Amar é perigoso demais



"Eu o conheci quando tinha dez anos. Você conhece alguem que tenha se apaixonado aos dez anos? Na verdade, não sabia quem ele era quando eu o vi a primeira vez.Ele era apenas um garoto fofo na estação do trem. Um primeiranista assim como meu irmão, que não fazia idéia de como teria que entrar no plataforma.Ele tinha os olhos mais verdes que já vi. Verdes, fortes e gentis. Só soube quem ele era quando meu irmão mandou uma coruja pra minha mãe dizendo que tinha feito amizade com ele. Com Harry Potter."

A viagem de volta para casa foi dolorosa. Ginny não conseguia pensar em mais nada, somente na morte de Dumbledore e no rompimento do seu namoro com Harry. Luna estava sentada a sua frente com Neville conversando sobre as ervas corretas para envenenar alguém.
- Por que não?
- O veneno não é eficaz como você pensa. - diz ele, com um dos livros de herbologia aberto nos joelhos.
- O que você acha, Gin?
Ginny continua olhando para o vidro da janela perdida em pensamentos.
- Ginny! - Luna grita.
- O quê? - exclama ela sem entender.
- Depois eu vivo no mundo da lua.
- Desculpe, eu só estava...
- ... Pensando. Até sei no quê. Ou melhor em quem. - diz Luna.
- Desculpe. Não estou me sentindo muito bem. Vocês me dão licença? - ela se levanta e sai.
Começa a andar pelo corredor do trem, sem prestar muita atenção nas cabines ou nas pessoas dentro delas. Não consegue prestar atenção em nada. Sente apenas um total sentimento de impotência. No meio dessa impressionante batalha contra o Lord das Trevas, tinha escolhido o lado em que queria lutar. Mas não podia lutar. Com tanta tristeza e desespero, não sentia forças pra lutar.
Só de lembrar da imagem do corpo de Dumbledore naquele caixão, sente arrepios. Ele era uma peça fundamental na guerra. Com ele, as chances de vitória eram grandes.
Com ele na liderança da Ordem de Fenix, lutando com Lupin, Tonks, Moody, e claro, Harry, Hermione e Ron, a esperança continua. Mas com a morte de Dumbledore e a traição de Snape, tudo parecia ter minguado. Não conseguia sentir mais nada além de desespero, frustração e dor. Tentava ser otimista e acreditar que o futuro seria próspero e a batalha seria finalizada com a morte de Voldemort, mas não tinha mais fé em nada. Em nada.
Parou numa das janelas do corredor, perto do maquinista. Encostou a testa no vidro e chorou. Um choro silencioso e dolorido.
Fechou os olhos, lembrando de Harry e o rompimento. Ele era tudo o que ela mais amava. O amava com paixão. Depois de quase cinco anos esperando, Harry a percebeu. Percebeu que aquela garotinha que corava ao vê-lo, era uma mulher. Uma mulher de verdade. Que estaria a seu lado em qualquer momento. Qualquer situação.
Mas infelizmente não era bem isso que ele pensava. Ele queria poupa-la do sofrimento. Poupá-la de lutar. Ele estava certo. Voldemort podia usá-la como isca novamente. Voldemort destruia tudo o que Harry amava, e uma garota de 15 anos era um inseto facílimo de esmagar.
Ela deu um gemido doído:
- Não!
Alguém tocou seu rosto.
- Ginny!
Ela abriu os olhos e viu seu irmão, Ron, com os olhos mais doces do mundo.
- Ron! - e ela se jogou nos seus braços, o abraçando, chorando muito.
- Não, Gin, por favor! Não chore!
As lágrimas delas molhavam a camiseta dele.
- Gin, por favor, me conta o que tá acontecendo.
Ginny olha para o irmão, com o rosto de profunda tristeza e os olhos cheios de lágrimas.
- Tudo está acontecendo, Ron. Eu me sinto no meio do mar revolto sem um tábua onde me segurar.
Ronald segura o rosto da irmã com as duas mãos.
- Junto com a morte de Dumbledore e o fim do meu namoro, foi levado a minha esperança.
- Não, Gin, por favor, não acredite nisso. Dias melhores virão. Você não acredita em mim?
- Eu acredito na sua fé. Mas eu não tenho fé em mais nada.
- Gin, você só está triste e abalada.
- Não, Ron, você nunca vai entender.
- Você só precisa de voltar pra casa e descansar. Mamãe vai cuidar de você.
- Não, Ron. - ela se afasta dele, dando passos para trás. - É isso o que você acha que eu preciso? Do colinho da mamãe? Eu não sou nenhum bebê, Ron. Eu tenho necessidades e preocupações que você nunca vai entender.
Ela se vira e corre pelo corredor, entrando num banheiro próximo.
Ron balança a cabeça, com total incompreensão.
Ele volta para a cabine, que dividia com Harry e Hermione, e se senta em silêncio,com uma feição entristecida.
- Onde você estava? - pergunta Hermione.
- Eu fui ver aquele primeiranista barulhento, Mick, Nick, Kick, ah, sei lá, o nome dele, que fica quebrando as janelas. E então eu... - ele pára de falar.
- Eu o quê? - pergunta Harry.
- Encontrei Ginny. - responde ele.
Harry sente o coração acelerar.
- Aconteceu alguma coisa com ela?
- Encontrei ela lá perto do maquinista, aos prantos. Ela chorava tanto que me ensopou de lágrimas. Eu não consegui entender.
- Ela não disse nada porque tava chorando?
- Ela disse que não tinha mais esperança. Ela disse que não tinha mais fé em nada depois da morte de Dumbledore, e do...
- Do...
- Do fim do namoro com Harry.
Harry abaixa a cabeça, embaraçado.
- Ela está arrasada, Harry. - diz Hermione.
- Olha, eu fiz a coisa certa. Voldemort pode pegá-la, e a última coisa que eu quero é que alguém se machuque. Principalmente Ginny.
- Harry, tenta compreender. Ela ama você. Ela entende suas prioridades, mas precisa tratá-la dessa maneira, como se ela fosse algo descartável.
- É autopreservação, Mione. Eu a amo também.

Na plataforma, Ginny abraçava a mãe. enquanto Ron, Harry e Mione conversavam com sr. Weasley, os gêmeos, Tonks, Lupin e Moody.
- Meu anjo, o que aconteceu? - pergunta Molly.
- Nada, mãe, estou bem. Eu só estou cansada, quero ir pra casa. - Ginny responde.
- Você está melhor? - Ron pergunta para ela.
- Não sei do que você tá falando. - diz séria. - Vamos embora, mãe, por favor! Este lugar tá me dando náuseas.
- Já estamos indo. Tchau, Harry, querido, esperamos você no casamento.
- Eu vou, com certeza, sra. Weasley.
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