Recesso forçado



Os pais dos alunos foram contatados para que fossem buscar seus filhos na escola no dia seguinte. Mas Harry já era um bruxo adulto e poderia decidir o que fazer. Ele escolheu ir para a casa de Rony. De lá, quem sabe, poderia entrar em contato com Percy. Além disso, havia outra coisa que ele precisava fazer. Uma coisa que ele prometera na ocasião da morte de Dumbledore: visitar o túmulo dos pais.
Hermione também pediu aos pais para ficar na Toca. A princípio eles relutaram, mas levando em consideração o romance da filha, permitiram, desde que ela escrevesse todos os dias.
A viagem foi tranqüila. Eles teriam aparatado de Hogsmeade se Rony tivesse permissão, mas para não aborrecer o rapaz, resolveram viajar de pó de flu. Saíram de Hogwarts acompanhados pelo Sr° Weasley e usaram a lareira do Três Vassouras.
Assim que chegaram, os malões também apareceram. Foram enviados pela diretora. A Srª Weasley esperava aflita e quis saber se todos estavam bem.
_ Calma, mãe – disse Gina – essas duas semanas foram bem paradas. Não aconteceu nada diferente em Hogwarts.
Os quatro haviam combinados não mencionar nada sobre as premonições de Rony. Aquilo era mais um dos segredos que eles guardavam.
Rony, Mione e Gina foram arrumar suas coisas, mas Harry ficou para trás.
_ Sr° Weasley, o sr° tem um minuto?
_ Claro, meu rapaz. O que precisa?
_ Eu queria um favor, eu quero fazer uma coisa, mas não sei muito bem como.
_ E o que você quer fazer? Espero que não seja se casar com minha filha esta semana – brincou Arthur.
_ Não – riu o garoto, mas logo voltou a ficar sério.
_ Bem, pelo visto é algo muito sério, você parou de rir – observou o pai de Rony.
_ É que eu quero, na verdade eu preciso, visitar o túmulo dos meus pais.
O pedido surpreendeu o Sr° Weasley. Ele não sabia como lidar com aquilo.
_ Ah, bem, claro. O dia que você quiser.
_ Amanhã cedo, pode ser? – perguntou ansioso.
_ Amanhã? Amanhã eu tenho um compromisso com o Ministério, Harry. Mas dentro de dois dias garanto que o levo até lá, está bem?
O rapaz concordou levemente desapontado. Harry contou aos amigos o que iria fazer, mas pediu para ir sozinho. Aquele era um momento em que ele queria privacidade.
Os amigos concordaram, mas iriam com ele até a entrada do cemitério. E enquanto ele ficava lá, eles aproveitariam para dar uma volta na cidade e saber das novidades.
Os dois dias passaram tranqüilos. Apesar da preocupação em desvendar todos os mistérios, eles conseguiram se divertir bastante em partidas de quadribol no quintal e jogos de xadrez após o jantar.
Na noite antes da viagem a Godrics Hollow, Harry pegou o pergaminho de Dumbledore, deitou-se na cama e começou a ler:

Olha que linda esta paisagem, Potter. É a vista do alto do Arco do Triunfo. Pouca gente consegue subir até lá. Mas vale a pena!
Não sei como estão as coisas neste momento, mas acredito que elas tenham piorado. É o óbvio, não é mesmo?
Então, estude aquilo que lhe pedi. O mais rápido possível. Faltam 3, só 3. Eu sei que vocês estão em quatro agora. E sei que são capazes.
Você já destruiu um basilisco, como não vai conseguir destruir alguns reles objetos?
Boa sorte!

Mais um cartão inútil! Harry adormeceu frustrado e antes mesmo de o dia nascer Rony o acordou.
_ O quê? Nós já vamos?
_ Não sei, cara. Papai acordou todo mundo. Estão nos esperando lá na cozinha.
Harry reparou que o amigo ainda estava de pijamas. Então só colocou os óculos e desceu. Havia muito mais gente do que ele esperava encontrar. Tonks e Lupin estavam ali, ela com um estranhíssimo cabelo crespo, azul turquesa. Fleur e Gui, de volta da lua-de-mel. Quim Shackelbolt e Phillip Wells, aquele amigo de Gui que estava no casamento.
_ O que está acontecendo aqui? – quis saber Harry. Com certeza aquela comitiva não era para o levar até o cemitério, pensou.
Sr° Weasley viu os garotos chegarem e pediu que sentassem. Molly serviu uma xícara de chocolate quente, mas Harry nem encostou na sua. Ficou observando os rostos das pessoas ali presentes.
_ Infelizmente, Harry, nós não vamos poder ir mais. – avisou Arthur.
_ Por quê? – perguntou o rapaz, já esperando uma notícia ruim.
_ Godrics Hollow foi atacada esta madrugada – explicou Lupin. Não houve muitas mortes, mas a maioria dos bruxos foi levada para algum lugar desconhecido.
_ Um seqüestro em massa, Harry – traduziu Tonks. E a gente não sabe o que eles querem com essas pessoas.
Harry olhava de um para outro sem saber o que pensar, o que dizer.
_ Seqüestrar bruxos? O que eles queriam com isso? Se quisessem quem trabalhasse para eles por que não usaram a maldição Imperius?
_ Nós também queremos descobrir isso – falou Quim, que até então permanecia calado.
_ Agora, o que vocês precisam fazer é voltar para Hogwarts. Imediatamente! Do jeito que as coisas vão é bem provável que eles ataquem todos os lugares conhecidos e lá é o único lugar seguro – disse Arthur.
_ Serão designados 30 aurores para ajudar na segurança do castelo – falou Lupin.
_ O Ministério vai mandar apenas 30 aurores para proteger uma propriedade do tamanho de Hogwarts? – disse Harry incrédulo.
_ Não, não vai. – respondeu uma voz fraca e diferente das demais.
Todos olharam na direção da voz. Percy Weasley acabara de entrar na cozinha.
_ O Ministério não quer tomar partido – explicou.
Molly correu, abraçou o filho e o levou para a mesa. Ele sentou-se com os demais e explicou que a situação havia se complicado ainda mais. O ministro havia decidido que o Ministério não iria se envolver até descobrir qual lado estava mais forte.
_ Agora é que vocês precisam voltar para Hogwarts – afligiu-se Molly. Para cima, todos, vão já arrumar as malas.
Eles obedeceram. Em menos de meia-hora todos estavam prontos.
_ Ótimo, nós vamos de chave de portal. Cada auror aqui tem uma para levar um aluno com ele. – explicou o Sr° Weasley. Gina, você vai com Tonks, Harry com Lupin, Rony com Quim e Hermione vai com Phillip.
Rony ia protestar, mas não teve tempo, Gina e Harry já tinham partido e ele era o próximo. Chegou em Hogwarts e fiou procurando algum sinal de Hermione que chegou em seguida.
Ele correu para a namorada e a viu conversando animadamente com Phill.
_ Então você é auror! Que legal, eu sempre quis me tornar uma também.
_ Ah, mas pelo que eu já li a seu respeito tenho certeza que se fizer o curso vai ser minha supervisora – disse o rapaz.
_ Ótimo, Mione – interrompeu Ron – precisamos levar as coisas para dentro.
Hermione conjurou um feitiço de levita corpus e carregou seu malão e o do namorado para dentro.
_ Era o que faltava, ficar se exibindo para o auror – resmungou Ron.
_ O que você disse, Rony? – perguntou Mione sem entender.
_ Eu... nada... só disse que você é muito boa com feitiços...
Quando eles entraram no salão tiveram uma surpresa. Vários bruxos já se encontravam ali. Hogwarts virou o refúgio de muitos deles, alguns até que já nem estudavam mais lá.
A diretora McGonagal andava de um lado para outro dando ordens. Madame Pomfrey conversava com um bando de 9 enfermeiras e 25 elfos-domésticos. Os outros professores também tomavam várias providências.
Quando amanheceu um café foi servido a todos que estavam ali e a diretora pediu silêncio e começou um breve discurso.
_ Meus amigos, parece que a guerra realmente começou. Nossa escola é um dos poucos lugares seguros em nosso mundo. Quero explicar as novas regras. Todas as aulas e demais atividades acontecerão dentro das paredes do castelo. A Floresta Proibida está mais proibida que nunca. Os jogos de quadribol ou qualquer atividade relacionada com vassouras estão suspensos indefinidamente. As aulas só recomeçarão na segunda-feira e até lá vocês devem procurar se ajeitar. A sala ao lado da enfermaria será usada como berçário e creche para os bruxos menores de 11 anos que aqui se encontram. Ficam restritos os horários de circulação pelos corredores. Até às 21h quero todos em seus dormitórios. E as corujas não poderão sair de suas gaiolas.
As medidas de segurança eram muito radicais, mas todos sabiam que Hogwarts já havia sido invadida antes e todo cuidado ainda não seria o bastante.
Todos trabalharam duro naquele dia. Janelas foram enfeitiçadas para evitar que se quebrassem, foram colocadas senhas até nas portas dos banheiros. Alguns alunos do sexto e sétimo ano foram selecionados para ajudar na ronda, enquanto outros se revezavam ajudando Madame Pomfrey e as demais enfermeiras a cuidar das crianças.
Os elfos-domésticos apareciam sempre para oferecer ajuda. E eram bem vindos já que possuíam um conhecimento de magia superior a muitos bruxos. Eles não precisavam de varinhas nem palavras mágicas, só a vontade deles era instrumento de seus feitiços.
Dobby, a pedido da diretora, reuniu alguns elfos da cozinha para ajudarem no patrulhamento da escola. McGonagal deu ordens claras para que nenhum dos estudantes, professores ou visitantes autorizados fossem atacados. Só intrusos.
Harry sabia que aquele recesso logo acabaria e antes que isso acontecesse achou que seria melhor terminar de ler o livro de sua família. Poderia ter alguma coisa que os ajudasse ali, afinal sua família era a primeira família bruxa do mundo.
Nos dias que se seguiram Harry, Gina, Rony e Hermione terminavam suas tarefas o mais rápido que podiam e corriam para a sala de Dumbledore para trabalhar no livro. No domingo, após o almoço, os quatro se sentaram na sala do diretor para reler as anotações de Hermione e continuar a leitura do livro de família.

O retorno do mal

Os tempos de paz na Ilha de Avalon duraram muito. Mas aquela tranqüilidade logo seria quebrada.
Ninguém sabia que as filhas de Lurstre ainda odiavam Mairika e Herick por causa da morte do pai. E juraram que se vingariam em todas as gerações de Wichan.
Para realizar sua vingança elas buscaram conhecimenton os lugares mais sórdidos do planeta. Viajaram durante anos e conheceram uma sacerdotisa infernalista. Essa sacerdotisa ensinou-lhes inúmeras magias e mostrou como fazer um pacto com as trevas.
As filhas de Lurstre voltaram à Inglaterra. Era preciso achar um ponto de ligação com os portais do inferno e elas buscaram, incessantemente, até encontrarem o lugar. Uma fenda numa caverna, próxima à cidade de Salisbury. E lá elas invocaram um demônio e prometeram a ele suas almas se ele devolvesse a vida de seu pai.
O demônio achou aquele pacto interessante, a alma de Lurstre não lhe faria falta, já que assim que morresse novamente voltaria para o inferno. E eram mais 9 almas novas.
Ele aceitou um trato, mas impôs uma condição: Lurstre voltaria como um animal. Um animal que provocaria medo. Uma grande e peçonhenta cobra.
As moças aceitaram e no dia seguinte a cobra estava dentro da casa delas. E apenas elas conseguiam falar com ele. E lhe contaram da vontade de destruir os Wichan. E ele assentiu, e prometeu ajudar.
Assim como estava, poderia se arrastar até a ilha e atacá-los, sem deixar suspeita.
E duas semanas depois, Lurstre partia para Avalon, com a missão de assassinar tudo o que tivesse sangue Wichan.
Chegar à ilha não foi nada difícil. Os animais tinham livre acesso ao local. E logo ele estava entre os muitos alunos que ocupavam o lugar. Tratou de procurar Morgan e Morgi. Os dois estavam sentados na planície de contemplação, onde eram dadas aulas de Astronomia.
O ódio de Lurstre cresceu de tal maneira que ele achou que ia explodir. Ver aqueles seres mágicos, ali, felizes, enquanto ele sofria no inferno.
Ele poderia atacar sem que fosse percebido e todos diriam que havia sido uma fatalidade. Mas ele não queria isso. Queria o crédito por ter arruinado aquela família. Queria que todos soubessem que ele havia voltado do inferno.
Com todo o ódio que existia em seu coração pediu a mais alta hierarquia dos infernos que permitissem que ele se revelasse antes de voltar a ser cobra e atacar os irmãos.
Ele assumiu sua antiga forma e apareceu aos dois, que assim que o reconheceram ficaram assustados e se puseram de pé, para o combate que certamente viria.
Morgan ficou na frente e já sacava a varinha quando Lurstre voltou a ser cobra e deu-lhe um bote certeiro. Havia pulado tão alto que por pouco não lhe acerta o pescoço. A mordida pegou o ombro do jovem Wichan. E o veneno era tão forte que ele caiu quase desacordado.
Lurstre saiu à caça de Morgi. A mulher havia corrido para a encosta. Não havia saída. Ele ia pegá-la de qualquer jeito.
Morgan pensou na figura da irmã que tinha virado sua esposa como costume da época. Pensou no quanto ela era parecida com sua mãe. No quanto era forte e tudo o que ainda tinha para ensinar. Ele tentou ficar em pé, mas não conseguiu. Desesperado, fez um pedido à energia criadora do universo. Que ela não permitisse que Morgi fosse assassinada. Ele sabia que não ia resistir.
Então ele percebeu que suas preces foram atendidas. Um gamo, ou cervo, estava parado quase ao seu lado. Morgan entendeu o que precisava ser feito. Num último esforço desprendeu-se de seu corpo castigado pelo veneno e habitou o corpo do cervo.
Agora Morgan e o cervo eram um só. Um defensor que cavalgou na direção que a cobra tomou. E encontrou-a prestes a atacar Morgi.
Lurstre não percebeu a presença do cervo, tão cego estava pelos sentimentos ruins que dominavam sua alma. Então, Morgan, investiu contra a enorme serpente e antes que pudesse reagir, Lurstre teve sua cabeça pisoteada.
Morgi percebeu que aquele era seu irmão, seu marido, que estava indo embora. Acariciou a cabeça do cervo em agradecimento e foi em busca do corpo para que fosse feito um funeral digno de um grande bruxo.
Neste dia triste, Morgi decidiu que seus filhos não mais carregariam o fardo do sobrenome Wichan até que completassem a maioridade.
E assim é feito até os dias de hoje.

O destino das Terras Perdidas e das Jóias de Andriax

Agora é preciso explicar o que foi feito das jóias de Andriax e qual seu papel na história da família Wichan.
As jóias foram separadas entre os seis filhos de Mairika e Herick. Uma jóia para cada casal. Assim, Morgan e Morgi ficaram com o Colar Andriax, uma bela peça feita de ouro branco, cravejada de rubis, em forma de um cometa, que carrega uma fada na ponta. Mistril e Mouruz ficaram com um anel, também de ouro branco, com um citrino lapidado em forma de sol. E Muriel e Millea carregaram consigo uma varinha. A primeira varinha mágica, feita de marfim, com entalhes de safiras e esmeraldas e que continha, no centro, um fio de cabelo de Mairika.
As jóias não possuem magia alguma quando estão separadas. Mas quando são empunhadas juntas despertam a mais alta magia antiga e podem, se usadas no Altar dos Portais, religar as Terras Perdidas da Magia com o nosso mundo.

O livro terminava ali, mas ainda trazia uma enorme árvore genealógica, com nomes de bruxos e bruxas importantes, como Morgana das Fadas, Merlim, alguns diretores de Hogwarts e dois ex-Ministros da Magia.

_ É uma história fascinante – disse Hermione.
Mas mais ninguém quis comentar. E eles tiraram o resto do dia para ajudar nos afazeres da escola.

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