.

    2011-08-18
  • Mônica Viana

    perfeita!!!!! amo esse casal com todas as minhas forças!!!

    2011-07-02
  • Elisa Carvalho

    Sua Fic é demais!!!!! Estou amando cada capítulo!!!

    2011-06-16
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