A queda da Ministra



_ O que faz aqui seu ladrão... – começou a berrar Harry.
_ Acalme-se, Harry – pediu Tonks – se você ouvir o que Mundungus tem a dizer vai mudar de opinião a respeito dele.
_ Impossível, Tonks! – continuou nervoso o rapaz – Você sabe o que ele fez? Ele roubou as minhas coisas, as coisas que eram do MEU padrinho. Entrou lá quando não havia mais ninguém da Ordem presente e saqueou a casa. E por quê? Para vender por qualquer galeão.
_ Só fiz o que Dumbledore mandou – comentou Mundungus, o olhar distraído enquanto mexia em um dos botões frouxos de suas vestes imundas.
Todos pararam. Até Harry ficou calado, com a boca aberta.
_ Ordens de Dumbledore? Como assim? – perguntou o Sr° Weasley.
_ Vocês são engraçados, nunca confiaram em mim. Esse aí até já quis me bater. – disse apontando para Harry – Mas Dumbledore confiava. E eu respeitei ele mesmo depois do que aconteceu. E só fiz o que ele mandou fazer.
_ Dumbledore mandou você vender as minhas coisas? – perguntou Harry, em tom de ameaça.
_ Não seja ridículo, rapaz – respondeu Mundungus com um sorriso – ele só me pediu para fazer as coisas certas chegarem às pessoas certas. Por exemplo, o espelho mágico que está nas mãos de Belatriz. Foi Dumbledore que me pediu para fazer chegar até ela. E só para esclarecer, Harry, eu não ganhei um nuque com isso.
Mais uma vez eles estavam boquiabertos. Molly, Tonks, Lupin e Arthur não sabiam do que ele estava falando, mas o resto dos garotos sabia muito bem. E foi graças ao espelho que eles descobriram o que Belatriz estava fazendo.
_ Espero um momento – falou Harry finalmente – como Dumbledore pediria isso a você? O outro espelho estava comigo, não teria utilidade para ele ou para quem quer que seja se eu não soubesse do plano.
Eles olharam para Mundungus esperando a reação. E calmamente ele respondeu:
_ Você realmente sabe como pensar pequeno, Harry. Eram 3 espelhos. O seu, o de Sirius e o de Dumbledore. Agora, eu não vim até aqui para dar explicações de nada disso. Vim para dizer que já começaram a preparar o ritual. Estão lá nos portais, e quem está coordenando tudo é a Umbridge.
A expressão de todos mudou bruscamente.
_ Por que Umbridge foi escolhida? – perguntou Arthur.
_ Parece que é a última chance dela provar que é útil pra alguma coisa. Ela fez muitas besteiras, sabe? Primeiro aprontou a maior briga com a Lestrange, depois não conseguiu manter Minerva como refém e ainda perdeu uma coisa que Você-sabe-quem precisava. Pelo que eu soube ela só não está morta porque é a única que sabe como carregar o portal do jeito certo. Mas se ela falhar em algum momento, vai ser adeus definitivamente. Agora eu preciso ir, se me virem aqui vou estar perdido. E morto vai ser difícil ajudar!
Despediu-se e sem esperar resposta saiu gingando, como um verdadeiro bêbado trouxa.
O silêncio tomou conta deles e um a um entrou na casa novamente. Sentaram-se em volta de um fogo improvisado na lareira, onde um bule fervia água para um chá.
_ Então, o que vamos fazer? – quis saber Hermione.
_ Não sei – respondeu Lupin – não sei se é prudente atacar agora. Nem sabemos quantas pessoas estão lá com ela.
_ Aposto que ninguém ia querer ajudá-la, todos os comensais têm pavor dela – comentou Mione.
_ Como você sabe disso? – perguntou Tonks.
_ Quando o Rony e eu fomos seqüestrados na floresta eu os ouvi conversando e falando horrores sobre ela e sobre a Lestrange.
_ Por mim – disse Harry – alguém devia ir até lá. Só para dar um susto. E se o portal já estiver lá, vai ser fácil impedir Voldemort de realizar o ritual.
_ Está bem, Harry. Eu vou sair e falar com algumas pessoas – disse Lupin.
_ Não – interrompeu-o Sr° Weasley – eu faço isso, Lupin. Hoje é véspera de Lua Cheia e sabe-se lá como você vai reagir. Ah, propósito, amanhã, você e Gui sairão cedo de casa. Para não colocar ninguém em perigo.
Lupin apenas concordou com a cabeça e Arthur Weasley saiu para convocar alguns voluntários.
Cerca de meia hora um grupo de 15 bruxos devidamente disfarçados deixava a cidade e ia em direção ao Altar. Levaram quase 50 minutos para chegar, porque resolveram voar baixo e bem devagar, para não serem vistos por ninguém.
O movimento no local era intenso. Muitos bruxos passavam com pedaços de madeira e montavam archotes ao redor de todo o monumento.
Outros usavam as varinhas para limpar o lugar e outros ainda se ocupavam de deixar todas as pedras sem musgos ou qualquer resquício de sujeira que pudesse impedir as energias de correrem pelo local.
Umbridge estava no centro do lugar, bem em cima da marcação onde o Portal do Véu seria colocado. De lá ela organizava toda preparação e parecia satisfeita consigo mesma. Dar ordens era o que ela sabia fazer de melhor.
Os bruxos da ordem espionavam tudo com calma. Deveria ter pelo menos 50 comensais trabalhando ali. Eles não poderiam atacar diretamente sem comprometer a segurança de ninguém.
_ Alguém sugere alguma coisa? – perguntou Arthur.
_ Eu tenho uma idéia – falou um bruxo de uns 45 anos, vindo da Grécia.
Aos poucos ele explicou a sua idéia. Teriam que arrumar um jeito de atrair algum comensal para perto de onde o grupo estava e enfeitiçá-lo. A Maldição Imperius deveria ser o bastante para o comensal causar uma grande confusão.
_ A questão agora – falou um bruxo italiano – é como vamos atraí-lo.
Eles começaram a discutir qual o melhor jeito. Dois se ofereceram para forjar uma briga, como se fossem trouxas perdidos por ali, e sem que os outros percebessem enfeitiçariam o primeiro comensal que viesse tirar satisfações ou expulsá-los dali.
E assim eles fizeram. Dirigiram-se para a estrada que os turistas usavam para chegar ao monumento, a varinha escondida sob a manga comprida do blusão flanelado, e começaram andar e discutir.
_ Eu disse que você pegou o caminho errado! – gritava um.
_ Eu peguei? Foi culpa sua que ficou me amolando enquanto eu olhava o mapa. Culpa sua, está ouvindo?
_ Tudo bem, mas se você não tivesse deixado o mapa cair naquela poça de lama, nós teríamos como achar o caminho de volta, está ouvindo.
A discussão atraiu muitos olhares. Alguns comensais apontaram suas varinhas na direção dos dois homens que fingiam estar ocupados demais na discussão para prestar atenção nas varinhas.
Umbridge tinha um grave defeito, que era uma vantagem para seus inimigos, era uma mulher muito previsível. Mundungus não mentira. Aquela era a última chance da Ministra e ela não deixaria uma discussão de “trouxa” ofuscar seu brilho.
_ Barlach – berrou Umbridge para um bruxo alto e corpulento que passava perto – vá ver o que aqueles infelizes estão fazendo por aqui. E se for preciso, dê um jeito definitivo em tudo isso.
Barlach não gostou muito da ordem que recebeu, mas pelo menos era melhor fazer isso que ficar capinando musgo de pedrinhas.
Ele chegou sem nenhuma cerimônia empurrando os dois falsos trouxas para trás e berrando alguma coisa que a princípio eles não entenderam.
_ O que estão fazendo aqui? – berrou ele de novo.
_ Aí, não disse que você ia nos arranjar confusão. – disse um dos bruxos para o outro – Nada, para falar a verdade nem deveríamos estar aqui. Mas o meu irmão é incompetente demais para olhar um mapa.
_ Dêem o fora daqui imediatamente se não quiserem ir discutir no inferno – berrou Barlach.
Os dois “trouxas” se entreolharam e balançaram a cabeça fingindo um temor além da conta.
Assim que deram os primeiros passos em direção oposta ao monumento, um deles tirou sua varinha, apontou para as costas de Barlach e murmurou:
_ Imperius!
O bruxo estancou na mesma hora e ficou parado. O bruxo mais velho se aproximou de Barlach e ordenou:
_ Agora, você vai me obedecer. Ouça bem, você precisa atrapalhar a Umbridge. Desmoraliza-la. Causar problema, provocar brigas e discussões entre os comensais que estão sob as ordens dela. E não deve, em hipótese nenhuma, falar o porquê de suas atitudes. Agora vá e não me procure mais.
Barlach voltou ao centro do monumento e os dois falsos trouxas voltaram para o grupo.
_ Esperem o espetáculo. E quando a confusão tomar conta do local, vamos aparatar – sugeriu o bruxo mais novo.
Dominado pela maldição Imperius, Barlach voltou ao centro como se fosse retomar seus afazeres. Mas invés disso, puxou sua varinha e estuporou Umbridge.
Os comensais ali perto não sabiam se socorriam a bruxa ou se repetiam o feito de Barlach. Este por sua vez começou a atrapalhar o serviço dos outros e isso foi o suficiente para que eles travassem uma pequena luta.
Feitiços estouravam de todos os lados. Umbridge havia se recuperado e agora tentava, em vão, acertar Barlach que corria de um lado para outro lançando feitiços. As luzes que saiam das varinhas se misturavam e no final, ninguém sabia ao certo com quem estavam lutando.
Os bruxos da ordem aproveitaram a confusão e aparataram na cidade em que os outros estavam escondidos. Eles não tiveram tempo de ver o que aconteceria depois.
O barulho chamou a atenção dos guardas da Fortaleza, que ficava bem próxima do Altar. Alguns soaram o alarme e logo um batalhão de dementadores e comensais foi dar um jeito na confusão.
O batalhão era comandado por Belatriz Lestrange, que fazia questão de checar tudo em que Umbridge estava envolvida.
A primeira coisa que fez foi estuporar Barlach. Depois foi andando em direção ao centro do monumento. A cada passo que dava, os bruxos paravam de lutar.
Lestrange era poderosa. A preferida do Lorde e por isso temida e respeitada, como uma verdadeira rainha.
Alguns bruxos que ainda continuavam lutando foram amaldiçoados por ela que berrava:
_ Cruccios!
A dor era tanta que eles caíam quase inconscientes. Esse era o feitiço que Lestrange sabia fazer melhor.
Quando finalmente chegou até Umbridge, perguntou numa voz calma e ao mesmo tempo ameaçadora:
_ Posso saber que confusão você aprontou dessa vez, Dolores?
_ Não fiz nada, foi culpa do Barlach. Ele chegou do nado e simplesmente me estuporou – respondeu Umbridge com a voz amargurada.
_ Ele estuporou você sem motivo? Então merece um troféu – zombou Lestrange.
Alguns seguraram o riso. Lestrange era tão bem quista quanto Dolores Umbridge, mas pelo menos era uma bruxa incrível, poderosa e gozava da proteção do Lorde. Enquanto Umbridge era a bruxa mais medíocre que muitos ali já tinham visto. Vê-la sendo humilhada em público era um presente para eles.
_ Quer que acabemos com ele, senhora? – perguntou a Lestrange um bruxo calvo e magro, referindo-se a Barlach.
_ Não, precisamos saber por que esse infeliz causou toda a bagunça. Enquanto isso, vamos levá-los para o Lorde.
_ Levá-los? Quem mais deve ser levado, senhora? – perguntou o mesmo homem.
_ Oras, Barlach e Umbridge – respondeu Lestrange, deliciada ao ver o horror brilhar nos olhos da ministra.
Na casa ocupada pelos Weasley a agitação era total com as novidades.
_ Agora ela vai ter o que merece – comentou Percy.
_ É horrível pensar assim, – comentou Mione – mas tenho que concordar com você. Duvido que ela saia viva depois dessa confusão.
_ E você, Harry? O que acha? – perguntou Ron ao amigo que até então permanecera calado, de mãos dadas com Gina.
_ Acho que demos uma lição em Umbridge, mas de qualquer jeito teremos que lutar amanhã. O Portal do Véu não estava no lugar e não foi destruído. Com ou sem a ajuda de Umbridge, Voldemort vai realizar o ritual.
Aquilo era verdade. Eles conseguiram complicar as coisas para Umbridge, mas o Altar estava pronto, esperando apenas a colocação do Portal. Na noite seguinte, a batalha aconteceria, de um jeito ou de outro.
_ Vamos dormir, queridos! – disse a Srª Weasley – Amanhã vai ser um dia cheio.
Eles se levantaram procuraram se acomodar em algum lugar para dormir. E o sono só veio porque o chá que a Srª Weasley preparou era especial. Ela sabia que todos estavam ansiosos e precisariam de uma “ajudinha” pra pegar no sono.
De volta a Fortaleza, Lestrange conduzia os dois prisioneiros até a presença de Voldemort. Fazia questão de olhar com desdém para Dolores e assumir a pose de rainha sempre que algum comensal passava perto.
Sua vontade de humilhar a ministra era tão grande que ficava lançando pequenos feitiços nela durante todo o trajeto.
Quando chegaram a sala de Voldemort, este já os esperava. Pegou Lestrange pela mão e a conduziu até uma cadeira próxima a dele. Depois sentou-se, apoiou o braço esquerdo em seu trono e segurou o próprio queixo, como se estivesse pensando no que fazer.
_ É impressionante como a incompetência transborda até nas pequenas coisas. Limpar chão, pedras e colocar archotes. Era só isso.
Voldemort suspirou. Um suspiro cínico, cheio de malícia e desprezo.
_ Agora – continuou ele – preciso decidir o que fazer com vocês. Barlach, você sempre foi um comensal muito dedicado. Nunca desconfiaria de você. E por isso, vou lhe conceder um enorme benefício. O da dúvida. Bela, minha cara, traga Snape até aqui. Precisamos vasculhar a mente de nosso fiel companheiro.
Belatriz Lestrange se levantou e imediatamente saiu em busca de Snape. Voldemort era excelente em Legilimência, mas não gostava de gastar seus preciosos dons em mentes como a de Barlach.
_ E eu, meu Lorde? – perguntou Umbridge, completamente aterrorizada.
_ Você, Dolores! O que vamos fazer com você? Não sei ainda. Vou esperar Bela voltar de dar o seu destino de presente para ela.
Umbridge ficou petrificada. Seu pavor aumentou e ela começou a tremer. Em instantes estava gritando feito uma louca.
_ Não, por favor, meu Lorde! Não deixe Belatriz decidir o meu destino... Ela vai querer me ver morta...
_ Dolores, choramingar assim não fica bem para uma pessoa da sua idade. E Bela tem sido uma companheira inestimável. Merece ganhar um presente.
_ Eu sei o que ela lhe disse – berrou Dolores em desespero – Mas ela não tem o que você quer. Eu sei disso! Ela está mentindo!
Voldemort tirou lentamente sua varinha de um bolso oculto em suas vestes, apontou para Umbridge e disse:
_ Você me cansou, Dolores! Quietus.
A voz da ministra sumiu. Ela ainda tentava gritar, abria a boca, pronunciava as palavras, mas não saía nenhum som.
Dolores se virou pensando em sair correndo daquele lugar, mas dois comensais parados na porta indicavam que ela não teria chance nenhuma.
Belatriz voltou acompanhada por um Snape bem mais magro e pálido. Os cabelos, antes ensebados, agora estavam secos e sem vida. Os olhos fundos indicavam o quanto ele estava fraco.
_ Severo – falou Voldemort com seu ar cínico – é bom vê-lo novamente. Precisamos dos seus serviços como legilimente. Você sabe o quanto me desgasta entrar em mentes tão medíocres.
Snape apenas concordou com a cabeça.
_ Agora, faça-me um favor. Descubra o que aconteceu para que Balarch se comportasse de maneira tão estranha.
O ex-professor de Poções se posicionou de frente a Balarch e tentou usar Legilimência. Não foi muito difícil. Em pouco tempo, Snape descobriu o que Voldemort queria.
_ Ele foi dominado. Maldição Imperius. Mas não dá para saber quem fez isso, porque nem ele viu. Foi atingido, ao que parece, pelas costas.
Voldemort olhou incrédulo. Depois pareceu se convencer e disse:
_ Perfeito, Severo. Pode se retirar. Você parece meio cansado hoje.
Snape fez uma reverência e saiu da sala.
_ Agora, sua vez Dolores! Bela, gostaria de lhe presentear com o destino de Dolores. O que acha?
O sorriso cruel que apareceu no rosto de Belatriz Lestrange foi indescritível. Ela se aproximou de Umbridge, passou a mão pelo rosto assustado da ministra e respondeu:
_ É o melhor presente que eu poderia ganhar, meu Lorde.
_ Então, nos diga! Estamos todos curiosos para saber o que fará com ela: vai ser um Avada, um Crucios ou vai virá-la do avesso?
Belatriz analisou bem as feições da bruxa velha. Depois, ajoelhou-se diante de Voldemort e deu sua sentença.
_ Já fiz minha escolha, mas submeto-a a vossa aprovação. Eu desejo, para Dolores Umbridge, um beijo de dementador.
As pernas de Umbridge bambearam e ela caiu de joelhos. Preferia mil vezes ser torturada, virada do avesso, do que receber o beijo do dementador.
Voldemort sorriu, dessa vez com sinceridade. Era agradável perceber o quanto Lestrange poderia ser cruel.
Pela primeira vez, desde a chegada dos dois prisioneiros, Voldemort se levantou e deu a ordem:
_ Avisem a todos, hoje um dementador será escolhido para beijar a nossa ministra.
Os guardas saíram e duas horas depois, no salão principal da Fortaleza, uma pequena arquibancada havia sido montada. No centro, Dolores Umbridge aguardava de mãos e pés amarrados, para evitar qualquer tentativa de fuga.
Sua varinha foi solenemente destruída diante de todos os comensais presentes e até Lucius Malfoy foi convidado a assistir o espetáculo.
Todos aguardavam ansiosamente. Voldemort, sentado em seu trono, acima de todos, deu a ordem para que o dementador escolhido entrasse no salão.
Ele trajava sua veste habitual, uma longa e escura capa esfarrapada, com um capuz que cobria seu rosto. O dementador escolhido era o único que ainda não possui corpo físico o que provocaria mais medo na vítima. Ele entrou rodeando todo o salão, entre os gritos de medo e excitação dos presentes e foi até Dolores Umbridge.
A cena que se seguiu foi chocante até para Lestrange. A criatura levou as mãos até os ombros da ministra e com seus dedos longos e podres levantou-a do chão.
Os olhos de Umbridge revelavam pânico, seu corpo tremia cada vez mais, de frio e de medo. Todos diziam que o beijo do dementador era pior que a morte, mas ninguém conseguia explicar o porquê disso. E agora ela saberia.
Suspensa no ar, o dementador segurou-a com uma única mão e com a outra retirou o capuz. Seu rosto era uma imensa massa disforme de carne em decomposição. Sem olhos ou nariz, a única coisa que “adornava” aquela face era uma boca de lábios rachados e secos, num tom acinzentado.
Antes que Umbridge pudesse desmaiar, o dementador aproximou o rosto da ministra de seus lábios. Quando encostou os lábios na pele da velha bruxa, ela estremeceu e caiu pálida, olhos abertos como se tivesse visto seu pior pesadelo acontecer.
Umbridge finalmente descobrira o que de tão terrível havia no beijo do dementador. Ela não morreria. Seu corpo continuaria ali, de olhos abertos e funções vitais perfeitas. Mas sua alma, a partir daquele momento, dividiria espaço com tantas outras almas já sugadas pela mesma criatura. Ela habitaria a mente do dementador, um lugar feito de tristeza, angústia e desespero.
A criatura saiu pela mesma porta que entrou e a platéia não sabia se aplaudia ou se chorava. Só Voldemort pareceu se divertir com a situação. E foi justamente ele quem quebrou o silêncio.
_ Amanhã, meus fiéis seguidores, vamos realizar o ritual que fará de mim o maior bruxo de todos os tempos. E quem estiver do meu lado, será recompensado devidamente.
Todos aplaudiram mais por obrigação do que por vontade. A cena do beijo ainda lhes perturbava os pensamentos.

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