A Guerra: Certo x fácil



Os olhos de Fenrir brilhavam de um jeito diferente. Um jeito nunca visto por seus companheiros em anos de convivência. Todos esperaram seu uivo, mas ele não emitiu nenhum som. Uma gota de sangue escorreu do canto de seus lábios e todos ali perto perceberam que aquele brilho no olhar significava uma única coisa: derrota.
Quando Gui parou de correr, momentos antes do ataque, tomou o cuidado de ficar com a espada em mãos. Assim que Fenrir pulou para cima dele, a espada atravessou seu abdômen, ele uivou e caiu de lado, espalhando no chão o sangue que saía do ferimento e de sua boca.
Os lobisomens que lutavam contra o exército de Voldemort uivaram em comemoração. Logo outras fênix marcaram o céu.
Pela primeira vez Voldemort demonstrou alguma irritação. Talvez porque Fenrir tivesse sido derrotado, porque a hora do ritual se aproximava e aquele bagunça não lhe permitia concentrar ou porque via claramente que seu exército estava sendo massacrado.
Ele deu alguns passos em direção ao conflito, mas Belatriz chamou sua atenção.
_ Meu lorde, faltam apenas 20 minutos. Não gaste a sua energia com essa gente que não vale a pena.
_ Eu tenho energia de sobra, Bela – respondeu Voldemort com sua frieza natural – O que eu não tenho é paciência para aturar incompetentes. Vou resolver isso, a minha maneira.
Ele se dirigiu para fora do Altar. Harry observava cada movimento dele e acenou para os amigos. Aquela era a hora que esperavam para por um fim no ritual.
Caminharam sorrateiramente até uma das pedras do círculo dos Portais e se esconderam. Ainda não podiam ser vistos.
Malfoy seguia-os de perto, tomando o cuidado de se manter coberto pela capa da invisibilidade.
Voldemort se aproximou do conflito, tirou cuidadosamente sua varinha do bolso e apontando para o céu, berrou:
_ Morsmordre áureos!
A marca negra apareceu no céu, mas muito mais viva e agressiva. A cobra investia contra as aves e elas se desfaziam em inúmeros pontinhos brilhantes.
A batalha cessou, todos estavam assustados olhando para o Lorde das Trevas. O medo estampado naquelas faces deu novo ânimo ao bruxo. Ele apontou a varinha para a própria garganta e murmurou:
_ Sonorus!
Sua voz agora estava ampliada e tudo o que ele falasse seria ouvido por todos os presentes.
Ele fechou os olhos e começou a falar um encantamento. Harry não conseguia entender, mas os bruxos mais velhos dali sentiram suas peles arrepiando a cada palavra dita.
Voldemort continuava. Era um encantamento longo, numa língua antiga. As únicas palavras que Harry e os outros conseguiram entender foram pútridos, ordenus e servus. Mas nem precisaram pensar muito para entender o que estava acontecendo.
O chão começou a tremer e rachar e logo eles viram mãos apodrecidas aparecerem. Centenas de inferis começaram a surgir do chão, outros saíam direto da Fortaleza e se encaminhavam para o Altar.
A presença de tantos bruxos vivos ali deixava os inferis desorientados. Eles atacavam todos que estivessem no caminho. Suas mãos frias agarravam punhos, pescoços e pernas. Muitos foram asfixiados até, na melhor das hipóteses, desmaiarem. Outros não tiveram tanta sorte assim.
Draco, assistindo a tudo, sentiu que tinha chegado a hora de agir. Fez força para lembrar o encantamento ensinado pelo anão e retirando a capa da invisibilidade chamou a atenção para si.
_ Acho que não vai ser tão fácil assim, Voldemort – berrou o jovem, num acesso de coragem que até lhe permitiu pronunciar o nome do Lorde das Trevas.
Voldemort se virou, encarou Draco e disse, o mais calmo possível:
_ Sabia que você viria, Malfoy. Mas não tenho certeza se vai manter essa pose de herói por muito tempo.
Andou mais alguns passos de volta ao centro do Altar e chamou:
_ Rabicho, Snape, mostrem ao nosso amigo aqui a surpresa que eu preparei para ele.
Os dois comensais que estavam escondidos até agora apareceram empurrando uma espécie de carroça de madeira. Colocaram a carroça bem a vista e a viraram. Ali estava Lucius Malfoy acorrentado, com visíveis marcas de tortura por todo o corpo.
Assim que viu o filho, Lucius pareceu bem aliviado. Draco estava a salvo. Pelo menos por enquanto.
_ Então, Draco, o que me diz? Aposto que, em toda sua curta e medíocre vida, você jamais imaginou ver seu pai assim. Uma situação muito ridícula para alguém da sua linhagem, não acha?
Draco ficou em silêncio. Olhava o pai humilhado por aquela gente e sentiu um ódio invadir seu peito.
Voldemort entendeu o que se passava por dentro do garoto e disse:
_ Eu sabia que você não era um herói, Draco. Ninguém da sua família é. Sabe isso que você está sentindo agora? Isso é Ó-D-I-O, Draco. Heróis não sentem isso – completou Voldemort com uma risada grosseira.
Ele esperou mais alguns segundos estudando as expressões no rosto do jovem bruxo.
_ Snape – chamou Voldemort – mostre ao nosso querido Draco o que irá acontecer ao pai dele se ele não tomar a decisão certa.
Snape puxou sua varinha, que fora devolvida aquele dia, apontou para um bruxo qualquer e falou:
_ Cruccios!
O bruxo caiu se contorcendo todo e berrando cada vez mais alto com a dor que sentia. Snape acompanhava a tortura com o mesmo olhar que dava para os alunos da Grifinória, quando estes levavam a melhor sobre a Sonserina.
_ Agora – falou novamente o Lorde – sua vez, Rabicho.
Aquele homem asqueroso, que ainda tinha cara de rato, pegou a varinha da mão de Snape e berrou a plenos pulmões:
_ Avada Kedavra!
O bruxo parou de se contorcer na mesma hora.
Draco sentiu um aperto na garganta. A vida do pai dependia dele. Voldemort já havia assassinado sua mãe. Não teria pena de seu pai, como nunca teve pena de ninguém.
_ Vamos, Draco, saia daqui e leve seu pai com você. É mais fácil salvar seu pai e a si mesmo. Ou vai querer ter uma vida como do Potter? Sem pais, sem família, sem ninguém?
Aquilo balançou o coração de Draco. Não queria viver sem uma família. Ele se precipitou em direção ao pai, decidido a salvá-lo. Mas uma voz dentro da sua cabeça o fez parar. Falava coisas desconexas, mas que faziam um certo sentido.
_ Potter vive sem os pais desde que tinha apenas 1 ano. Você já é um bruxo adulto. Nem sempre o fácil é o certo. Eles se arriscaram para salvar a sua vida. Não me decepcione.
A última frase ele conseguiu identificar. Era a voz de Ada. Era um trecho de uma das conversas que tiveram depois do concílio. A imagem de Nandriel voltou a sua mente e ele se lembrou do juramento que fez.
Ali, de onde havia parado, ele chamou Voldemort e falou:
_ Se eu fizesse o que me pede, Voldemort, perderia muito mais que um pai.
Os olhos de Lucius se encheram de lágrimas. Não estava triste. Sentia orgulho do filho que ousava fazer o que ele nunca teve coragem, desafiar o Lorde das Trevas.
Então, antes que Voldemort pudesse responder, Draco lançou o encantamento que o anão lhe ensinou:
_ Arimeus trhetuo ogrinume al undriné stalloms.
Eram palavras que Voldemort não conhecia e, por isso mesmo, não imaginava o efeito que teriam.
Os olhos de Draco começaram a brilhar. Um jorro de luz saiu de suas pupilas. Sua armadura magicamente forjada pelos anões também ganhou brilho. O olho, desenhado na frente, também se abriu e despejou para todos os lados, o mesmo brilho que emanava dos olhos do rapaz.
Os inferis, a princípio, começaram a berrar de dor. Soltaram os bruxos imediatamente e caíram no chão. Depois, seus corpos foram se recompondo. A pele não tinha mais a aparência podre. As cores voltaram às faces daquelas criaturas e suas roupas se refizeram.
Agora eles tinham uma expressão feliz. Seu tempo de escravidão tinha acabado e finalmente eles poderiam seguir para outros planos e descansar.
Sorrindo e aliviados, seus corpos começaram a assumir uma forma etérea e eles desapareceram no céu.
_ Você não devia ter feito isso, Draco! – berrou Voldemort – Acho que não entendeu do que eu sou capaz, não é mesmo?
Ele já ia puxar sua varinha quando Bela chamou:
_ Está na hora, meu senhor!
_ Snape, termine o serviço em Lucius, agora mesmo! – ordenou cheio de ódio enquanto voltava para terminar o ritual.
Snape pegou a varinha novamente das mãos de Rabicho, apontou para Lucius e falou:
_ Avada Kedavra!
Draco se virou antes de perceber que o jato que saiu da varinha de Snape não foi verde e sim vermelho.
Mione correu para ajudar Draco. Abraçou o rapaz e o levou para um canto do círculo de pedras.
_ Fique aqui, está bem? Você já fez mais do que devia!
Ele apenas concordou com a cabeça, as lágrimas escorrendo pelo rosto.
A menina voltou correndo e chamou os amigos:
_ É agora! Ele vai começar o ritual.

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Comentários (1)

  • Sarah Weasley.

    Que nojo esses inferis! Crédo, tive pesadelos com isso aí quando li no Harry potter e o enígma do príncipe! aaah. E muito legal a armadura do Draco heim, adoro como fazem ele virar do bem! kkk. parece outra pessoa.

    2012-09-29
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