A marcha



_ Mas vocês acham que a gente deve confiar no Snape? – perguntou Rony ainda espantado com o acontecido.
_ Não sei muito bem, Rony – respondeu Harry – Mas faz sentido, você não acha? Manter todo o pessoal unido até a hora certa de atacar o nosso alvo principal? Afinal, o que a gente quer é acabar com Voldemort. Depois disso, o resto fica fácil!
_ Potter – chamou Draco, se manifestando pela primeira vez aquele dia – como você vai fazer para falar com eles lá fora? É muita loucura chegar e dizer: “Olha gente, eu sonhei com o seboso do Snape e ele me disse pra gente ficar quietinho deixando os comensais fazerem a festa hoje a noite”. Isso não vai colar.
Luna não segurou uma risada:
_ Seboso do Snape. Essa foi ótima! – comentou ainda rindo.
Todos se olharam e a risada da garota os contagiou. Era bom dar umas risadas para descontrair. Mas Harry voltou ao assunto em questão.
_ Eu pensei nisso, e sei de um jeito para tirar todos de perto do ataque e impedir que eles fiquem sabendo. Como se fosse uma mera coincidência.
Harry explicou rapidamente o plano aos amigos e deu algumas instruções de como eles deveriam agira nas próximas três ou quatro horas.
Pra começar, deveriam preparar suas coisas. Arrumar tudo o que fosse preciso, vassouras, capas, varinhas. Deixar tudo pronto.
Isso não levou mais que meia hora. Ninguém ia carregar muita coisa. Não estavam saindo de férias. Só Harry levaria uma coisa a mais: a capa da invisibilidade. Mas ele não pretendia usá-la. Tinha outros planos em mente.
Os jovens se reencontraram no salão comunal e começaram a colocar o plano em prática. Cada um ia para uma ala do castelo. Harry falaria com Hagrid. Rony com os centauros. Hermione e Gina falariam com os elfos domésticos. Neville conversaria com Madame Pomfrey. Luna conversaria com os Ungrelbeers. E Draco procuraria Ada.
O objetivo de cada um era simples, convencer o maior número de pessoas possível que era besteira deixar para se deslocar para o local do ritual em cima da hora. Deveriam partir naquele mesmo dia, para se organizarem no local e descansarem a fim de estarem bem preparados para a batalha.
A abordagem de Harry foi perfeita:
_ Ei Hagrid, como está Grope?
_ Ah, está bem. Ele é forte você sabe! E está super animado para lutar.
_ Eu imagino... Mas tenho uma dúvida, Hagrid.
_ Pode falar!
_ Ah, bem... gigantes são rápidos?
A pergunta deixou Hagrid um tanto constrangido.
_ Bem, Harry. Os gigantes são grandes. Têm corpos pesados. Normalmente são mais lentos, apesar de darem grandes passadas... Além disso são temperamentais, você sabe, né? Mas por que pergunta isso?
_ Ah, nada demais. É que eu fiquei imaginando como seria aparatar junto com um gigante.
_ Que bobeira é essa, Harry? Nenhum bruxo conseguiria aparatar com um gigante.
_ Então como Grope vai para o Altar dos Portais daqui dois dias, Hagrid? Será que ele chega rápido lá?
Harry saiu de perto e deixou Hagrid com aquela sensação de que alguma coisa precisava ser feita.
Enquanto isso, na ala hospitalar, Neville também cumpria seu papel.
_ Escuta, Madame Pomfrey – chamou o rapaz.
_ Pode falar, Neville. Algum problema com seus pais?
_ Não exatamente! É que eu estava pensando quando eles vão poder aparatar novamente.
_ Ah, Neville! Não sei ao certo, mas acho meio arriscado que eles façam isso. Caso aconteça alguma “recaída”, eles podem se perder no meio do caminho.
_ Hum... então isso vai ser um problema!
_ Por que diz isso, meu jovem?
_ Bom, a senhora sabe que a grande batalha será em dois dias. E meus pais juraram que vão lá, nem que for para fazer número. Mas sem poder aparatar, vai ser difícil! Preciso ir agora, fiquei de ajudar a Luna com algumas coisas.
E saiu sem dar tempo de Madame pomfrey responder.
Todos os outros seguiram a mesma linha de conversa. Rony só precisou dizer que os centauros não aparatam. Hermione e Gina comentaram com Dobby que seria melhor se alguém checasse o terreno, para ver se era propicio para uma luta. Mas com Luna e Draco a conversa foi diferente.
Jovem chegou perto do amigo Randur, daquele jeito desligado de sempre.
_ Oi minha linda – disse o ungrelbeer – o que faz por aqui?
_ Ah, vim trazer um recado do pessoal – respondeu a menina, esquecendo do combinado de “jogar verde”.
_ E qual é o recado?
_ Nada demais, parece que é pra gente ir pro Altar hoje mesmo.
_ Mas a batalha é daqui dois dias, minha querida.
_ Eu sei disso, mas concordo com eles. É mais seguro ir de uma vez. Além do mais vocês não são tão ágeis assim, né? – comentou Luna como quem fala sobre uma borboleta que acaba de passar.
_ Você tem razão, Luna. Aliás, como sempre, né? – brincou o ungrelbeer.
Enquanto isso, Draco tentava arrumar uma desculpa convincente para Ada. Mas nada realmente interessante lhe vinha a mente e ele ficou parado, observando a professora organizar algumas coisas em uma mochila, que pelo visto ela levaria para a batalha.
_ Pode falar o que você quer, Draco. Minhas mãos estão ocupadas, mas eu posso ouvir você!
O rapaz se assustou com a perspicácia da professora.
_ Não é nada demais, é só que... Bem, o que acontece é que...
Mas ele não conseguia inventar nada.
_ Fale a verdade, Draco. Em mim você pode confiar – disse Ada com aquele brilho específico no olhar.
_ Está bem, é que o Potter teve um sonho estranho. E ele acha que a gente precisa ir para o Altar hoje ainda.
A bruxa voltou a mexer na mochila e, depois de um tempo em silêncio, respondeu:
_ Ele tem razão. Diga-lhe que pode contar com o meu apoio!
Quando se reencontraram no salão comunal, todos traziam boas notícias.
_ Perfeito! – exaltou Harry.
_ Ainda bem que já arrumamos as coisas – comentou Neville.
Dobby apareceu neste exato momento, anunciando que a diretora McGonagal gostaria de ver todos reunidos no salão principal.
Instantes depois eles chegaram ao salão e o encontraram abarrotado de bruxos, centauros, fadas, elfos e, até mesmo, anões.
_ Um instante, por favor! – pediu a diretora – Eu os chamei aqui porque soube do interesse que vocês têm em partir ainda hoje para o local em que confrontaremos as forças das trevas. Mas antes de deixar o castelo, é importante estabelecermos algumas regras. Não podemos todos simplesmente aparatar no centro de um ponto turístico tão importante.
Houve um burburinho no salão. Tonks levantou a mão e tomou a palavra.
_ Realmente não podemos aparatar lá. Mas não é por ser um centro turístico. Os dementadores cuidaram de afastar todo mundo da região. O problema é dar de cara com esses monstros ou cair nas armadilhas que eles preparam.
_ Então – adiantou-se um bruxo africano – como vamos fazer?
Todos começaram a dar palpites ao mesmo tempo e uma verdadeira confusão se formou no local.
_ Silêncio! – berrou McGonagal – Esta é a pior hora para discutirmos feito um bando de velhos caducos e teimosos. Se alguém tiver alguma idéia que valha a pena ser mencionada, por favor, venha até a frente e diga para todos.
Ninguém quis expor seus pensamentos. Estavam todos constrangidos com o que a diretora falara.
_ Bem, já que ninguém tem uma idéia brilhante para nos ajudar, sugiro que tomemos o caminho mais simples. Quem tiver mais disposição, voará até Amesburry e encontrará um lugar pra ficar. Não deve ser difícil, já que quase 70% da população abandonou o país. Alguns irão aparatar também na mesma cidade. Não se esqueçam de ser discretos. O último grupo, formado por todos que não sabem aparatar e não voam, vai sair mais a noite, assim que nós terminarmos as chaves de portal.
A diretora silenciou e esperou que houvesse perguntas ou protestos. Mas vendo que ninguém se manifestava, concluiu:
_ Agora, vamos arrumar nossas coisas!
Logo todos estavam arrumados e prontos para partir. McGonagal e mais alguns bruxos selecionados a dedo ficaram preparando algumas chaves de portal. Enquanto isso outros bruxos já se deslocavam para o portão do castelo e aparatavam ou preparavam suas vassouras.
Os anões começaram a entregar tudo o que tinham preparado naqueles dias. As espadas mágicas e armaduras brilhavam e eram leves como uma capa de seda. Malfoy foi procurar o anão com quem tinha conversado no dia do concílio e voltou da conversa muito mais animado.
_ O que é isso que você tem aí? – perguntou Rony.
_ Espera só mais um pouco, Weasley. Você e os outros já vão saber.
Draco saiu para uma sala vazia e logo voltou, usando uma armadura diferente das dos demais. A dele tinha um desenho especial: um grande olho sobre dois martelos cruzados. Era o símbolo da sua herança. Uma armadura especialmente encantada para refletir o olho de Thor quando chegasse a hora de lutar.
Na cintura ele carregava uma espada comum que ele esperava usar depois de derrotar os inferis.
Parou junto dos companheiros e esperou os comentários que estava acostumado a ouvir de Crabbe e Goyle sempre que aparecia com alguma coisa nova. Mas só Hermione falou:
_ É, uma coisa a gente tem que admitir, você tem bom gosto.
E saiu para pegar suas coisas. Ela preferiu aparatar, pois poderia atrasar o grupo caso fosse voando.
Lá pelas sete e meia da noite todos já tinham deixado o castelo. McGonagal foi a única que ficou para trás. Ela era a diretora daquela escola e queria ter a certeza de que todos sairiam de lá sãos e salvos.
Trancou a última porta, a do salão principal e lançou o último feitiço, e com uma lágrima nos olhos se dirigiu para o portão e aparatou.
Aos poucos eles foram ocupando algumas casas abandonadas, sem deixar que ninguém percebesse, exatamente como Slughorn os ensinou.
Tonks foi “checar o terreno” e ver se conseguia descobrir alguma coisa. Voltou logo, pois as poucas pessoas que ainda estavam na cidade e que se arriscavam a sair de casa não queriam conversar. Estavam amedrontadas.
_ Parece que de hora em hora uma patrulha de comensais, dementadores e lobisomens fazem uma ronda ofensiva. Ameaçam todos e ninguém pode falar nada. Só uma pessoa quis conversar.
_ E o que ela disse? – perguntaram Harry, Rony e Hermione que estavam na mesma casa que Tonks, Lupin e os Weasley.
_ E-L-E, a pessoa é um homem. Mas ele não disse nada! – respondeu a auror.
_ Como assim, nada? – perguntou Mione perplexa.
_ Eu não deixei. – respondeu Tonks enquanto mudava a cor do cabelo, e deixava todos de boca aberta – Achei melhor se ele falasse com todo mundo. Ele está esperando lá fora.
Todos se esqueceram da discrição e correram para fora da casa. Mas não era um trouxa que esperava ali para conversar.
_ Mundungus?! – espantou-se a Srª Weasley.

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