AMAR NÃO É BRINCAR DE AMOR



CAPITULO 6 – AMAR NÃO É BRINCAR DE AMOR

“Uma vez, há muitos anos atrás, me perguntaram se eu acreditava em destino. Respondi que não. Aquele destino traçado, não. Cada um faz o seu próprio destino. Acredito no famoso ditado: ‘A gente colhe o que planta. ’. E é a mais pura verdade. Ao menos, eu achava até ter sido jogada de volta neste destino que eu mesma tracei. Reencontrá-lo foi algo tão assustador quanto voltar pra casa. No caminho de volta para casa, chorei. Chorei por ter sido tão egoísta. Por ter sido tão infantil. Devia ter sido mais centrada, mais dona dos meus sentimentos, e não me deixar levar por algo tão fútil. E isto acabou custando a felicidade das duas pessoas que eu mais amo.”

Paul acordou do seu sono. Não abriu os olhos, apenas aspirou o ar frio que sentia na sua pele. Fez uma careta. O cheiro era acre e azedo. Gasolina.

- Que nojo. – ele diz abrindo os olhos, e vendo onde está.

Ao olhar para o lado não vê Ginny, seu banco está vazio. No banco de trás, nem Eddie está sentado na sua cadeirinha.

Estica os olhos para a janela e vê Ginny com Eddie no colo falando com um frentista do posto de gasolina que se encontravam.

Ele abre a porta do carro e sai. Olha ao redor, e vê que se encontra numa planície, um cerrado, com mato baixo e poucas arvores. Apenas tendo o posto de gasolina e uma lanchonete.

Ele esfrega os olhos para tirar o embaço do sono deles, e se espreguiça.

Ginny, ao vê-lo, agradece a o frentista e vai ao encontro dele.

- Oi, dorminhoco.

- Estamos perdidos?

Ginny balança a cabeça indignada.

- Você não confia em mim?

Olhe olha a seu redor, e vê mato e a estrada que parece não dar em lugar nenhum onde carro nenhum passa.

- Não. – ele responde.

- Quer tomar um café?

- Que horas são?

- Umas cinco da tarde.

- Acho que a gente perdeu o enterro.

- É, eu sei. – diz ela, triste. – Mas o importante é que estou indo pra casa. Logo vamos estar lá. Vem, vou te pagar um cappuccino.

- Cappuccino? Aqui? Duvido.

- Não tira um sarro da minha terra, hein.

- Ah, vai. O clima é horrível, olha só isso. – e aponta para o céu, que parecia ameaçar chover.

- Ô homem de pouca fé.

- Ginny, chega, vai, me paga um cappuccino.

Eles entram na lanchonete, e se sentam a uma das mesas da janela.

Uma mocinha vestindo um avental amarelo os atende.

- Dois cappuccinos, por favor.

- Mais alguma coisa?

- Não, só isso. Obrigada.

Ginny olha para o horizonte e pensa na família. No quanto vai ter que explicar.

Onde. Como. Principalmente por que.

Ela tira o maço de cigarros da bolsa e acende.

Ela traga o cigarro como se a sua vida dependesse disso.

Ginny continua pensando em como irá contar a verdade a todos.

Com que cara irá chegar na Toca?

“Bom, mãe, eu decidi ir embora, mas voltei, não gostou?”

“Eu sei que devia ter avisado que estava viva, mas achei que não era necessário.”

“Eu sei que deixei vocês pensando que estava morta, mas veja o lado bom disso, Voldemort nunca me pegou!”

Ela resmunga.

- O que foi?

- O que?

- Está resmungando que nem uma velha.

- Eu estou travando uma batalha dentro de mim.

- Eu sei.

- Sabe?

- É, você está pensando em como vai explicar para sua família como e porque você sumiu por cinco anos. Vai ter que explicar porque agora você está voltando, casada, com um filho, com um amigo gay e dirigindo uma BMW de US$ 100,000.

- Verdade, né? Como vou explicar você, Paul? – diz ela irônica.

- Foi o que eu disse.

A garçonete chega e entrega os cappuccinos.

- Moça, você pode esquentar isso aqui? – ele pergunta, mostrando uma mamadeira cheia de leite.

- Claro. – ela diz pegando a mamadeira.

- Sabe o que eu tava pensando? – pergunta ele para Ginny.

- Não. – responde ela, terminando o cigarro.

- Eu acho que você tem que ir com calma.

Ela faz uma careta de que não está entendendo nada.

- Digo, você não pode jogar tudo isso em cima da cabeça dele. Tem que explicar aos poucos. Se não...

- Se não?

- Se não ele vai odiar você.

- Eu sei. Eu também odiaria.

Ela bebe um gole de cappuccino, e suspira.

- É que eu não sei como dizer, Paul. A única coisa que eu pensei foi em voltar pra casa pra o enterro do meu pai. Mas não parei pra pensar em como vou encarar minha família. Como vou dizer...

- Acho que, de inicio, você não precisa falar do Richard. Não precisa dizer que você casou e etc. Só diga que teve que ir embora, e tinha medo de voltar.

Ela levanta as sobrancelhas compreendendo, e levando em conta de que é uma maneira segura de agir.

- Só que sobre o Eddie você vai ter que dizer a verdade. – Paul afirma, por fim.

Ela faz uma careta, percebendo que tinha que encarar a realidade.

- Afinal de contas, - continua ele. – ele foi o motivo de você ter ido embora.

- O que eu fiz pra merecer isto? – ela se pergunta.

- Quer que eu responda? – pergunta ele.

A garçonete chega com a mamadeira quente.

- Obrigado. – diz ele, e ela sai.

- Não, Paul, não quero.

- Claro que não, você prefere culpar o gato de olhos verdes. – dando a mamadeira na mão de Eddie, que começa a beber.

- Claro que não. A culpa não é do Harry. Não toda.

- Foi o que eu disse. Tenho certeza que ele não te obrigou a dar uma na cachoeira.

Ginny arregala os olhos.

- É por isso que eu não conto mais nada pra você.

- Você sempre diz isso, e sempre me conta.

- Vamos embora?

- Deixa o Eddie terminar.

Ela acende outro cigarro.

- Você não muda mesmo. – diz ele.

- O que você quer dizer com isso?

- Você ta sempre fugindo.

- Não começa, Paul.

- Se você não encarar a verdade, você nunca vai ser feliz.

- Não me venha com esse papo, Paul. Eu vou falar com Harry. Talvez ele me odeie, mas eu vou contar.

- Ótimo.

- ‘Tó, tio. Não quero mais. – diz Eddie, lhe entregando a mamadeira pela metade.

- Ta com fome? – pergunta Ginny para o filho.

Ele balança a cabeça, afirmando.

- Quer um bolinho com geléia?

- Morango.

- Vamos ver se tem morango.

Eles levantam e andam até o caixa.

Ginny faz o pagamento, Paul não é muito bom em lidar com dinheiro, principalmente quando a moeda não são dólares.

- Falta muito pra chegar?

- Não. Estamos bem perto.

- Vou ligar para Luna. – Paul diz pegando o celular.

- Isso. Avise ela que estamos chegando, e que é pra ela ir para casa da minha mãe.

Ele disca para a prima. Ginny andando atrás do filho que comia o bolinho com geléia de morango, sai do café.

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Ginny joga a bituca do cigarro pela janela. No horizonte, vê uma minúscula figura em meio a um pequeno bosque. É a Toca.

- Finalmente.

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Na sala de estar da Toca, os Weasley conversam.

Sra. Weasley se senta próxima a lareira, bebericando um chá. Fred e Jorge estão sentados displicentemente no sofá. Ambos usando ternos escuros com as mangas arregaçadas e as gravatas afrouxadas.

Gui aparece descendo as escadas, com uma criança no colo. Uma garotinha loira com enormes olhos azuis.

Fleur e Hermione vêm da cozinha com bandejas de chá, sucos e sanduíches.

- Prontinho, querida. – diz Gui. – Ela está trocada e cheirosa.

- Obrrigade, querride. – diz Fleur.

Elas os servem. Sra. Weasley não pega nada pra comer. Falta-lhe apetite.

Hermione encosta-se à janela, acariciando a barriga de 5 meses.

Sra. Weasley exclama:

- Ah, Merlin!

Todos a olham. Sabem do que ela esta falando. Como será agora a vida na Toca sem o Sr. Weasley?

A família já tinha uma situação financeira difícil com ele, imagine agora sem ele.

Hermione escuta um barulho, e se vira para a janela.

- Está vindo um carro.

- Deve ser do ministério para buscar Ron e Harry. Eles têm uma reunião agora à noite, por isso estão descansando. – diz Gui.

- É uma BMW! – exclama Hermione.

- Uma o quê? – pergunta Fred.

- Uma BMW. É um carro alemão muito caro.

Hermione vê o carro parar. E uma mulher que sai dele.

Ela estreita os olhos, tentando reconhecê-la;

- É uma mulher. – diz ela. Uma imagem vem a sua cabeça ao vê-la.

É uma mulher alta, com aproximadamente 1,75 m, cabelos longos... ruivos?

- Nossa, que estranho. Por um momento, pensei que pudesse ser a ...

A mulher se aproxima da luz e Hermione fica pasma ao reconhecê-la.

- É, é ela. Meu Deus, é Ginny!

Todos se viram para Hermione.

- O quê? – pergunta Sra. Weasley parecendo não acreditar no que ouvia.

- É ela, Sra. Weasley. Tenho certeza.

Todos correm para a porta.

Ginny se assusta ao ver várias pessoas saindo da casa.

Ela vê a família ali parada a sua frente. Gui, Fleur, Fred, Jorge, a mãe e Hermione.

Não sabe o que dizer. Só pode dizer uma coisa:

- Oi, mãe.

Sra. Weasley chorando, corre para abraçá-la.

- Ginny! – ela grita.

As duas se abraçam, enquanto os outros as rodeiam, sorrindo e com lágrimas nos olhos.

- Filhinha, como você está? – pergunta ela chorando.

- Tudo bem, estou bem.

- Onde você estava? Por que nunca deu noticias?

- Depois eu explico tudo.

Ela a solta.

- Gininha! – grita Fred.

Ginny abraça os irmãos. Todos eles a indagando onde ela estava, o que tinha acontecido.

- Tudo a seu tempo. Depois eu explico. – ela vê a garotinha loira. – Quem é essa?

- Minha filha, Gin. – diz Gui. – Elisa.

Ginny abre a boca de tanta emoção.

- Ah, meu Deus. Então papai conheceu um neto.

- Conheceu, sim. – respondeu Fleur. – E sabie que maiss dois estavam a caminhe... – continuou mostrando a barriga.

- Com certeza. – confirmou Hermione.

Ginny olhou as duas e viu a grande barriga delas devido a gravidez.

Ela abre um enorme sorriso.

- Mione! – e a abraça. – Não tinha te visto.

As duas choram abraçadas.

- Senti tanto sua falta. – diz Hermione. – Você ta tão linda.

- E você. Olhe pra você. Quantos meses?

- Cinco. E Fleur quase oito.

- Mas você casou? – Ginny pergunta para a amiga.

- É, finalmente seu irmão parou de me enrolar.

Ginny arregala os olhos e abre a boca, totalmente surpresa.

- Ron! – e dá uma gargalhada. E de tão feliz, abraça a amiga novamente.

Paul sai do carro com Eddie no colo.

- Quem é, Gin? – pergunta Jorge.

- Ahnn... ah, é... – por um momento, tinha esquecido de Paul e do filho.

Ginny vai até eles e os trazem para frente de sua família.

- Esse é Paul Lovegood.

- Lovegood? – pergunta Hermione.

- Prazer conhecê-los. – ele responde, sem graça.

- É, ele é prima da Luna.

- Como vai? – pergunta Sra. Weasley. – Vamos entrar, por favor.

- Paul, me dá o Eddie, fecha o carro. Apesar de que ninguém vai roubá-lo, não tem uma alma viva no raio de quatro quilômetros.

E pega o filho no colo.

- Quem é essa criança linda, filha? – pergunta Sra. Weasley.

Pronto. O momento havia chegado. Tinha que falar a verdade, não havia alternativa.

- Bom, mãe. Eu vou explicar tudo depois, então não me faça perguntas depois do que eu disser, mas essa criança é meu filho.

Sra. Weasley arregala os olhos.

- Filho?

- É, mãe. Depois eu explico.

Sra. Weasley sorri.

- Não importa, querida. O importante é que você está bem e está aqui.

Entram na casa e Ginny senta Eddie no sofá.

A criança examina a casa com olhos curiosos. Bichento pula no sofá e se esfrega nas pernas do menino. Eddie dá uma gargalhada, e começa a fazer carinhos na cabeça do gato.

- É seu filhe? – pergunta Fleur.

- É. Edward, tem quatro anos.

- Quatro? – pergunta Hermione. – Então...

Ginny olha para a amiga. Hermione, puxando pela memória as datas, entendeu que ela não tinha perdido filho nenhum.

- Depois eu explico, Mione.

- É o que eu tô pensando, não é?

- É. – Ginny responde honestamente.

- Por que fez isso, Gin?

- Por favor, Mione. Agora não. No seu devido tempo, vou explicar meus motivos.

Hermione balança a cabeça, compreendendo. Ela sabe o que foi dito a Ginny naquele fatídico dia, que Ginny foi parar no St.Mungus. Algo que somente ela, Ron e Ginny sabem. Agora ela compreende porque Ginny sumiu.

- Vou chamar os meninos. – diz Hermione, subindo as escadas.

- Do que ela está falando, querida? – pergunta a mãe.

- Depois eu explico. Você vai entender, mamãe.

- Você soube do seu pai?

- Sim, é por isso que eu vim. Luna mandou uma coruja para meu so... para o pai de Paul.

- Ele foi enterrado depois do almoço.

- Não consegui chegar a tempo. Eu nunca dirigi por essas estradas. Eu me perdi. Desculpe mãe, queria muito estar aqui.

- Não se preocupe com isso, querida.

- Ele morreu não sabendo que eu estava bem. Nunca vou me conformar com isso. Deveria ter voltado antes.

- Querida, ele no fundo sabia. Ele sabia que você estava viva.

Ginny enxuga as lágrimas.

- Sr. Paul, querr beberr algume coise? – pergunta Fleur.

- Não, obrigado, sra. Weasley.

- Porr favorr, non me chame de sr. Weasley. Me chame de Fleur.

Paul dá um sorriso amarelo, afirmando com a cabeça.

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Hermione entra no antigo quarto de Ron como um furacão.

- Que merda é essa? – grita Carlinhos, com o susto.

- Desculpe, Carlinhos, mas isso é mais importante. Ron, - ela grita.

Carlinhos reclama e sai do quarto, descendo as escadas.

Ron nem se mexe.

- Ron! – ela grita, perto do ouvido dele.

Ele pula da cama, quase caindo no chão.

- Mione, que coisa, não dormi a noite toda.

- Você não faz idéia de quem tá lá embaixo.

- Pode ser Merlin, que não me importo. – diz ele virando o rosto para o outro lado, voltando a dormir.

- Esta pessoa você vai se importar. – ela se vira para a outra cama de solteiro. – Harry!

- Você já me acordou. – diz ele ainda com o rosto no travesseiro.

- Harry, levanta. Seu sonho virou realidade. Na verdade, o sonho de todos nós virou realidade.

Harry levanta a cabeça em direção a Hermione, sem entender.

- Sei de algo que você vai amar. Amar não. Morrer por isso.

- Mione, para com isso. Me deixa dormir. – colocando a cabeça de novo, no travesseiro.

Hermione prepara a garganta, e com os olhos brilhando e um grande sorriso, diz com gosto para ver a felicidade estampada nos olhos de Harry.

- Ela está lá embaixo, Harry.

Ele levanta as sobrancelhas. Seu coração dispara. “Será que ela tá falando de quem eu to pensando? Não, impossível. Ela está morta.”

Harry a olha sem esperança.

- Ginny voltou.

Ele arregala os olhos, chocado.

- Quê?

- Ela tá lá embaixo.

O coração de Harry dispara. A ponto de quase lhe sair pela boca.

- Mione...

- É verdade. Vá ver com seus próprios olhos.

Ele se levanta como um trovão, e corre escadaria abaixo.

Ela olha para Ron, roncando. E lhe chuta.

- Acorda, seu preguiçoso.

- Mione! – ele grita, bravo.

- Ouviu, seu imbecil. Ginny voltou!

Ron se levanta da cama, o rosto todo amassado, e o cabelo arrepiado.

- O que foi que você disse? – pergunta ele, com um olhar surpreso.

- Você me ouviu. – responde ela, sorrindo.

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Todos na sala conversavam animadamente. Eddie já estava no colo da avó, tendo Fred e Jorge fazendo perguntas e lhe mostrando caretas.

Ginny os observava com um enorme sorriso no rosto.

Ouve passos rápidos na escada. Alguém descendo correndo.

“Deve ser Ron.” Ela pensa sorrindo.

Seus olhos se arregalam quando vê quem é.

Ginny se levanta do sofá.

Harry arregala os olhos ao vê-la.

- Gin... – ele exclama com uma voz sussurrada. E sorri.

- Harry... – diz ela, com o coração aos pulos.

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