TUDO É POUCO PRA TANTO SOFRER



'Miaka', 'Lanni', ‘Rita W. Malfoy’ e ‘Nady Voldie’ : obrigadissima pelas reviews. Fiquei doente porque não tinha recebido um retorno ainda. E quando li a review de vocês, quase chorei. Ainda bem que vocês gostaram. Tava com medo de ter exagerado demais nos sentimentos dos dois. (Outra coisa, eu prefiro Ginny do que Gina). E outra, não vou prolongar a guerra, vou dar um salto de alguns anos antes de um final feliz. Ou não. 1000 bjocas. Valeu.



CAPITULO 2 – TUDO É POUCO PRA TANTO SOFRER


Queria poder explicar tudo o que senti todos esses anos em Hogwarts. Tendo Harry tão perto mas ao mesmo tempo tão longe. Depois daquele meu primeiro ano cabuloso, em que ele me salvou da minha burrice e ingenuidade, senti que as coisas deveriam ser diferentes. Que conforme o tempo passasse, tudo seria diferente. Mas ele só me via como a irmãzinha do Ron, e não como uma garota qualquer de Hogwarts. Era isso que eu queria. Que ele me visse como uma garota comum. Só que ele não era um garoto comum. Ele era Harry Potter, o menino-que-sobreviveu. Tinha que mostrar pra ele que podia ser tão especial quanto ele era. Demorou até conseguir


As semanas se arrastavam naquele mês de julho.
Molly se preocupava cada vez mais com Ginny, que se refugiava cada vez mais no quarto, descendo apenas para comer. Estava infeliz e deprimida. Nem o quadribol a animava. Parecia que contava os dias em que o irmão, Hermione e Harry iriam para a guerra.
- Estou preocupada com ela. Você sabe o que está acontecendo, Ron? – perguntou a mãe, um dia.
- Não, mãe. – mentiu ele. – Deve ser por causa do Dumbledore.
- Não sei, algo me diz que é mais que isso.
- Acho que não, mãe. – ele muda de assunto. – Tudo pronto pro casamento?
- Quase tudo pronto. Falta uma semana agora. Harry e Hermione vêm? Já falou com eles?
- Não, sobre isso não. Falamos sobre a nossa... viagem.
- Quando vocês vão?
- Depois do casamento. Vamos visitar alguns lugares e...
- E o quê?
- Eu não sei bem. Harry está decidindo com Lupin.
- Algo me diz que essa viagem é a causa da tristeza de Ginny.
- Que absurdo, mãe!
- Eu conheço a minha filha, Ron. Eu sei o que passa no coração dela.
- Então porque me perguntou? – diz ele, sai da cozinha, furioso.
*******************************************

Alguns dias depois, Harry e Hermione aparatavam na porta da família Weasley. Harry parecia abatido e cansado. As preocupações com a procura das horcruxes lhe tiravam o sono.
Molly Weasley os recebia como sempre: como se fossem seus filhos.
- Como está, Harry, querido?
- Estou bem.
- E seus tios? Lhe trataram bem?
- Na verdade, como o de sempre. Como sempre parecia que não viam a hora de me ver longe.
- E você, Hermione?
- Vou bem, sra. Weasley.
- Seu vestido de dama-de-honra está pronto lá em cima. A costureira está lá com Ginny no quarto dos gêmeos. Subam lá para cumprimentar ela e Ron.
Hermione e Harry sobem as escadas e com a porta aberta, entram no quarto.
Ron está sentado numa poltrona de costas para a porta usando uma calça negra e uma camisa semi aberta sem mangas bem descosturada. Parecia totalmente entediado.
Quando Harry viu Ginny, seu coração só faltou lhe sair pela boca. Suas mãos suaram e sentiu que ia perder a respiração.
Ela se encontrava em pé num pedestal, usando os cabelos displicentemente amarrados no topo da cabeça, tendo fios jogados para todos os lados, e usava um vestido creme tomara-que-caia, com um longa saia em camadas. A costureira estava no chão arrumando os últimos detalhes da barra do vestido.
Ginny olhava pela janela do outro lado da porta, sem piscar, como se estivesse perdida em pensamentos.
- Você vai ficar linda! – disse a costureira.
- Todos vão babar diante de você, maninha!
Ginny continuava muda, como se não ouvisse ninguém. Mantinha uma feição triste e distante, como se aquela prova de vestido estivesse sendo feita num corpo que não fosse o seu. Como se seu espírito estivesse voando longe.
- Ginny! – Ron grita.
- O que é? – e se vira, acordando do seu devaneio.
Olha a porta e vê Hermione e um embasbacado Harry.
Hermione exclama:
- Você está maravilhosa!
Ron se vira e vê os amigos.
- O que estão fazendo aqui? – e se levanta para abraçar os dois.
Harry abraça o amigo, sem tirar os olhos de Ginny.
Ginny abaixa os olhos e os volta para o horizonte.
- Não sabe mesmo porque viemos? - pergunta Hermione, rindo.
- Eu sei, não imaginei que viessem tão cedo. O que foi, Harry? – vendo que o amigo estava parado olhando fixo.
E o viu, fitando Ginny, que fingia não ter ninguém no quarto.
- Você está linda, Gin. – Hermione repete o elogio.
- Pena que a cara não ajuda. – disse Ron.
Ginny faz uma careta contrariada com o comentário do irmão e suspira, se voltando para a costureira.
- Sra. Toul, falta muito para terminar?
- Não querida.
- É que eu quero sair desse quarto. Não estou conseguindo respirar aqui dentro.
Hermione, Harry e Ron se entreolham.
- Então vá descansar. – diz a senhora.
- Com licença. – diz ela, e desce o pedestal.
Atravessa o quarto e sai pela porta, desviando dos três.
Corre para o quarto, segurando o choro.
Encontra Fleur no caminho.
- Gin, querrida, você estarr linde com ess vestide.
- Me da licença, Fleur.
Invade o quarto, tranca a porta e chora compulsivamente.
Um choro doloroso, sofrido. Como se guardasse aquilo por tanto tempo, que uma hora iria explodir.
Chorava impiedosamente. A saudade e a distancia eram tantas que não conseguia sentir alívio nem chorando. Estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe dele, novamente.
Antes não conseguia ficar perto dele por vergonha. Agora não conseguia ficar perto dele por saudade. Era mais que saudade, mais que tristeza. Era amor. Tanto amor que não conseguia ficar sem ele. O amor dele a preenchia. A completava. Sem isso, se sentia vazia. Oca.
Tinha passado todas as semanas assim. Vivendo como se lhe faltasse algo. Faltasse um pedaço.
Se sentou no chão, encostada na porta.
Segurava os soluços e tentava se controlar.
- Por favor, Ginny. – falava para si mesma. – Se controla. Você vai conseguir. Você vai esquecer.
***************************************************

Depois da costureira sair do quarto, alegando que ia tomar um café com sra. Weasley, Ron, Harry e Hermione ficaram intrigados com a indiferença de Ginny.
- Ron, o que foi aquilo? – pergunta Hermione.
- Também não sei. Ao menos ela estava falando comigo, até vocês chegarem. – ele responde.
- Corrigindo: até o Harry chegar. – disse Hermione.
- Hey! – diz ele. – Não fiz nada. – se defende.
- Harry, não adianta fingir que tudo está normal. Tenta compreender. – diz Hermione. – Ela está tentando lidar com os sentimentos dela dessa maneira.
- Fugindo? – pergunta Ron.
- Não. Se afastando. – responde ela.
Harry abaixa a cabeça, se sentindo culpado. Fecha os olhos e a imagem dela naquele pedestal, lhe veio a cabeça. Parecia um anjo. Aquela pele clara contrastando com os cabelos ruivos e os olhos azuis. Seu coração dói com a sensação de perda.
- Ela estava linda, não estava? – diz em voz alta.
Hermione e Ron sorriem. Eles sabem que tudo é tão difícil para ele quanto pra ela.
- Estava. – responde Ron, com a voz macia.
Harry levanta a cabeça, tendo os olhos cheios de lágrimas.
- Me desculpem. – ele diz.
- Desculpar por quê? – pergunta Hermione.
- Por parecer tão insensível, tão...
- Não precisa dizer nada, Harry. A gente entende. – diz Ron.
- Obrigado.
- Eu vou lá falar com ela. – diz Hermione.
- Não a obrigue a falar nada, Mione. – diz Ron.
- Não vou. Tenho certeza de que ela precisa falar com uma mulher. – e se vira. – E que não seja a mãe dela. Ou a Fleur.
Hermione atravessa os corredores e bate na porta.
Ginny ainda no chão, limpa as lágrimas.
- Quem é?
- Sou eu, Mione.
- Eu quero ficar sozinha, Mione.
- Deixa eu conversar com você. Sei que precisa conversar com alguém.
Ginny fecha os olhos e admite. “Seria bom conversar com ela.”
Levanta e abre a porta.
- Você ta bem? – pergunta Hermione, que entra e fecha a porta.
Ginny vira as costas e se senta na cama.
- Não, você não está bem. – a própria Hermine responde, ao ver os olhos vermelhos da amiga.
Ginny olha para a amiga, sem resposta.
- Querida, eu sei que é difícil, mas tenta compreender os motivos dele.
- O problema não é os motivos dele, Mione. Eu não sei explicar pra você, tudo o que estou sentindo. Parece que o mundo está caindo na minha cabeça, e não tenho lugar pra fugir.
Hermione senta ao seu lado, e faz um carinho no rosto da amiga.
“É melhor deixá-la desabafar.”
- Eu... eu queria que tudo voltasse a ser o que era. Voltar aquelas semanas que foram as melhores da minha vida. Onde não tivesse que encarar a realidade. Encarar a guerra, Correr o risco de perder minha família, perder meus amigos, perder o Harry.
Ela volta a chorar compulsivamente. Põe a cabeça no colo de Hermione, que a consola, fazendo carinhos nos seus cabelos.
- Meu amor, tente ter fé. Tudo vai melhorar. Vamos lutar e vencer.
- Eu o quero de volta, Mione.
- Ele só ta tentando de proteger. Tente entender que ele ama você e quer te preservar a todo custo. Nem que tenha que te manter longe.
- Mas quanto tempo isso vai durar?
- Não sei, ninguém sabe. Pode terminar amanhã. Pode durar anos.
- Não posso viver assim. Não posso viver com um fantasma que me persegue dia e noite, me assombrando e me matando aos poucos.
- Não sei o que lhe dizer, Gin. Se isso lhe faz sofrer tanto, tente esquece-lo.
- Eu não o esqueci por cinco anos, Mione. Como farei isso agora?
- Você é uma mulher. Forte e determinada. Vai conseguir.
- Agora que eu o tive, como vou esquecê-lo?
- Você vai ter que conviver com isso. Não vou por a mão na sua cabeça, como faria com uma criança e dizer que você está certa. Você é uma bruxa formidável e uma grande mulher. Sabe tomar suas decisões e sabe o que quer. Seja forte, que tudo o que você quer virá até você.
Ginny fica em silêncio, se acalmando.
Hermione começa a cantar, leve e baixo:
- “E agora? / O que faço eu da vida sem você?/ Você não me ensinou a te esquecer/ Você só me ensinou a te querer/ E te querendo vou tentando me encontrar...”
Hermione ficou embalando Ginny, a acalmando, até ela adormecer.
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