A Fortaleza do Mal



O procedimento com Lucius foi bem diferente do que Harry havia imaginado. Ele pensou que fariam do mesmo jeito que foi feito com Dolores Umbridge. Mas Lucius estava consciente e isso era um detalhe que não poderia ser ignorado.
Slughorn pediu à diretora que deixasse Lucius inconsciente. Mas ela sugeriu que se chamasse Madame Pomfrey para dar-lhe alguma poção para dormir.
Lucius não agüentou nem um minuto após ingerir a poção. A luz da sala foi diminuída e logo as lembranças de Lucius vagavam na penumbra. Slughorn agia com cuidado. Parecia um cirurgião, tamanha era sua concentração e atenção aos detalhes que precisavam ser alterados.
A primeira lembrança mudada, ou melhor, completamente retirada foi da conversa no Olho do Furacão. Depois foi apagada a lembrança do plano e do resgate.
Por fim, Slughorn colocou em Lucius imagens de um sonho em que ele tentava salvar Draco e via Belatriz batendo na cara do rapaz.
Outros detalhes e cenas foram sendo criados lentamente para que os pensamentos de Lucius não entrassem em colapso. Foram mais de 5 horas de trabalho árduo.
Mione, Rony, Gina e Harry acompanhavam tudo de perto para informar o que precisava ser alterado.
Lucius ainda dormiria por mais ou menos 2 horas antes de acordar, e isso, definitivamente, não poderia acontecer dentro do castelo. Ele foi levado até Hogsmeade e deixado numa rua escura e deserta.
Tonks iria vigiá-lo de perto. O acompanharia até a Fortaleza. Sabiam que ele iria aparatar em Stonehenge e de lá seguiria a pé até o esconderijo de Voldemort que, assim como Hogwarts, tinha feitiços anti-aparatação.
No castelo a notícia de que aumentavam as chances de um confronto direto com o Lorde das Trevas e todo seu exército se espalhou rapidamente. Foram montados clubes de duelos para treinamento de feitiços enquanto os elfos e os anões ensinavam muitos bruxos como usar bem suas espadas.
Não muito longe dali, Lucius acordou. Estava sentado no passeio ao lado de uma casa abandonada. Sacudiu a cabeça como se tentasse entender como fora parar ali. De repente uma idéia surgiu em sua mente:
_ Draco, preciso encontrar Draco. Ele pode estar em perigo! E só tem uma pessoa que poderia oferecer tanto risco assim ao meu único filho.
Mal acabou de dizer e aparatou, como estava programado em sua mente, em Stonehenge.
Tonks foi atrás, cuidando de alterar sua aparência de tempos em tempos. Assim, Malfoy não se sentiria perseguido nem correria o risco de travar uma batalha inútil com ela.
O laço de Malfoy era com Harry, e mais ninguém estava a salvo da verdadeira essência do bruxo.
Foi particularmente complicado seguir Lucius até a Fortaleza. Não se podia simplesmente andar em linha reta. Os feitiços estavam espalhados por vários lugares e era preciso saber onde pisar, como num campo minado.
Tonks procurava deixar uma distância segura, mas precisava ver onde Lucius passava.
Num determinado lugar, Lucius Malfoy parou, tirou sua varinha e começou a pronunciar um encantamento. Eram palavras carregadas da mais profunda Magia Negra. Por fim, levantou a manga esquerda e a marca negra em seu braço brilhou.
Um portão se fez visível e logo todo um castelo apareceu. Tonks ficou admirada com a perfeição da magia. O castelo era uma cópia fiel de Hogwarts, mas suas janelas e portas eram feitas da mais pura esmeralda, e o portão principal tinha lapidado em si a mesma caveira com língua de cobra que aparecia nos céus quando os comensais atacavam.
Ela percebeu que não teria como entrar no castelo, pois assim que Lucius entrou tudo voltou a ficar invisível.
Num esforço de memória heróico, Tonks fez o caminho de volta até o monumento turístico e aparatou novamente em Hogsmeade.
Assim que Lucius entrou na Fortaleza, foi direto ao salão principal. Era ali que se lembrava de ter visto Belatriz esbofetear Draco. Chegou ao local e presenciou uma cena que deixaria qualquer um confuso.
Sua cunhada estava ali, bebendo um cálice de qualquer coisa, ajoelhada aos pés de Voldemort. E entre um gole e outro, fazia juras de fidelidade eterna.
Lucius entendeu do que se tratava. Belatriz estava enfeitiçada. Era por isso que de uns tempos para cá ela havia lhe parecido mais irracional. Sua obediência ao Lorde chegava a ser como uma obsessão.
Era um trunfo que Lucius não deixaria passar. Posicionou-se de frente ao bizarro “casal” e disse:
_ Não creio que este seja o momento mais oportuno para tratar do assunto que me traz aqui. No entanto não tenho tempo a perder. Vim buscar meu filho.
Belatriz deu um salto ao ouvir a voz do cunhado. Mas Voldemort não esboçou reação nenhuma. Apenas falou:
_ Boa noite, Lucius! – a voz de serpente cada vez mais vibrante – O lado das trevas pode ser muito cruel, mas sem dúvida nenhuma não é mal educado.
_ Não tenho tempo para boas maneiras, meu Lorde. Preciso encontrar meu filho e sei que essa aí – disse apontando com a varinha para Belatriz – o está escondendo.
Voldemort olhou lentamente para a mulher ali parada, com ares de que não estava entendendo nada.
_ Tenho certeza que está enganado, Lucius – sibilou Voldemort. – Bela não esconderia de mim onde está o jovem Malfoy. Um jovem pelo qual eu tenho um interesse particular.
_ Não, meu Lorde. Nunca faria tal coisa – respondeu a bruxa indignada.
_ Deixe de ser dissimulada, Bela. Eu a vi. Vi quando você esbofeteou meu filho esta manhã. Vi através do seu espelho mágico que por uma feliz coincidência faz par com o meu espelho.
Belatriz estava atordoada. Ela não tinha feito nada daquilo. Mas de que outra forma Lucius teria descoberto o espelho?
_ Meu caro Lucius – começou Voldemort – Draco esteve conosco durante muito tempo e você bem sabe que ele realizava grandes serviços para a nossa causa. No entanto, ele teve que ficar uns dias no laboratório e foi seqüestrado pelos partidários da chamada Ordem da Fênix.
_ Não tente me enganar, Voldemort – berrou Lucius.
O tom de voz do bruxo, somada a pronúncia do nome que todos temiam pronunciar fez o Lorde das Trevas se interessar mais pelo assunto.
_ Você está muito mais ousado, Malfoy – comentou.
_ Não tenho mais nada a perder – respondeu à provocação com o olhar duro.
_ Nem sua amada esposa?
Lucius teve um flash em que via Narcisa sendo bem tratada e parecendo feliz ao lado de Bela, dentro da Fortaleza.
_ Narcisa é minha esposa, sim. Mas não tão amada quanto meu filho. Se ela admite ser bem tratada enquanto seu filho é esbofeteado e mal-tratado pela tia, então não merece nada que venha de mim.
Seguiu-se um silêncio sepulcral dentro do salão. Lucius pode então reparar que até por dentro a Fortaleza era igual Hogwarts. O mesmo teto encantado, os mesmos móveis e até alguns quadros semelhantes.
Depois de um bom período, Voldemort falou:
_ Muito bem, chega dessa brincadeira. Você sabe perfeitamente que seu filho não está aqui. Está em Hogwarts ou em qualquer outro lugar ocupado pela Ordem.
_ O que a Ordem ia querer com o Draco? Pelo que eu saiba eles não se incomodariam se meu filho morresse depois que descobriram a tarefa que você deu a ele – desafiou Lucius mais uma vez.
_ Agora chega! – berrou Belatriz – Quem você pensa que é para entrar aqui e duvidar da palavra do Lorde? Vou mostrar a você como deve se portar diante dele.
Ela puxou a varinha e já ia amaldiçoar Lucius. Mas este foi mais rápido e antes que ela começasse a pronunciar qualquer feitiço, foi atingida na cara por um cruciatos.
A bruxa caiu com as costas na parede e urrou de dor. Imediatamente vários comensais surgiram e se posicionaram para atacar. Lucius continuava a amaldiçoar a cunhada e nem percebeu a presença dos outros.
Voldemort deixou que ele a torturasse um pouco mais e, com um gesto, ordenou o ataque. Dois comensais estuporaram Lucius, que caiu de borco no chão. Mais uma ordem e eles amarraram o bruxo e o levaram para outra sala. Outros comensais levaram Belatriz para receber os cuidados necessários.
_ Agora – disse Voldemort a si mesmo – preciso ter uma conversa com Narcisa.
Com um gesto de varinha uma porta se abriu e Narcisa apareceu solicita. Caminhou até a cadeira de Voldemort, ajoelhou-se e falou:
_ A suas ordens, meu lorde e senhor!
_ Narcisa, minha cara, hoje eu recebi a visita de alguém muito interessante. No momento está “descansando” e depois gostaria de levá-la até ele. Por hora gostaria de saber se teve alguma notícia do paradeiro de Draco.
Pelos olhos da bruxa passou uma nuvem negra de aflição e ela respondeu:
_ Nenhuma, meu senhor. É como se meu pequeno tivesse sumido da face da Terra. O que é uma pena, visto as recompensas prometidas graças a lealdade de nossa família.
Voldemort olhou com seu habitual desprezo para aquela criatura tão submissa e inexpressiva.
_ Pode se levantar agora, Narcisa. E me acompanhe. Você precisa ver uma cena inesquecível!
Os dois seguiram caminho por um corredor enorme, cheio de quadros de pessoas sendo torturadas, até alcançarem uma porta.
_ Abra – ordenou Voldemort e a porta atendeu prontamente.
Era uma sala escura, com iluminação indireta, que deixava um ar cadavérico a quem quer que estivesse no local. Ali estava preso Lucius Malfoy.
Narcisa assustou-se, mas não demonstrou compaixão nenhuma pelo marido.
_ Lucius, não me admira vê-lo aqui numa condição tão deplorável. Com certeza, meu querido filho sumiu de vergonha de você.
Malfoy, que estava amarrado a uma parede mágica de gelo, vestindo apenas as roupas de baixo, olhou para a esposa e não respondeu nada.
_ Afinal, um pai ausente causa traumas em qualquer filho – completou Narcisa.
_ Ser espancado pela tia causa mais traumas, Narcisa – retrucou ele finalmente.
_ Não seja estúpido, Lucius. Eu estive com Bela esse tempo todo e posso afirmar que ela não está com Draco.
_ Se ela não está com ele, pelo menos sabe do paradeiro do M-E-U filho – berrou Malfoy.
_ Será que o frio está lhe deixando surdo, Lucius? Bela não sabe de nada!
_ Então Snape sabe – disse ele – afinal, foi a ele que você recorreu ano passado, Narcisa. Lembra-se?
_ Snape – interrompeu Voldemort – está ocupado com alguns serviços mais simples agora que eu o deixei sem varinha. Por esse e outros motivos é que acho que está me escondendo algo, Lucius. Trouxe Narcisa aqui na esperança de você abrir o jogo. Mas já que isso não foi eficiente, vou ter que mudar de tática.
E dizendo isso Voldemort puxou a varinha e apontou para Narcisa, torturando a mulher bem diante do marido.
Lucius parecia não se importar tanto com o sofrimento dela.
Voldemort percebeu e resolveu usar uma tática mais poderosa. Um jato laranja saiu de sua varinha e Narcisa começou a “virar do avesso”.
Os berros de dor ecoavam pela fortaleza, mas todos que viviam ali já haviam se acostumado a isso.
Foram momentos de agonia. A pele de Narcisa se esticava e mudava de lugar, os tecidos se misturavam e os ossos começaram a ficar expostos. Mas nada fazia Lucius falar alguma coisa.
Por fim, Voldemort se cansou do jogo e assassinou a mulher ali mesmo. Sem se preocupar em dar um fim ao corpo, deu as costas e deixou Lucius Malfoy amarrado ao gelo, na companhia daquela coisa amorfa que um dia tinha sido o corpo de sua mulher.

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