A busca



Com a volta as aulas, a rotina dos alunos ficou ainda mais tumultuada. Eles foram dispensados dos NIEMS até que tudo estivesse resolvido, mas deveriam assistir às aulas do mesmo modo, fazer deveres e exercícios e cooperar nas tarefas para que foram designados.
Os aurores andavam por todo castelo e Hagrid fazia constantes visitas a Floresta para garantir que Grope estava bem e que os seres da floresta ainda não tinham sido contatados pelas forças do inimigo.
Harry quase não tinha mais tempo para namorar e muito menos para ir até a sala de Dumbledore. Aquilo o irritava, mas não tinha outra alternativa. E pra piorar a situação a busca pelos horcruxes não havia saído do lugar. Não existia mais nenhum horcruxe dentro do Castelo. Aliás, nunca existiu nenhum. Todos entraram no castelo através de alguém.
Harry repassava tudo o que sabia de Voldemort em pensamento, enquanto fazia rondas. Se Rony ou Hermione estivesse com ele, eles debatiam algum ponto ou aspecto dos últimos seis anos. Mas sozinho ficava difícil pensar.
Os pensamentos de Harry foram interrompidos por gritos vindos do salão principal.
Ele correu para ver o que havia acontecido. O salão era um alvoroço só e ninguém conseguia ouvir uma palavra. Foi preciso que a diretora usasse a magia Sonorus para que sua voz pudesse ser ouvida.
_ Muito bem, um de cada vez, me digam o que aconteceu!
Um garoto do quarto ano se adiantou e disse, ainda assustado:
_ Eu disse para ele não ir, diretora, mas ele não quis me ouvir. Falou que precisava pegar uma coisa que tinha esquecido na estufa n° 3 e saiu do castelo sozinho. Eu fiquei vendo da janela e gritando para ele voltar ou para que alguém me escutasse e fosse impedi-lo. Aí aquela coisa saiu de dentro da floresta e pegou ele, diretora... E levou embora, pra floresta...
_ Ele quem? E que coisa é essa?
_ Longbotton e eu não consegui ver direito. Era grande e usava um capa escura e esfarrapada.
Todos ficaram em choque quando souberam da notícia. Neville havia sido mais um dos seqüestrados. E como alguém conseguiu penetrar nos terrenos do castelo?
Os professores se reuniram para organizar uma busca pela Floresta, mas foram interrompidos por Harry, Rony e Hermione.
_ O que vocês querem aqui? – perguntou a professora Sprout.
_ Queremos ajudar na busca – disse Harry.
_ Vocês estão loucos – disse a diretora com os lábios tremendo. Já não basta um aluno perdido naquela floresta. Eu não vou mandar mais 3 para servirem de isca fácil a quem quer que seja.
Ela já ia expulsá-los da sala, mas Harry a enfrentou:
_ A srª se esquece que eu conheço melhor aquela floresta que qualquer um aqui, exceto o Hagrid e professor Firenze?
_ Potter, que modos são esses? – indignou-se a professora.
_ Os modos agora não importam, diretora. O que importa é que o Neville está lá dentro com alguma coisa que nós não sabemos bem o que é e nem de que lado está. Mandar professores que nunca andaram por lá é loucura. O castelo vai ficar desprotegido e muito mais fácil de se atacar. Eu, Rony e Hermione já estivemos lá diversas vezes...
_ Contra as normas do colégio – interrompeu a diretora.
_ Contra o que a Srª quiser. Agora, eu já sou um bruxo adulto e posso tomar minhas próprias decisões. Seria melhor que a srª me deixasse ir por bem.
Harry falava com tanta certeza e determinação que McGonagal não teve escolha. Ela concordava que os professores, sempre acostumados à segurança do castelo, nunca se interessaram pela floresta. E, sem dúvida alguma, era perigoso retirar os bruxos experientes da escola com tantas crianças sob seus cuidados.
A equipe de resgate seria formada pelos três jovens, Hagrid, Prof. Firenze e Canino. Eles sairiam dali meia hora. O tempo suficiente para preparar as coisas.
Harry correu até seu dormitório, pegou a mochila que havia ganhado de Hermione, colocou a capa da invisibilidade dentro, encheu o cantil com água e desceu. Encontrou todos na porta do castelo a sua espera.
Deu um rápido abraço em Gina (para ninguém desconfiar) e saiu junto com os outros. O alvoroço foi tanto que ninguém deu importância as corujas que chegavam com uma edição especial do Profeta Diário, que trazia na capa a manchete:

COMENSAIS TOMAM O MINISTÉRIO DA MAGIA
Já passava das cinco da tarde quando o grupo se dirigiu até a cabana de Hagrid de onde seguiriam para a floresta. Assim que entraram no local não notaram nada de estranho, nem fora do normal.
_ Acho bom a gente se separar – sugeriu Hagrid.
_ É uma boa idéia – concordou Firenze. – Vamos fazer assim, Harry e eu seguimos em frente, Hagrid e Canino vão pela esquerda e Hermione e Rony seguem pela direita.
_ E se alguém descobrir alguma coisa dispare um jato vermelho pro céu. O resto irá para lá imediatamente – sugeriu Harry.
Hermione ia protestar dizendo que Hagrid não tinha varinha, mas o meio-gigante já tinha seu velho guarda-chuva cor de rosa nas mãos.
Todos seguiram seus caminhos, sempre olhando para o céu em busca de um sinal dos outros.
Harry e Firenze caminharam mais de 30 minutos até encontrar um rastro diferente de todos que já viram. Harry se agachou para ver melhor.
_ Parece que alguém se arrastou por aqui, e é alguém bem grande.
Firenze também se inclinou para analisar o rastro.
_ Não parece um rastro natural, Harry – disse o centauro. É mais provável que alguém ou alguma coisa tenha SIDO arrastada por aqui.
_ Mas é um rastro muito grande para ser o Neville – argumentou o rapaz.
_ Eu sei, mesmo assim precisamos investigar. Pode não ser o Neville, mas deve ter alguma coisa relacionada com o desaparecimento dele.
Os dois começaram a seguir o rastro, não para ver onde iria dar, mas de onde tinha vindo. Andaram mais uns 15 minutos e acharam uma clareira.
_ Você conhece este lugar, professor?
_ Conheço cada centímetro desta floresta, Harry. Mas já faz tempo que não venho aqui. Não sei o que mudou e o que continua igual. Vamos procurar pistas aqui.
Os dois começaram a checar cada parte da clareira, até que Harry encontrou um arco quebrado e flechas espalhadas pelo chão atrás de um arbusto.
_ Professor, achei alguma coisa – chamou o rapaz.
_ Mas... mas isso pertence a um centauro – admirou-se Firenze.
Os dois começaram a procurar mais pistas. Havia algumas flechas em outros lugares e uma delas tinha um pedaço de roupa preso na ponta.
_ Parece que houve uma luta aqui – comentou Harry.
_ É, houve sim, Harry. E um dos meus irmãos foi levado. Sei que não está morto. Não há sangue por aqui.
_ Mas... professor, e se usaram um feitiço como o Avada?
_ Não se preocupe, esse tipo de feitiço não nos atinge. No máximo nos deixa atordoado. Para matar um centauro é preciso lhe provocar um grande ferimento.
_ E agora? Para onde vamos?
_ Vamos atrás de quem fez isso. Suba nas minhas costas, rapaz. Agora precisamos correr contra o tempo. Uma criatura que consegue dominar um centauro pode esmagar seu amigo como se ele fosse uma mosca.
Os dois galopavam, em busca do final do rastro. Enquanto isso, do outro lado da floresta, Hagrid e Canino seguiam uma trilha em busca de Grope. Hagrid tinha certeza que ele poderia ajudar. Mas Hagrid não encontrou Grope. Ele sabia que o irmão não era o tipo de pessoa que podia simplesmente se esconder em algum lugar. Precisava encontrá-lo. E afinal, já havia quatro pessoas atrás do Longbotton.
Mione e Rony ainda não tinham encontrado pista nenhuma.
_ Se quer saber o que eu acho – falou a garota – a floresta está silenciosa demais para o meu gosto.
_ Eu prefiro assim, se alguma coisa tentar nos atacar pelo menos poderemos ouvir a aproximação.
_ Não sei, da última vez que entrei aqui havia ruído de bichos, pássaros, corujas, insetos. Agora nem o vento faz barulho.
Rony sentiu um frio percorrer suas costas. A namorada tinha razão, mais uma vez. Aquele silêncio era perturbador. Tentando amenizar seu próprio medo, falou:
_ Mas a gente não conhece a floresta inteira. Pode ser que este pedaço seja assim mesmo.
_ É, pode ser.
Os dois continuaram a andar mais uns 10 minutos até que Hermione percebeu um clarão atrás de si, mas não teve tempo de virar para olhar. Rony despencou em cima dela, fazendo com que ela também caísse.
Ela ouviu passos. Pareciam umas 5 ou 6 pessoas. Achou melhor fingir que estava desmaiada, não teria como lutar com tanta gente assim. Sentiu que alguém amarrava suas mãos para trás, amordaçavam sua boca e procuravam a varinha em suas vestes. Tiraram a varinha dela e a fizeram flutuar pela floresta.
De vez em quando ela abria um dos olhos bem devagar para olhar onde estavam indo e se certificar que o namorado estava bem. Rony continuava inconsciente.
A floresta ficava cada vez mais escura e silenciosa. A jovem bruxa não estava gostando nada do rumo que a situação havia tomado. Não conseguiu identificar os agressores e, sem sua varinha, não poderia reagir.
A uma certa altura, ela ouviu um dos agressores falar:
_ Espero que este seja o aluno certo. Não quero ouvir os gritos dela outra vez.
_ Ela sabe ser irritante, não é mesmo? – falou outro.
_ Ainda bem que isso vai durar pouco. O chefe disse que assim que ela perder a utilidade vai virá-la do avesso.
Eles começaram a rir. Hermione sentiu-se apavorada. Virar do avesso. Ela leu sobre aquilo no jornal. Era pior que sofrer a maldição Crucciatos. Aqueles homens eram comensais e havia alguém no centro da floresta que procurava um aluno que não era Harry Potter.
Ela tentou pensar com clareza, mas o medo não deixava. E os homens não paravam de conversar.
_ Acho que virá-la do avesso ainda é pouco. Ela tinha que sofrer muito. Ela e aquela maldita Lestrange.
_ Não fale assim, Goyle – disse um deles – você sabe que a Lestrange é uma das preferidas do Lorde.
_ Eu sei, pra falar a verdade nunca pensei que o Lorde pudesse preferir alguém. Ele sempre foi tão frio.
_ É, mas ela tem uma herança de família que ele quer muito. E uma coisa que só ela pode usar.
_ O que é, hein?
_ Não faço idéia, mas parece que esse menino aí vai dizer como usá-la.
Goyle? Pensou Hermione. Goyle era o pai de um dos guarda-costas de Draco. A situação era realmente crítica. Se ela não pudesse usar sua varinha, como iria lançar um pedido de socorro?
Quando eles alcançaram uma gruta escura e úmida, Hermione tornou a fechar os olhos e se fez de desmaiada.
_ Aqui está, senhora. O rapaz que mandou buscar.
_ Excelente – disse uma voz de mulher ao fundo da gruta – agora vejo que trouxeram o rapaz certo. E essa menina? O que faz aqui?
_ Ela estava com ele, senhora. Foi atacada e nós a trouxemos também para que a senhora decidisse o que fazer com ela.
_ Deveriam tê-la deixado na floresta mesmo, assim algum animal teria um belo banquete esta noite. Mas já que a trouxeram, joguem-na em qualquer canto. Depois eu cuido disso.
Os homens literalmente jogaram Hermione num canto da gruta e ela teve que fazer um tremendo esforço para não gemer quando sua cabeça bateu contra uma das pedras e começou a sangrar.
Ela sabia que conhecia aquela voz, mas não conseguia identificá-la. O eco, dentro da gruta, atrapalhava muito e os homens, do lado de fora ainda conversavam.
_ Enervate – disse a mulher apontando a varinha para o peito de Rony.
O garoto acordou assustado, já a procura de sua varinha, mas logo percebeu que estava desarmado.
Olhou a mulher a sua frente. Sentia que a conhecia de algum lugar, mas aquela máscara de caveira sobre os olhos não lhe deixava ter certeza.
_ Muito bem, Sr° Weasley – disse a mulher – é um prazer revê-lo! Ainda mais nessas condições. Agora, ouça bem e com cuidado tudo o que vou lhe dizer se quiser sair daqui com vida.
Rony estava pálido, seu corpo doía. Ele se esforçava para lembrar de quem era aquela voz.
A mulher percebeu o quanto ele estava desorientado e decidiu abusar dessa condição.
_ Se você fizer tudo o que eu lhe peço, logo poderá voltar para o castelo, junto com a sua amiguinha – e apontou para Hermione.
Rony olhou a namorada sangrando, desmaiada no chão. Ficou ainda mais desesperado.
_ Ótimo! Vejo que entendeu bem! Agora me diga, o que você sabe sobre o Lorde?
Rony não entendeu a pergunta e continuou calado.
_ Ora, não se faça de desentendido, rapaz. O que você vê no futuro do Lorde?
Ele ainda estava confuso. O que aquela mulher maluca queria dizer com ver no futuro?
Ela perdeu a paciência, levantou a varinha, apontou para Hermione e gritou:
_ Cruccios!
A garota fazia um esforço fora do comum para não abrir os olhos, mas berrava de dor, contorcia todo o corpo e lágrimas escorriam pelo seu rosto.
_ Já é o suficiente para você? – perguntou a Rony.
_ Não entendo... não sei do que está falando – disse Rony.
_ Você quer é ganhar tempo, não é mesmo? Posso fazer sua amiga virar do avesso, então, que tal?
_ É sério – gritou Rony em visível desespero – se me explicar o que quer de mim, eu prometo que farei tudo o que pedir.
Ela notou a sinceridade nos olhos do jovem.
_ Muito bem, sente-se e vamos conversar. Eu sei que você tem o dom de prever o futuro. Já fez duas previsões para o Potter, não é verdade?
_ É, é verdade...
_ Então, a única coisa que eu quero é que você faça uma previsão para o Lorde. Não é pedir demais, é?
_ Mas eu não consigo.
_ Como assim não consegue? Quer me enganar, rapaz? Já sei, você quer que eu te dê um estímulo, não é mesmo? Tudo bem, isso não é problema.
Ela apontou a varinha novamente para Hermione e gritou:
_Sectumsempra.
A menina sentiu como se um chicote invisível rasgasse suas vestes e sua carne. O sangue escorria pelo chão da gruta e Rony gritou:
_ Está bem, está bem! Pare com isso e eu lhe darei sua previsão.
A mulher o olhou, sorriu vitoriosa e perguntou:
_ E o que você vê?
Ele reconheceu aquele sorriso. Agora sabia com quem estava lidando. E sabia o que fazer para vencer a batalha. Então, respondeu:
_ Nada! Eu preciso ver o céu para fazer as previsões. Eu digo o que os astros me contam.
A mulher estudou a expressão de Rony como se esperasse que a palavra mentiroso aparecesse na teste dele.
_ Então, você pode me levar até lá fora?
_ Sim, claro! Levante-se e vamos.
_ Preciso que você me desamarre.
_ Ainda não!
_ Olha, eu não seria louco, depois de tudo o que a vi fazer, de tentar fugir. Você tem poder suficiente para me matar a qualquer momento.
A mulher pareceu gostar da resposta do rapaz. Desamarrou as mãos dele e com a varinha apontada para seu pescoço disse para sair.
Hermione ainda estava consciente quando tudo aconteceu. Ela fez um esforço sobre-humano para se arrastar até o fundo da gruta e procurar sua varinha e a de Rony. Não foi difícil encontrá-las, mas ela ainda estava fraca pela quantidade de sangue que perdeu. Sabia que precisava sair da gruta e devolver a varinha do namorado se quisesse tirar os dois com vida daquele lugar.
Do lado de fora havia cinco comensais da morte de vigia. Não seria fácil vencê-los, estando tão machucada. Ela não conseguia pensar em nenhuma magia que curasse aquele ferimento, então só conjurou um curativo para a cabeça. Achou um pedaço de pano preto, provavelmente resto de alguma vestimenta de comensal e cobriu o machucado com ele.
Procurando não fazer o menor ruído, arrastou-se para o lado de fora.
A quase 10 km dali, Hagrid ainda procurava Grope. Mas não havia nem sinal do gigante por toda parte.
Longe dali, antes de Firenze e Harry chegarem até o final da trilha, encontraram um bando de centauros. Agouro ia à frente e estancou assim que viu Firenze, com Harry em seu lombo.
_ O que significa isso, Firenze? Você foi proibido de voltar à floresta, esqueceu?
_ Não, Agouro. Não esqueci. Mas assuntos urgentes me fizeram quebrar essa proibição. Um aluno da escola de Dumbledore foi raptado e trazido para a floresta.
_ E esse humano, nas suas costas. Isso é uma vergonha!
_ Isso é uma necessidade, Agouro. Invadiram as terras de Hogwarts e todos correm perigo. Inclusive vocês. Já soube que um dos nossos foi atacado e levado para algum lugar.
_ Como você soube? – quis saber o outro centauro, um pouco preocupado.
_ O rapaz aqui – disse apontando com a cabeça para Harry – encontrou um rastro. Nós o seguimos, encontramos sinais de luta e isso.
Firenze entregou a Agouro o arco quebrado e as flechas que estavam pelo chão.
_ Isso pertence a Magoriano. Ele saiu para investigar a mudança nos hábitos dos seres da floresta. Isso faz sete dias.
Todos os centauros baixaram a cabeça em sinal de respeito. Firenze imaginou o que eles estavam pensando e tratou de desfazer o mal-entendido.
_ Olha, nós não encontramos nenhum sinal de sangue. Acreditamos que ele ainda esteja vivo. Eu coloquei o rapaz nas minhas costas para poder chegar mais rápido ao local onde ele deve estar preso.
Agouro olhou para os outros centauros. E como se tivessem conversado em pensamento, falou para Firenze:
_ Está bem, meu irmão. Há muito descobrimos que essa guerra também nos pertence. Vamos, vamos salvar Magoriano e o seu amigo humano também.
Agora Harry, Firenze, Agouro e mais 17 centauros seguiam a trilha. O rapaz não pode deixar de reparar como eles galopavam rápido. Logo alcançariam o final dos rastros e poderiam então salvar Magoriano e, quem sabe, Neville.
Enquanto isso, Hermione já havia conseguido se arrastar para fora da gruta. Ela viu Rony sentado num lugar afastado, olhando para o céu e procurando se concentrar. Afastou-se mais um pouco e procurou um arbusto para se esconder. Achou um perfeito, capaz de cobri-la completamente.
Então, sem fazer nenhum ruído, lançou as fagulhas vermelhas para o alto.
Harry avistou o pedido de socorro e mostrou a Firenze.
_ Logo estaremos lá, Harry. É na mesma direção de nosso rastro.
_ Vamos nos apressar - gritou Agouro para os outros.
A mulher estava muito preocupada com o que Rony pudesse falar para prestar atenção em alguma coisa. Os homens perto dela ainda conversavam animados e Mione percebeu que eles cercavam uma caixa.
_ Esse aí já ta morto? – perguntou um dos comensais.
_ Não, tivemos que guardá-lo para a “princesa Lestrange” – disse outro em tom de brincadeira.
_ Mas o que ela quer com esse fedelho?
_ Você não sabe? Ela deixou os pais dele completamente pirados e quer fazer o mesmo com ele. Aí a gente o deixa assim, inconsciente até a hora que ela chegar.
_ E o cavalo? O que vamos fazer com ele?
_ O Lorde quer o cavalo vivo. Precisa do sangue dele fresco para fazer algumas pesquisas. Parece que é o único animal que resiste ao Avada.
Hermione não sabia de que cavalo eles estavam falando. Mas achou melhor mandar outro sinal. Já fazia algum tempo e ela estava quase desmaiando. Apontou a varinha para o céu, mandou mais um pedido de socorro e desmaiou, de verdade.
Rony estava sentado olhando as estrelas já fazia algum tempo. Mas nada acontecia. A mulher começou a se impacientar. Rony percebeu que precisava ganhar tempo. E começou a falar:
_ Elas estão discutindo... as estrelas... parecem que não concordam com alguma coisa.
A mulher pareceu interessada.
_ Não concordam com o quê?
Rony sabia que o que aquela mulher mais queria em toda sua vida era poder. Aquela era a chance de instigá-la.
_ Bom, parece que existem duas mulheres no caminho do.. do Lorde. Mas só uma delas vai alcançar o poder supremo ao lado dele.
Os olhos daquela mulher brilharam de ambição.
_ As estrelas dizem qual mulher vai ser?
_ É nesse aspecto que elas começam a discutir. Parece que isso ainda não está definido. É como se dependesse de uma escolha delas. Mas parece que a mais antiga vai levar a melhor.
Rony não sabia porque tinha dito aquilo. Mas viu que fez um efeito e tanto na mente da sua seqüestradora.
_ Aquela Lestrange idiota pensa que pode mais que eu, não é mesmo? Mas ela vai ver só, eu acabo com ela antes que ela possa pensar em se defender.
Rony estava se divertindo com aquela situação. Era fácil lidar com gente ambiciosa e burra. Aquela mulher já tinha sido enganada antes. Não seria difícil enganá-la mais uma vez! Enquanto assistia, deliciado, a cena dela andando de um lado para o outro tramando como poderia se livrar da rival, ele escutou uma coisa. Uma voz o chamava. Uma voz realmente suave e feminina.
_ Rony... Rony... Preste muita atenção. Ele está procurando no lugar errado! Ele já encontrou o anel e a varinha. Não deixe que ele encontre o colar. Tentem recuperar as outras peças. Isso vai evitar uma tragédia ainda maior.
A seqüestradora havia parado de falar quando percebeu o olhar perdido de Rony. Ela agora o pressionava para que falasse o que estava ouvindo.
Rony se apavorou e começou a falar, mas acabou misturando tudo e no final, o que a mulher entendeu foi que ele deveria procurar outro lugar porque se encontrasse o colar naquele ia provocar uma tragédia.
_ Agora que você já fez o seu trabalho, é hora de eu fazer o meu. Fique de pé.
_ O que você vai fazer?
_ Matar você, o que mais? Já perdeu sua utilidade e depois que acabar com você irei exterminar sua amiguinha também. Vocês já me deram problemas demais.
Ela já ia erguer a varinha quando escutou cascos de cavalo vindo em sua direção.
_ O que é isso? – perguntou apavorada.
Antes que alguém conseguisse responder, os 19 centauros apareceram ao redor do grupo. Harry tinha sua varinha em punho e gritou:
_ Expelliarmus – a varinha da mulher voou longe e Rony saiu para apanhá-la.
Agora também estava armado e começava a estuporar alguns comensais com a ajuda de Harry. Os centauros investiam contra os bruxos e logo dois deles foram pisoteados.
A batalha durou pouco. Eram seis contra 21 e logo os comensais estavam todos amarrados e desacordados, inclusive a mulher.
Rony contou o que aconteceu e disse que precisavam tirar Mione da gruta. Mas assim que chegaram lá perceberam que a menina havia sumido. O amigo de Harry já estava entrando em desespero quando Agouro falou:
_ Foi você quem lançou o pedido de socorro?
_ Não – respondeu choroso o rapaz.
_ Então, se Harry viu o pedido, Hagrid não está aqui e você não enviou, então sua amiga saiu da gruta e mandou o pedido – raciocinou o centauro.
_ Vamos procurá-la – disse Rony enquanto saía apressado da gruta.
Não foi difícil encontrar o rastro que Hermione deixou ao se arrastar para fora da gruta e logo um dos centauros já tinha encontrado a menina, que segurava a varinha na mão e tinha a de Rony ao seu lado..
Harry olhou o ferimento da amiga e ficou preocupado. Sabia que ela havia perdido muito sangue. Tirou o cantil da mochila e pediu a Rony que limpasse os machucados dela e tentasse fazer com que bebesse um pouco de água enquanto ele continuava a procurar Neville.
Logo eles acharam a caixa em que Neville estava. Harry reanimou Neville com Enervatte e o garoto explicou que eles o capturaram no lugar de Rony. E disse também que há uns 50 metros dali os comensais tinham prendido um centauro.
Eles foram até o lugar indicado. Mais três comensais guardavam a jaula de Magoriano. Harry e Neville estuporaram os guardas. A jaula estava presa com um cadeado. Harry apontou sua varinha e disse:
_ Alorromora.
Mas nada aconteceu, o cadeado não se abriu.
Neville também tentou, em vão.
Então Firenze pediu licença. Tomou distância, correu e golpeou o cadeado com as patas dianteiras. O objeto se desfez em muitos pedaços.
Magoriano estava livre. Olhou ressentido para Firenze. Era difícil para aquele centauro orgulhoso dever algum favor para alguém que ele desprezava. Apenas olhou para Firenze, que não deixou que ele dissesse uma única palavra.
_ Por enquanto, estamos do mesmo lado. Sei que não me quer aqui, mas a guerra começou e precisamos deixar as brigas de lado.
Magoriano se limitou a dizer:
_ Tem uma pessoa ferida por aqui. Eu sinto o cheiro. Precisamos levá-la antes que seja tarde.
Saiu em direção ao local onde estava Hermione, empurrando quem quer que estivesse em sua frente. Pegou a garota dos braços do namorado e galopou em direção ao castelo.
Os demais centauros também ajudaram os jovens bruxos que agora levitavam o grupo de comensais desacordados e amarrados pelo caminho. Logo alcançaram as portas do salão principal e foram recebidos com gritos de alegria, surpresa e medo.
Firenze pegou Hermione das mãos de Magoriano e a levou para enfermaria seguido de perto por Rony.
A diretora McGonagal se dirigiu ao grupo de centauros e agradeceu a ajuda que deram aos garotos.
_ Ficaremos de guarda na orla da floresta. Não se preocupem, vocês agora tem a nossa proteção! – disse Magoriano apertando a mão da diretora, para surpresa dos outros centauros.
Eles voltaram para floresta. Enquanto os professores vigiavam o grupo de comensais preso do lado de fora do castelo.
Eles tiraram as máscaras e descobriram como eles haviam entrado nas propriedades do castelo. A mulher que dava ordens ao grupo era a queridinha do Ministério, Srª Dolores Umbridge. Ela também trazia a Marca Negra no braço esquerdo e todos ficaram chocados.
Eles estavam discutindo o que fazer com eles quando Rony apareceu, junto de Harry.
_ Diretora, a Umbridge precisa ficar solta – disse o ruivo.
_ O quê? Você está louco, Rony? Essa mulher quase matou sua namorada e você me pede para deixá-la solta? – indignou-se a diretora.
_ A srª não está entendendo.
_ Não estou mesmo. Faça-me o favor de se explicar!
Rony contou toda a história para ela. E por fim disse:
_ Se ela não voltar com a profecia que eu inventei, Você-sabe-quem vai investir contra o castelo, vai tentar me seqüestrar novamente. Ou pior, vai conseguir achar o que tanto procura. Precisamos mantê-lo longe daqui.
Alguns professores começaram a cochichar. Mais uma vez um jovem bruxo pensava melhor que eles, que tinham anos de experiência e já tinham enfrentado, no passado, Aquele-que-não-deve-ser-nomeado.
_ Um momento – pediu o professor Slughorn. – Precisamos que ele não saiba o que aconteceu de verdade. Precisamos alterar a memória dela.
_ Mas Você-sabe-quem é um ótimo legilimente, vai poder invadir a mente dela e arrancar as lembranças de lá – acudiu Harry.
_ E se não tiverem memórias para ele arrancar? – perguntou o professor com ar de misterioso e virando-se para a diretora completou – peça aos aurores que levem o resto para a prisão. E tragam Dolores para a minha sala.
Com a ajuda dos rapazes, a diretora levou Dolores Umbridge para a sala do professor de Poções.
_ Mantenham-na desacordada – pediu ele enquanto preparava um frasco com algumas substâncias e pegava outro frasco vazio.
_ O que é isso, Slughorn? – perguntou a diretora.
_ É uma magia antiga que aprendi com Dumbledore. Você tira a memória da pessoa, faz uma cópia, altera algumas coisas e devolve a cópia alterada para a mente. Enquanto a memória verdadeira fica guardada num frasquinho.
Diante da cara de espanto de todos ele explicou:
_ Normalmente, isso só pode ser feito com autorização do Ministério e as memórias verdadeiras vão para uma sala no Departamento de Mistérios. Mas dadas as circunstâncias desse caso, acho que podemos guardar a verdadeira em algum cofre da escola.
Ninguém disse mais nada e o professor continuou a preparar a poção. Vinte minutos depois ela estava pronta.
_ Rápido, não? É para ser usada em casos de emergência. Levantem a cabeça dela, por favor.
Eles obedeceram e o professor empurrou uma colherada da poção pela garganta de Umbridge. Depois posicionou a varinha na têmpora da mulher e começou a puxar um fio prateado de sua cabeça.
Harry se lembrou das vezes em que viu Dumbledore colocar pensamentos na Penseira.
Mas ao invés de ser colocado em algum lugar, o fio prateado se abriu como uma tela de cinema, porém redonda e as imagens começaram a acontecer. O professor fez um gesto com a varinha e as imagens se duplicaram. Uma delas ele guardou no frasco vazio e a outra, aos poucos, foi sendo alterada. No final, as lembranças da professora eram de um ataque sofrido no acampamento, em que quase todos os comensais morreram, dois fugiram e ela sobreviveu após atacar três centauros. Na mente da comensal também foi colocada uma cena em que ela matava Rony, depois dele fazer a previsão. Ele também criou a cena dela procurando Hermione, e encontrando a garota morta de tanto sangrar com o feitiço que havia lançado nela pouco antes.
Quando tudo estava pronto, eles correram com Umbridge para a Orla da Floresta e pediram a um dos centauros para devolver a mulher ao local que estava antes.
Depois de tudo resolvido, Harry e Rony foram tomar um banho e comer alguma coisa. Quando se sentaram para a refeição é que Harry percebeu. Hagrid não respondera ao pedido de socorro. E ainda não tinha regressado ao Castelo.

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