EU SÓ QUERIA DESCANSAR MEU COR



CAPITULO SETE - EU QUERIA TANTO DESCANSAR O MEU CORAÇÃO

“As vezes, meu pensamento vagueia. Nestes últimos cinco anos, eu chorei,

sofri, cresci. Tudo isso por amor. Por ter amado tanto alguém. Sei que

pareço uma velha, repetindo e remoendo sempre a mesma historia na minha

cabeça.Pensando nos meus dias áureos em que era feliz, que era amada. Tenho

medo de ficar velha e sozinha, e acabar bebendo num bar junto com

alcoólatras, chorando pelo meu amor perdido. Eu tentei. Juro que tentei. Só

que aquela velha história de que o amor vence sempre, é mentira. Ao menos, a

maioria das vezes.”

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O olhar trocado era de saudade.

Ali estava o homem que tinha amado a vida toda. O sonho e o pesadelo dos

seus últimos anos.

Não tinha mudado nada. Continuava com os olhos verdes enigmáticos

escondidos atrás dos óculos e os cabelos arrepiados. E a cicatriz continuava

lá.

Estava lindo como sempre. Como sempre foi.

Seu coração batia tão descompassado que tinha a impressão que todos o

pudessem ver através da camisa.

- Harry... – repetiu, deu um meio sorriso.

Ele corre na direção dela e a abraça.

Uma mistura de sentimentos preenche seu coração. A magoa, a traição,

abandono. Amor, paixão, saudade.

Tudo isso era um turbilhão de emoções na sua mente e no seu coração.

Não sabia como reagir aquele abraço. Não queria demonstrar o quanto sentia

falta dele, mas também não queria demonstrar indiferença.

Levou as mãos as costas dele e o abraçou. Um abraço quase fraterno.

Sentiu o perfume cítrico que ele usava. Sentia os dedos frios dele na pele

das suas costas, fazendo-a estremecer.

Como um relâmpago, lembrou da noite na cachoeira. A noite mágica debaixo do

céu estrelado.

O mais rápido que pode, se afastou.

- Como você está? – pergunta ela disfarçando.

- Vou bem, e você onde estava todo esse tempo? – pergunta ele eufórico e desesperado.

- Ãhn... em Nova Yorque.

- Nossa, Gin... nós achamos que você estava... – continua ele.

- Morta, eu sei. Peço desculpas. Aconteceu tanta coisa. Eu explico depois.

Precisava conversar com você em particular. – diz ela olhando para Harry.

Ele a olha sem compreender, e dá um sorriso esperançoso.

O barulho nas escadas volta. Ron aparece amarrotado e com cara de sono.

- Não acredito. – berra ele.

- Ron! – e ela corre na direção do irmão.

Se abraçam.

- Que saudade.- diz ela com a voz embargada.

- Você é louca! Onde você estava? Ficamos todos esses anos chorando a sua

morte, Ginny.

- Desculpe, Ron, mas eu precisava ir embora. Depois eu explico as causas

disso.

Se ouvem batidas na porta.

Fred atende, e aparecem Luna e Neville, que casaram meses depois do fim da

guerra.

- Hey, sra. Lovegood. – grita Luna para Ginny.

- Luna. – ela grita para a amiga, sorrindo.

- Sra. Lovegood? – pergunta Hermione.

Ginny abraça Luna e murmura no seu ouvido:

- Eles não sabem ainda.sobre Richard.

Luna dá uma gargalhada e disfarça.

- É que depois de tanto tempo com meus tios, já é quase uma Lovegood.

Hermione levanta as sobrancelhas, não acreditando muito.

- Hey, sr. Longbotton. – Ginny vê o amigo. – Quanto tempo, hein?

- Dois anos. – e se abraçam.

- Como é que é? – pergunta Ron indignado.

- Como assim “dois anos”? – pergunta Harry.

- Você sabia que ela estava viva? – Fred entra na frente dele.

- Caras , me desculpem, elas me proibiram. – diz ele apontado para Ginny e

Luna.

- Fui eu. – Ginny admite, tendo todos os olhos da família toda em cima de

si. – Depois do jantar, eu vou explicar melhor toda a situação. Sei que vocês devem estar confusos, mas... eu peço desculpas. Vou explicar tudo.

Todos ficam num clima tenso na sala de estar.

Sra. Weasley ainda com o neto no colo, tenta quebrar o gelo.

- Bom, eu acho que vou fazer o jantar.

- Não, mãe, não é necessário. – diz Ginny encabulado.

- Como não? É claro que vou fazer. Não está com saudades da minha comida?

Ginny recorda dos pratos suculentos e o cheiro que lembrava lhe desperta a

fome.

- Desesperadamente.

- Não disse? – diz a mãe brincando, colocando Eddie no chão.

- Quem é essa criança? – pergunta Ron.

- É Edward, meu filho.

- Filho? – pergunta Harry. – Você teve um filho?

- É. – diz sem graça, olhando para Hermione que aparentemente sabia de

tudo.

- Você teve um filho... – repete Harry como se não tivesse entendido ainda.

- Hey, Fred, que tal mostrarmos alguns produtos novos pro nosso sobrinho? –

pergunta Jorge.

- Claro. Hey, Eddie, vamos brincar lá em cima?

A criança arregala os olhos verdes, e olha para a mãe, como se pedisse

permissão.

- Cuidado. – diz Ginny.

- Essa criança me lembra alguém. – afirma Ron, o olhando enquanto esquanto os três sobem as escadas.

- Quem? – pergunta Harry.

Ron olha para Harry e depois para Ginny.

- Deixa pra lá. – diz guardando para si, sua desconfiança.

O celular de Ginny começa a tocar.

Ela o tira do bolso, e vê quem é no identificador de chamadas: Richard.

- Com licença. – diz ela para todos, e sai para fora.

Sentindo a brisa gelada, atende o marido.

- Fala, Richard... cheguei não faz vinte minutos... é claro, que tá tudo

bem aqui... não, Richard... não começa... se é só isso que você queria

saber... tchau.

E desliga.

Ao se virar, vê Hermione.

- Ah, Mione, que susto.

A amiga se aproxima.

- Você não perdeu bebê nenhum, não é?

Ginny olha fixamente para ela. Como poderia esconder a verdade? Hermione,

em Hogwarts, tinha essa habilidade, de te pegar mentindo. De sempre

conseguir discernir as verdades e as mentiras.

- Não. – Ginny responde.

- Por que fez isso?

- Mione, sei que fiz tudo de uma maneira um pouco... destrambelhada,

mas...agora é tarde para reclamar.

- Me diz por que.

- Eu estava com ódio, com raiva. Eu queria magoá-lo. Queria fazê-lo sofrer,

como eu sofri.

- Ginny...

- Mione, por favor, entenda, não me julgue por favor! Fiz tudo por puro

rancor. Por ele ter me traído, por ter me deixado por outra mulher. Queria

destruir algo da vida dele. Queria... – as lágrimas começam a cair.

- Meu Deus, Gin. – e Hermione a abraça, pensando na verdade. A verdade que

nunca houve mulher nenhuma.

Elas se separam quando o celular de Ginny volta a tocar.

- Ah, Richard! – ela exclama quase gritando, e atendendo. – Oi!... tá

tudo bem aqui...não sei, talvez fique a semana toda... vou aproveitar e

descansar um pouco... Richard... Richard... chega, depois a gente

conversa... eu te ligo mais tarde, ta certo?... eu tenho que desligar... –

desliga.

- Quem é Richard? – pergunta Hermione, confusa.

- É o meu marido, irmão do Paul.

Hermione fica surpresa, e pergunta:

- Por isso o “sra. Lovegood”, certo?

- Exato.

Hermione a olha fixamente. Aquela doce Ginny não existe mais a muito tempo.

Agora era uma mulher feita. Podia se ver nos seus olhos as preocupação e as

responsabilidades.

Ginny tira o maço de cigarros do bolso e acende um.

- Você me permite?

- Fumando?

- É, acabei criando esse hábito trouxa.

- Quando você vai contar ao Harry?

- Ainda hoje.

- Como você planeja dizer?

- Não sei, ainda não pensei nisso.

Hermione continua a olhando.

E pensa nos últimos cinco anos. Nos cinco anos que a família achava que

Ginny estava morta.

- Você sabia que você tem um túmulo?

- O que? – Ginny pergunta rindo.

- É, um ano depois que você desapareceu, seu pai o construiu.

Ginny fecha os olhos pensando no pai.

- Fiz tudo errado, Mione. Se eu pudesse voltar no passado, jamais teria...

-... dormido com Harry?

-... fugido. – ela termina.

O vento gelado bate nos seus rostos, fazendo Hermione tremer de frio.

- Apesar de tudo, estou muito feliz por você estar aqui.

- Eu também estou.

As duas continuavam sorrindo uma para outra.

- Oi.

As duas se viram e vêem Harry se aproximando.

Hermione rapidamente inventa uma desculpa para sair dali.

- Estou com frio, vou buscar um suéter.

- Um dos famosos suéteres das sra. Weasley?

- É, o meu é rosa. – responde ela entrando pela porta dos fundos.

Ginny joga a bituca de cigarro no chão, apagando com o tênis.

- Estava fumando?

- É, pois é. Bobagens que a gente acaba...

-... viciando. – termina a frase.

- É quase isso. – diz ela rindo.

- Você está linda, Gin.

Ginny levanta as sobrancelhas com aquele comentário. Percebe que é algo

verdadeiro.

- Obrigada. – ela responde. – Como estão as coisas?

- Tudo bem. Eu derrotei Voldemort.

- É, eu soube. Você virou auror?

- Como sabe?

- Era seu sonho, não era? Caçar bruxo das trevas?

- É, eu sou auror. Nós três, eu, Ron e Mione. Mas Mione quando soube que

estava grávida, deixou o departamento.

Ginny dá uma gargalhada.

- Ainda não acredito, que esses dois casaram. – diz ela, ainda rindo.

- E nem faz tanto tempo assim.

- Jura?

- É, não faz nem dois anos.

- Como o Ron é mole.

Agora é a vez de Harry dar uma gargalhada.

- Mas é fantástico. Os dois juntos é realmente... - ela continua.

- E você?

- Eu? – pergunta ela.

“Ah, não. Ele vai perguntar se eu casei. E não vou poder mentir. Não quero

mentir.”

- É, o que você faz?

- Ah! Eu tenho um restaurante. Mas propriamente dito, uma casa de shows.

Mas servimos almoço e jantar também.

- Uma casa de shows?

- É, fica na 78 com a Broadway. Se chama “Jazz Tags”. É um bar de jazz.

- Jazz?

- É, outra coisa trouxa que me habituei em Nova Yorque.

- Você tem um bar de jazz em Nova Yorque?

- Gostou?

- É demais. É como ter um pub em Londres!

Ginny ri.

Os dois ficam em silêncio e Harry começa a observar Ginny mais de perto.

Ela está alta, no mínimo com 1,70 m. Os cabelos ruivos estavam enormes, caindo no meio das costas. Seus olhos azuis continuavam cativantes e profundos, como os olhos de um pássaro. Sua pele branca contrastava com a camisa hippie também branca.

Seu coração dispara. Ali estava a mulher por quem tinha esperado a vida inteira. A mulher por quem chorou por cinco anos. A mulher que ele amou nestes mesmos cinco anos. A mesma que ele achava que estava morta, e por quem guardaria o amor e a lembrança para o resto da vida.

E ela estava ali. Bem ali, na sua frente.

Linda, como a ultima vez que a viu. Naquela noite na cachoeira onde deixaram o amor que sentiam extravasar para todos os lados.

Ao lembrar de que a cachoeira era o lugar onde mais lembrava dela, não resistiu a um comentário:

- Lembra da cachoeira?

"Como não lembraria?"

- Claro. - ela responde.

- Aquele é o meu refúgio. O lugar aonde vou quando estou precisando de paz.

- É mesmo?

- Não consigo ir naquele lugar sem lembrar de você.

Ela sabe onde aquela conversa vai dar. Tudo o que ela não quer é relembrar aquela noite. Tenta mudar de assunto.

- E você? Casou?

"Ele deve ter casado com a garota de Grodric's Hollow."

"Ou não?"

- Casei. - responde ele sem graça. - Mas durou pouco tempo.

"Bem feito!"

- Sinto muito. - diz ela.

- Não sinta. E você?

- Eu o quê?

- Você tem um filho. Você casou?

- Casei, ainda estou casada.

- Você esta casada? - pergunta Harry, um pouco decepcionado.

- Estou.

- Mas você não usa aliança.

- Na verdade, eu uso. É que não quis chegar aqui assim, ia contar sobre o Richard depois.

- Alguém sabe?

- Só a Mione. Ela pega essas coisas no ar.

- É, ela é ótima nisso.

Ginny dá uma gargalhada, lembrando novamente do casamento de Hermione e Ron.

- Isso me lembra novamente dela e de Ron. Já não era sem tempo.

Harry a contempla rindo.

Relembra da doce Ginny em Hogwarts. Do primeiro beijo deles na frente de todo o salão comunal. Como ele havia passado o ano todo com a consciência pesada escondendo de Ron, que estava louco por ela.

Lembra também do quanto ele e a família sofreu ao procurá-la. Procurá-la por anos. Culpando os Comensais. Culpando Voldemort. Até ouvir da boca do próprio que não fazia idéia do que ele estava falando.

Suspira.

- Ah, Gin. – começa ele. – Se você soubesse o quanto nós te procuramos...

- Harry... – ela não queria falar sobre isso naquele momento.

- O quanto eu te procurei.

“Como é que é?”

- Por quê? – ela pergunta.

- Por quê? – ele repete, sem entender.

- É, porquê? Eu não entendo quais seriam seus motivos em me procurar. Não faz sentido depois de tudo o que aconteceu na época.

- Gin, eu amava você.

Ginny dá um risinho de deboche.

“Amar? Que brincadeira é essa?”

- Harry, desculpe, mas... amava? Devido as circunstancias, ainda não consigo ver sentido algum no que está dizendo.

- O que é tão difícil fazer sentido? Eu quase enlouqueci quando você sumiu. Eu quase morri.

Ginny levanta uma das mãos e faz uma careta de desaprovação.

“Não acredito nisso!”

- Harry, o que não consigo entender o quão é isso importante. Desculpe, mas não vejo sentido em você dizer isso agora.

- Como não? Eu amava você... como ainda amo.

- Você nunca me amou, Harry, esqueceu isso? Não me importa que sentimentos você teve, ou tem. Isso agora, depois de tanto tempo, me soa como um monte de mentiras.

- Ginny...

- Você simplesmente não me convence mais.

- Você não compreende.

- Não mesmo. – responde ela com sinceridade. – Não sei o que você quer ganhar falando isso agora. Só posso entender que você quer sair lucrando com alguma coisa. Só pode ser.

- Por que está fazendo isso?

- Isso o que?

- Sendo cruel.

- Não estou sendo cruel. Você é que se acostumou a ter tudo muito fácil.

- Ginny, você não deveria pensar assim.

- Ah, não? – diz cínica. – Quer saber o motivo por que fui embora, Harry?

- Muito.

- Por sua causa.

- Minha?

- É, você não deve lembrar de cinco anos atrás provavelmente, mas, eu era boba e ingênua, acreditava demais nas pessoas. Acreditei em você, e fui massacrada. Foi aí que aconteceu algo. Algo que mudou a minha vida. E essa mudança era algo tão definitivo na minha vida, Harry, que eu tinha que fazer a escolha certa. Hoje eu sei que foi uma péssima escolha, mas mesmo assim eu a escolhi. E por isso, eu menti.

- Do que você está falando?

- Harry, eu sei que você vai me odiar por isso. Mas você tem que saber de toda a verdade.

- Que verdade?

- A verdade que...

- Hey! – alguém grita.

No meio da tensão que havia entre Harry e Ginny, aparece sra. Weasley.

Os dois se viram rapidamente.

- Oi, mãe. – diz Ginny.

- Vim chamá-los para jantar.

- Mãe, estava conversando com Harry. É importante.

- Agora não, deixem isso para depois. A comida está quente e estão todos a mesa.

- Depois nós conversamos, então.

Harry concorda contrariado.

Passa a mão pelos cabelos, bem nervoso.

Sra. Weasley põe o braço no ombro da filha e a guia para dentro de casa.

Harry suspira.

- Que verdade? – diz as seguindo.

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N/A: Desculpem pela demora, galera. Mas finalmente, eu escrevi.

Acharam a Ginny muito cruel?

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